domingo, 26 de julho de 2015

A agenda do sangramento de Dilma

Por Fernando Castilho

Maria Fernanda Arruda em seu ótimo e esclarecedor texto de 24 de julho no Correio do Brasil, mostra-nos o que os jornalistas da grande mídia escondem: caso o TCU condene Dilma Rousseff no caso das pedaladas fiscais, o caso irá para a Câmara dos Deputados, onde será necessária maioria absoluta, ou seja, 2/3 dos votos dos parlamentares para que a presidenta seja cassada. Impraticável.

O senador Aloysio Nunes, talvez em ato falho (está se tornando comum entre os tucanos, não?), entregou qual é a estratégia de seu partido, ou seja, sangrar a presidenta até 2018.

Portanto, vamos esquecer impeachment, cassação ou outro mecanismo legal que ponha fim ao seu governo.

Na visão deste blogueiro, o TCU vai ainda ocupar manchetes de jornais, dando visibilidade ao seu presidente, Aroldo Cedraz e cumprindo a agenda do sangramento. É muito útil neste momento em que é preciso manter a expectativa da população que deseja o impeachment num crescendo.

Mas não fiquemos surpresos se as pedaladas forem aprovadas. O desgaste da oposição com sua mais que certa derrota (e vitória de Dilma) ao não conseguir os 2/3 na Câmara, terá que ser evitado a qualquer custo. Aécio e Aloysio sabem disso.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A instituição Lula é maior que o Instituto Lula?

Por Fernando Castilho


Lula será preso?

Por que? Por dar palestras ensinando como combater a fome e as desigualdades? Por mostrar ao mundo o sucesso das políticas sociais do Brasil?

Lula será preso por projetar o nome do país lá fora? Por ser patrocinado por empresas envolvidas nos escândalos da Operação Lava Jato?

Lula pegará uma cana por, mesmo sem ter cargo público, ter contribuído para gerar empregos e riqueza em seu país?

Não, não será por isso. Lula será preso para ficar de fora das eleições de 2018.

A oposição não tem projetos para o Brasil, admite o ex-governador Alberto Goldman, tucano histórico. Percebe-se isso pela forma como Aécio Cunha, digo, Neves, se movimenta. Assim, como quem não tem competência para ganhar, tem que tirar de campo o melhor jogador adversário. Foi assim com Neymar na última Copa do Mundo e com Pelé na copa de 1966.

E essa canelada será justificada com a aplicação da lei. Que lei? Nenhuma.

sábado, 18 de julho de 2015

Um pronunciamento em cadeia nacional

Por Fernando Castilho
Cartoon por http://pataxocartoons.blogspot.jp/


Pataxó Cartoons


Como classificar Eduardo Cunha?

O homem se enquadra em quase todas as categorias mais baixas e desprezíveis do ser humano.

Tivesse ele nascido durante o Império Romano, teria sido imperador e, com o apoio dos deuses, se antecipado a Nero no incêndio de Roma.

Tivesse Cunha nascido na Alemanha dos anos 20, através de golpe assumiria o lugar de Hitler.

Tivesse seguido a carreira militar, seria um general da ditadura, talvez mais cruel que os outros que governaram o país.

Tivesse ainda assumido a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro, em 1999, teria sido demitido 6 meses depois por fraudes em licitações. Êpa! Isso não é suposição! Aconteceu!

Cunha é assim. Onde entra, começa como uma bactéria a se espalhar e a estender seus tentáculos para ganhar mais e mais poder e riqueza.

Para ganhar o apoio de parcela significativa da população, diz-se evangélico. Seja ele adorador do diabo, como seus atos fazem supor, ou não.

Eduardo Cunha foi à televisão fazer um pronunciamento de 5 milhões, digo, minutos, em que a pontuação (o ponto, sabe?) apareceu só no final quando disse boa noite. O resto do tempo uma inquietante e persistente vírgula não o abandonou. Foram parágrafos intermináveis...E não piscou uma vez sequer.Também não levou a mão à boca, seu mais característico gesto. Fez-me lembrar Darth Vader, embora sua oratória fosse quase franciscana. Impossível não se lembrar também da cobrinha do Mogli. Estava ali o mal em pessoa.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Francisco e uma metáfora biomimética

Por Fernando Castilho
Por Mustafá Ali Kanso


Foto: Reuters
Lógico, não leio a Veja. Até há 15 anos atrás, lia, mas depois que a revista tristemente se tornou um panfleto destinado somente a atacar um partido, o PT e a elogiar outro, o PSDB, ficou claro que a isenção e a obrigação de informar se perderam no espaço-tempo e não mais existe.

Porém, alguém publicou no Facebook um texto do Reinaldo Azevedo em que o Tio Rei, em nome dos valores cristãos, dizia que Papa bom era Bento XVI (que nunca se preocupou com os pobres, acobertou denúncias de pedofilia, foi homofóbico, etc..) e que Francisco não o representa. Mais: espera ansiosamente pelo novo Papa, alguém com a visão conservadora e injusta de mundo que o contemple.

Mas por que Francisco não representa Reinaldo Azevedo?

