quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Maquiavel, FHC e o pré-sal

Por Fernando Castilho





Maquiavel dizia que, uma vez no poder o governante tem a obrigação de se manter nele a todo custo, não importa o que tenha que fazer para isso.

Será que é exatamente isto que estamos assistindo neste momento?



O poder. Ah, o poder.

Por que as pessoas querem o poder? Disputam tanto o poder?

Para ter mais poder.

Não se contentam em ser vereadores. Querem ser prefeitos. Depois deputados, senadores, presidentes.

Se formados em Direito, querem ser juízes em Curitiba e mais tarde, quem sabe, ministros do Supremo.

Maquiavel dizia que, uma vez no poder o governante tem a obrigação de se manter nele a todo custo, não importa o que tenha que fazer para isso.

Não nos iludamos, todos aqueles que lutam pelo poder só estão interessados em aumentá-lo.

Há diferenças? Sim.

Há os que buscam melhoria da vida das pessoas para consequentemente terem votos e aumentar o seu poder. É o caso de Lula e Dilma, principalmente.

Na outra mão, há os que querem o poder e, uma vez investidos dele, farão alguma coisa pelo povo para tentarem se perpetuar ou galgar postos mais altos. Caso de FHC, Aécio, Serra, etc..

Mas vale uma reflexão. Uma vez alcançado o poder máximo, o de presidente, o que fazer após o término do mandato?

Ficou claro na entrevista da jornalista Mírian Dutra, mãe do filho não reconhecido de Fernando Henrique Cardoso, que tudo o que ele queria a qualquer custo naqueles anos em que conviveram, era a presidência da República e que faria qualquer coisa para atingir seu objetivo.

Ao ser comunicado que seria pai de um filho fora do casamento, FHC, que se candidataria à reeleição, temeroso de que seus planos ruiriam devido ao escândalo, exigiu que Mírian abortasse pela 3ª vez, com o que ela não consentiu.

FHC então conseguiu que a Rede Globo a mantivesse congelada na Europa, longe dos olhos da população, com um bom salário mas sem precisar trabalhar.

Além disso, enviava dinheiro através de uma empresa, numa operação irregular pois ainda se encontrava na presidência.

Até este ponto, FHC cumpre à risca o recomendado por Maquiavel, do qual certamente é leitor.

Mas a reflexão agora é: o que pretende um homem aos 84 anos de vida, após ter alcançado sua maior ambição?

Não seria natural, restando-lhe alguns anos pela frente, reconhecer seus erros e aguardar o longo desenrolar de um processo, já que nada levará para o túmulo? Uma espécie de confissão de seus pecados antes de chegar sua hora?

Ou ele se considera imortal só por fazer parte da Academia?

Não, ainda há um derradeiro poder a ser, não conquistado, mas mantido: o de homem de reputação ilibada, coisa em que ainda muita gente acredita por falta de informação. E que a mídia trata de preservar.

Outro seguidor de Maquiavel, tão ou mais ferrenho que FHC é José Serra.

Só assim poderíamos explicar sua obstinação em se eleger prefeito de São Paulo, ficar somente dois anos e depois se candidatar ao governo do Estado.

Só assim entenderemos sua disputa com faca nos dentes, mesmo dentro de seu partido, para se eleger presidente, mesmo que tenha antes da disputa, que ficar 4 anos no Senado.

Mas Serra, mesmo no Senado não perdeu a oportunidade de ganhar mais poder, fama e talvez muito dinheiro ao apresentar um odioso projeto que retira da Petrobras a exclusividade na exploração do pré-sal, a maior riqueza do Brasil.

Se o projeto for aprovado, o que infelizmente parece que será, empresas como a Shell, Chevron e British Petroleum, integrantes das chamadas Sete Irmãs, poderão retirar suas fatias do nosso petróleo. Um crime.

A alegação é de uma simploriedade incrível: nós não temos condições de exploração devido à corrupção da Petrobras que debilitou a companhia. Ponto.

Uma enorme falácia, como bem demonstrou o senador Roberto Requião, na tribuna do Senado.

Todas as Sete irmãs estão igualmente debilitadas porque o momento mundial é desfavorável.

O preço do barril vem sendo mantido artificialmente em 30 dólares pelos americanos justamente para que eles possam comprar o pré-sal em baixa em baixa.

Mas é uma situação que não pode ser mantida por muito tempo, daí o açodamento com que o projeto vem sendo imposto.

Como a Petrobras realizou enormes investimentos justamente para poder explorar o pré-sal, se a entrega aos estrangeiros se concretizar, o baque será profundo e talvez percamos a companhia que atravessou por décadas lutas históricas.

E a mídia é cúmplice porque não toca no assunto. Quase ninguém está sabendo.

Serra também não é novo. Tem 73 anos.

Pergunto: o que move um homem de 73 anos a entregar um patrimônio brasileiro aos americanos?

O que ele levará para o túmulo? Reconhecimento?

Será reconhecido como estadista?

O terceiro personagem é o juiz Sérgio Moro.

Joaquim Barbosa conseguiu todos os holofotes para si, atingiu o ápice, pelo menos para aqueles que se contentaram com a manipulação midiática, e depois saiu de cena. Fato raro. Maquiavel não gostou.

Moro segue a escola de Barbosa com um olho também em Maquiavel.

Vai tentar prender o máximo de petistas que puder e de quebra, se der, prenderá também Lula, impedindo-o de disputar a presidência em 2018.

Isso poderá representar a derrota do partido e a volta dos tucanos ao poder.

Neste ponto, vale destacar que um grande grupo, inspirado por Maquiavel, trabalha arduamente para sua volta ao poder, não importando os meios para isso.

Tucanos, demos, o STF, o TSE, a PF, o MPF e a grande mídia trabalham sincronizados.

A PF vaza depoimentos para a mídia, que os divulga sem provas. Moro, baseado nas notícias da mídia, prende os citados, se forem do PT. Os do PSDB como Aécio Neves não vêm ao caso.

Não, não há luz no fim do túnel, a menos que uma grande mobilização comece a acontecer agora.

Mas parece que não temos força para isso.

Ainda mais por haver indícios de tenebrosas transações que podem ter colocado na mesma mesa, governo e oposição em torno do pré-sal.

Dá calafrios só de pensar o que pode estar sendo negociado, mas é claro que um eventual na perseguição de Dilma e Lula seria bastante interessante neste momento, não?

Bem ao gosto de Maquiavel. Mais, não falo.



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