Para vencer o debate da Globo

Por Fernando Castilho

No início do debate da Band, Dilma Rousseff estava nervosa, chegando a gaguejar e Aécio estava cínico, irônico, ostentando um sorriso sarcástico e mentiroso. Parecia que o tucano entrou em campo disposto a liquidar a fatura de goleada. Passou a jogar de salto alto.

Aos poucos, porém, deixando o nervosismo de lado, a petista começou a se impor, fazendo com que o sorriso irônico sumisse da boca do tucano, dando lugar a um franzir preocupadíssimo de testa.

Dilma vencera de virada.

No debate do Uol/SBT a coisa foi bem diferente.

Aécio, aconselhado por sua equipe que reconheceu a derrota no debate anterior, desta vez começou sério. Dilma talvez tenha feito aquecimento antes, por isso não demonstrou nervosismo. (continue lendo...)

O tucano, porém, adotou uma tática diversa do outro debate.

Ao perguntar à presidenta, de maneira muito flente, começava quase sempre conclamando a petista a levantar o nível, apresentar propostas para o Brasil e blá, blá, blá. Em seguida lá vinha uma questão em que não se furtava a chamar a petista de mentirosa, por várias vezes com o dedo indicador em riste. Baixava o nível ao mais baixo possível. Assista aqui ao debate

O mineiro é franco atirador nessa eleição. Mente e cita números, certo de que o povo mais simples não checará se suas afirmações são verdadeiras.

Dilma não baixou a cabeça.

Poupando o telespectador de dissimulações, também bateu em Aécio, várias vezes baixando também o nível do debate.

E aqui cabe um parênteses por parte do blogueiro.

A quem tem lado como este blog tem, o lado de quem quer que continue o combate à desigualdade, o aumento de geração de empregos, o aumento do número de médicos e do número de casas para a população, o Prouni e o Pronatec, pode soar estranho que se afirme que Dilma também baixou o nível.

Não teve alternativa.

Aécio começou a bater já desde o começo, impetuoso e mentiroso contumaz que é.

Só restou à presidenta responder-lhe à altura.

O adolescente quando contrariado

Em três momentos o tucano revelou a pessoa que ele realmente é. É claro, por mais que se tente disfarçar de ovelha, o lobo sempre deixa uma ou outra orelha de fora, que o denuncia.

Numa destas ocasiões, Aécio passou a dizer que Dilma, ao ofendê-lo (?), ofendia o povo mineiro. A presidenta captou bem o momento e, percebendo que o tucano se autoproclamava o Deus de Minas Gerais, respondeu que ele não fala pela gente daquele estado.

Num segundo momento, o tucano afirmou (olha só!) que o PSDB criou o Bolsa-esm, digo Bolsa-família, atendendo 5 milhões de famílias (!), ao que Dilma o desancou dizendo que isso significava mais de 20 milhões de pessoas! Já pensou? Claro que não era verdade.

Num terceiro momento, Aécio ao ser inquirido por Dilma sobre se era a favor da lei seca e do combate às drogas, admitiu que foi pego em blitz por estar com a carteira de motorista vencida e se recusado a fazer o teste do bafômetro. Disse que sentia arrependido por isso, como se seu arrependimento bastasse. Ao blogueiro ficou claro que o senador cinquentão age como adolescente ao se dizer arrependido por ter sido pego em falta. É esse o homem que quer governar uma nação de 202 milhões de habitantes?

Mas o blogueiro é de opinião que Aécio venceu, por atender àqueles que revelam seu ódio ao PT nas redes sociais e nos comentários nos jornais. Foi a mais pura manifestação do ''fora PT'', vinda de um candidato que não tem nenhuma proposta explícita para o Brasil, a não ser reduzir a inflação a 3%, mesmo que implicitamente isso custe os programas sociais.

Aécio venceu esse combate...Deve ter tido festa no apê dele.

Bem, o último debate pela televisão é sempre o mais aguardado por todos: o da Rede Globo...

O debate preocupa por ser o último antes da eleição em segundo turno. Normalmente associado ao espaço ideal para golpes midiáticos, haja visto o debate entre Lula e Collor em 1989, quando a Globo manipulou uma edição no Jornal Nacional, decisiva para vitória do alagoano, há que se lembrar que não haverá tempo nem condições para que se explique acusações ou ilações de última hora.

Na humilde opinião do blogueiro há que se considerar o figurino que Dilma deverá usar.

Aécio quase que certamente usará a mesma tática que o favoreceu no Uol/SBT.

Portanto, Dilma deve adotar uma variante do Lulinha paz e amor. Esperar o tucano vir com suas baixarias, e o surpreender mostrando um lado mais humano e mais altivo, mais propositivo, tentando de fato, levantar o nível do debate.

Deve citar o aeroporto de Cláudio? Sim.

Deve citar o nepotismo? Sim.

Deve citar os 7 bilhões desviados da saúde? Claro que sim.

E também toda a corrupção que envolve o PSDB e que nunca é investigada.

O que o blogueiro sugere é que Dilma o faça com serenidade, com voz baixa (meio que como a Luciana Genro, lembram-se?), e que fale para o povo, sempre para o povo e nunca para o tucano, que usa a tática de encarar a adversária franzindo a testa para intimidá-la.

Seu marqueteiro deve estar lhe cobrando uma postura agressiva ao nível do tucano, mas desta forma, será mais fácil para ela ser ela mesma, mais segura, sendo mais difícil gaguejar e passar uma impressão de não saber o que falar.

A presidenta é mulher, deve proceder a um debate falando a mesma linguagem das mulheres, que sabem, mais que os homens, falar coisas duríssimas com certo ar terno.

Isso não significa fragilidade, pelo contrário, significa a força da mulher brasileira contra o machismo agressivo.

É isso que transmite segurança para o povo. Ser governado por alguém que, diante de todos os ataques histéricos, cínicos e mentirosos possíveis não se destempera e responde com serenidade.

Dilma, mulher e avó