E Lula acaba de proferir mais um discurso histórico no Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Só
ele mesmo para injetar um pouco de esperança nos já combalidos
militantes que vêem dia a dia os sonhos de justiça social serem
corroídos pelos últimos acontecimentos.
Em
1989, quando Lula foi derrotado por Fernando Collor, o moço bonito
com voz mais bonita ainda, a elite brasileira comemorou a artimanha
da Globo em editar o último debate. Não fosse isso, o sapo barbudo
teria vencido.
Mas,
segundo o que diz hoje, não teria feito um bom governo, nem
construído as bases para sua sucessão.
Na
campanha de 2002, como sempre, houve de tudo, mas ele venceu.
As
classes média e alta do país diziam que o país iria à bancarrota
sob o governo de um analfabeto.
Cansei
de ouvir que Lula daria mal exemplo aos jovens, já que não veriam
mais a necessidade de estudar para subir na vida.
Lembro
de uma discussão com um parente sobre isso. Na ocasião argumentei
que se seu filho resolvesse seguir o exemplo de Lula, que fosse
primeiro viver uns tempos no agreste, para em seguida pegar um pau de
arara para São Paulo, passando a viver por si só, começando de
baixo, até se tornar Presidente da República, como ele.
Não
conseguiria. Lula é um gênio na chamada Inteligência Emocional.
Depois
que seu governo começou a apresentar bons resultados, as opiniões
mudaram.
Passaram
a dizer que não era Lula quem governava de fato, mas sim, seus
assessores.
Lula
cresceu muito em seu primeiro mandato. Melhorou muito seu Português,
passando a exibir um vocabulário bem mais extenso do que antes,
acertando nas concordâncias, mas sem abrir mão de seu estilo de se
comunicar com o povão.
À
essa altura, a elite teve que ficar calada.
O
Brasil crescia, as pessoas passavam a ter maior poder de compra, mas
nem por isso a classe média dava reconhecimento à Lula, preferindo
creditar seu próprio sucesso ao seu esforço.
E
veio o mensalão.
Foi
a redenção das elites. Afinal, a virtude primeira do PT caia por
terra.
E
Lula, embora não tivesse nada a ver com as denúncias (fundadas ou
infundadas, não vamos discutir isso neste espaço), sendo isentado
por Roberto Jefferson, teve que conviver com leviandades do tipo
''ele sabia''.
Mas,
apesar de todo o duro bombardeio diário da mídia, Lula conseguiu se
reeleger em 2006.
Nova
decepção para a direita.
O
segundo mandato foi melhor ainda, quando se fortaleceram os programas
sociais e o combate às desigualdades.
Ah,
mas agora diziam que isso foi graças ao cenário econômico mundial
extremamente favorável.
Esquecem-se
que o dinheiro e o tolo logo se separam. Mas Lula não era esse tolo.
A
torcida era tanta para que o homem de Guarunhuns tropeçasse (mesmo
que isso prejudicasse o país), que quando o Banco Lehman Brothers
faliu em 2008, jogando o mundo numa crise econômica da qual até
hoje não se recuperou, a mídia, ao obter de Lula a frase que
deveria soar tranquilizadora ''a crise vai ser uma marolinha'',
explorou-a ao máximo, como se desejasse o contrário. Afinal, havia
uma chance de sua desmoralização.
No
mundo todo Lula era reconhecido. Num programa de debates políticos e
econômicos na TV japonesa, a uma certa altura, o âncora, economista
respeitado, ousou dizer que a saída para a crise do Japão seria
Lula como Primeiro-Ministro! Todos os convidados assentiram em
concordância.
Exageros
à parte, há muitos mais exemplos de reconhecimento internacional
quanto à importância de Lula.
Em
2010 Lula intermediou com sucesso um acordo nuclear entre o Irã e a
Turquia. Não lhe faltaram críticas na imprensa por isso.
Em
2012 o recém-eleito Primeiro Ministro da Grécia, Alexis Tsipras,
pediu conselhos a Lula e Dilma sobre economia.
Em
2014 o Primeiro Ministro da Suécia, Stefan Löfven, admitiu se
inspirar em Lula.
Entre
prêmios e honrarias, Lula tem mais de 30, além de 27 títulos de
Doutor Honoris Causa de Universidades Nacionais e Internacionais.
Continuando...
