Charge: Aroeira |
Alguns poderão interpretar este texto como não sendo plural.
Está certo que a vida não se guia por uma visão maniqueísta do mundo. Afinal, entre dois polos há uma infinidade de matizes.
Porém, há que se fazer uma reflexão sobre o que escrevem e falam os profissionais que mais atuam na grande mídia e que mais contribuem para a formação de opinião das pessoas que acessam seus veículos.
E o que pode acontecer com eles, caso Dilma Rousseff deixe a presidência.
Eles
foram chegando aos poucos enquanto outros foram saindo ou sendo
dispensados ao longo de vários anos.
Hoje
em dia os colunistas de direita ocupam quase todos os espaços da
mídia, escrevendo ou falando principalmente sobre política e
economia.
Merval
Pereira, Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Bonner,
Waack, Leitão, Sardenberg... Enfim, a lista é grande, muito grande.
Alguns
da esquerda ainda sobrevivem, como Janio de Freitas. Outros, que não
são da área da política, às vezes enveredam por ela na tentativa
de equilibrar um pouco as coisas. É o caso do Gregório Duvivier
(humorista), Mário Magalhães (esporte) e Juca Kfouri (esporte).
Além
do fato da maioria dos colunistas serem de direita, o que há em
comum a todos eles atualmente é a necessidade de que Dilma Rousseff
seja defenestrada da presidência, mesmo que não haja acusação
contra ela, e que o PT desapareça.
Para
isso, se antes havia comentários citando fontes anônimas (ah, a
velha desculpa de se proteger a fonte...), agora inventa-se
''fatos'', ilações, disse que disse, etc., todos publicados em
grandes manchetes a chamar a atenção do transeunte ou do internauta
que, afinal de contas, não lerá mesmo a matéria completa que pode
ser bem diferente.
Depois
publica-se um ''erramos'' pequenininho em alguma página no meio do
jornal e estamos conversados.
A
nova lei do direito de resposta veio em boa hora pois o colunista
agora terá obrigatoriamente que ter mais cuidado.
Neste
momento agudíssimo em que vivemos, com o impeachment de Dilma sendo
colocado na pauta todos os dias, há muito trabalho para essa
matilha.
São
matérias e mais matérias, muitas delas já escritas, aguardando
para serem publicadas.
Articulistas
disputam a tapa a primazia de verem seus textos publicados. Quanto
mais agressivos, mais agradarão o patrão, garantindo seus empregos
e sua boa paga.
Os
grandes jornais também saem no lucro, ainda que parco, uma vez que
conseguem uma sobrevida, um refresco, um fôlego a lhes adiar o
inexorável encerramento das atividades.
As
revistas semanais de ''informação'' também vão segurando seus
leitores fieis, mantendo aquela nata que se sente contemplada pelos
textos. Ao mesmo tempo vão enganando o IVC (Instituto Verificador de
Circulação) ao distribuir exemplares gratuitamente, uma forma de
ainda conseguirem manter algum anunciante.
Então
ficamos imaginando...e se Dilma cair, como será o day after dessa
turma?
Lógico
que sempre haverá o que se falar contra Lula, os filhos de Lula, a
nora de Lula, o papagaio, enfim. Ah, esqueci do Zé Dirceu.
Mas
não será como antes.
Terão
que elogiar diariamente o Michel Temer ou outro aventureiro que
assuma a cadeira (pode ser o Renan, sabem?).
Caso
Temer também seja implicado no caso das pedaladas fiscais, pois
sabe-se agora que ele assinou sete atos, num montante de 10,8 bilhões
de reais, assume a presidência o terceiro na hierarquia, Eduardo
Cunha.
Mas
vamos ser só um pouquinho mais otimistas e considerar que Temer seja
o nome mais provável entre os corvos que ora rodeiam a presidente.
Uma
semana após a hipotética posse de Temer, imagino a Míriam Leitão
e o Sardenberg anunciando que a crise está com os dias contados, a
inflação está caindo, a confiança dos investidores está
aumentando, etc., etc..
Uma
semana após a hipotética posse de Temer (vamos considerar o mais
provável entre os corvos que rodeiam Dilma), imagino a Míriam
Leitão e o Sardenberg anunciando que a crise está com os dias
contados, a inflação está caindo, a confiança dos investidores
está aumentando, etc., etc..
Merval
comentará sobre a importância de se esquecer agruras do passado, ao
publicar carta vazada de Temer para Cunha (sim, Cunha ainda não terá
sido preso e nem será, caso haja impeachment!), em que o novo
presidente jura ser fiel até o fim de seus dias.
Cantanhêde
destacará o acerto de Temer em convidar José Serra para ser
ministro da Saúde, homem com grande experiência na área e que
acabará com aquele programa bolivariano, o Mais Médicos.
Mas
a mídia não sobrevive de notícias boas. Elas não vendem jornais.
Ao
ver sua crise aumentar rapidamente em virtude da queda nas vendas e
na audiência, começará o passaralho (jargão jornalístico que
significa dispensa em massa de profissionais da área).
E
os primeiros a perder seus empregos serão justamente aqueles que
mais auferem, os Reinaldos da vida.
Serão
os que guiam suas vidas pelas diretrizes da meritocracia. Só os
melhores podem sobreviver e ter sucesso, certo?
Os
que não conseguem, são extintos.
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