sábado, 13 de fevereiro de 2016

O que Bernie Sanders ensina ao Brasil e ao mundo?

Por Fernando Castilho




Bernie Sanders, o candidato Socialista Democrata às prévias norte-americanas, dá uma lição ao Brasil, principalmente em Dilma, Lula, Aécio e aos que batem panelas.


A grande novidade americana é Bernie Sanders.

Socialista Democrata declarado, Sanders disputa com Hillary Clinton a indicação do Partido Democrata nas prévias americanas.

Mas em que contexto surge Sanders?

Quando o muro de Berlim foi derrubado em 1989, o mundo todo comemorou. Afinal o maior símbolo do comunismo havia sido derrubado pelas pessoas que não mais suportavam viver sob aquele regime.

O povo ficou feliz por ter recuperado sua liberdade, mas quem mais ganhou foram as empresas que enfim, ganhavam um novo e enorme mercado para aumentarem seus lucros e, claro, explorarem os novos trabalhadores.

A alegria do povo mais pobre não durou muito. Logo veio o desencanto pois após a euforia inicial, desemprego e miséria inerentes ao capitalismo deram o ar da graça. Mas claro, a mídia ocidental não poderia divulgar isso.

Hoje, quando 1% da população mundial detém 50% de toda a riqueza do planeta, a desigualdade aumenta a níveis insuportáveis.

Mesmo nos Estados Unidos, outrora uma nação conhecida pelo sonho que dera certo, a pobreza e a miséria decorrentes principalmente do desemprego, vem crescendo de forma alarmante.

É neste cenário que surge Bernie Sanders, não um socialista convertido recentemente, mas sim uma pessoa preocupada com a desigualdade social desde que era estudante universitário na Chicago de Milton Friedman, dos anos 60, em plena guerra fria.

O discurso de Sanders atrai multidões porque ele defende principalmente Educação e Saúde gratuitas. Muita gente desesperada chora em seus discursos, tão grave é sua situação.

Além disso, ele propõe limitar os juros de cartão de crédito e as taxas cobradas pelos bancos. Os juros do cartão lá são de 30% ao ano, bem abaixo dos nossos 400%. Mas não pedimos socialismo por aqui, certo?

Outra coisa que Sanders critica é o descaso americano com o meio-ambiente, como se ele não fosse afetado com o que está por vir.

Hillary Clinton pergunta de onde sairá o dinheiro. Sanders não se faz de intimidado e afirma que o governo tem socorrido Wall Street durantes anos em valores da ordem de trilhões de dólares. Então por que não proporcionar Educação e Saúde gratuitos?

Além disso, sabe-se que o orçamento americano com defesa é de longe o maior do mundo, uma vez que os EUA fomentam guerras e revoluções em toda a parte. Muito dinheiro poderia ser retirado daí.

Bernie Sanders dá uma lição ao Brasil, principalmente em Dilma, Lula e até mesmo em Aécio.

Enquanto por lá, uma crise econômica resulta no desejo de mudar as coisas, fazendo guinar o espectro ideológico da direita para a esquerda, no Brasil, Dilma que é de esquerda flertou com o neoliberalismo.

Lula ao tirar milhões de brasileiros da linha de pobreza, preocupou-se em dar poder de consumo, mas negligenciou na formação de consciência política do povo mais pobre. Por isso há tanto pobre de direita que pede inclusive a volta da ditadura.

E Aécio e a direita brasileira, na contra-mão total de Sanders, continuaria a insistir na tese do neoliberalismo como faz o novo presidente Macri da Argentina, que começa a se dar mal por aquelas plagas.

Neoliberalismo que não vem dando certo no mundo todo.

Para a direita internacional, seria benéfica a vitória de Sanders.

Por que?

Bem, Marx afirmou que chegaria um dia em que a acumulação de riqueza e poder na mão de uns poucos burgueses tornaria a situação do proletariado insuportável a ponto de estourar a grande revolução.

Se Hillary, ou pior, se Donald Trump vencer serão 4 anos de barril de pólvora prestes a explodir, não nos enganemos, pois começarão a acontecer conflitos e até mesmo confrontos que terão que ser reprimidos pelo exército.

E uma revolução a partir dos Estados Unidos tem um simbolismo extremamente forte para o resto do mundo.

Por este motivo, para a direita, e eu digo aqui, as grandes corporações, seria estratégico Sanders vencer agora, o que serviria como um amortecedor para se evitar conflitos futuros graves

Ou seja, melhor entregar anéis agora do que os dedos mais tarde.






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