Em
2005 a Ação Penal AP-470 muito convenientemente afastou qualquer
possibilidade de Lula fazer de Zé Dirceu seu sucessor.
Mas
mesmo com Mensalão, com bombardeio da mídia, quando a direita já
comemorava por antecipação, Lula conseguiu eleger o improvável
poste Dilma Rousseff, contra o blindadíssimo José Serra em 2010.
Lula
deixou o governo com 80%, sagrando-se como o melhor presidente da
História, para desespero da direita que achava FHC (26%) era o
melhor.
Em
2011 não faltou quem desejasse que um câncer diagnosticado em Lula
o vencesse. Mas quem venceu foi ele, frustrando a direita.
Dilma
fez um bom primeiro mandato, apesar de seu estilo individualista.
Seu
maior erro talvez tenha sido a quase ruptura com os movimentos
sociais, embora os programas tivessem sido largamente ampliados.
Mas
chegou junho de 2013...
Dilma,
que ostentava um índice confortável de aprovação de 65%
(Datafolha) em março, após os protestos de junho, que começaram
contra o aumento de passagens de ônibus e metrô em São Paulo,
despencou de um dia para outro para 30%!
A
partir daí, sua reeleição ficou mais distante e difícil, mas
mesmo assim, contra tudo e contra um Aécio Neves insensato, venceu.
Neste
ano, ainda não foi possível Dilma governar com tranquilidade.
O
escândalo da Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato, e
explorado ao máximo pela mídia, mexeu com o imaginário das
pessoas, que passaram a ver o diabo no PT e na esquerda em geral.
Os
fascistas saíram às ruas, não só para pedir seu impeachment, mas
também a volta da ditadura.
Daí
Lula reapareceu e, num discurso em fevereiro na Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), convocou os militantes às ruas para
defender a Petrobras, no que novamente foi criticado pela mídia por
propor a luta de classes no país, como se ela já não estivesse
sendo travada.
Veja
que os nomes denunciados pelos delatores premiados da Lava Jato tem
pouco a ver com petistas, e muito mais com pepistas, peemedebistas e,
pasmem, com os peessedebistas da oposição!
O
objetivo mais secretamente escondido pela direita, a mídia e a
oposição, é a inviabilização da candidatura Lula para 2018.
Para
a elite, suportar mais que 16 anos de governo petista é o fim.
Esta
semana foi veiculada uma notícia dando conta da preferência de
Barack Obama por Lula como Secretário Geral da ONU, em substituição a Ban Ki-moon. Notícia requentada por alguns portais que estão se notabilizando por criar ''fatos'' que criam falsas espectativas nas cabeças das pessoas.
Porém, apesar da antiguidade da notícia, é certo que a posição de Obama não mudou. Além disso, haveria a adesão de nomes de peso como François Hollande e Vladimir Putin.
O mandato de Ban Ki-moon vai até 2016. Lula precisaria se apresentar como candidato para uma das eleições mais fáceis de que já teria participado. Ou seja, basta ele querer.
Porém, apesar da antiguidade da notícia, é certo que a posição de Obama não mudou. Além disso, haveria a adesão de nomes de peso como François Hollande e Vladimir Putin.
O mandato de Ban Ki-moon vai até 2016. Lula precisaria se apresentar como candidato para uma das eleições mais fáceis de que já teria participado. Ou seja, basta ele querer.
Mas uma
enxurrada de posts passaram a classificar a escolha do presidente
americano como uma estratégia para que Lula não dispute em 2018.
O sapo barbudo na ONU, pela sua própria personalidade, e pela
sua postura mais próxima ao Brics, mais interessante ao
Brasil. daria muito trabalho aos americanos, não tenham dúvidas.
Mas,
se Lula hipoteticamente aceitasse o cargo, como ficariam os coxinhas? Diriam que todo
mundo é burro ao escolhê-lo? Ou que Obama é petralha?
Não há dúvida de que o Brasil precisa de Lula mais uma vez. Só ele seria capaz de unir novamente o país, dando rumo político e governabilidade.
Afinal, não é sempre que aparece uma liderança de tamanha envergadura.
Lula deve ir costurando já seu apoio com as
esquerdas, com os movimentos sociais, uma base intelectual e
entidades da sociedade civil mais próximas, além da defesa da
Petrobras, do Estado de Direito e do governo.
E
voltar a viajar pelo país, se pretende ser presidente mais uma ou
duas vezes.
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