quinta-feira, 24 de março de 2016

O jogo começa a virar?

Por Fernando Castilho





Erros cometidos em sequência pelo inexperiente, obsessivo e apressado juiz Moro podem ter desencadeado a virada de jogo para Dilma e Lula.

Quem tem pressa come cru (dito popular)

A vingança é um prato que se come frio (provérbio Klingon)

Esta semana dois fatos ocorridos em sequência dão indícios de que o jogo político possa estar virando.

Em primeiro lugar o juiz Sérgio Moro cometeu dois erros estratégicos na sua pressa em prender Lula e obter seu grande troféu de caça.

A gênese dos erros foi a condução coercitiva feita à revelia da lei uma vez que o ex-presidente não havia se recusado a depor.

A ação cinematográfica desagradou a classe jurídica do país e incendiou a esquerda que compareceu em grande número às manifestações do dia 18, não só para defender Lula mas, principalmente para denunciar o golpe e defender a Democracia.

Depois foi a divulgação ilegal do grampo (este também ilegal) plantado em Dilma para interceptar sua conversa pessoal com Lula. Nada de mais no assunto tratado nessa conversa mas a Globo tratou de usar a retórica de Bonner et caterva para dramatizar a informação no sentido de criminalizar o diálogo.

O ministro do STF, Teori Zavascki, após entrevista de seu colega, ministro Marco Aurélio Mello, que não poupou críticas a Moro, e indignado com a postura autoritária e arbitrária do juiz de Curitiba, ordenou que as investigações contra Lula fossem encaminhadas ao Supremo.

Na prática não significa que o ex-presidente deixe de ser investigado. Ocorre que ninguém está acima da lei e se há indícios de corrupção, Lula deve ser investigado. Porém, o que Moro pretendia era pura e simplesmente a prisão de Lula com ou sem comprovação de crimes. O que Zavascki fez foi legalizar o procedimento.

O segundo fato importante foi a sequência de fatos iniciada depois que a mídia anunciou que Marcelo Odebrecht forneceria delação premiada à Lava Jato.

No mesmo dia o MPF divulgou uma lista da Odebrecht com 316 nomes de políticos de vários partidos.

Na planilha constam nomes de peso como Aécio Neves, José Serra, Paulinho da Força, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e outros, inclusive os que estão na comissão do impeachment de Dilma na Câmara.



O Jornal Nacional falou da lista mas resolveu não citar nenhum dos nomes para não parecer que estaria escolhendo a dedo alguém. Alegou também que o simples fato de na lista conterem doações da empresa não significa que elas seriam ilegais.

É por demais óbvio que se constassem da lista os nomes de Dilma e Lula, Bonner os citaria em alto e bom som e a matéria ocuparia todo o espaço do jornal.

Ato contínuo,  o juiz Moro mandou recolher a lista e a colocou em sigilo de justiça. Ou seja, não ouviremos mais falar dela porque ela é inadequada às pretensões do magistrado, afinal, 316 políticos é muita gente.

A mídia acaba de divulgar que a delação de Odebrecht não vai acontecer. Lógico.

A Folha, através da coluna Painel da editora Natuza Nery, afirmou que pessoas ligadas à Lava Jato, já tratam a operação como estando no ''começo do fim'', justamente por ter citado um número grande de nomes. Ou todos eles se unem para dar um fim às investigações ou para a derrubada final de Dilma.

Este blog já especulou não sem nenhuma base que uma vez impedida Dilma e preso Lula, a operação cessaria pois seu objetivo já teria sido alcançado.

Fica agora tudo muito claro.

Só que agora fica mais difícil atingirem seus objetivos escusos uma vez que estão sendo desmascarados a cada dia.

A planilha divulgada se constitui num elemento muito forte que pode provocar a mudança de opinião de alguns que embarcaram ingenuamente nessa história de golpe, uma vez que ela pode ser tratada como uma espécie de atestado de idoneidade de Dilma e Lula.

Dilma, Lula, o PT e a esquerda em geral têm que aproveitar já este momento para divulgar a todo o país o que realmente querem os golpistas citados na lista.


Ou seja, a hora de virar o jogo é agora.

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