Charge: Aroeira |
Não
ia mais escrever sobre Fernando Henrique Cardoso. É sério.
Considerava
o assunto esgotado até porque já havia revelado inúmeras
falcatruas dele neste texto:
FHC, o intelectual das maracutaias
O
que me motivou a escrever mais uma vez sobre o ex-presidente, foi o
fato de ser surpreendido por uma convocação que ele fez em sua
página no Facebook.
FHC
quer que o povo vá às ruas neste domingo, dia 13, dia de
aniversário do tão malfadado AI-5, para exigir o impeachment de
Dilma Rousseff. Data cheia de simbolismo.
FHC
já por várias vezes se manifestou afirmando que a presidente é
pessoa de moral ilibada e que não crê que ela esteja envolvida em
crime nenhum. Ok.
Porém,
numa interpretação bizarra do que diz a Constituição sobre o
assunto, ele acha que sim, o povo tem o direito de tirar a presidente
somente por não gostar dela.
E
diz que não é golpe...
Meu
caro, eu diria, nem que 54,5 milhões de pessoas (o número de votos
que Dilma conseguiu no último pleito) saíssem às ruas exigindo sua
derrubada, isso seria legítimo.
Sem
crime não há impeachment.
Dirão:
mas e as pedaladas fiscais?
Mais
de uma centena de juristas do mais alto grau de reputação e
conhecimento das leis já afirmaram que a Lei de Responsabilidade
Fiscal não foi ferida, portanto, não há crime.
Então,
o que pretende FHC?
Seu
nome foi citado por Delcídio do Amaral, que se encontra preso.
Delcídio era nome forte na Petrobras justamente no tempo em que FHC
era presidente. A corrupção já existia em seu governo e ele nada
fez para coibi-la.
Ou
seja, FHC sabia.
Agora,
quanto mais rápido Dilma for defenestrada do Planalto, mais chances
ele tem de que a Lava Jato pare, a Procuradoria Geral da República
engavete tudo e a Polícia Federal, perdendo sua autonomia, cesse com
as investigações.
FHC
agora está na mesma trincheira de luta de Eduardo Cunha.
O
filósofo francês, Montaigne disse que todo homem ao nascer vai
colocando uma máscara. Depois outra e mais tarde outra e outra.
Alguns mais, alguns menos.
Sempre
quando se vê diante da possibilidade de ganhar algo, de conseguir
posto mais alto, de galgar mais notoriedade, fama ou poder, o homem não
titubeia em vestir uma máscara para alcançar seu intuito.
FHC
já vestiu uma infinidade de máscaras como podemos ver no texto
''FHC, o intelectual das maracutaias.
Batalhou
pelas ''Diretas Já'' somente para que houvesse eleições que
pudesse vencer, apossou-se da autoria da Teoria da Dependência, de
Ruy Mauro Marini, autoproclamou-se autor do Plano Real, no que se viu
desmentido pelo ex-presidente Itamar Franco, comprou sua reeleição
à presidência, privatizou a preço de banana a Vale do Rio Doce e
outras estatais e como se não bastasse, ainda escreveu um livro, ''A
Soma e o Resto'', plagiando o título do livro de Henri Lefevbre,
''La Somme et le Reste''.
Voltando
a Montaigne, o filósofo diz que à medida que o homem vai se
aproximando da hora de sua morte, uma a uma as máscaras vão sendo
retiradas até que pouco antes do último suspiro reste-lhe somente a
face verdadeira. E esta pode ser horrível.
Nessa
hora, não há mais nada por que lutar. Não há mais nada a ganhar,
já que não poderá levar nada para o túmulo.
Então,
o homem não precisa se mostrar diferente do que ele é a ninguém.
Ele é verdadeiro.
Há
um exemplo pop muito interessante, na figura do vilão Darth Vader de
Guerra nas Estrelas.
No
final do terceiro episódio, Vader luta com seu filho, Lucky e é
derrotado.
Já
à beira da morte, quando nada mais lhe resta, retira o elmo
(máscara) que lhe garantira a sobrevivência por grande parte sua
vida e confessa ao filho que nunca deixou de amá-lo.
Nessa
hora Vader é verdadeiro.
Mas
o que isso tem a ver com FHC?
Tudo.
Fernando
Henrique está com 84 anos de idade.
Se
a expectativa de vida dos brasileiros está em 75,2 anos, pode-se
dizer que FHC já deveria estar considerando a hipótese de começar
a retirar uma a uma suas máscaras.
Mas
não.
Ao
investir no golpe para tentar vaidosamente manter incólume, pelo
menos para a maioria dos brasileiros, a versão oficial de sua
biografia (não a que expus aqui, mas sim a alardeada pela grande
mídia), contribui para jogar o Brasil definitivamente na maior crise
econômica, política, social e institucional desde 1964.
Pelo
visto, FHC tem a intenção de contrariar Montaigne ao não retirar
nenhuma máscara antes de dar seu último suspiro.
FHC é um, amargo velho patético, que odeia para escapar da ribalta e que se ressente as realizações de seus sucessores. Ao contrário de Lula, ele é considerado o pior presidente da idade moderna, enquanto Lula é considerado o melhor e recebe elogios e homenagens em todo o mundo. Mas Monteigne não está tudo certo. Com FHC ele não pode disfarçar as máscaras ruins, tão duro como ele tenta. Seus contornos horríveis não pode ser escondida.
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