sexta-feira, 2 de junho de 2017

50 anos (and counting) de Sgt. Pepper's

Por Fernando Castilho


Imagem: EMI



50 anos de um álbum que revolucionou o rock definitivamente!

Ontem comemoramos 50 anos do lançamento nos Estados Unidos do icônico álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles.

É interessante constatar que, apesar de toda a imprensa falar sobre isso e de vários artigos terem sido escritos para lembrar o evento, para os jovens atuais, o significado passa desapercebido.

Ontem mesmo, saí com meu sobrinho em seu carro. O rádio estava ligado e foi inevitável ouvir as músicas que ele mais ou menos curtia.

Mais ou menos por que?

Porque até ele mesmo não gosta, ou melhor, não ama as músicas que ouve.

John Lennon diria: The sound you hear is muzak to my ears.

Essa é a diferença. Nós, da minha geração e da posterior, amávamos e ainda amamos as músicas dos Beatles. E queremos sempre ouvi-las.

Não se trata de saudosismo. As músicas que os jovens de hoje ouvem não têm nem de longe as letras bem trabalhadas dos Beatles, isso quando não são grosseiras recorrendo a palavrões de forma gratuita.

As harmonias praticamente não existem e a melodia é extremamente simplória, recorrendo a vários lugares-comuns.

Os Beatles entraram no estúdio para gravar Sgt. Pepper's em novembro de 1966 e só concluíram o disco quase 7 meses depois!

Que gravadora hoje em dia disporia um estúdio para uma banda gravar um disco durante 7 meses?

Nesse período os Beatles, após terem encerrado a fase de turnês, decidiram aprofundar o experimentalismo iniciado em Rubber Soul e Revolver.

Lembremos como:

Entraram instrumentos inusitados para o rock como cítaras e cravos.

As harmonias passaram a ser trabalhadas de forma complexa e original.

Os Beatles aprenderam a tocar piano.

As letras passaram a ser menos bobinhas e agora passavam a testemunhar o dia a dia na vida das pessoas retratado pelas notícias de jornal, além de reminiscências de um passado ainda não longínquo vivido por eles em sua infância.

George Martin percebeu que poderia dar uma chance à criatividade da banda que desabrochava e decidiu que era hora de dar vazão a arranjos de maior qualidade.

George Harrison aprimorou sua técnica na guitarra.

Paul e John nunca tinham cantado tão bem antes.

E Ringo dá um verdadeiro show em A Day in The Life.

Já não eram mais os antigos e puros rapazes de Liverpool. Tinham amadurecido musicalmente.

As inovações não pararam por aí.

Pela primeira vez os membros de uma banda não apareciam sozinhos na capa de um disco. Na foto há, além deles e de seus clones em cera, fotos das mais variadas personalidades, desde Karl Marx até Edgar Allan Poe, passando por Bob Dylan e Mick Jagger.

Não contentes com isso, publicaram na contra capa as letras das músicas.

O disco veio num encarte onde era possível recortar bigodes e colocá-los onde se quisesse.

Uma verdadeira revolução, enfim.

Meu sobrinho e os jovens que ouvem as músicas de hoje sequer imaginam a mágica que sentíamos acontecer cada vez que olhávamos aquela capa e ouvíamos o disco. Eles perdem.

E não adianta dizer: ei, ouça isto! Você vai gostar!

Beatles não é para se ouvir uma vez e sair gostando. Afinal, os ouvidos de hoje estão desabituados ao que é bom. É preciso paciência e ouvir várias vezes para reeducá-los.

Foi assim com um ex-aluno meu que aos 15 anos foi fisgado pelos Beatles.

À primeira vista aquele som não impressionou muito mas como ele tinha conhecimento da importância histórica da banda, concluiu que, se todo mundo até hoje ainda fala de Beatles é porque deveria ser bom.

Não levou muito tempo para que ele, ao contrário de seus amigos, se tornasse um tardio beatlemaníaco que sabe hoje mais que eu sobre o conjunto.

Os Beatles são assim. 46 anos após a extinção do grupo, ainda são capazes de fisgar as novas gerações.

I read the news today, oh boy: "Sgt. Pepper's forever!"




quarta-feira, 31 de maio de 2017

Quando a Justiça enoja: três anos de cadeia por furtar ovos de páscoa e um quilo de frango

Por André Forastieri





Por André Forastieri em seu blog.
É lugar comum dizer que o Brasil precisa de reformas. Mas reformas são leis, e leis dependem de aplicação, e isso é feito por seres humanos, juízes. No Brasil, muitos juízes aplicam as leis como bem entendem. É a velha piada que advogados contam: “de cabeça de juiz e bunda de nenê, nunca se sabe o que vai sair.”


O bebê é pequenininho, menos de um mês. Nasceu na cadeia e lá vive com sua mãe. A cela tem capacidade para doze pessoas, mas está ocupada por 18 lactantes. A mãe cumpre pena por furtar ovos de páscoa e um quilo de peito de frango. Foi condenada a três anos, dois meses e dois dias por esse crime.

