sexta-feira, 6 de março de 2015

O que se passou na cabeça de Janot?

Por Fernando Castilho


O que se passou na cabeça do Procurador Federal da República, Rodrigo Janot na noite do último dia 3?

A Folha e o Estadão apressaram-se em publicar que Janot recomendou ao STF que não abrisse investigações contra Aécio Neves e Dilma Rousseff.

Já o jornal Valor Econômico, pertencente ao grupo Folha em associação com o O Globo, afirmou que a presidenta não está na lista das 54 pessoas a serem investigadas na Operação Lava Jato, nem nos sete pedidos de arquivamento encaminhados ao ministro Teori Zavascki.




Quem estaria com a razão?

Em se confirmando o que a Folha publicou, há que se destacar duas possibilidades:
1 - Janot nos últimos dias foi obrigado a reforçar sua segurança pessoal, uma vez que sua residência foi invadida. O ministro Eduardo Cardozo se encarregou do reforço. Nunca se sabe se recebeu alguma ameaça, e nem o nível dela. Como simples mortal, pelo sim, pelo não, pode ter se convencido a recuar. Afinal, é Teori quem vai julgar se abre investigação ou não.

2 – Estamos próximos do dia 15 de março, quando se articula pelas redes sociais uma manifestação a nível nacional exigindo o impeachment da presidenta. Caso Janot incluísse Dilma na lista, a mídia faria o Brasil explodir. Janot seria o responsável por colocar fogo no circo.

E se incluísse também Aécio?
Alguém é ingênuo de acreditar que a manifestação recrudesceria? O que os impeachloides querem é Dilma e o PT fora. Denúncias contra o tucano não pegam, não interessam, haja visto o aeroporto e o helicóptero da cocaína.

E caso Janot incluísse Aécio e não Dilma?
Seria, na visão do blogueiro o caminho mais lógico, uma vez que seu nome foi, ao contrário de Dilma, citado pelo delator Alberto Youssef no caso da lista de Furnas.

Segundo Youssef, a irmã de Aécio, que parece se tratar de Andrea Neves, seria a encarregada de receber o dinheiro de propinas da empresa Bauruense, de 1994 a 2001, no valor de 695 mil reais. Há um inquérito seguindo em segredo de justiça na Justiça Estadual do Rio de Janeiro.

Na lista aparecem também os nomes de quem? Eduardo Cunha e Roberto Jefferson. Batata.

Mas o motivo para Janot não citar apenas Aécio, poderia ser a alcunha pela qual ele passaria a ser chamado: Petralha.

Ao contrário de Geral Brindeiro, o procurador à época de FHC, que engavetou cerca de 4000 denúncias de corrupção, Rodrigo Janot não deve querer ter seu nome associado à parcialidade.

Não citando nem Aécio nem Dilma, Janot se comporta quase como Pôncio Pilatos (embora este tenha condenado Jesus e absolvido Barrabás), lavando as mãos e deixando para Teori Zavascki resolver.

Mas e se a versão do Valor prevalecer?
Está com jeito que essa é a versão verdadeira, uma vez que, para a grande imprensa que vem coordenando o golpe, mentir num jornal de grande tiragem (ainda) tem muito mais efeito que falar a verdade em um de pequena. Folha é jornal que atinge todo mundo, reacionários mais ainda, basta ler os comentários. Valor é para um pessoal que analisa melhor os fatos.

Neste caso, Janot poderia, sem problemas acatar o pedido dos procuradores e recomendar a investigação sobre Aécio, sem que tivesse seu nome ligado ao PT. Afinal, estaria apenas fazendo seu trabalho, o qual classificou como ''estritamente técnico''.

Mas técnico coisíssima nenhuma.
Não há como um homem público se comportar sem nenhum componente político, haja vista o juiz Sérgio Moro, com sua atuação visando delações seletivas, e Joaquim Barbosa que conduziu um julgamento político e mediático da AP-470, pra citar só dois exemplos.

Havia informações de bastidores, talvez boatos fortes, mas com fundamento, que davam conta de que o tucano seria denunciado. Paulo Henrique Amorim falou em ''tucano gordo'', Ricardo Boechat citou o senador nominalmente, e o próprio Aécio, por estar sumido durante já algum tempo, dava o que pensar.


O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) pessoalmente entregou, segundo ele, a Janot provas suficientes sobre o envolvimento de Aécio no caixa 2 do PSDB oriundo das propinas de Furnas.

Rodrigo Janot deve ter pensado políticamente, e recuado de investigar Aécio Neves, talvez por saber que está lidando com alguém que já demonstrou sua periculosidade em várias ocasiões.

Que Teori Zavascki o faça.

Só dessa maneira a Justiça conquistaria um requiem para si própria, no que diz respeito à sua credibilidade.










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