Porque o Papa em recente viagem à América Latina, afirmou que o atual sistema global “que impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza (…) é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos…. E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco”.

Quando o capital se converte em ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez pelo dinheiro tutela todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, coloca povo contra povo e, como vemos, até põe em risco esta nossa casa comum”, disse o sacerdote. Quem pode discordar? Só o Tio Rei mesmo.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Últimas reflexões sobre o caso Maju. Depois esqueceremos.

Por Fernando Castilho


Passados alguns dias após a procela do caso Maju, já dá para se fazer algumas reflexões.

Claro que o racismo é uma das piores perversões que um ser humano comete contra outro, não tenha dúvidas.

Mas foi grande a comoção nacional em torno do caso. Até o Bonner e a equipe do Jornal Nacional são todos Maju desde criancinhas, numa espécie de desalinho com a opinião de seu diretor na Globo, Ali Kamel, sociólogo de formação, que escreveu o livro "Não somos racistas", em que critica a adoção de cotas raciais, sustentando a tese de que, ao contrário de combater o racismo, elas podem dar origem ao ódio racial, segundo ele, até aqui i-ne-xis-ten-te no Brasil.

Manuel Castells recentemente afirmou: ''A imagem mítica do brasileiro simpático existe só no samba. Na relação entre as pessoas, [o brasileiro] sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata. Esse é o Brasil que vemos hoje na internet. Essa agressividade sempre existiu.'' Contra o negro então, nem fale.

Darcy Ribeiro em ''O Povo Brasileiro'' afirma que os portugueses ao chegarem ao Brasil caçavam toda e qualquer índia para estuprá-la e fazer-lhe filhos mestiços. Mais tarde os senhores das fazendas faziam o mesmo com as escravas negras quando começavam a atingir a puberdade. Elas eram coisas que antes de se estragarem e serem substituídas por mais novas serviam inclusive para o rito de passagem dos filhos da casa grande para a idade adulta.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

De como manter a espinha ereta antes ou mesmo depois do golpe

Por Fernando Castilho


Paulo Nogueira do DCM garante:
''NÃO vai ter golpe.
2015 NÃO é 54 e nem 64.
Espinha ereta, espinha ereta!''

Tranquilos todos? Eu não.

Respeito muito o jornalista pela sua grande experiência e conhecimento das coisas da política, além de curtir Beatles, mas este blogueiro, mesmo sem o brilho do Paulo, vem alertando há meses sobre o golpe que se desenha.

No começo, pouco depois das eleições foram somente manifestações e um Aécio derrotado e inconformado que pediam o impeachment da presidenta.

Se parasse por aí, não haveria mais o que temer. Mas a partir da sensação de que poderia haver apoio de milhares de pessoas, a direita se reuniu e definiu uma agenda.

A orquestração é bem evidente. Numa ponta o juiz Sérgio Moro comanda o espetáculo da Operação Lava Jato, extorquindo delações premiadas através de 7 meses de prisões de empresários sem denúncia formalizada.

Quando criminosos confessos, delatores como Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef (este já passando pela delação premiada pela segunda vez, sendo reincidente) citam tucanos, o juiz simplesmente ignora, mas quando petistas são citados, apesar do segredo de justiça, a notícia é imediatamente liberada para os jornais que se encarregam de publicá-la em manchetes garrafais, às vezes com redações iguais.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Ou defendemos a Constituição ou voltamos à barbárie

Por Fernando Castilho


A Santa Inquisição
Um leitor comentou um texto meu, num trecho em que digo: Percebam que no caso da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro ignora totalmente o direito à defesa dos envolvidos, extorque delações, faz vazar delações para a mídia e seleciona livremente quem tem que ser investigado ou punido.

A pessoa em questão soube argumentar com educação e respeito, o que me motivou a escrever este novo texto.

Escreveu, em resumo, que eu não deveria defender os presos de colarinho branco enquanto existem tantos presos ladrões de galinha. É verdade. Ele tem razão. Em parte.

Os pobres e pretos que vão para as cadeias todos os dias, sem julgamento, são a expressão viva da grande desigualdade social no Brasil. E essa desigualdade se expressa também na justiça. Ninguém nega.

Mas vamos partir do começo.

Para quem segue a Bíblia, há a convicção de que Deus nos deu o livre arbítrio. Mas também nos impôs 10 mandamentos. Há um paradoxo nesta questão. Mas isso deixa pra outra discussão.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

São 300 picaretas com anel de doutor

Por Fernando Castilho


Eduardo Cunha, o grande ditador
''Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou''
Luís Inácio (300 picaretas) Paralamas do Sucesso


É difícil escrever sobre isto. É chato, inclusive. Não é por tédio ou preguiça. É que essas coisas não deveriam estar acontecendo.

Mas vamos lá.

Começo com uma reflexão: estamos vivendo numa ditadura. Não aquela que a turba que foi às ruas no começo do ano proclama.

Vivemos a ditadura do Cunha. Ela não tem nada de comunista. Nada de Foro de São Paulo. Ela é de direita.

Eduardo Cunha manda no país mais que a presidenta republicana do Brasil. Duvida?