quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Não é por corrupção. O buraco é mais em cima

Por Fernando Castilho



Ao ver alguns vídeos das manifestações a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, chamou-me a atenção a agressividade das pessoas além de um discurso que quase passou desapercebido. Elas agora não falam em corrupção. Falam em derrubar a presidente que está acabando com o país. E não falam de Cunha. Quem insufla esses golpistas e os fazem adotar esse comportamento insano e ridículo?



Neste clima que vivemos de quase Fla-Flu, num dia, manifestação pró-impeachment com 30 mil pessoas na Av. Paulista, noutro, 55 mil contra impeachment, pensar mais acima torna-se um exercício bastante complicado.

Vamos lá.

Não é devido à corrupção que Dilma pode ter cometido, que querem derrubá-la. Até o papagaio do Aécio sabe que ela é pessoa honesta. As pedaladas fiscais não constituem desrespeito à Lei de Responsabilidade Social e ponto.

Há dois motivos principais para derrubarem Dilma:

1) motivo doméstico, prosaico, simples. Caindo a presidente, assume Temer ou qualquer
Veja o que fez o Macri na Argentina logo após vencer as eleições: a escolha de juízes para o Supremo de lá será por decreto presidencial..

Além disso é fundamental para a oposição, principalmente, que o financiamento privado de campanhas volte, afinal, eles precisam de dinheiro para vencerem eleições, já que não têm militância para ir às ruas.

2) motivo de amplitude mundial, complexo. Caindo a presidente e assumindo qualquer outro, o sistema de partilha da exploração do pré-sal também será derrubado. Assim, as grandes petrolíferas americanas que não se beneficiaram até agora, poderão fazer a festa. E é o senador José Serra que vem trabalhando com aplicação para que a Chevron seja a grande beneficiada.

Não sejamos ingênuos de acreditar que as pessoas saíram às ruas dia 13 contra a corrupção. Se assim fosse, haveria faixas pedindo a cassação de Eduardo Cunha também.

Mas se não foi contra a corrupção, foi por qual motivo?

Basta assistir a qualquer vídeo feito no ato. Perceba que quase todo mundo fala que Dilma e o PT querem acabar com o Brasil. Bastante vago, não? Não sabem nem bem qual é o motivo?

A crise, talvez?

Mas se Dilma é uma péssima governante, por que seu primeiro mandato foi exitoso?
Dirão: ora, porque a situação internacional era boa. Não, não era boa. A crise internacional começou em 2008, na metade de seu governo.

Agora que Dilma recebe a pecha de má governante, não admitem que há uma crise internacional que puxa o Brasil para seu foco.

Então, o que há com essas pessoas?

Durante 13 anos a mídia brasileira martela todos os dias ''notícias' e ''fatos'' contra políticos do PT, Dilma e, mais recentemente abriu fogo contra Lula, já que ele é virtual candidato para 2018.

Se alguém é preso, é amigo de Lula. Os filhos de Lula vivem sendo presos, uma nora de Lula faturou grana de empreiteira, etc., etc.. Depois desmentem as notícias em notas pequenas que ninguém lê.

Por que a mídia faz isso? Porque não gosta do PT ou dos olhos do Lula?

Não. A mídia brasileira está arrebentada, quase falida. E não há a mínima possibilidade deste governo socorrê-la. Quem o fará? Bingo!

A mídia tem sido a grande responsável em insuflar o golpe.

Além da mídia, grupos como o MBL (Movimento Brasil Livre), financiado pelos irmãos norte-americanos, Koch, que têm grande interesse no pré-sal e o Vem pra Rua, financiado por Paulo Lemann movimentam milhões de pessoas nas redes sociais.

Outro grupo com grande número de internautas é o Revoltados Online, mas este quer mesmo viver de doações e vender camisetas e kits pró-impeachment, adotando uma metodologia de ganhar dinheiro adaptada das igrejas evangélicas.

Portanto, as pessoas que bradam pelo golpe são em geral manipuladas para o fim inconfessável de fazer o poder voltar às mãos daqueles que sempre procuraram vender o Brasil aos americanos a preços módicos e faturar altas comissões.

Não se trata de teoria da conspiração e nem de uma visão simplista das coisas.

Basta acompanhar o que vem acontecendo nos países da América Latina onde governos progressistas se instalaram. O mesmo clima de revoltas também vêm acontecendo em países do leste europeu e do oriente médio. É sempre o mesmo modus operandi.

Mas o golpe no Brasil não prosperará.

Haveremos de superar esta má fase e voltar a crescer economicamente.


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