quinta-feira, 10 de março de 2016

Como um homem de bem conseguiu sobreviver à era Lula-Dilma

Por Fernando Castilho





Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado!


Para que ninguém que eu conheça se sinta atingido pelo nome, o personagem em questão se chamará Jurecélio.

Todo o resto poderá atingir em cheio um monte de candidatos possíveis a Jurecélio.

Ele ingressou cedo no Bradesco.

Inspirado em seu fundador, Juracélio pretendia seguir o exemplo de meritocracia dado por Amador Aguiar que, de simples contínuo, chegou a ser banqueiro.

Jerecélio não sabia, em seus 16 anos de, que Aguiar havia aplicado um desfalque no banco em que trabalhara e, com o dinheiro, fundado seu próprio banco.

Decidi não destruir seus sonhos.

Quando eclodiu em 1985 a maior greve dos bancários, Jerucélio furou todas e se apresentou orgulhoso ao trabalho, certo de que vestindo a camisa, sua almejada promoção seria alcançada.

Não deu.

Jarecélio furou não só essa, mas todas as greves, pois isso era coisa de comunista vagabundo. Vão trabalhar que seu suor será recompensado, bradava.

Mas Jaracélio não recusou os aumentos de salário conquistados pelos grevistas.

Pelo contrário, sua vida com isso melhorou e logo ele pode comprar seu primeiro carrinho.

Veio a campanha de Collor e Juricélio foi um dos primeiros a se definir a favor do moço bonito, caçador de marajás que, claro, era infinitamente superior àquele sapo barbudo de meia furada e analfabeto chamado Lula.

Jucerélio tinha uma graninha depositada na caderneta de poupança do próprio banco. Perdeu. Sua economia fora confiscada por Collor, porém ele nunca admitiu que a diretoria do banco já havia sido avisada antes da medida e sacou tudo que tinha. Ele amava o patrão.

O tempo passou e veio Fernando Henrique.

Jecerélio se sentiu em sua zona de conforto, afinal o ''príncipe'' estava seguindo o conselho do capital e, numa fúria louca, vinha privatizando tudo quanto era estatal.

Os bancos alegaram dificuldade financeira.

Ôpa! Para Jecerílio isso era mortal. Se o patrão estava em dificuldades, teria que ser auxiliado pois disso dependia seu emprego.

Jacecélio respirou aliviado e soltou até fogos para comemorar o socorro que FHC deu aos bancos com recursos do BNDES.

Veio a era Lula, o que Jucecélio mais temia.

O Brasil iria para o fundo do poço guiado por um analfabeto e, como ele, nordestino. Tudo o que conquistara seria perdido. Esse governo não podia dar certo.

E não deu. Pelo menos para ele.

Embora nesse período a vida de Jaricélio melhorasse bastante, afinal ele conseguira comprar sua casinha e o segundo carro financiado, nunca admitiu que seriam as políticas de governo acertadas que lhe propiciaram essas conquistas. Tudo fora fruto unicamente de seu esforço, enfim recompensado.

Dilma foi eleita e Jurecélio enfim foi promovido a gerente de agência.

Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado!

Jucerélio se aposentou como gerente.

Não conseguiu, apesar de seu esforço, nada além disso. Não conseguiu ser banqueiro.

Recebeu, à saída, um cartão de agradecimento impresso com assinatura também impressa de um diretor de RH do banco, que nunca vira. Mas tava bom. Fora reconhecido. Bastava.

Sentiu-se realizado.

Com muito esforço, segundo ele, acaba de formar um filho pelo PROUNI e tem a mais velha no Ciências sem Fronteiras. Muito orgulhoso.

Enfim, Jurecélio, agora sem ter muito o que fazer na vida, resolveu fazer política.

Passou a comparecer à todas as manifestações a favor do impeachment de Dilma e da volta da ditadura militar. Ele acha que o melhor período do Brasil foi sob a ditadura, embora ainda fosse uma criança quando se deu o golpe.

E em 13 de março estará na Paulista, vestindo uma camisa da seleção brasileira novinha em folha e exigindo a prisão do odiado sapo barbudo.

Boa sorte, Jurecélio.


sábado, 5 de março de 2016

Prisão de Lula. Será que vão pagar pra ver?