A defensoria pública de São Paulo pediu um habeas corpus na última sexta-feira. Acionou o Supremo Tribunal de Justiça para pedir a anulação do crime, por ser insignificante; a readequação da pena; ou a prisão domiciliar, garantida pela leis às mães responsáveis por filhos menores de 12 anos.

O argumento é que a sentença é desproporcional à tentativa de furto e que a mulher é mãe de mais três crianças, de 13, 10 e 3 anos de idade. Além do bebê, que será separado da mãe quando completar seis meses. As quatro crianças crescerão longe da mãe, se ela seguir cumprindo pena na Penitenciária Feminina de Pirajuí, no interior de São Paulo.

O ministro do STJ, Nefi Cordeiro, negou o pedido da Defensoria e manteve a pena da mãe em regime fechado. Determinou que ela deva cumprir toda a pena na prisão por causa de “circunstâncias judiciais gravosas”. Disse “não vislumbrar a presença dos requisitos autorizativos de medida urgente.”

Quem é Nefi Cordeiro? Curitibano, oficial da PM, formado pela Federal do Paraná. Tem duas medalhas concedidas pelas Forças Armadas, a do Pacificador e Ordem do Mérito Militar. Foi nomeado para o STJ por Dilma Rousseff.

Nefi Cordeiro determinou em julho de 2016 a soltura de Carlinhos Cachoeira, Fernando Cavendish (da Construtora Delta), e de Adir Assad e Cláudio Abreu. Presos na Operação Saqueador, eles são acusados de integrar um esquema que lavou R$ 370 milhões de reais de dinheiro público.

Nefi Cordeiro confirmou em 2015 uma condenação por tráfico de duas gramas de maconha – isso mesmo, duas. É o menor caso de condenação por tráfico já registrado. A pena foi de quatro anos e onze meses. O tráfico aconteceu 15 anos antes, em 2000, em Cataguases, Minas Gerais.

Nefi Cordeiro concedeu habeas corpus a quatro PMs cariocas que fuzilaram com 63 balas um carro com cinco jovens inocentes, matando Roberto, de 16 anos, no caso que ficou conhecido como Chacina de Costa Barros. No dia 7 de julho de 2016, a família disse que após o habeas corpus, a mãe de Roberto, a cabelereira Joselita, morreu “de tristeza”.

É lugar comum dizer que o Brasil precisa de reformas. Mas reformas são leis, e leis dependem de aplicação, e isso é feito por seres humanos, juízes. No Brasil, muitos juízes aplicam as leis como bem entendem. É a velha piada que advogados contam: “de cabeça de juiz e bunda de nenê, nunca se sabe o que vai sair.”

Nunca se sabe, mas todos sabemos que a justiça brasileira frequentemente tarda e falha, e tarda e falha especialmente quando o acusado tem dinheiro. A estrutura de senzala do Brasil está tão integrada à nossa sociedade que ninguém estranha que haja prisão de luxo para quem tem diploma universitário, e de lixo para quem não teve dinheiro para estudar. Como ninguém estranha o elevador de serviço, a diferença da cor de pele entre ricos e pobres, 60 mil assassinatos anuais, ou o fato de metade dos brasileiros não terem esgoto em casa.

Nunca houve justiça no Brasil e não haverá tão cedo. Como nunca houve democracia e não haverá tão cedo. Temos pouca experiência com uma e outra. Esse é o fardo histórico que todo brasileiro tem que carregar, bestas de carga, deitados eternamente em berço esplêndido.

Mas Justiça é um tema cada vez mais central na vida de todos nós. Porque a natureza da sociedade abomina o vácuo. Então o Judiciário vem preenchendo – correta e incorretamente, com moderação e com messianismo - o vazio deixado pelo Executivo e Legislativo, que há tempos abdicaram de nos representar. E seguem ignorando solenemente desejos e necessidades da maioria, e enchendo os bolsos numa lambança sem fim, como nos informa todo dia o noticiário.

Mas membros do executivo e legislativo podem perder o emprego. Juízes não. É mais fácil arrancar uma presidente eleita por 53 milhões de votos do seu cargo que demitir um juiz do supremo tribunal de justiça.

Talvez antes de qualquer outra reforma, o Brasil precise de uma reforma profunda no Judiciário. Que o torne ágil e transparente, potente e permeável à fiscalização da sociedade.

Que dê alguma credibilidade a um poder que mantém na cadeia uma mãe miserável que furtou frango e ovo de páscoa, mas concede a prisão domiciliar a Adriana Ancelmo, esposa e comparsa do ex-governador, casal que fez fortuna com a miséria dos mais miseráveis cariocas - exatamente a gente que, no limite, furta comida.

Não se trata de “cortar as asas” do Judiciário, sonho da curriola de políticos e empresários que se organiza para fugir de investigações e delações. Se trata de tratar de maneira mais equânime os ladrões da esquina e os ladrõezões de terno e gravata.

