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Neca.
Ouviram
falar? Neca é Maria Alice Setúbal, coordenadora do programa de
governo de Marina Silva pelo PSB/Rede.
Neca
tem 63 anos e é uma das acionistas majoritárias do Itaú/Unibanco.
Aquele mesmo que deve cerca de 18,7 bilhões de reais à Receita
Federal por conta da incorporação do Unibanco.
Neca
deu uma entrevista pra lá de reveladora ao jornalista Fernando
Rodrigues da Folha de São Paulo.
Serve
para traçar o novo perfil de Marina Silva, bastante diferente
daquele de apenas alguns meses atrás...
Vale
a pena destacar alguns trechos e analisá-los.
Segundo
Neca, há lógica na substituição de Carlos Siqueira do PSB por
Walter Feldman da Rede Sustentabilidade para ser o coordenador de
campanha de Marina, uma vez que a campanha agora tem um novo CNPJ
(sic).
Reparem
que ao utilizar o termo CNPJ, a herdeira revela uma visão puramente
mercantilista das coisas. E se é outro CNPJ, significa que a Rede
assumiu o PSB, não?
Carlos
Siqueira saiu brigado. Marina bateu o pé e exigiu Walter Feldman
como coordenado de campanha, em detrimento dele.
Quem
é Walter Feldman?
Um
sonhático da Rede?
Não,
de forma alguma. Feldman sempre foi tucano de alta plumagem. Foi
fundador do PSDB, deputado estadual, presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo e deputado federal. Seu nome está
envolvido no escândalo de formação dos carteis para a compra de
trens. Mais informações aqui
Ele
não faz parte da nova política.
Ao
ser indagada sobre restrições à contribuições de indústrias
produtoras de armas, bebidas alcoólicas, agrotóxicos e tabaco
impostas pela Rede, Neca diz que o que já entrou, entrou. Agora é
zerar. Novamente diz que é outro CNPJ...
Essa
história de zerar é pura enganação.
Seu
vice Beto Albuquerque representa o lobby do agrotóxico e da
indústria de armas. Tem ligações com a Monsanto. É claro que
continuará a receber doações. Ninguém ficará sabendo mesmo. Leia mais aqui
Sobre
questões como descriminalização da maconha e aborto, Neca disse
que a Rede não se pronunciará quanto a isso.
Mas
não era de se esperar que justamente esses assuntos fossem tema de
discussão e de políticas? Afinal, pelo que se sabe, já há na Rede
discussão acumulada sobre estes temas.
Neca
reafirmou o que Eduardo Campos havia dito com relação a trazer a
meta de inflação para o centro, para 4,5 % nos próximos 4 anos.
Campos
quando prometeu essa meta, já deveria ter mais ou menos claro que
não venceria as eleições. Quando entrou na disputa, entrou para
ganhar, tanto é que levou Marina Silva para ser sua vice. Como ao
longo de meses sua candidatura não decolou, passou a investir na
divulgação de sua imagem para o futuro, para 2018 quando já se
tornaria mais conhecido.
Portanto
essa meta de 4,5 % era mais pra inglês ver.
Fernando
Rodrigues em nova pergunta, afirma que economistas ortodoxos e do
governo concordam que para reduzir a meta a esse nível, seria
necessário aumentar juros e produzir desemprego no país.
Neca
ao responder, tenta achar uma fórmula mágica, mas não encontra.
Fala em desenvolvimento sustentável como se isso influísse alguma
coisa nesse tema.
Matematicamente
não há como reduzir a inflação a esse nível e manter taxas de
juros e níveis de emprego. Muito menos manter programas sociais. A
relação matemática nesse caso é inversamente proporcional.
Abaixa-se a inflação e aumenta-se o desemprego. Não há como fugir
disso.
Neca
propõe a autonomia do Banco Central.
Arrepios!
Se
Marina der autonomia ao Banco Central, adivinhem quem vai
controlá-lo?
Os
bancos, obviamente.
Os
bancos, ao contrário das empresas comuns, podem recorrer a um
emprestador de última instância, que lhes dá cobertura. É o Banco
Central, a quem, como vimos, a sociedade concede a especialíssima
prerrogativa de fabricar dinheiro. Já pensou se os bancos puderem
dar as cartas no Banco Central?
Neca
quer colocar a raposa para tomar conta do galinheiro.
Neca
afirma que o mercado ao ver as pessoas que estão do lado de Marina,
passarão a ter mais segurança nela. Economistas neoliberais como
Eduardo Gianetti e André Lara Rezende, entre outros.
Ou
seja, o perfil que Neca quer dar a Marina é um perfil neoliberal,
confiável ao mercado. Mas também confiável à Mídia. Neca quer
Marina fazendo o jogo do mercado. Quer uma inflexão à direita.
Se
Marina aceitar, o próximo passo é o PSDB ir para junto dela.
E
se alguém discordar do que o blogueiro está escrevendo, que cobre
da Neca.
Por
fim, Fernando Rodrigues cobra Neca a respeito da multa que o Itaú
recebeu da Receita Federal, de quase 19 bilhões de reais.
Neca
desconversa e não responde.
E
Fernando não insiste...
Como
diria Marina: ''A situação dessa eleição exige uma releitura da
minha história repaginada a nível de um Brasil neoliberal.''
Pataxó |
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