Por Fernando Castilho



Charge: Aroeira


Perdemos um tempo imenso na elaboração de uma boa Constituição a servir de guia para nossos atos, mas agora ela já não serve mais para nada. Não temos mais Constituição. Somos um país sem lei. E com a ética dos bandidos. De toga ou sem.


Amigos, é bastante difícil neste momento usar a razão para escrever este texto. É tanta sordidez, que à todo instante o fígado e o coração insistem em ser protagonistas.

Portanto, a charge que fala por si só, do Renato Aroeira, com um humor extremamente refinado, serve não só para ilustrar o texto, como também como um unguento.

Não é preciso descrever todos os detalhes do que fizeram com Lula. Tudo já foi publicado na grande mídia e nos blogs, ditos sujos.

O quadro é extremamente grave.

A condução coercitiva foi uma provocação do juiz Moro e tenho certeza que a mando da Rede Globo.

A mando mesmo, inclusive com possível ligação de seu presidente Roberto Irineu Marinho, com direito a um ''não perca tempo! Faça já!'' E não foi só porque Moro recebeu prêmio da Rede Globo, mas sim porque ele é lacaio da mídia e da oposição.

Lula mexera com uma abelha ao mencionar o tríplex dos Marinho e esta lhe deu uma ferroada vingativa.

A ferroada atingiu a parte posterior da jararaca mas a boca continua bem ativa. E como.

O ex-presidente é um animal político ferido. Virou fera. E usou seu urro justamente para inflamar a militância e uni-la ao seu lado.

Mas se a abelha não matou Lula, causou-lhe uma inflamação bastante dolorida.

A operação toda foi por demais espalhafatosa e repercutiu na mídia estrangeira onde foi recebida com espanto. Lula não é um ex-presidente mequetrefe, mas sim uma celebridade fora do país, tendo o reconhecimento de grandes chefes de estado.

Aécio Neves, o homem por trás do helicóptero com 450 quilos de pasta de coca, do aeroporto construído em terras do tio-avô e das 3 delações que impunemente já sofreu, apressou-se em afirmar que Lula é um caso de polícia. O chato dá dor de estômago.

Mas o que mais contribui para o surgimento de uma gastrite é ver uma multidão de pessoas que não são ricas, não fazem parte da chamada elite, que tiveram suas vidas melhoradas durante o governo de Lula, xingarem-no e exigirem aos berros sua prisão.

A mídia há muito tempo se tornou niilista. Não tardou para que toda uma turba também niilista fosse formada. Pior, na medida em que renegam a Democracia, tornam-se fascistas. Uma ralé, nas palavras de Hanna Arendt, como a que deu suporte a Hitler.

O STF, que deveria ser o guardião da Constituição, agora volta-lhe as costas e criminosamente a trai.

A alcunha com que a Nação sempre foi conhecida e, que pelo menos nos governos Lula e Dilma foi esquecida, volta agora com força total. Somos mesmo uma República das Bananas.

Perdemos um tempo imenso na elaboração de uma boa Constituição a servir de guia para nossos atos, mas agora ela já não serve mais para nada. Não temos mais Constituição. Somos um país sem lei. E com a ética dos bandidos. De toga ou sem.

Mas é preciso que uma luz comece a iluminar os passos desses moleques que agora se arvoram no direito de governar de fato o país.

Se Dilma fosse presa sem provas, teríamos certamente resistência, mas não tenho certeza de sua real eficácia.

Mas se Lula for preso, sem o devido processo, sem o devido julgamento, sem as necessárias provas, haverá um banho de sangue no país. Não estou exagerando, mas se alguém achar que estou, é bom começar a se alfinetar para verificar se está vivo.

Em 1954 o povo, em grande número de pessoas, saiu às ruas para manifestar sua revolta, mas só depois que Getúlio Vargas se suicidou. O fato estava consumado, nada mais haveria que se fazer.

Mas Lula não se suicidará. E ao contrário daqueles tempos, o Partido dos Trabalhadores, os sindicatos, os movimento sociais, a CUT, a FUP. o MST, todos já estão entrando em prontidão.