Essa semana a polícia paulistana prendeu com grande balbúrdia traficantezinhos na Cracolândia. Também esta semana, o Supremo Tribunal Federal condenou Paulo Maluf a sete anos de prisão por lavagem de dinheiro que ocorreu no seu mandato de prefeito, entre 1993 e 1996. Finalmente Maluf vai pra cadeia? Não, ainda há espaço para recurso, mais de trinta anos depois do roubo cometido...

O juiz é um funcionário público como qualquer outro. Eles têm que ser tratados de acordo. Trabalham para nós. Têm que responder para nós. E, se for o caso, serem corrigidos, ou até punidos por nós. Nossa Justiça, e ausência dela, e revisão profunda do que significa justiça no Brasil, é pauta urgente e bem mais importante do que quem vai sentar no Palácio do Planalto nos próximos meses.


Mas alguns casos, algumas pessoas, talvez estejam além da capacidade da sociedade brasileira de corrigir seu rumo. A decisão de Nefi Cordeiro que mantém uma mãe de quatro filhos na cadeia, por furtar frango e ovo de páscoa, é incompreensível para nós. Está em outro domínio. O do inimaginável, do inumano, além da imoralidade, além da redenção.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Moro chega ao fim?

Por Fernando Castilho


Imagem: Internet


Michel Temer, ao nomear o juiz Torquato Junior, homem crítico à Lava Jato, para o ministério da Justiça deixa apreensivos o Ministério Público e a Polícia Federal que temem pela redução de verbas para os órgãos e pelo desmantelamento da operação, o que seria muito útil para o presidente.



Algumas coisas que acontecem, aparentemente são desconexas mas se pararmos para refletir, veremos que, se alinhavadas de alguma forma, podem fazer sentido.

Refiro-me ao juiz Sérgio Moro.

Todos conhecemos e acompanhamos a saga de Moro que, já durante 3 anos tenta incriminar Lula nos casos do tríplex no Guarujá, do sítio em Atibaia e da guarda dos presentes que ganhou durante o tempo em que permaneceu na presidência.

Moro iria ser submetido a julgamento neste dia 30 de maio pelo CNJ por ter vazado ilegalmente áudio entre Lula e Dilma sem a autorização do STF.

Além disso, outro áudio envolvendo uma conversa entre Marisa Letícia, esposa falecida de Lula e seu filho, sem que o diálogo dos dois tivesse qualquer ligação com as investigações da Lava Jato, também vazou para a imprensa.

O julgamento foi adiado.

Moro recentemente ouviu Lula em depoimento.

As opiniões se dividiram.

Boa parte das pessoas assistiram trechos editados pela Rede Globo no Jornal Nacional e ficaram com a impressão de que Moro (que não devia atuar como acusador, mas manter-se equidistante das partes) venceu a “contenda”.

Mas quem assistiu às 4 horas e meia do depoimento, deve ter percebido o apuro que o juiz sofreu após ouvir a defesa e as reclamações do ex-presidente quanto à operação.

Em seguida, a Polícia Federal pediu arquivamento da acusação de que Lula teria recebido como propina a guarda dos objetos recebidos como presente.

Quando Eduardo Cunha fez, em seu depoimento, 41 perguntas a Michel Temer, Moro só aceitou respostas para 21.

Logo depois viria a revelação da gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de sua conversa com Temer. Joesley deu a entender que dava mesada para Cunha já há algum tempo, ao que Temer respondeu: tem que manter isso, viu?

A Globo investiu pesado contra Temer e Aécio Neves e a primeira lembrança que veio à nossa mente foram aquelas fotos de momentos felizes vividos por Moro, Aécio e Temer.

Será que Moro não teria como saber dessas mesadas?

Em seguida viria a surpresa maior. Moro inocentou Cláudia Cruz, esposa de Cunha, afirmando que não havia provas contra ela, mesmo que extratos tivessem sido enviados de banco na Suíça. Além disso, Moro determinou que Cláudia devolvesse 500 mil da propina, prova de que houve crime. A opinião pública começou a balançar. Desconfia-se que Moro tenha rabo preso com Cunha.

Como se não bastasse, surgiu a revelação de que a esposa de Moro teria envolvimento com uma máfia que desviava recursos das APAE's do Paraná. Moro parece cada vez mais desacreditado.

Ontem, 29, a auditoria da KPMG inocentou Lula de participação no esquema de corrupção da Petrobras, um choque para Moro, com certeza.

Michel Temer, ao nomear o juiz Torquato Junior, homem crítico à Lava Jato, para o ministério da Justiça deixa apreensivos o Ministério Público e a Polícia Federal que temem pela redução de verbas para os órgãos e pelo desmantelamento da operação, o que seria muito útil para o presidente.

Então, agora alinhavando.

Provavelmente se Moro tivesse sido julgado hoje pelo CNJ, seria absolvido ou no máximo, advertido pois o relator é um admirador seu.

O fato seria noticiado mas não teria grande repercussão.

Porém, ao ser adiado o julgamento, transparece uma possibilidade de que o próprio Temer esteja por trás disso. Lembremo-nos de que Cármem Lúcia é presidente do CNJ e recentemente se reuniu com Temer.

