Por Fernando Castilho
O que resta ao ocupante da cadeira presidencial nesses próximos dois longuíssimos meses?
O
tempo é relativo.
Para
quem, em frente ao coqueiro verde, já tinha fumado um cigarro e meio e nada de Narinha chegar, o tempo parece uma eternidade.
Para
quem está desenganado pelos médicos, dois meses passam num piscar de olhos.
Para
Lula, que tem a real possibilidade de vencer as eleições presidenciais em 2 de
outubro, dois meses é tempo longo demais, pois nesse período relativamente curto,
reviravoltas são possíveis, mas não prováveis.
Considerando
que já há mais de dez meses as posições de primeiro e segundo colocados permanecem
praticamente inalteradas, somente um acontecimento totalmente fora da curva
pode arrancar a vitória de Lula.
Além
disso, há um empenho pessoal do capitão em ser derrotado. Até seus aliados mais
próximos perceberam, ainda que tardiamente e já se desesperam.
O discurso golpista durante o lançamento de sua campanha assustou a elite que correu a assinar a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito! (assine aqui)
O capitão não falou de controle da inlação, recuperação
da economia e do emprego ou de crescimento do país.
Por
isso, até Febraban e Fiesp, dois dos alicerces que congregam o filé do
empresariado brasileiro, se fizeram presentes.
Restou
ao mandatário da nação, apressadamente, desdenhar da iniciativa e, mais tarde,
escrever ele próprio um manifesto com as únicas ferramentas que tem à mão: 27 palavras
e o Twitter.
Se
em 2018 essa elite apoiou decisivamente sua campanha, agora, preocupada com as
consequências econômicas de um golpe, desembarca solenemente dela. O que será
que o capitão imaginava? Que dariam apoio a essa aventura?
Além
disso, o secretário de defesa norte-americano, Lloyd J. Austin III, em reunião
com o ministro da defesa brasileiro, general Paulo Sérgio, manifestou sua confiança
nas urnas eletrônicas, sugerindo que nenhuma ousadia golpista teria o apoio de
seu país.
Com
isso, as Forças Armadas, enquanto instituição, não deverão apoiar uma ruptura,
embora haja alguns focos que permanecerão isolados, mas sem muita força.
O
resultado é que o capitão está ficando só.
Não
vence no voto e não consegue dar um golpe, embora continue a seguir na
tentativa.
O
que resta a ele, afinal?
Se
Lula vencer em primeiro turno, imediatamente o capitão se transformará em
cachorro morto.
As
traições, que já estão acontecendo principalmente no Nordeste, aumentarão
exponencialmente, afinal, para que ficar do lado de quem já não distribui mais
recursos de orçamentos secretos?
A partir
de janeiro próximo as denúncias de crimes de responsabilidade, que já somam
mais de 40, começarão a gerar enxurradas de processos na primeira instância, já
que o capitão perderá o foro privilegiado.
Na grande
maioria deles, o então ex-presidente será condenado e, dependendo da celeridade
das instâncias superiores, será preso daqui a pouco tempo, quando se esgotarem
os recursos em terceira instância e não em segunda, como ele sempre defendeu.
É o
futuro de quem desde cedo se propôs a entrar para a lata de lixo da história.
Enquanto
isso, seguimos aguardando esses longuíssimos próximos dois meses.
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