Se agora há uma crise econômica no país, que aos poucos vem se arrefecendo, se agora há uma crise política profunda, eleve-se essas crises exponencialmente e não saberemos o que acontecerá à Nação.

Moro, Globo, oposição e fascistas sentirão na pele a inconsequência de seus atos.

Gente com capacidade intelectiva menor poderá confundir com ameaça.

Mas será apenas a consequência natural dos fatos.

Com licença, vou tomar agora um remédio para o estômago.


sexta-feira, 4 de março de 2016

Adeus, senhora Democracia

Por José Luiz Teixeira




Adeus, senhora Democracia! Nesses 30 e poucos anos em que convivemos juntos, você não foi lá essas coisas, pois a sua mãe, a dona Abertura, sempre foi lenta, gradual e segura. Foi ela que a deixou assim, meio claudicante.


Meu amigo, José Luiz Teixeira, escreveu um texto muito conciso e que considero perfeito para descrever o atual momento em que Lula foi conduzido coercitivamente a depor.


Adeus, senhora Democracia! Nesses 30 e poucos anos em que convivemos juntos, você não foi lá essas coisas, pois a sua mãe, a dona Abertura, sempre foi lenta, gradual e segura. Foi ela que a deixou assim, meio claudicante. 

Mas sempre te vi como uma boa companhia. Por alguns momentos, graças a você, o povo pode falar, votar e escolher gente como a gente. 

Os miseráveis deixaram de sentir fome, a classe média viveu seus dias de princesa e a burguesia emburguesou mais ainda.

Mas a sua presença, cada vez mais constante no dia a dia dos cidadãos da classe econômica, começou a incomodar demais aquela turma da classe executiva, já obrigada a dividir aeroportos e até barrinhas de cereais. 

Sua filha mais velha, a Urna, sempre contrariava a vontade dos que tinham coisas mais importantes para fazer do que ficar estabelecendo cotas, criando bolsas, gerando empregos e oportunidades em plena crise mundial. Em 2014, ela foi caprichosa. 

Debochada. Aqueles 3% de diferença foi demais pra eles! E o Golpe, de tanto ser cutucado pelos inconformados, despertou do seu sono profundo. Dormiu de farda e acordou de toga.

Veio com uma fome que nem me contem. E uma sede de anteontem. Quem é da minha época e o conhece bem, deve pedir aos mais jovens para não ceder aos seus encantos nos momentos iniciais. 

Irá torturá-los lá na frente. Basta lembrar que até hoje só dá erva daninha no chão que ele pisou. 

terça-feira, 1 de março de 2016

Estará a Lava-Jato sendo conduzida por traquinas?

Por Fernando Castilho


Rafael Sanzio: Anjos



São impetuosos. São também afoitos a meter os pés pelas mãos com o objetivo de conseguir um troféu que pode alavancar carreiras de sucesso. E sendo afoitos, são também inconsequentes. Não sabem do perigo do formigueiro.


Como naquele dia em que José Dirceu prestou depoimento a um despreparado juiz Moro e a um procurador da Lava Jato que demonstrava muito nervosismo em sua fala típica de pessoa jovem, certos fatos que estão ocorrendo em torno de um possível depoimento de Luís Inácio Lula da Silva chamam a atenção.

Primeiro foi quando a imprensa divulgou que Lula seria intimado a depor. Na ocasião, rapidamente Moro desmentiu a notícia afirmando que o ex-presidente não era investigado na operação.

Mais tarde, Moro, depois de duas semanas de especulações por parte da grande imprensa, autorizou a Polícia Federal a instaurar um inquérito para apurar se empresas investigadas na Operação Lava-Jato pagaram por obras no sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia.

Moro oficializou o vazamento seletivo ao publicar o despacho. Pouco tempo depois, o juiz divulgou um novo despacho, desta vez para dizer que o conteúdo fora “lançado automática e inadvertidamente” no site do TRF por um equívoco do Poder Judiciário, do qual ele, como juiz, é importante protagonista. Foi ''sem querer, querendo''.

Ao tornar público e a imprensa ter noticiado, prejudicou o sigilo e, portanto, não fez mais sentido mantê-lo. Com isso, Moro deu aval ao vazamento.