Temer pode estar tentando ganhar tempo para que surja mais alguma coisa contra Moro e este venha, quando for julgado, condenado a uma pena, mesmo que pequena, o que o tiraria do comando da Lava Jato, entrando alguém mais palatável ao presidente.

Não é de hoje que temos a impressão de que Sérgio Moro, assim como Michel Temer, foram peças muito úteis ao golpe, mas que agora podem ser descartadas.

A ver.


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Sr. Doria, São Paulo não é uma padaria!

Por Fernando Castilho

Foto: Nilton Fukuda



Serão os dependentes internados num estabelecimento, à semelhança dos antigos manicômios, destinados somente a retirar de circulação e da vista de todos pessoas, feias, sujas e miseráveis?

João Doria Jr. foi eleito prefeito da cidade de São Paulo com a promessa de, ao invés de fazer política, ser um gestor.

Obviamente, Doria, como todo empreendedor de visão, captou que o mercado de eleitores estava cansado de seus governantes metidos em negócios escusos com denúncias e delações surgindo a todo instante e que havia um nicho importante que não devia ser desprezado. Bingo! Foi eleito.

Uma vez na prefeitura, Doria começou a fazer exatamente aquilo que alguém faz quando compra uma padaria, um açougue ou qualquer outro negócio: coloca uma faixa de “SOB NOVA DIREÇÃO”, simbolizada nos adesivos de “CIDADE LINDA” e tratou de pintar a fachada do estabelecimento, cheia de pichações, varrer e lavar tudo.

Isso deu muita visibilidade ao estabelecimento e ao seu novo gerente. Ações de marketing que impactaram.

Porém, Doria se deparou com aquilo que ele considerou tralhas e que estavam num setor pouco utilizado do estabelecimento só para atrapalhar e enfeiar: os dependentes químicos. E ele queria muito passar a ganhar mais dinheiro com esse setor.

Então o gestor resolveu começar uma reforma mesmo sem antes ter tirado a tralha e jogado fora.

A tralha então foi espalhada pelas calçadas e chamou a atenção dos vizinhos que começaram a reclamar.

A metáfora pode ser meio esquisita mas não é muito forçada.

A cidade de São Paulo não é uma padaria e não pode ser administrada como se fora.

A difícil questão dos dependentes químicos da Cracolândia já teve várias abordagens pelo poder público. Devemos lembrar que Gilberto Kassab criou a denominada Operação Sufoco, descrita pelo coordenador de políticas de drogas da cidade como uma tentativa de cortar o fornecimento de drogas aos usuários. O objetivo seria "causar "dor e sofrimento" o suficiente para forçá-los a procurar tratamento.

Antes dele, José Serra em sua curta passagem pela prefeitura, também tratou o problema como uma simples questão de polícia com resultados pífios.

Após tantos anos de falta de vontade política, chegamos ao Programa Braços Abertos de Fernando Haddad que, se não chegou a resolver o problema, conseguiu o feito de recuperar uma parte dos dependentes, tratando-os com a dignidade que precisavam para começar a mudar de vida.

Inspirado pelo sucesso de programas similares na Holanda e Canadá, os cerca de 400 participantes da Braços Abertos recebiam US $ 6,50 por dia em troca de quatro horas de trabalho na limpeza de parques e outros locais públicos. Todos recebiam ainda refeições regulares e habitação em hotéis locais.

Quem teve forças conseguiu sair da Cracolândia. Quem não teve voltou ou nem saiu.

Mas o programa foi encerrado por Doria que achou que demolindo hotéis na Cracolândia, mesmo com pessoas dentro, fechando bares que não tinham autorização de funcionamento sem aviso prévio e expulsando os dependentes com força policial, resolveria o problema.

Ledo engano. E ele, se fosse um homem preparado, não deveria errar.
Agora o gestor decide internar, usando um eufemismo, compulsoriamente os dependentes.

Para surpresa do alcaide, não há estabelecimentos com vagas suficientes para internação, o que só demonstra que ele trabalha sem planejamento algum.

Além disso, o que esperar de uma internação compulsória?

Serão os dependentes internados num estabelecimento, à semelhança dos antigos manicômios, destinados somente a retirar de circulação e da vista de todos pessoas, feias, sujas e miseráveis?

A isso chamamos higienização social e até mesmo eugenia.

Já vimos isso acontecer antes e os resultados não foram nada bons.

O pior de tudo é que Doria jamais mudará sua maneira de pensar e agir. Não nasceu pra coisa pública.

Doria é um estranho no ninho na prefeitura. Achou que administraria a cidade como se fosse uma de suas empresas. Não teve nem tato para demitir sua Secretária Soninha Francini. Sua vocação mesmo é ser empresário. Em suas empresas ele pode mandar e desmandar à vontade.

Mas na cidade de São Paulo, não.




segunda-feira, 8 de maio de 2017

Sobre o espetáculo de 10 de maio

Por Fernando Castilho



Moro não hesitará em apelar para o vale tudo, já que nas encaradas preliminares já desrespeitou inúmeras regras consubstanciadas na nossa Constituição Federal, no Código Penal e no Código de Ética da Magistratura, tudo sob os olhares complacentes do Supremo, aquele Supremo que Lula qualificou eufemisticamente como acovardado mas que se revela na verdade cúmplice do golpe, desde sempre.

