Foto: Folha de São Paulo |
O
juiz federal Sergio Moro mandou bloquear R$ 20 milhões do
ex-ministro José Dirceu, mas o Banco Central só encontrou R$
103.777,40 em duas contas dele, mantidas na Caixa Econômica Federal
e no Banco do Brasil. O valor equivale a 0,5% do montante que o juiz
mandara bloquear.
A
maior parte dos recursos de Dirceu (cerca de R$ 96 mil) foi
encontrada na conta que ele abriu para receber doações para pagar a
multa aplicada pelo Supremo no julgamento do mensalão, de R$ 971
mil.
Sem
os R$ 96 mil que sobraram da vaquinha, ele ficaria com um saldo de R$
7.834,74. Antes de ser preso, Dirceu dizia que devolveria o valor
além da multa que recebera de seus apoiadores.
Além
disso, a Folha lembra que não há histórico de movimentação,
então não dá pra saber se as contas foram esvaziadas antes de sua
prisão.
Como
não dá pra saber? Pelo que me consta, se não há histórico de
movimentação, então não há movimentação. Como ele poderia
então ter esvaziado a conta?
A
empresa de consultoria de Dirceu deve R$ 900 mil reais em impostos. A
prestação de R$ 16 mil de um imóvel está atrasada há 2 meses. E
Dirceu ainda deve R$ 1 milhão a fornecedores.
O
homem está quebrado.
E
como poderia ser diferente?
Impossibilitado
de trabalhar enquanto estava preso, suas contas só faziam acumular.
O
que Moro pensou que iria encontrar? R$ 20 milhões dando sopa numa
conta bancária?
Os
R$ 39 milhões provenientes de consultorias à empresas ao longo de
sete anos ( R$ 5,5 milhões por ano, R$ 460 mil por mês) foram
usados para pagar os consultores, funcionários, alugueis, impostos
outras despesas e suas próprias retiradas, que devem ter sido
utilizadas para pagar seus advogados durante o processo do mensalão,
o que não deve ter saído barato.
E
agora, como fica Moro?
Interessante
ver como Dirceu, que embora tenha sido condenado com base no Domínio
do Fato, ou seja, sem as necessárias provas, é o culpado de sempre.
Interessante
como seu julgamento feito por pessoas comuns, que não tiveram acesso
ao processo, que não sabem nada de Direito, que se recusam a pensar
sobre o assunto, repetindo à exaustão aquilo que a mídia vem
publicando sobre ele, sempre se desdobra numa condenação, não
importando se há provas ou não, simplesmente por ele ser Dirceu, o
segundo em comando e provável sucessor de Lula à época do
mensalão.
Sobre
sua condenação no mensalão é preciso lembrar o que o jurista
conservador Ives Gandra afirmou: Li todo o processo e não encontrei
as necessárias provas para incriminá-lo.
Vejam
lá, abaixo da notícia da Folha, os comentários.
Dizem
que todo o dinheiro está no exterior.
Dizem
que ele sacou tudo antes de ser preso, mesmo isso sendo impossível
por falta de registro de movimentação.
Dizem
que ele tem que simplesmente ir pra Papuda e pegar prisão perpétua.
Ou
seja, a sentença já foi dada por aqueles se movem somente pelo ódio
e não pela racionalidade.
Vamos
ver agora onde Moro vai procurar o dinheiro de um homem cujo sigilo
bancário foi quebrado, cujo sigilo de comunicações (ligações
telefônicas e e-mails) foi quebrado e cujo registro de encontros e
reuniões em seu gabinete não revela nada que o condene.
Como
disse Joaquim Barbosa, se não há registro de nada, é porque o
homem é um bandido extremamente cuidadoso para não deixar rastros.
Pelo
jeito, as coisas andam meio invertidas na Terra de Santa Cruz...
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