Nicolau Maquiavel de terno |
Vereadora,
deputada, senadora, ministra da ''velha política''.
Deixa
o Ministério do Meio-Ambiente. Deixa o PT, ingressa no PV e disputa
a presidência da República em 2010, dentro da ''velha política''.
Deixa
o PV, tenta fundar seu partido, a Rede Sustentabilidade, como forma
de contraponto à maneira de fazer a política tradicional.
Deixa
a Rede, ingressa no PSB, partido que pratica a ''velha política'',
para disputar a vice-presidência.
Com
a morte de Eduardo Campos, parte para disputa ao cargo majoritário,
não sem antes fazer várias exigências ao partido, tudo em nome da
''nova política'' que pretende implantar.
Não
faria concessões ao agronegócio;
Não
subiria em palanques com candidatos a governador que pertencessem aos
PSDB, como em São Paulo;
Não
aceitaria doações de empresas fabricantes de cigarros, bebidas,
armas, agrotóxicos, etc..
Não
aceitaria um vice que não lhe fosse confiável;
Bem,
todas essas ''firmes'' exigências não resistiram a um mês de
campanha.
Marina
Silva apresentou um plano de governo pra lá de neoliberal, onde, além dos muitos recuos motivados por pressões) não
faltou como proposta, nem a independência do Banco Central, coisa
que Aécio Neves não ousou.
Os
sonháticos da Rede estão divididos.
Uns
já apearam, como Charles Alcântara, porta-voz da Rede no Pará.
Outros
ainda orbitam Marina.
Charles Alcântara |
Marina,
com seu estilo Messiânico, consegue aos poucos transformar seus
seguidores, a ponto de eles não perceberem que seu ídolo mudou,
está muito diferente daquele do início do ano. A cada recuo (e
alguns foram radicais, como no caso dos direitos LGBT), tentam
''explicar'' a necessidade da mudança, e convencer os companheiros e
a si mesmos.
Mas,
afinal, o que seria a tal ''nova política''?
Marina
se desencantou com o PT a partir das alianças que o partido firmou
com o PMDB, notadamente com gente como Sarney e Renan Calheiros, o
PTB de Collor, e o PP de Maluf.
Ela
bem sabe o quanto Lula não desejava isso. Deve saber que o
ex-presidente deve ter passado noites em claro até se convencer da
necessidade de conseguir maioria num congresso de perfil conservador,
onde nada, mas nenhum projeto mesmo, que tivesse um mínimo de
intenção de melhorar a situação do povo mais humilde, passaria.
Alguém
honestamente acha que o Marco Civil da Internet, que foi um parto
dificílimo, teria sido aprovado se não houvessem alianças, e o
próprio vice-presidente Michel Temer do PMDB não tivesse se empenhado pessoalmente?
Necessário
lembrar que essas alianças são programáticas, ficando
compromissados Sarneys, Calheiros, Collors e Malufs a apoiarem os
projetos do governo.
E
é devido a isso que não derrubaram Lula, e nem conseguiram ainda
tirar Dilma da presidência.
É
por isso que existem hoje programas sociais, como o Bolsa-família,
tão odiado pela mídia e pela elite, mas que tirou 36 milhões da
linha da miséria.
Sem
partido forte e sem alianças, Marina estaria sujeita ao que
aconteceu com Jânio e Collor.
A
ex-ministra sustenta que não fará alianças para garantir a
governabilidade, preferindo fazer aliança com a sociedade (sic)..
mas seu coordenador, Wálter Feldman já costura apoio do PSDB, e seu
vice, Beto Albuquerque já afirmou que ''Ninguém governa sem o PMDB''
E
este é o último muro que a separa da ''velha política'', mas que,
numa eventual vitória, será derrubado já no dia 2 de janeiro.
A
''nova política'' não existe.
Não
existe maneira alternativa de se governar um país que tem ainda uma
democracia recente, construindo-se com erros e acertos.
Foi
isso que Maquiavel ensinou em sua obra ''O Príncipe'', que Antonio
Gramsci se encarregou de traduzir para os dias atuais, mostrando que
o príncipe de hoje é o partido político que está no poder.
E
esse partido tem que fazer valer a virtú (a virtude), mais que a
fortuna (os acontecimentos fortuitos).
Segundo
Maquiavel (e Gramsci) a política deve ser concebida como atividade
que subordina a moral, a religião e a questão militar, Assim,
poderia operar uma ultrapassagem “do nível dos interesses
imediatos e particulares e que, portanto constitui o momento da
liberdade, dos interesses universais para tornar possível a fundação
do momento ético-político.''
Gramsci
não compactua com aqueles que vêem em Maquiavel um defensor da tese
de que os fins justificam os meios. A coisa não é simplista assim.
Para
Francisco Welffort, “...não cabe nesta imagem a ideia da virtude
cristã que prega uma bondade angelical alcançada pela libertação
das tentações terrenas, sempre à espera de recompensas no céu. Ao
contrário, o poder, a honra e a glória, típicas tentações
mundanas, são bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode
consegui-los e por eles luta.”
Para
que o partido no poder possa realizar o maior número de obras para o
povo que mais precisa, tem de se livrar da moral cristã mais
imediata, aquela que Marina ainda abraça, e, sem medo de ser feliz,
realizar as alianças programáticas necessárias.
Afinal, passamos 502 anos sendo governados pela elite mais atrasada do país. Passaram-se somente 12 anos de grandes mudanças e ainda há muito para se fazer.
Futuros aliados da nova política? |
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