Dia 10 próximo deve ocorrer o depoimento de Lula ao juiz Moro.

O que todo mundo sabe ficou revelado nas capas das revistas de final de semana que mostram Moro em contenda com Lula, o que é incompatível com o cargo de juiz. Pior é que ele ostenta as cores do PSDB, que sempre lhe caíram bem.

O que essas capas não revelam é que só o contendor Moro tem poder institucional para vencer a luta. Portanto, a luta é desigual, afinal Moro é Lutador e juiz ao mesmo tempo.

E Moro não hesitará em apelar para o vale tudo, já que nas encaradas preliminares já desrespeitou inúmeras regras consubstanciadas na nossa Constituição Federal, no Código Penal e no Código de Ética da Magistratura, tudo sob os olhares complacentes do Supremo, aquele Supremo que Lula qualificou eufemisticamente como acovardado mas que se revela na verdade cúmplice do golpe, desde sempre.

Há torcida dos dois lados.

A da direita quer a condenação de Lula mesmo sem provas. São, via de regra, pessoas desinteressadas do Estado de Direito, afeitas a pré julgamentos apressados, que subornam o guarda e são, por isso, hipócritas. E mais, não percebem que é ele, justamente Lula, disparado nas pesquisas para 2018, o único nome capaz de tirar o país dessa crise econômica e política, pelo seu poder de negociação com todos os setores. E que é Lula o único capaz de repor os direitos sociais que estão sendo subtraídos dos pobres de direita, inclusive.

A da esquerda, embora sempre haja um Psol a fazer o jogo da direita e uma Rede oportunista preocupada somente em eleger a fadinha, defende a Democracia e o Estado de Direito, conquistados a duras penas e exigem provas para que Lula seja condenado.

E tudo por causa de um apartamento tríplex que não é dele e que se fosse, teria condições de compra.

Tivemos que, com vergonha alheia, ler numa entrevista o decano ainda vivo da corrupção, Paulo Maluf, eterno ícone dos coxinhas, fazer chacota ao afirmar que o tríplex é apenas três Minha Casa Minha Vida em cima do outro!

Dia 10 de maio o país entra num Fla-Flu em que o juiz entra em campo para anular todas as faltas contra Lula, anular todos os pênaltis e ainda fazer gols.

Como se não bastasse, o juiz-boxeador ainda se dirige à torcida antes da luta para pedir que não compareçam ao ringue, certamente porque nessas ocasiões a torcida é sempre pelo mais prejudicado pelo juiz e pode fazer a diferença, até virando o jogo.

Além disso, sabemos do poder de articulação de palavras de Lula, como ficou demonstrado inúmeras vezes, embora saibamos que o depoimento vazará para a Globo que o editará da maneira que mais lhe convier para o Jornal Nacional.

Então, como vejo o próximo dia 10?

Não é somente o bom depoimento de Lula que está em jogo, mas muito mais do que isso, é parte do contra-golpe que iniciou no dia 28 passado.

É o início do fim do governo golpista e de suas tramoias para acabar com os direitos sociais dos brasileiros, conquistados a duras penas.

É o início da retomada da Democracia que nos foi suprimida.


sexta-feira, 14 de abril de 2017

Do risco de sermos injustos

Por Fernando Castilho



Neste momento, mais que julgar sem ter atribuição para isso e o devido conhecimento acerca do que está sendo divulgado, devemos ter equilíbrio, sensatez e paciência sob pena de cometermos injustiças e assassinatos de reputações.

Sobre o tsunami que devastou a classe política esta semana.

1 – A lista de Fachin, oriunda de delações de executivos da Odebrecht em que cita um grande número de políticos, pode estar misturando os culpados de sempre com gente que até outro dia possuía uma biografia sem reparos. Temos que ter cuidado para não destruirmos reputações injustamente.

2 – As delações precisam ser provadas para que possam se constituir em elementos hábeis a condenar. Portanto, até que se prove o contrário, todos, de direita e de esquerda.

3 – Marcelo Odebrecht, um homem milionário, habituado a viver como um príncipe, está preso preventivamente há 2 anos em uma cela com privada turca e banho frio. Normalmente, um homem desses, cuja ética não é um de seus maiores valores, submetido a uma provação dessas, não hesitaria em delatar qualquer um para livrar seu pescoço. Portanto, cuidado para não pré julgar.

4 – Todas essas delações que tomaram vários dias de Jornal Nacional, foram vazadas em pleno arrepio da lei, o que normalmente as tornariam ilegais. Ainda por cima, uma delação foi vazada em tempo real para o site Antagonista, sob olhares do juiz Moro que não fez caso da denúncia.

5 – Emílio Odebrecht denunciou a hipocrisia da imprensa que há 30 anos pelo menos, como todos nós, aliás, sabe que caixa 2 para candidaturas existe. A Rede Globo tenta parecer antisséptica no meio de uma sujeira da qual ela própria participa desde que conseguiu seu enorme upgrade ao apoiar a ditadura. Além disso, deve uma fortuna à Receita Federal.

