Três
filósofos definiram o que é amor.
A
melhor definição foi Jesus quem nos ofereceu.
Mas
será que essa definição é a que praticamos em nosso dia a dia?
O
filósofo grego, Platão, definiu o amor como desejo. Se você deseja
muito alguém, mas ainda não é correspondido, então você está amando. Daí a
expressão ''amor platônico'', um amor à distância.
Porém,
uma vez que esse amor passa a ser correspondido, para Platão, ele
acaba.
Outro
filósofo grego, Aristóteles se contrapõe a Platão insistindo que
amor é alegria.
Quando
você é correspondido pela pessoa amada, você fica feliz e isso lhe
traz alegria. Ou seja, você tem que estar junto a quem ama para
sentir alegria.
Um
terceiro filósofo chamado Jesus de Nazaré, mais tarde chamado de o
Cristo, mostrou ao mundo a melhor definição de amor. O amor, para
Jesus, é universal. Deve-se amar aos outros como a si mesmo. Amar
família, amigos, animais de estimação, sua banda favorita, sem
esperar nada em troca. Por amor, ao receber um tapa, deve-se oferecer
a outra face. Por amor você deve ajudar os que mais necessitam.
Hoje
em dia a isso se chama amor pela humanidade.
Essa
mensagem se espalhou durante dois mil anos e ainda se espalhará por
outros milênios.
Jesus
foi crucificado justamente por pregar essa mensagem que contém
implicitamente outra de muito maior alcance e quase sempre escondida
pelos agentes da fé: a de que todos os homens são iguais...
Jesus,
um homem que teve história se tornou para a Igreja somente o filho
de Deus.
Esperem.
Antes de se revoltarem e pararem de ler o texto, explico.
Durante
dois milênios os homens preferiram somente alardear ao mundo a
divindade do homem de Nazaré. Jesus foi aquele filho de Deus que
veio ao mundo para morrer na cruz, redimindo os pecados e salvando
assim a humanidade.
Embora
grandiosa, é praticamente só essa mensagem que à igreja, seja ela católica e
mais tarde protestante, interessa passar aos homens. Jesus é certamente muito mais que isso.
Naqueles
tempos, Jesus era um homem descontente com as injustiças e a
iniquidade praticadas pela elite governamental local, o Sinédrio.
A
Judeia era um estado teocrático dominado pelo Império Romano que
tolerava a religião local.
Em
verdade vos digo que os sacerdotes do Sinédrio eram homens abastados
e poderosos que a cada dia mais enriqueciam às custas de um
empobrecimento geral da população.
Jesus,
ao pregar a igualdade entre os homens, ao curar leprosos, ao salvar
prostitutas do apedrejamento, ao expulsar os vendilhões do templo que majoravam os preços dos cabritos obrigatoriamente consumidos durante a Páscoa e ao viver da caridade, causou alvoroço
entre seus próximos que passaram a ter uma esperança de melhora de
vida.
A
elite local ficou assustada e viu naquele homem um revolucionário
perigosíssimo que poderia levar as massas a ameaçar seu poderio.
Capturá-lo
e entregá-lo ao governador romano Pôncio Pilatos foi fácil após a
traição de Judas por 30 dinheiros.
O
populacho, que ainda não havia sido influenciado por Jesus, preferiu
apoiar os poderosos, exigindo a crucificação do homem de Nazaré ao
mesmo tempo que pedia a libertação do bandido Barrabás, que hoje
se supõe um zelota, uma espécie de ''terrorista'' entre os muitos
que praticavam necessária resistência contra o Império.
Durante
dois milênios a História assistiu a repetição desses
acontecimentos em graus variados de semelhança, porém sempre
mantendo a mesma essência: uma pessoa ou um grupo de pessoas sendo
massacrado por uma elite dominante, somente por reivindicar maior
justiça social.
E
então é Natal, como canta Simone.
A
data, inicialmente comemorativa do deus Sol, ou o Solstício de inverno foi adotada pelos romanos porque aqueles que levaram o
cristianismo à Roma, imaginaram que assim a filosofia seria melhor aceita.
Em
uma espécie de delírio ou desatino coletivo saímos a comprar,
comprar e comprar.
Dizem
que é isso que aquece a economia e gera empregos.
Mas
é exatamente isso que alimenta a elite. A mesma que vê com desdém e até mesmo ódio políticas públicas de erradicação da miséria. Aquela mesma elite daqueles
tempos.
O
Natal é cultuado pelo capital, os atuais vendilhões do templo.
Abraçamo-nos
uns aos outros, enviamos mensagens de carinho, somos até sinceros e verdadeiros nessas horas, mas não temos maiores
compromissos com as pessoas. Formalidades apenas.
Festejamos,
nos empanturramos com a comida e a bebida, nos abraçamos e nos
beijamos, tudo em família. Mas nos esquecemos completamente do aniversariante e daqueles
que não têm o que comer. Não somos fraternos nem iguais.
Exatamente
na contra-mão dos ensinamentos de Jesus.
É
aí que percebemos que Aristóteles afinal, é quem tinha razão.
O
objetivo do amor é nos tornar alegres.
E somos, por algumas horas.
E somos, por algumas horas.
Feliz
Natal!
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