Por Fernando Castilho
Fotomontagem: Blog Sala de TV |
O que se depreende da matéria da Folha é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor
Na manhã de quarta-feira, 23, a Folha de São Paulo publicou matéria em que relatou que os advogados do presidente Bolsonaro reformularam um evento grandioso de pré-candidatura, marcado para o próximo domingo, 27. Tudo estava sendo preparado e divulgado através de mensagens, sites e redes sociais.
Como a legislação eleitoral não permite eventos de lançamento de pré-candidaturas abertos ao público antes de 16 de agosto, o encontro foi alterado para uma grande campanha de filiação ao PL, partido do presidente.
A Folha não diz o porquê dos advogados da campanha de Bolsonaro irem, apressados, até ela para prestar contas dessa mudança.
O que se depreende é que o próprio jornal deve ter alertado a campanha sobre o crime eleitoral que estava prestes a acontecer no dia 27, mas esconde isso do leitor.
Quando a Folha procura a campanha do capitão e diz, olha, vocês estão prestes a incorrer em crime eleitoral, está, na verdade, favorecendo um criminoso em potencial e não colocando todas as outras campanhas em condições de igualdade.
Em sua defesa a Folha poderia alegar que é seu dever alertar todo e qualquer candidato sobre possíveis extrapolações dos limites da legislação eleitoral, mas duvido que faria o mesmo com a campanha de Lula.
O evento, ao que tudo indica pela matéria, foi ideia do filho 01, senador Flávio Bolsonaro que, pelo cargo que ocupa, deveria estar a par das leis. Além disso, os advogados da campanha deveriam ter conhecimento do desrespeito à essas mesmas leis.
O fato é que temos notado de uns 2 meses para cá, por parte da grande imprensa em geral, uma mudança de postura em relação à candidatura de Jair Bolsonaro. Antes, estava atenta a qualquer movimentação inadequada dele, mas agora, quase tudo que se configura em possível irregularidade ou manifestação fora da ética, passa desapercebido. Estão passando pano.
Isso ficou bem claro com a repercussão do áudio vazado do ministro da educação, Milton Ribeiro, publicado pela própria Folha. O fato de que o ministro tenha citado o presidente como a autoridade que pediu para que as verbas fossem direcionadas aos pastores, apesar de gravíssimo, não incomodou muito a imprensa. Tanto é que provavelmente o ministro poderá até cair, mas Bolsonaro será totalmente poupado.
Percebam que o destemor sobre uma possível punição é tanto que o capitão em sua live de quinta-feira última até chegou a afirmar que põe a cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro.
Sobre a legislação eleitoral que não permite campanha antecipada, constatamos que o capitão, quase todos os dias, tem viajado para inaugurar obras em vários estados que muitas vezes sequer saíram do papel ainda. Ele vai, inaugura a pedra fundamental de uma escola, e aproveita para aglomerar pessoas em seu entorno, fazendo campanha eleitoral com dinheiro público e dando um drible no TSE.
A máquina pública tem sido muito usada para tentar reverter sua situação desfavorável em relação a Lula que está em primeiro lugar nas pesquisas. E já há resultados.
Tanto se fala em possibilidade de fraudes nas eleições e o que vemos é nossa grande imprensa começando a fraudar meses antes do pleito.
Isso está acontecendo porque a candidatura de Sergio Moro, o preferido pela grande mídia que sonhava com uma terceira via, não decola.
A mídia, que está concentrada nas mãos de algumas poucas famílias que encaram seus veículos apenas como negócios empresariais, vem faturando alto com Bolsonaro, até porque ele é fonte diária de notícias polêmicas.
Além disso, os patrocinadores dos telejornais fazem pressão para que reduzam as notícias negativas contra o capitão.
Mais pra frente, partirão para o ataque contra Lula.
Quem viver verá.
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