6 – Fica fácil à primeira vista responsabilizar o candidato pelo caixa 2. Porém, quem já acompanhou campanhas eleitorais sabe que a captação de recursos, sejam eles caixa 1 ou 2, cabe aos tesoureiros dos partidos que viabilizam essas campanhas. Portanto, devagar com o andor ao culpar os políticos.
É preciso que se investigue a participação direta deles.

7 – O Jornal Nacional, principal órgão de imprensa que se apropria de corações e mentes de todas as classes sociais, ocupa mais da metade de seu tempo tentando incriminar Lula, omitindo que Marcelo Odebrecht afirmou que o ex-presidente nunca lhe pediu dinheiro. Sobre Dilma, o JN afirma que ela foi citada mas esconde que Marcelo disse que a empresa tinha enorme dificuldade em se aproximar dela. Portanto, não há nada contra Dilma.

8 – Enquanto o JN incrimina Lula sem provas, Temer, Aécio e Serra que já têm inúmeras provas contra eles, continuam sendo poupados pelos jornais.

9 – Percebe-se que o ataque a Lula vem muito mais da imprensa que, sem cessar, rumina trechos editados, do que das delações.

10 – A intenção desse enorme teatro montado é dar fundamento a Moro para que este mande prender Lula preventivamente antes de seu depoimento em 3 de maio, esfriando assim a caravana que a esquerda prepara para esse dia.

Portanto, caso isso aconteça, estejamos preparados.

domingo, 2 de abril de 2017

Por que 3 de maio é o dia D?

Por Fernando Castilho


Foto: Ricardo Stuckert


Moro quer e TEM que condenar Lula em primeira instância. A ele foi dada essa missão pelo imperialismo americano e ele haverá de cumpri-la até porque é o que grande parte da população brasileira de direita anseia.


Em tempos de modernidade líquida na política brasileira, fica extremamente difícil fazer uma análise de conjuntura sem que já na próxima semana ou mesmo nos próximos dias ela caia por terra devido a fatos novos que aparecem.

Ficou escancarado para a direita que, segundo pesquisas recentes, Lula é disparado o nome favorito para a presidência em 2018.

Mas vejamos, o presidente golpista Temer, apesar de correr o risco de ser cassado pelo TSE, dará um jeito de prorrogar sua saída para depois das eleições em 2018. Portanto, somente sua renúncia poderia tirá-lo do poder agora.

Apesar de não ter aprovação quase que nenhuma do povo brasileiro, parece que ele, incumbido pelo imperialismo, da missão de rapidamente destruir todos os programas sociais, resistirá bravamente.

Se não resistir, haverá eleição indireta e ele poderá se candidatar com a certeza de vencer já que nosso congresso faz o mesmo jogo. A menos que o TSE o declare inelegível. Daí as eleições deverão ser diretas e Lula não deverá ser candidato a um mandato tampão curto.

Moro quer e TEM que condenar Lula em primeira instância. A ele foi dada essa missão pelo imperialismo americano e ele haverá de cumpri-la até porque é o que grande parte da população brasileira de direita anseia.

Se condenado for, Lula apelará para a segunda instância, na qual, claro, o circo já estará armado para, em rito sumário, prendê-lo.

Pelo menos é o que me garantiu um juiz federal que conhece Moro e os demais juizes de segunda instância. Não duvido dele.

Alguém perguntará, como eu perguntei: e as provas?

Não, não haverá necessidade disso, já que estamos num estado de exceção e desta forma, a decisão de um juiz será o que valerá.

Mas caso Moro não consiga seu intento, Lula disparará na campanha, pelo menos até a direita passar a bola para outra grande força política do Brasil.

A grande mídia tornará a vida de Lula um inferno. Se sempre foi difícil para Lula, imagine o quanto ficará.

Ilações e mentiras se transformarão em grandes escândalos diariamente no Jornal Nacional para que sua imagem seja estraçalhada perante o eleitor.

Mas a falta de adversários beneficiará Lula.

A principal força política concorrente do PT, o PSDB, está em guerra e não tem mais nomes que a população possa apoiar.

Aécio, Serra e Alckmin estão sem nenhuma credibilidade segundo as pesquisas de opinião.

Nesse vácuo surgem nomes de aventureiros como João Doria, o prefeito de São Paulo que até agora, três meses depois de assumir o poder, só fez marketing e não administrou a cidade.

Assistimos outros, como Huck e Justus se apresentarem sem nenhum pudor, como se qualquer um pudesse de repente se arvorar na condição de governar um país tão grande e desigual como o Brasil.

Muitos podem temer uma vitória de Bolsonaro mas é preciso lembrar que ele não tem tantos votos entre as mulheres, os gays e negros como entre os homens brancos, héteros e incultos.

Portanto, depende de Moro a vitória de Lula em 2018.

Por que Moro ainda não condenou Lula?

Por que 73 testemunhas o inocentaram no caso do tríplex?

Ingenuidade.