Por último, os promotores de Justiça Cassio Conserino e Fernando Henrique de Moraes Araújo, do Ministério Público do Estado de São Paulo, que suspeitam que o ex-presidente é o verdadeiro proprietário do tríplex do Guarujá, publicaram uma intimação à Lula para comparecer coercitivamente, isto é, à força se preciso fosse, para prestar depoimento no dia 3 de março.

Conserino é aquele que ''garantiu'' à revista Veja que conseguiria prender Lula.

A defesa de Lula e de sua esposa, Marisa Letícia, afirmou que o casal não comparecerá ao depoimento. A alegação é que o promotor infringiu normas do MP sobre a distribuição de processos e, por isso, não seria o promotor natural do caso. Prestarão então esclarecimentos apenas por escrito. Além disso, Lula protocolou um pedido de habeas-corpus para evitar a condução coercitiva.

O que Consentino queria era tão somente à exploração midiática do caso, um circo armado com fotógrafos e cinegrafistas mostrando o grande líder das massas, enfim de cabeça baixa, ladeado pelo japonês bonzinho da federal.

As fotos seriam então divulgadas ao mundo todo, com Consentino e Moro exibindo seu tão almejado troféu de caça.

Mas Consentino voltou atrás.

Não sei se após o discurso destemido de Lula na festa dos 36 anos do PT. Não sei.

O procurador alega que houve um equívoco na publicação. Como o ''sem querer, querendo'' de Moro.

Pode haver várias leituras para o que está acontecendo.

A mais simplória é que, como já ficou demonstrado, procuradores e juiz talvez ainda sejam jovens, portanto, impetuosos (o procurador da República, Deltan Dallagnol, por exemplo, tem apenas 34 anos). Sendo impetuosos, são também afoitos em meter os pés pelas mãos com o objetivo de conseguir seu troféu, que pode alavancar carreiras de sucesso. E sendo afoitos, são também inconsequentes, motivo pelo qual, podem estar, a cada ato impensado, estar sendo chamados à razão por alguém com muito mais experiência, talvez de dentro do STF...Afinal, mexer com o formigueiro requer precaução.

A outra leitura, mais complexa, envolve toda uma gama de atores, oposição, Judiciário, Polícia Federal e mídia num conluio bem orquestrado para, se não prender Lula, ao menos destruir sua reputação até 2018.

Então, podemos já ter claro que até 2018 as investidas e recuos poderão ser vários, afinal temos traquinas na Lava-Jato.

E a Constituição Federal, ora, esta restará esquecida em alguma gaveta, desnecessária e inconveniente que é. Junto com alguns chicletes mascados.

Vamos nos acostumando, pois.



domingo, 28 de fevereiro de 2016

Carta aos que ainda têm decência

Por Fernando Castilho







Você, que acha que já pode se considerar elite do país, saiba que nunca será convidado a passar um final de semana no tríplex dos irmãos Marinho, donos da Rede Globo, em Paraty. A Casa Grande não é seu lugar.
Então, tenha a decência de não ser um servo voluntário dos senhores.

Vivemos momentos muito difíceis.


Acabo de assistir ao documentário documentário realizado pelo DCM sobre a famosa lista de Furnas.

Está tudo lá, desde a própria lista que teve sua autenticidade comprovada, onde constam os nomes de Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin e outros, como beneficiários de um grande esquema de propinas destinadas às suas campanhas políticas, até as delações de operadores do esquema, inclusive em juízo ao Dr. Moro.

Nada foi investigado e todos estão soltos.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha continua firme no cargo, apesar dos milhões em contas secretas na Suíça. Não causa indignação nos batedores de panelas.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi denunciado pela sua ex-amante, Mírian Dutra, como tendo cometido o crime de envio de recursos ao exterior através de empresa para beneficiá-la com alto salário sem que precisasse trabalhar para isso. Além disso, FHC teria ajudado a Globo com recursos do BNDES para que ela mantivesse Mírian com contrato durante 25 anos, também sem trabalhar.

Em São Paulo foi desmascarado um esquema de desvio de merendas escolares e ainda ninguém foi preso.

