Repararam?
Claro que sim.
A
mídia parou de falar em impeachment de Dilma.
Forçados
por ela, mas também pelos empresários, leia-se aí a Fiesp e a
Fierj, os tucanos de Aécio Neves desistiram de impedir a presidente. Pior, foram forçados a parar de inviabilizar o país e passar a colaborar para que a crise econômica seja superada
Além
disso, devem ter em mãos algum tipo de avaliação da população
sobre seu comportamento patético até agora.
Pesquisa
recente do Ibope, espalhafatosamente divulgada em manchetes pela
mídia indicou que, para as eleições de 2018, Lula é o recordista
em rejeição com 55%. Claro, com os ataques diários que passou a
sofrer depois que os jornais desistiram de Dilma, não é nenhuma
surpresa.
Mas
para Aécio, a rejeição de 47%, depois de tudo o que ele fez pela
queda da presidente, deve ter caído como uma bomba.
Pior,
quando o leitor se aprofunda um pouco mais, indo além das manchetes,
descobre o que os jornais tentaram esconder, ou seja, que Lula tem
23% da preferência do eleitorado enquanto que o tucano ostenta
somente 15%, depois-de-tudo-o-que-ele-fez-pela-queda-da-presidente.
Os
tucanos desistiram de derrubar Dilma?
Não,
mas o sonho está cada vez mais distante e depende de um golpe que o
TSE possa dar ao cassar sua candidatura, o que também é um tanto
improvável.
Hélio
Bicudo e Miguel Reale Júnior acabaram por manchar suas biografias ao
elaborarem pareceres jurídicos frágeis e apaixonados a favor do
impeachment, que não se sustentam, na opinião de outros próceres
como Dalmo Dallari e Celso Antônio Bandeira de Mello.
Paralelamente
a isso, a revelação bombástica sobre as contas secretas na Suíça
do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, explicitou à uma gente que
babava pelo impeachment, que o protesto pela sujeira estava com o
foco errado. Fora que o homem vai se aguentando no cargo já há mais
de um mês sem que mexam com ele. Impunidade é outro ponto
nevrálgico se quisermos passar o Brasil a limpo.
Então,
o que foi feito daquela gente branca-verde-amarela que saiu às
ruas em março? 200 mil pessoas, segundo o Datafolha?
Perderam
a esperança nos tucanos e em seu líder no golpismo, Aécio Neves.
Depois
de tantas decepções, que se atreveria ainda a defender esse golpe?
Em
15 de novembro os grupos de revoltados online, MBL do Kim e outros,
organizaram o que seria a manifestação de arromba na esplanada dos ministérios em Brasília.
Dilma cairia naquele dia mesmo.
Mas
quem compareceu? Cerca de 2000 pessoas.
Onde
estavam os pró impeachment? Não foram. Já estão em outra.
Os
doidos que se deslocaram pra lá estavam exigindo a volta da ditadura
militar. Só sobraram eles, praticamente.
Queriam
a volta de um regime que não permitia manifestações contra o
governo. Pior, um regime que na época mandava o exército prender,
torturar e matar quem se opunha ao regime como eles estavam fazendo.
A
Polícia Militar do Distrito Federal já havia sido colocada em
prontidão depois que foi descoberto um arsenal de armas brancas e
uma arma de fogo no carro de um membro do MBL acampado no terreno do
Congresso.
Foi
também por esse motivo que a PM, responsável pela manutenção da
segurança no local, teve que intervir depois que os manifestantes
ameaçaram invadir o Congresso.
Foram
usados sprays de pimenta, mas a repressão foi bem light se comparada
aos tempos difíceis.
Foi
engraçado ver aqueles patetas fugindo dos militares, como naquele
tempo.
Como
se não bastasse, acusaram a PM de truculência e violência, típicos
do regime-comunista-de-Dilma que não permitiu que eles protestassem
democraticamente exigindo a ditadura.
Mais
loucura coletiva que isso não deve haver.
Bem,
mas se dependemos de um bando de loucos para que uma presidente
eleita seja derrubada, estejamos seguros que ela ainda terá mais
três anos de governo pela frente.
Precisa
agora começar a governar de fato, sem que sabotadores estejam em
seus calcanhares.
E
a Aécio resta agora tentar superar sua imagem desgastada por tantas
pataquadas. A citar, a auditoria no TSE acerca do processo eleitoral
que o avalizou, a viagem a Venezuela para tentar entrevistar um preso
político, que não deu em nada, o parecer jurídico frágil pelo
impeachment, a forçada apeada do impeachment, a retirada a
contragosto do apoio à Eduardo Cunha e o amargo segundo lugar na
preferência para 2018.
Pode-se,
portanto, imputar a ele o fracasso do golpe.
Deve
ser por isso que ele está fazendo uma espécie de retiro nas últimas
semanas.
Deve rever seus conceitos, se quiser chegar com alguma reputação a 2018.
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