Ele está observando as manifestações e monitorando a mobilização da população como um termômetro. Quando o momento for favorável, ele condena.

Dia 3 de maio Lula irá a Curitiba para ficar frente a frente com Moro para depor.
Caso tudo transcorra normalmente, podem escrever, Lula já era.

Caso haja realmente a mobilização que está sendo convocada para defender o ex-presidente e esta for de peso, Moro recua.

Portanto, depende de todos nós que pudermos estar em Curitiba dia 3 maio influir sobre a sorte de um homem que tirou 30 milhões de pessoas da miséria e que não cometeu crime algum.

Depende de nós inocentar Lula para que ele, uma vez investido de maneira legítima novamente ao poder, possa ter a chance de anular todo esse estrago cometido pelo governo golpista e conduzir o país de volta ao crescimento.

3 de maio é o Dia D para Lula e para o povo brasileiro.


terça-feira, 28 de março de 2017

Precisamos reagir impávidos como Muhammad Ali

Por Fernando Castilho




Temer tem muita pressa. Por isso, as medidas contra o povo brasileiro vêm numa sequência de golpes como naquela luta.

Acusamos o golpe, fomos a lona e agora ensaiamos levantar enquanto o juiz conta 6, 7, 8...


Lembro-me de uma luta de Muhammad Ali, semelhante a muitas cenas de filmes de lutas. O adversário consegue pegar o herói desprevenido e aplica-lhe vários golpes até que este cai na lona. O juiz então conta até dez. No nove, nosso herói se levanta e dá o troco derrotando o adversário.

Após Dilma Rousseff ter sido apeada do poder por um golpe parlamentar, seu vice, Michel Temer assumiu o governo com a missão de nocautear a esquerda, os programas sociais e devolver o país aos seus antigos donos, a elite que sempre mandou por aqui desde o descobrimento.

E Michel, como aquele adversário do filme, veio com todo seu ímpeto.

Michel congelou o salário mínimo e os investimentos em Saúde e Educação por 20 anos, o que beneficia os planos de saúde e as empresas de educação privada.

O golpista quer a reforma da Previdência cujos maiores interessados são os bancos que passarão a lucrar ainda mais com seus planos de previdência privada.

Temer sanciona a nova lei que implantará a terceirização total, enriquecendo as empresas que terceirizam mão de obra.

Particularmente, esta terceirização atingirá o estômago dos sindicatos que, perdendo sua razão de existir, se desmantelarão.

O trabalhador terceirizado não terá mais um sindicato a lhe dar apoio. Portanto, não terá mais a quem recorrer em caso de desrespeito aos direitos trabalhistas que se multiplicarão. Não poderá mais também se organizar nem participar de graves.

Em seguida, a CUT, a maior central de trabalhadores do Brasil que congrega 3500 sindicatos, perderá sua força e sua importância.

Quebrada a CUT, o PT, partido que tem enorme penetração junto à classe trabalhadora, deixará de ser o maior partido da esquerda brasileira e se diluirá entre os menores.
Ficaremos sem a esquerda.

A direita, então, reinará e implantará seu projeto de um Estado fascista, sem que haja oposição a isso.

Sem a esquerda, o imperialismo americano ficará livre para transformar o Brasil numa republiqueta a seu serviço.

Este é o grande projeto deste governo.

Ocorre que Temer tem muita pressa. Por isso, as medidas contra o povo brasileiro vêm numa sequência de golpes como naquela luta.

Acusamos o golpe, fomos a lona e agora ensaiamos levantar enquanto o juiz conta 6, 7, 8...

A pressa de Temer tem razão de ser. Ele sabe que tem pouco tempo. Sabe que vai cair pois não tem mais forças. Tem que derrubar a esquerda por nocaute.

Só com o povo maciçamente nas ruas, com as greves paralisando tudo e com a desobediência civil, conseguiremos nos reerguer e desferir um contra-golpe certeiro para derrubar esse regime espúrio e corrupto que se instalou no Brasil.

Pode esperar, Temer.

Estamos só começando a nos reerguer.

Impávidos que nem Muhammad Ali.



terça-feira, 7 de março de 2017

Tomei um choque de gestão

Por Fernando Castilho


Foto: autoria desconhecida


Tudo deteriorado, lixo pelas rampas. Os salões vazios e SEM as pranchetas. Infiltrações de água. Parece que houve uma guerra ali.

Ontem precisei ir à USP. Fazia décadas que não ia lá.

Fui de metrô desde a estação Campo Limpo e depois tomei o trem da CPTM até a estação Cidade Universitária.

Constatei o óbvio. E o óbvio ao vivo e em cores é particularmente cruel.

Saí às 9:30, justamente para não pegar o horário de entrada das pessoas no trabalho.

Mas não adiantou. Os trens saiam lotados. Imaginem às 7:00.

Nas estações o fluxo de pessoas a qualquer tempo era intenso. Um verdadeiro formigueiro humano.

Ao chegar à estação Cidade Universitária, cadê ela?

Ao pedir informações, me explicaram que teria que atravessar uma ponte e andar ainda um bocado para entrar no campus. A estação que deveria atender milhares de estudantes NÃO ENTRA no campus. Um absurdo de falta de planejamento.

