Imagem: Neto Sampaio |
Em
1987 Gilmar Dantas, digo, Mendes concluiu o curso de mestrado em Direito e Estado
com a dissertação "Controle de Constitucionalidade: Aspectos
Jurídicos e Políticos" (grifo meu), Universidade de Brasília.
Pode estar aí a explicação de por quê o ministro faz mais
política que direito.
Embora
contrarie a Lei da Magistratura, que diz que nenhum ministro do STF
pode manter empresa em seu nome, Gilmar Mendes é proprietário,
juntamente com dois sócios, do IDP, Instituto Braziliense de Direito
Público, uma escola de graduação e pós-graduação. Irregular,
fora da lei.
Gilmar
foi indicado ao STF pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso,
em 2002, ao apagar as luzes de seu governo.
Na
época o jurista Dalmo Dallari criticou muito a indicação do
ministro, afirmando, entre outras coisas que ele é figura muito
conhecida na comunidade jurídica, não só por ocupar o cargo de
advogado-geral da União, de confiança da presidência da República,
mas, sobretudo, por suas reiteradas posições contrárias ao
Direito, à Constituição, às instituições jurídicas e à ética
que deve presidir as relações entre personalidades públicas.
Forte, não? Leia mais, aqui
Gilmar
Mendes, desafeto do contraditório, chegou a mover um processo
criminal contra Dalmo Dallari, mas o juiz Silvio Rocha recusou a
instauração da ação penal por se tratar de simples expressão de
opinião.
Mas
a biografia do ministro começa mesmo a ficar suja quando concedeu
habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas em 2008.
O
juiz federal Fausto de Sanctis mandou prender novamente o banqueiro,
mas Gilmar lhe concedeu um segundo habeas-corpus, sendo por isso,
alvo de violentas reações contrárias por parte de magistrados de
todo o país.
Protógenes
Queiroz, delegado da Polícia Federal e responsável pela Operação
Satiagraha, foi posteriormente afastado da corporação devido aos
grampos que havia implantado e que resultaram na prisão de Dantas.
Embora ilegais, os grampos eram prova da culpa do banqueiro, mas o
punido foi Protógenes. A Operação Satiagraha foi desmoralizada e
Daniel Dantas continua livre, leve e solto.
Mendes
mandou soltar o médico Roger Abdelmassih que permaneceu na cadeia
apenas quatro meses, entre agosto e dezembro de 2009, condenado a 278
anos de cadeia, por violentar 37 mulheres e abusar sexualmente de
outras tantas. Abdelmassih então fugiu do Brasil para o Líbano.
mandou soltar o estuprador
Gilmar
Mendes é acusado pela revista Carta Capital de sonegação fiscal,
de ter viajado em aviões cedidos pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e
pelo ex-senador Demóstenes Torres, de intervir em julgamentos em
favor de José Serra ao arrepio da Lei, de nepotismo, e testemunho
falso ao relatar uma chantagem do ex-presidente para que adiasse o
processo do Mensalão para depois das eleições municipais de 2012.
O ministro Nelson Jobim esteve presente à reunião entre Mendes e
Lula e o desmentiu. Mais informações, aqui
Em
uma conversa entre o senador Demóstenes Torres (DEM) e o bicheiro
Carlinhos Cachoeira, gravada pela Polícia Federal durante a Operação
Monte Carlo, o parlamentar afirmou a Cachoeira ter obtido favores
junto ao ministro Gilmar Mendes para levar ao STF uma ação
envolvendo a Companhia Energética de Goiás (Celg). Considerada a
"caixa preta" do governo de Goiás, a Celg estava imersa em
dívidas que somavam cerca de R$ 6 bilhões. Segundo reportagem do
Estadão, Demóstenes disse a Cachoeira que Gilmar Mendes conseguiria
abater cerca de metade do valor com uma decisão judicial, tendo
"trabalhado ao lado do ministro para consegui-lo".
Há
muito mais sobre Gilmar Dantas.
Há
um ano e 4 meses o ministro pediu vistas à Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) 4.650, proposta pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para acabar com o financiamento
empresarial de campanhas eleitorais.
Em
2 de abril de 2014, seis dos onze magistrados da Corte votaram a
favor da ação, entre eles, seu atual presidente, Ricardo
Lewandowski. Apenas um, Teori Zavascki, se manifestou contra. O
número de votos favoráveis já era suficiente para que as doações
de empresas a campanhas políticas fossem consideradas
inconstitucionais.
Mendes
aguarda o resultado da ''reforma política'' que decidirá pela
manutenção das doações empresariais (origem maior da corrupção
no país). Segurará o processo até lá, numa dobradinha com Eduardo
Cunha. Entenda a questão, aqui
E
acaba de ser noticiado que Gilmar Mendes, também ministro do TSE,
pediu a investigação de suposta prática de atos ilícitos na
campanha que reelegeu Dilma Rousseff em 2014, embora a campanha da
presidenta tenha já passado pelo crivo do tribunal, tendo suas
contas aprovadas por unanimidade. Aliás, quem não teve ainda suas
contas aprovadas é justamente seu adversário, Aécio Neves que terá
que se explicar em algumas horas. É de embrulhar o estômago. Embrulhe o estômago, aqui
A
respeito disso, Dalmo Dallari escreveu hoje no Jornal do Brasil: A
atitude dele é puramente política, sem nenhuma consistência
jurídica. Dalmo Dallari sempre lúcido, aqui
Pura chicana, para usar o linguajar do Joaquim Barbosa.
Pura chicana, para usar o linguajar do Joaquim Barbosa.
A
ação de Gilmar Mendes é decorrência direta de sua reunião com
Eduardo Cunha na quarta-feira passada.
A
trama é fácil de ser percebida. Caso se abra investigação contra
a campanha de Dilma, a esperança de Cunha e Mendes é de que haja
impugnação da eleição da presidenta.
Uma
vez defenestrada do Planalto junto com Temer, quem assume a
presidência é Cunha que terá que convocar eleições no prazo de
3 meses, o que sabemos que não acontecerá. Nesse meio tempo a
Polícia Federal e o Ministério Público perderão sua autonomia e
ficarão reféns de Cunha.
Daí,
adeus investigações.
Cunha
e Mendes poderão dar-se as mãos e sair de férias, talvez para o
Caribe ou a Suíça. Acho que pra Suíça.
É
necessário, pois, que os ministros mais sérios do STF e do TSE
deixem de ser extremamente tolerantes com Gilmar Mendes e comecem,
nome da defesa da Constituição, a confrontá-lo.
É
necessário que outros juristas da categoria de Dalmo Dallari tenham
coragem e se insurjam contra Mendes.
É
urgente que a OAB se posicione clara e duramente contra as
arbitrariedades do ministro, sob pena de o Brasil inteiro ficar refém
dele.
Já
não basta um Cunha?
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir