sexta-feira, 11 de julho de 2014

Vamos comprar a Copa de 2018?

Por Fernando Castilho

Após o pênalti sofrido por Fred no jogo contra a Croácia, as pessoas que torcem contra o sucesso do Brasil inventaram a história de que o Brasil comprou a Copa.

Agora mudaram a versão: o Brasil vendeu a Copa. Como assim???


Li um post no Facebook que já havia recebido 14 mil curtidas. Era um tal de Gunther Schweitzer que assina como se fosse da Rede Globo de Televisão, descrevendo em detalhes como se deu a compra da Copa feita pela FIFA ao Brasil.

Os detalhes são tantos que, curioso pela ''credencial'' exibida que lhe atribuia o status de integrar os quadros da Globo, imaginei duas possibilidade: ou era mentira (justamente por ser da Globo), ou era invenção pura e simples, já que não vinha acompanhado das devidas fontes.


Este blogueiro resolveu então dar uma fuçada rápida no Google, a respeito do tal Gunther. Em meio a vários verbetes, achei um site em que o homem diz que as copas de 1998, 2002, 2006 e 2010 também haviam sido compradas. Diz ainda que as Libertadores da América foram compradas. Que o título do Corínthians no Brasileirão havia sido comprado. Não cita suas fontes de informação. leia e dê boas risadas aqui

São sempre as mesmas histórias, quase sempre com os mesmos detalhes.

Sobre a Rede Globo? Ele diz que alguém uma vez escreveu o nome da emissora embaixo do seu nome. E ele resolveu deixar.

Que tal?
O que impressiona são as 14 mil curtidas e compartilhamentos que o cara teve. A esta altura já devem ser muitos mais.

Já li três histórias diferentes que ''explicam'' o nosso fracasso perante à Alemanha. Todas com muita imaginação.

Até o Leonardo Sakamoto em seu blog publicou, com muita ironia uma ficção pra lá de engraçada, mas que tem gente jurando que é verdade verdadeira. leia aqui

Parece uma grande bobagem para alguns, um blogueiro perder tempo com essas teorias da conspiração, mas o fato é que um número enorme de pessoas acredita, e outro tanto fica com uma pulga atrás da orelha...

Bem, mas vamos lá tentar explicar aquilo que, se alguns se dispusessem a colocar a cachola para funcionar por pequeno período de tempo que fosse, teriam compreendido por si mesmos.

A Comissão Técnica da Seleção Brasileira é composta por 5 nomes principais, contratados a peso de ouro: os mais importantes são o técnico Luís Felipe Scolari (salário de cerca de 800 mil reais por mês), o assistente técnico Flávio Murtosa (cujo salário não consegui descobrir) e o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira (que em 2010 ganhava 260 mil por mês).

Dentre os jogadores, apenas 3 (Jô, Fred e Víctor) atuam no futebol brasileiro. O resto, na Europa.

É certo que Neymar é o maior salário, recebendo cerca de 2 milhões e 200 mil reais por mês.

Mas, baseado no salário de um jogador, digamos, médio da seleção, por exemplo, Maicon, que recebe cerca de 750 mil reais por mês, podemos, com certa margem de erro, dizer que os 23 jogadores devem auferir ao todo cerca de 17,4 milhões de reais mensalmente.

Somando-se essa quantia com a da comissão técnica, sem falar em massagistas, médico, treinador de goleiros, assessor de imprensa, etc, podemos estimar a folha de pagamentos em cerca de 20 milhões por mês! Isso sem contar os milionários contratos publicitários que os jogadores tem, o que elevaria em muito esse valor.

Pois bem. Toda a comissão técnica e todos os jogadores se fechariam numa espécie de confraria pelo equivalente ao seu salário de um mês? Claro que não. A quantia teria que ser suficiente para garantir muitos anos sem trabalho. Qual seria? Não dá pra imaginar. A meu ver, improvável, embora matematicamente possível.

Vamos pensar sob outro prisma. Se o Brasil ganhasse a Copa, o que mudaria na vida dos jogadores? Valorização em seus contratos é a resposta. Afinal, o status de campeão mundial não é pra qualquer um. E o Brasil perdendo, e justamente por 7 a 1? Será que os contratos seriam valorizados? As transferências de clube? Quem quer comprar um jogador que perdeu com esse placar nas quartas de final? Isso pesaria muito numa possível decisão de se vender.

Outra coisa: como conseguir, numa conversa sobre o assunto de suborno, a adesão de 100%? Onde existe essa unanimidade? Será que alguém não daria com a língua nos dentes? Não cometeria ato falho? Daqui há 20 anos quando todos estiverem aposentados, será que ninguém falaria nada? Seria esta uma seita secreta impenetrável?

Por fim. E aí está a total falta de raciocínio de quem crê nessas bobagens: Por que entregar o jogo por 7 a 1? Se é justamente por causa desse estranho, raro e peculiar placar, que ninguém está engulindo, que essas teorias estão aparecendo? Não seria muito mais eficaz comprar somente um jogador, Júlio César, por exemplo, que está jogando num time pequeno do Canadá, já em final de carreira? Bastaria a ele falhar em dois gols difíceis de defender, para que tudo desse certo para a Alemanha. Não precisaria de mais. Ele já falhou em 2010. Não é um jogador novo. Um tanto fora de forma por jogar em time pequeno onde não é exigido ao máximo. Ninguém desconfiaria. Estaria de bom tamanho.

É, minha gente, não foi desta vez. Temos que aceitar a derrota, aprender com os erros e planejar o futuro. Não seguindo o exemplo da Alemanha, que agora os que tem complexo de vira-latas tomam por modelo, repetindo que fez um planejamento muito bom para ganhar a Copa, desde 2006, fez trabalho de base, criou centros de excelência e blá, blá, blá. Lembremos que na 1ª fase a Alemanha teve dificuldade em vencer os EUA, que não são nenhum bicho papão, por 1 a 0, e empatou em 2 a 2 com Gana, vencendo nos pênaltis. Não é nenhuma Brastemp, embora possa vir a ser a campeã.

E não adianta ficar falando que a Alemanha tem 102 Prêmios Nobel e o Brasil nenhum. A Alemanha nunca foi colônia.

O que precisamos é a renovação da CBF.
A entidade maior do futebol brasileiro é corrupta até a raiz dos cabelos. Sempre foi.
Não dá para aceitar José Maria Marin na presidência. Esse filhote da ditadura fez fortuna e poder na época mais sombria da História, enquanto bons brasileiros estavam sendo torturados e mortos nos porões da repressão.

Torço para que apareça o capitão Louis Renault de Casablanca dizendo sua antológica frase: ''Prendam os suspeitos de sempre''. Marin é o suspeito de sempre.

Alguns falam em intervenção na CBF por parte do Governo, mas desconhecem que a entidade é privada. Portanto, esqueçam.

Para mexer nela, somente com muita pressão popular.

Um bom caminho é dar força ao Bom Senso Futebol Clube, movimento criado em 2013 por jogadores de grandes clubes de futebol do Brasil, que cobra melhores condições no futebol brasileiro, cujo slogan é: "Bom Senso F.C., por um futebol melhor para quem joga, para quem torce, para quem transmite, para quem patrocina, para quem apita."

Por isso, foi importante a Presidenta Dilma já ter convocado uma reunião com os dirigentes do Bom Senso, justamente para começar a dar peso à entidade e iniciar um processo de renovação e limpeza no futebol brasileiro.

Quem sabe em 2018 a coisa já esteja bem diferente.





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