Após finalmente chegar, outra surpresa: acabaram-se os ônibus circulares gratuitos que eu tanto utilizei no passado. Agora eles são de empresas comuns e são pagos.

Ao chegar à FAU, quase chorei de tanta tristeza com o cenário.

Tudo deteriorado, lixo pelas rampas. Os salões vazios e SEM as pranchetas. Infiltrações de água. Parece que houve uma guerra ali.

O barulho ensurdecedor de escola de samba ecoava nos corredores. Eram estudantes fantasiados e pintados como se fosse carnaval.

Estranhei, mas fui informado de que era preparação para os atos de protesto de hoje contra a PEC do fim da USP, que eu desconhecia. Palavras de ordem ecoavam.

A reitoria, no afã de cortar custos, vai demitir inúmeros funcionários e professores, além de reduzir drasticamente os recursos da universidade.

Trata-se do projeto de sucateamento levado adiante pelo eterno governo do PSDB, visando a privatização do campus.

Saí de lá sem ter cumprido o objetivo de minha visita e profundamente abalado.

Concluí, com enorme tristeza e revolta, que a população do Estado de São Paulo escolheu manter um governador que, se não odeia, sente enorme desprezo pelo povo paulista, uma vez que o submete a crueldade diária de ter que utilizar um meio de transporte projetado precisa e cirurgicamente para ele sofra e se mantenha colocado no seu devido lugar, que é o de pertencer eternamente à senzala e nunca sonhe sequer com sua ascensão social.

Concluí também, que esse governador odeia a Educação gratuita e não medirá esforços, não só para fechar escolas estaduais de ensino médio, mas também acabar com a universidade pública, projeto neoliberal por excelência.

Enfim, tendo voltado recentemente ao Brasil, sofro logo de cara na pele o choque de gestão dos tucanos, do qual havia me esquecido ao viver no exterior.

Pobre povo paulista e brasileiro.


domingo, 5 de março de 2017

LULA 2018! Será?

Por Fernando Castilho





Não posso negar que a grande habilidade política de Lula faz realmente a diferença, mas já está mais que provado que não é possível neste momento enfrentar a direita através do voto.

Lula 2018. Já tem mais de um milhão de assinaturas.
Mas o que isso significa realmente?

1 - Lula é um fenômeno de popularidade, querido por muita gente.

2 – A esquerda, principalmente o PT, já assimilou e aceitou o golpe. Não tem disposição de lutar pela recondução de Dilma ao poder, mesmo já tendo sido provada sua inocência e mesmo que o governo golpista esteja por um fio.

3 – Lula hoje lidera em todas as pesquisas e em todos os cenários. Ótimo! Porém, estamos há um ano e sete meses das eleições.

A cada subida de Lula, mais o juiz Moro ousa em sua obsessão para prendê-lo.

E a prisão de Lula não se daria por provas coletadas, mas sim pelo desrespeito à Constituição, marca registrada de Moro.

Quanto ao STF, este está metido até o pescoço no golpe e na Lava Jato. Não moverá uma palha.

4 – Caso Lula não seja preso, haverá tempo suficiente para que um ou mais escândalos sejam plantados, sabem, naquele estilo dos PM's que colocam algo dentro de uma mochila de um negro para prendê-lo ou matá-lo. A mídia se encarregará de dar ampla divulgação ao “fato”.

Lula pode não ser eleito e sua reputação, ainda por cima, destruída.

5 – Caso Lula seja eleito, não terá maioria no Congresso, portanto, não conseguirá governar. Além disso, todo aquele pacote de maldades como congelamento do reajuste do salário mínimo e dos investimentos em saúde e educação por 20 anos, bem como a reforma da previdência e do ensino médio, além da terceirização, não poderá ser revertido, uma vez que depende de aprovação do Congresso, cuja maioria Lula não terá.

Portanto, meus amigos, acho muito lindo desejar a volta de Lula em 2018, mas também acho de um romantismo e de uma ingenuidade muito grandes.

Não querem lutar, preferem institucionalizar o golpe.

Preferem passar uma borracha em tudo e sonhar que tudo vai se resolver com a volta de Lula, pura e simplesmente.

Não posso negar que a grande habilidade política de Lula faz realmente a diferença, mas já está mais que provado que não é possível neste momento enfrentar a direita através do voto.

Já não há nenhum pudor nos poderes executivo, legislativo e judiciário. Já perderam, devido à falta de resistência ao golpe, toda a vergonha em explicitar diariamente sua cafajestagem.

Não estamos mais no Estado Democrático de Direito.

E esperar que as leis se cumpram é acreditar em Papai Noel.

É preciso, meus amigos, infelizmente, que a população pobre deste país sofra e sinta na pele os malefícios que a direita lhe impõe para que venha do seio desse povo a necessidade de luta. Isso ainda vai levar algum tempo. Há uma anestesia geral, eu sinto
.
Aí sim, havemos de aglutinar forças que podem colocar Lula, ou quem ele venha a apoiar, no poder.