quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Dirceu está quebrado?

Por Fernando Castilho

Foto: Folha de São Paulo
Deu na Folha:
O juiz federal Sergio Moro mandou bloquear R$ 20 milhões do ex-ministro José Dirceu, mas o Banco Central só encontrou R$ 103.777,40 em duas contas dele, mantidas na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. O valor equivale a 0,5% do montante que o juiz mandara bloquear.

A maior parte dos recursos de Dirceu (cerca de R$ 96 mil) foi encontrada na conta que ele abriu para receber doações para pagar a multa aplicada pelo Supremo no julgamento do mensalão, de R$ 971 mil.

Sem os R$ 96 mil que sobraram da vaquinha, ele ficaria com um saldo de R$ 7.834,74. Antes de ser preso, Dirceu dizia que devolveria o valor além da multa que recebera de seus apoiadores.


Além disso, a Folha lembra que não há histórico de movimentação, então não dá pra saber se as contas foram esvaziadas antes de sua prisão.

Como não dá pra saber? Pelo que me consta, se não há histórico de movimentação, então não há movimentação. Como ele poderia então ter esvaziado a conta?

A empresa de consultoria de Dirceu deve R$ 900 mil reais em impostos. A prestação de R$ 16 mil de um imóvel está atrasada há 2 meses. E Dirceu ainda deve R$ 1 milhão a fornecedores.

O homem está quebrado.

E como poderia ser diferente?

Impossibilitado de trabalhar enquanto estava preso, suas contas só faziam acumular.

O que Moro pensou que iria encontrar? R$ 20 milhões dando sopa numa conta bancária?

Os R$ 39 milhões provenientes de consultorias à empresas ao longo de sete anos ( R$ 5,5 milhões por ano, R$ 460 mil por mês) foram usados para pagar os consultores, funcionários, alugueis, impostos outras despesas e suas próprias retiradas, que devem ter sido utilizadas para pagar seus advogados durante o processo do mensalão, o que não deve ter saído barato.

E agora, como fica Moro?

Interessante ver como Dirceu, que embora tenha sido condenado com base no Domínio do Fato, ou seja, sem as necessárias provas, é o culpado de sempre.

Interessante como seu julgamento feito por pessoas comuns, que não tiveram acesso ao processo, que não sabem nada de Direito, que se recusam a pensar sobre o assunto, repetindo à exaustão aquilo que a mídia vem publicando sobre ele, sempre se desdobra numa condenação, não importando se há provas ou não, simplesmente por ele ser Dirceu, o segundo em comando e provável sucessor de Lula à época do mensalão.

Sobre sua condenação no mensalão é preciso lembrar o que o jurista conservador Ives Gandra afirmou: Li todo o processo e não encontrei as necessárias provas para incriminá-lo.

Vejam lá, abaixo da notícia da Folha, os comentários.

Dizem que todo o dinheiro está no exterior.

Dizem que ele sacou tudo antes de ser preso, mesmo isso sendo impossível por falta de registro de movimentação.

Dizem que ele tem que simplesmente ir pra Papuda e pegar prisão perpétua.

Ou seja, a sentença já foi dada por aqueles se movem somente pelo ódio e não pela racionalidade.

Vamos ver agora onde Moro vai procurar o dinheiro de um homem cujo sigilo bancário foi quebrado, cujo sigilo de comunicações (ligações telefônicas e e-mails) foi quebrado e cujo registro de encontros e reuniões em seu gabinete não revela nada que o condene.

Como disse Joaquim Barbosa, se não há registro de nada, é porque o homem é um bandido extremamente cuidadoso para não deixar rastros.

Pelo jeito, as coisas andam meio invertidas na Terra de Santa Cruz...



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