Por Fernando Castilho
Geraldo
Alckmin está no Governo de São Paulo desde 1995, quando era vice de
Mário Covas. Após um hiato de 4 anos, entre 2007 e 2010, voltou em
2011 ao governo. São, portanto, 15 anos à frente do Palácio dos
Bandeirantes.
Alguém
percebeu isso? 15 anos! O mesmo governador!
Difícil
se perceber quando se trata de um governador que permaneceu invisível
durante anos. Mas por que invisível?
Simplesmente
porque não aparece. Não sai na mídia. Ninguém comenta. Só
aparece em época de eleição com seu velho bordão: ''É preciso
cuidar das pessoas''. Por causa disso, ganhou até o apelido de
''picolé de chuchu'' (sem gosto, sem sabor).
Mas
por que não se fala dele?
Primeiro:
dois dos maiores problemas que afligem o povo brasileiro, todo mundo
acha que é competência única e exclusiva do Governo Federal, no
caso, Dilma: Saúde e Educação. Mas não é.
Justamente
duas áreas que contam com recursos vultosos que crescem a cada ano,
mas que não são contemplados com uma gestão competente e
eficiente.
Lembre-se
que o Ensino Fundamental e o Ensino Médio são competência dos
governos estaduais. Mas quem acaba levando a culpa pelas deficiências
nessas áreas é sempre o Governo Federal. O Governador fica
invisível. E tome paulada na Dilma (lembram-se das ''jornadas de
junho''?).
Alckmin
ao privatizar uma série de serviços que o Governo prestava, acabou
tendo seu rol de responsabilidades reduzido.
Vejam
o caso das estradas estaduais: foram privatizadas.
A
Eletropaulo: foi privatizada.
A
Telesp: foi privatizada.
Outras
competências do Governo Estadual são as Universidades Estaduais, o
Hospital das Clínicas, a Companhia do Metrô e a Sabesp.
São
três as Universidades sob o comando de Alckmin, a USP, a UNICAMP e a
UNESP. Todas contam com suas respectivas reitorias que lhes garantem
autonomia de administração. Alckmin só envia os recursos.
O
Hospital das Clínicas é uma autarquia do Governo do Estado que
possui também administração autônoma. Alckmin só envia os
recursos.
A
Companhia do Metrô é uma empresa de capital misto cujo maior
acionista é o próprio Governo do Estado. Alckmin não precisa
enviar recursos. O Metrô se autosustenta. E não falaremos aqui do
enorme esquema de corrupção denunciado recentemente.
E olhe
que há incompetência também no Metrô, não?
Operando
desde 1974, portanto, há 40 anos, só possui 75,5 km de ferrovia
distribuídos em 5 linhas. Lamentável.
A
Sabesp é uma concessionária de economia mista cujo maior acionista
é o próprio Governo do Estado. Possui ações nas Bolsas de Valores
de São Paulo e Nova Iorque, tendo lucrado 4 bilhões de reais só no
Governo Alckmin. A Sabesp dá lucro para o Governo. Veja mais no
final do texto.
Uma
atribuição que Geraldo Alckmin tem de fato, que está diretamente
em suas mãos é a Segurança Pública. Deveria ser seu único motivo
para ter dores de cabeça. Mas ele não tem. Ele cuida da Segurança
com a preguiça dos que tem pouca coisa pra fazer durante o dia. Sua
indolência é tão grande nessa área, que até o PCC demonstra ter
mais interesse em se ocupar dela.
Outro
fator que lhe confere invisibilidade é a blindagem que a mídia lhe
faz. Nada é com ele. Nada é contra ele. Ele sempre faz tudo muito
bem feito. Para a imprensa, é um administrador competente.
O
Governo Federal, ao contrário, tem muita visibilidade. Não passa um
dia sequer sem que Dilma apareça em algum jornalão. E sempre pra
sofrer críticas. Por que? Ora, governar significa criar projetos,
programas, planejamentos para melhorar a vida do povo. Acerte ou
erre, sempre haverá críticas. Os jornais vivem disso. Com relação
à Prefeitura de São Paulo ocorre o mesmo. Haddad que o diga.
Mas
quanto ao Alckmin, qual o projeto, qual o programa que ele criou?
Nada. Há 15 anos no governo e nada foi feito.
Geraldo Alckmin Foto: Jorge Félix |
O Rio
Tietê continua poluído desde o tempo do Fleury quando se iniciou o
projeto de despoluição. São 22 anos! O Japão já emprestou
dinheiro a fundo perdido, o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) já
emprestou dinheiro, foram
muitos outros contratos de empréstimo, e nada resolvido. A última
promessa de solução foi feita no dia 13 de dezembro, quando o
governador assinou com o presidente francês, François Hollande,
acordos de cooperação.
E o
Rodoanel, nhéin? Sua construção se iniciou em 2008, há 16 anos, e
está longe de ser concluído. Muitas tentativas de instalação de
CPI foram feitas devido a várias denúncias de irregularidades, mas
todas foram abafadas pela situação na Assembléia Legislativa do
Estado.
A
criminalidade só aumentou no seu governo. O PCC parece um braço
auxiliar dentro da (In)segurança Pública. Manda e desmanda. A
Polícia Militar que poderia ter sido objeto de um projeto de Alckmin
para sua desmilitarização, está cada vez mais violenta.
A
aplicação dos recursos da Educação poderia ter garantido uma
recuperação salarial para os professores da rede estadual, mas o
que vemos é cada vez mais arrocho e contratações temporárias sem
concurso.
Mas,
por mais que Alckmin tenha tentado se esconder no seu manto de
invisibilidade, de uns tempos pra cá, tem aparecido bastante na
mídia. Não por conta da campanha para sua reeleição (sim, o homem
quer ficar mais 4 anos!), mas por causa das graves denúncias do
propinoduto tucano e, mais recentemente do problema da falta de água.
A
Sabesp, que tem a atribuição de fornecer água e saneamento aos
paulistas, hoje é uma empresa que investe em ações na bolsa. Nada
errado em se fazer isso, desde que os bônus e dividendos sejam
repassados para investimentos em infra-estrutura e produção de
água, o que, absolutamente não foi feito ao longo destes 15 anos de
Governo Alckmin.
Só
não dá lucro para a população do Estado, que sofre agora com um
racionamento de água devido à incompetência do governador em não
investir em captação de água. O reservatório da Cantareira está
com 8% de sua capacidade.
Albano
Araújo, coordenador de Conservação de Água Doce da The Natural
Conservancy, organização mundial de preservação ambiental afirma:
"Documentos
de 15, 10 anos atrás, como a própria outorga do Sistema Cantareira
(de 2004), já previam que a demanda por água em São Paulo seria
maior que a capacidade do manancial". Leia mais
aqui.
O
professor aposentado da Escola Politécnica da USP e engenheiro de
hidráulica e saneamento Julio Cerqueira Cesar, um dos maiores
especialistas na área, diz:
“O
governo não investiu na ampliação de mananciais, são os mesmos de
30 anos atrás. Nesse período, a população cresceu em 10 milhões
de pessoas (saltou de 12 milhões para 22 milhões). Os mananciais
existentes não são capazes de atender a essa demanda. Essa é a
grande causa da falta de água em São Paulo”. Leia mais aqui.
Isso
demonstra que Alckmin se desvencilhou de uma competência sua ao
deixar na mão da Sabesp a questão do abastecimento de água em São
Paulo.
Fosse
ele de fato um Governador, não deixaria a crise chegar a esse ponto.
Peca
sempre por omissão e se esconde sob um manto de invisibilidade e
blindagem.
charge: pataxó
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