Por Fernando Castilho
Perdemos a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.
Domingo,
02 de abril de 2023.
A
Folha de São Paulo publica um editorial intitulado “Fio da Navalha”. Lá, após
comparar os índices de popularidade de Lula com os de Bolsonaro e Collor nos 3 primeiros
meses dos respectivos governos, o jornal se sai com essa: “O começo deixou a
desejar. Lula abraçou-se a velharias ideológicas, em especial no terreno
crucial da economia, e afastou aliados e eleitores que acreditaram na promessa
de uma “frente ampla. Há tempo, claro, de corrigir a rota. Falar e governar tão
somente para o segmento mais simpático e ideologizado não trará resultado
diferente do que obteve Bolsonaro, acossado pela impopularidade durante todo o
mandato.”
O
que seriam as tais “velharias ideológicas”? Já teve colunista afirmando que
Lula se prende ao passado para governar. O que a Folha quer dizer é que Bolsa
Família é algo do passado. Não era coisa do passado quando Bolsonaro mudou o
nome do programa para Auxílio Brasil.
O
Minha Casa Minha Vida é outra “velharia”. Talvez melhor seria não ter nenhum
programa que facilitasse o acesso à moradia por parte dos mais pobres.
O
Mais Médicos também pertence ao passado, não é? Para quê, afinal tratar a saúde
dos brasileiros que não tem atendimento nos longínquos rincões do país?
E
afirmar somente após 3 meses que Lula terá o mesmo destino de Bolsonaro é, no
mínimo, decretar o fim de seu governo. Um absurdo!
Domingo,
02 de abril de 2023.
A
Veja coloca na capa a manchete: “Até aqui, nem paz nem amor”.
Em
seguida lê-se: “Lula se aproxima dos 100 dias de governo longe da meta de
pacificar o país. Rancor e espírito revanchista têm impedido o presidente de
cumprir a promessa de governar para todos os brasileiros.”
Sim,
Lula tem a meta de pacificar o país, mas não seria responsável por parte da
revista aguardar até que resultados apareçam? Até porque acabamos de sair de um
governo que criou até um gabinete do ódio! A pacificação é um processo e será
feita na medida em que os programas sociais começarem a surtir efeitos e a
economia apresentar melhores resultados com geração de renda e emprego formal.
Corrigir
os malfeitos de seu antecessor não é ser rancoroso nem possuir espírito
revanchista. Se o outro destruiu, Lula tem a obrigação de reconstruir.
Todos
sabíamos que a grande imprensa, nem passados os 100 dias de governo, iria
decretar o fim da trégua, mas atacar dessa maneira uma administração que já fez
em pouquíssimo tempo muito mais que o ex-presidente é muito baixo.
Diante
de tudo isso, é inevitável a sensação de que há problemas na comunicação do
governo.
Não
é à toa que, para 29% das pessoas ouvidas pelo Datafolha, Lula faz um mau ou
péssimo governo.
É
preciso lembrar que Bolsonaro perdeu muitos eleitores depois de 8 de janeiro e
após o caso de roubo das joias que era propriedade do Estado brasileiro. A
prova é que não havia uma centena de pessoas na sua recepção no aeroporto,
quando de sua volta ao Brasil. Boa parte desses 29% e também dos que consideram
o governo regular, não estão informados sobre as realizações dos ministérios de
Lula.
Perdemos
a batalha das comunicações em todos os mandatos presidenciais do PT e, embora
sejam ainda apenas 3 meses, parece claro que continuamos a perder.
Estudos
recentíssimos mostram que, tanto Bolsonaro quanto senadores e deputados
bolsonaristas estão dando de 10 a 0 no governo e nos parlamentares de sua base nas redes sociais.
O
que é preciso compreender de uma vez por todas é que hoje as redes sociais TÊM
que ser exaustivamente utilizadas em todas as frentes. E com essa afirmação me
vem à mente que, enquanto Bolsonaro criou um gabinete do ódio, especializado em
utilizar robôs para divulgar fake news, Lula poderia criar o gabinete do amor
para, sem robôs – porque esse tem que ser um diferencial de governos
progressistas – usar ao máximo a criatividade para bem informar as pessoas.
Mas
com um ministro mais preocupado com leilões de cavalos...
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