segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Estaria o Japão se pintando para a guerra?

Por Fernando Castilho

Não costumo enveredar muito pelo caminho da política internacional, uma vez que a nacional já toma um tempo precioso.

Mas neste caso, como as peças no tabuleiro de xadrez tem sido movimentadas com certa previsibilidade, há que analisar e opinar.

É muito delicado entrar neste assunto, até porque o Japão ostenta o título de pacifista há 70 anos.


Primeiro um pouquinho de História para entender a origem de tudo.


Em 1938 o Japão invadiu a China, entrando oficialmente na Segunda Guerra Mundial.

Com uma alta população em relação ao seu pequeno território, aliada à dificuldade na agricultura pela existência de muitas montanhas, o país do sol nascente sentiu que precisava se expandir economicamente. Como?

A solução veio de empresas como a Mitsubishi, que desejava fabricar tanques de guerra, aviões e submarinos, a Mitsui que cresceu durante a Primeira Guerra, fabricando munições e mais tarde, atuando no fornecimento de uniformes e também em capitalizações, a Sumitomo, empresa de capitais e a Yasuda, atuando no ramo de seguros, que vieram a compor um cartel poderosíssimo chamado de Zaibatsu, que viria a ser extinguido após a derrota do Japão, pelo General MacArthur.

O mesmo aconteceu na Alemanha de Hitler quando empresas como Siemens, Mercedes Benz ou Bayer lucraram muito.

Embora o Zaibatsu oficialmente tenha sido extinto, as empresas em questão são hoje gigantes no mundo inteiro.


Indo para os dias atuais



Não é segredo para ninguém que o Japão vive uma recessão desde 1992, com alguns anos melhores, outros piores.

Embora ainda seja um dos maiores fornecedores ao mundo de veículos e eletrônicos, o país vê a cada dia seus lucros diminuirem, principalmente devido à concorrência coreana e agora chinesa.

Não tem jeito, a dívida externa é uma das maiores do mundo, o PIB segue sempre fraquinho, a Previdência está quebrada, etc..

É preciso uma fórmula para sair dessa crise e voltar a crescer.

Como?

Reeditando a mesma receita dos tempos da Segunda Guerra.


Vamos explicar


Estacionado no porto de Yokosuka, no Japão, e escoltado por dois cruzadores, duas fragatas, um navio antissubmarino e possivelmente um submarino nuclear dotado de mísseis, está o gigantesco porta-aviões nuclear americano USS George Washington.

Alguém sabe dizer o custo disso?

Associações como a Não a Bases Militares no Japão, denunciam que no país "existem 135 bases estadunidenses com cerca de 54 mil soldados", dos quais 75% se concentram em Okinawa.

Cifras divulgadas nesse sentido detalham que os japoneses pagam custos adicionais para o realinhamento das instalações militares dos Estados Unidos por cerca de 26 bilhões de dólares.

Os custos ao orçamento americano não são divulgados, mas devem ser estratosféricos.
Dennis Kucinich, congressista americano, chega a afirmar que "não temos dinheiro para ser polícias do mundo e devemos deixar de fingir que o fazemos".

Por outro lado, tanto Tóquio como Washington mantêm sob estrito segredo os depósitos de armas nucleares em Okinawa e o sistema de apoio logístico que permite controlar vastos espaços aéreos na Ásia.

Onde quero chegar


O Japão, do Primeiro Ministro Shinzo Abe do Partido Liberal Democrata, de direita, acaba de modificar sua Constituição, mais precisamente o Artigo 96, estabelecido logo após a rendição em 1945, que proibe o país de ter um exército regular que lhe permita guerrear em território estrangeiro. Até então, o Japão só poderia contar com uma força de auto-defesa bastante limitada.

Tão limitada que os Estados se encarregariam de, em caso de agressão, defender seu aliado.

As ameaças hoje vêm da Coreia do Norte e da China, principalmente, devido ao litígio pelas Ilhas Senkaku.

Esta semana foi divulgado que o ministro da Educação japonês enviou ofício às universidades do país determinando que o ensino de Ciências Humanas, ou seja, humanidades seja abolido ou seriamente restringido.

As universidades de Tóquio e Quioto, as mais importantes do país, imediatamente se negaram a cumprir a determinação.

A Universidade de Shiga, através de seu reitor, se manifestou claramente contrária.

Takamitsu Sawa compara este momento atual com o período da Segunda Guerra, quando o ensino de humanas foi também desvalorizado. Leia aqui seu artigo. Naquela época, professores e alunos foram taxados de comunistas porque se indispuseram contra a guerra. Alguns foram presos, torturados ou assassinados. Outros tinham que servir chá para os militares ou lavar suas latrinas.

É lógico que por si só, o fato de acabar com o ensino de humanas não significa que um país esteja para entrar em guerra com outros. Apenas enfatizo a coincidência de fatos, e a estranheza, pois não há uma explicação de motivos pelo governo.


Agora alinhavo


É certo que o Japão quer voltar a crescer como antes e não hesitará em lançar mão dos mesmo recursos do passado.

Quer que suas indústrias voltem a crescer. Hoje, não só Mitsubishi, mas também Toyota, Honda, Nissan devem já estar elaborando projetos de moderníssimos tanques, aviões ou submarinos.

A Sony, a Panasonic, Toshiba, Sharp, etc., devem estar se esmerando na eletrônica embarcada desses veículos de guerra.

Os Estados Unidos estão com uma batata quente nas mãos. O crescimento econômico da China, que está reconstruindo a rota da seda (não mais com seda, mas com outros produtos), deve estar deixando Obama com os cabelos em pé.

Deixar que o Japão faça o serviço sujo é bem conveniente, não?

Portanto, parece que o jogo da política, WAR, o real, está bem combinado entre os aliados Estados Unidos e Japão.

Alguém pode achar que por ser na Ásia, não tem muito a ver com o que acontece no Ocidente, mas no mundo globalizado, uma crise mulitar tem reflexos sérios no mundo todo, inclusive no Brasil.



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