quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Alckmin deveria ter pedido pra sair

Por Fernando Castilho

Charge por Pataxó pataxocartoons.blogspot.jp


Pataxó
Alckmin elegeu a si próprio, um poste no governo do Estado de São Paulo.
Há 15 anos (!) no governo do mais rico e importante estado da federação, Geraldo Alckmin se cansou. Mesmo sem ter trabalhado. E nos cansou também.

São 15 anos de omissões graves.
São Paulo só não estourou, por ainda ter certa gordura para queimar. Afinal é o estado que concentra o maior número de indústrias, comércio e serviços do país. Mas já dá claros sinais de declínio.

O governo Alckmin é uma verdadeira força de atrito a impedir o tempo todo São Paulo de deslanchar em seu desenvolvimento. Vejamos por quê. (continue lendo...)


Embora seja inegável que não chove há meses no estado, a situação não estaria tão dramática se o governador tivesse tomado as atitudes recomendadas quando da renovação da outorga.

A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, através do sistema Cantareira, abastecia cerca de 8 milhões de pessoas (cerca de 20% da população) no Estado de São Paulo. O volume morto atual do reservatório é de somente 3,9% de sua capacidade. O segundo volume morto, captação de água abaixo da cota normal, que começa a ser extraído agora é indecoroso e perigoso à saúde, devido à alta concentração de metais pesados, é de 15,1%. Veja mais aqui

A Sabesp não investiu um centavo sequer na construção de alternativas para captação de água nesses 15 anos anos, apesar do crescimento demográfico da população. Leia mais aqui Segundo analistas, a construção do sistema São Lourenço, que traria água do interior do Estado até a Grande São Paulo, já deveria estar concluída, mas nem saiu do papel. Leia mais aqui

Entre 2000 e 2010, o Estado de São Paulo aumentou sua população em 4,2 milhões de pessoas, (metade da população atendida pelo sistema Cantareira) atingindo 41,2 milhões de habitantes. Esse número representa um quinto da população total do país e mais que o dobro dos residentes em Minas Gerais, que ocupa a segunda posição no Brasil. Leia mais aqui

Limites de vazões

Em 2004, quando se deu a renovação da outorga (Portaria DAEE 1213/04) a Sabesp assumiu compromissos, que se tivessem sido cumpridos, a crise não teria tomado as proporções que tomou. Um dos artigos diz que a companhia deveria elaborar, em 12 meses, um Plano de Contingência para ações durante situações de emergência, mas que nunca saiu do papel:

ARTIGO 11° - A SABESP deverá elaborar, no prazo de 12 (doze) meses a partir da
publicação desta Portaria, em articulação com o DAEE, a ANA e os Comitês PCJ e AT, um Plano de Contingência para ações durante situações de emergência.

ARTIGO 12°- A SABESP fica obrigada a implantar, manter e operar as estações de
monitoramento contínuo dos níveis d’água das estações fluviométricas e limnimétricas nos pontos de controle do Sistema Cantareira e disponibilizar as informações em tempo real.

ARTIGO 4° - A operação do Sistema Cantareira observará o limite de vazão de
retirada, denominado “X”, obtido em função do estado do Sistema Equivalente, segundo a tabela e correspondentes curvas mensais do Anexo III desta Portaria. Leia mais aqui

Um inquérito civil do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apura se houve erros de gestão da Sabesp. Há suspeita de falhas na precaução contra as adversidades climáticas. O contrato de outorga venceu em 5 de agosto e a Agência Nacional de Águas (ANA) não pensa em renová-lo.

Situação dos reservatórios

A Sabesp preferiu investir na Bolsa de Valores de São Paulo e de Nova Iorque. Ganhou dinheiro mas não investiu naquilo que é sua razão de existir.
Não investiu em obras para captação de água. Também não executou serviços de substituição de redes para reduzir vazamentos, preferindo gastar em propaganda. Mas propaganda pra que? A companhia corre o risco de que o consumidor passe a utilizar água de outro fornecedor, por acaso?

O racionamento começou a acontecer desde junho, dia sim, outro não em várias regiões, e também à noite, sempre negado pelo governador. Cinismo.

O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, ainda em junho, afirmou que ''nós vamos distribuir água com canequinha'', se uma crise ocorrer no próximo verão. Mais cinismo.

O Ministério Público Federal em São Paulo recomendou o racionamento de água em quase metade da Região Metropolitana da capital, que é abastecida pelo Sistema Cantareira, mas não foi atendido.

Ainda, como se não bastasse, devido aos remanejamentos de rede, o reservatório do Alto Tietê e outros também foram comprometidos.

A blindagem por parte da mídia, que responsabiliza São Pedro pelo desastre, é tão grande, que há a certeza da impunidade do governador. Fosse um governante sério, teria preferido não concorrer à reeleição. Fê-lo somente pelo poder.

O tucano negou que houvesse racionamento até onde deu.

Surpreendentemente os paulistas, movidos mais pelo anti-petismo, sem pensar muito ou se informar, elegeram Geraldo Alckmin, governador no primeiro turno das eleições. Serão 24 anos de PSDB no estado.

Três dias após sua vitória, o racionamento começou a existir na prática, ainda que utilizando os vários eufemismos para se referir à crise.

Em agosto a portuguesa Catarina Albuquerque, relatora da ONU, esteve no Brasil e responsabilizou Alckmin pela crise da água. Agora, imagine, às vésperas do segundo turno, o governador enviou um ofício ao Secretário Geral Ban-Ki-moon exigindo retratação por parte do órgão. Catarina diz que não retira nada do que disse. Alckmin tomou um chapéu dela. Patético...

Patético também é Aécio Neves acusar de incompetência o governo federal, por um erro que o governador de seu partido cometeu...



Essa, Geraldo Alckmin vai ficar devendo para Aécio Neves.






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