quinta-feira, 12 de maio de 2016

O golpe está dado. Há muito o que fazer

Por Fernando Castilho




Diante deste quadro pessimista, mas que se escora na percepção de que já vivemos num Estado de Exceção em que vale tudo e onde a Constituição foi vilipendiada, só vejo alguns caminhos a seguir até que ocorra a votação no Senado, dentro do prazo de no máximo 180 dias.

Quando um governo é eleito democraticamente, goza de legitimidade e pode, desde que conste em seu programa, adotar medidas impopulares como forma de encontrar caminhos que possam contornar crises econômicas.

Não é o caso de Michel Temer.

O vice assume agora interinamente o governo e já anunciou indiretamente que vai atingir fundo os direitos e o bolso dos trabalhadores e da classe menos favorecida do país.

Fosse ele político hábil, esconderia o fato, exatamente como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin cinicamente faz.

Mas é possível que Temer esteja muito confiante na blindagem que a grande mídia, encabeçada pela Rede Globo, lhe dará, afinal, jamais os órgãos de imprensa vão deixar transparecer às pessoas de verde-amarelo, que elas embarcaram numa canoa furada.

Mais do que nunca é hora da mídia maquiar todos os índices negativos que advirão de um governo ilegítimo e golpista. Não tenham dúvidas, de uma hora para outra a bolsa subirá, a confiança do consumidor disparará, a inflação e o desemprego cairão e o Datafolha tratará de exibir bons índices de aprovação de Michel.

A mídia sempre fez acrobacias para esconder o que não queria que vissem e mostrar, aumentar ou até mesmo inventar ''notícias'' de seu interesse.

Tenho certeza de que já na primeira semana de ''governo'', Temer divulgará a herança maldita que recebeu de Dilma. Herança da qual ele também é doador. Mas não virá ao caso.

Protestos se espalharão pelo país.

A mídia, através de seus colunistas sabujos, tratará de classificar os manifestantes de baderneiros que querem a ruína do país ou instaurar o comunismo no Brasil.

É quase certo que o ministro da Justiça será o atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, aquele que ganhou notável know-how ao reprimir violentamente estudantes secundaristas que protestam contra ocupações de escolas e a máfia da merenda.

Se a coisa ficar feia, não restará alternativa. Willian Bonner terá que justificar como medida necessária a convocação por Temer das Forças Armadas que tem o dever constitucional de garantir a paz e a ordem à Nação.

Lula sairá pelo Brasil denunciando o golpe e aglutinando forças para a resistência. Mas como não estamos mais num Estado de Direito, poderá ser preso mesmo sem crime cometido. Afinal, o golpe não estará completo se ele se candidatar a presidente em 2018.

Não vou falar do STF. Este não sairá da toca a não ser para deliberar pelo arquivamento de processo contra Aécio Neves, que já está na mão de Gilmar Mendes.

Diante deste quadro pessimista, mas que se escora na percepção de que já vivemos num Estado de Exceção em que vale tudo e onde a Constituição foi vilipendiada, só vejo alguns caminhos a seguir até que ocorra a votação no Senado, dentro do prazo de no máximo 180 dias.

1 – Aglutinação das forças de esquerda e dos movimentos sociais. Continuidade da mobilização e protestos quase que diários sem redução da pressão.

2 – Tentativa nas redes sociais de conscientização do maior número de pessoas que ingenuamente foram compelidas a embarcarem no golpe, mas que já estão começando a ter percepção de seu erro.

3 – Atuação forte de Dilma, senadores e deputados nas bases eleitorais dos que estão propensos a votar pelo golpe no Senado. Esses caras só poderão mudar de posição caso sintam que estão ameaçados de não se reelegerem em 2018 quando se renovarão dois terços do Senado.

4 – Manutenção da denúncia de golpe à mídia estrangeira,à ONU e à Corte Internacional de Justiça.

5 – Busca de apoio junto a outros países, principalmente os que compõem os Brics, até porque estes não devem ter nenhum interesse por um governo Temer que poderá tirar o Brasil da aliança e restabelecer a parceria com os americanos devido ao interesse destes pelo pré-sal.

Por fim, todo apoio aos estudantes secundaristas. Eles podem significar muito para o futuro da esquerda.








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