O senador José Serra envia um projeto em regime de urgência ao Senado, propondo que 30% das operações no pré-sal sejam repassados à empresas estrangeiras, num momento em que o barril de petróleo está sendo mantido artificialmente em preços extremamente baixos até que o projeto seja aprovado. Um claríssimo crime de lesa-pátria que não causa indignação nos patriotas de camisa verda-amarela.

Mas em contra-partida leio que na próxima semana é mais que provável que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e toda sua família (acho que só escapam o cachorro e o papagaio) tenham seus sigilos bancários, fiscais e telefônicos quebrados.

A justificativa será fraca. A Justiça quer saber se Lula é dono do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia..

Para verificar isso bastaria uma simples consulta ao cartório.

Mas o que se pretende com isso é tão somente tentar destruir a reputação do ex-presidente pois ele virá forte em 2018.

Porém, é preciso lembrar que sobre ele, ao contrário dos citados acima, não existe, ao menos ainda nenhuma acusação de crime.

Acho ótimo que os sigilos sejam quebrados.

Afinal, se Lula deve, tem que pagar e se não deve, será passado um atestado de idoneidade a ele.

Mas há uma parcela significativa da população brasileira que já julgou Lula e quer vê-lo preso de qualquer jeito, mesmo sem prova alguma de crimes.

Sobre a elite nem é preciso falar pois esta quer voltar ao protagonismo que sempre teve desde o ano de 1500. Quer viajar a Paris sem encontrar a filha do porteiro do prédio no avião.

Mas é a você que me dirijo, a você que integra a classe média. Ah, a classe média...

É a você, que acha que porque já conseguiu (às vezes nem conseguiu ainda) uma casa, dois carros, filhos em escola particular, pode se considerar elite do país.

Coitado, faz o jogo dos poderosos mas não passará desse patamar. É muito difícil.

Nunca vai se sentar à uma mesa num banquete de Paulo Lemann, com fortuna estimada em 83 bilhões de reais.

Nunca vai ser convidado a viajar à Flórida com Sílvio Santos em suas viagens de férias.

Nunca será convidado a passar um final de semana no tríplex dos irmãos Marinho, donos da Rede Globo, em Paraty.

Entenda que você não faz nem fará parte da Casa Grande. Não é seu lugar.

A ética que faltou aos bandidos que roubaram os cofres da Petrobras e de Furnas é a mesma que falta agora a você que fica do lado deles, que não são investigados nem punidos. Neste sentido, você é cúmplice.

Porque é justamente você que deveria ter a decência de reconhecer que nas investigações da Lava Jato há uma intenção, não de punir corruptos e acabar com a corrupção, mas sim a de prender, mesmo sem provas, aqueles que são empecilhos à volta ao poder de quem sempre mandou no país e sempre quis manter a desigualdade, mazela maior do Brasil e que prejudica a todos. A elite da qual você não faz parte.

A decência é prima-irmã da ética e deve fazer parte de nosso caráter.

E esse valor, se você não passar a seu filho, poderá estar criando mais um corrupto que no futuro seja operador de algum esquema ilícito danoso ao país.

Portanto, tenha a decência de exigir que se investiguem todos aqueles que tenham indícios de crimes cometidos.

Que se garanta o direito de defesa previsto na Constituição, e se houver comprovação de crime, que se puna, doa a quem doer.

E que não reste pedra sobre pedra.




quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Maquiavel, FHC e o pré-sal

Por Fernando Castilho





Maquiavel dizia que, uma vez no poder o governante tem a obrigação de se manter nele a todo custo, não importa o que tenha que fazer para isso.

Será que é exatamente isto que estamos assistindo neste momento?



O poder. Ah, o poder.

Por que as pessoas querem o poder? Disputam tanto o poder?

Para ter mais poder.

Não se contentam em ser vereadores. Querem ser prefeitos. Depois deputados, senadores, presidentes.

Se formados em Direito, querem ser juízes em Curitiba e mais tarde, quem sabe, ministros do Supremo.

Maquiavel dizia que, uma vez no poder o governante tem a obrigação de se manter nele a todo custo, não importa o que tenha que fazer para isso.

Não nos iludamos, todos aqueles que lutam pelo poder só estão interessados em aumentá-lo.

Há diferenças? Sim.

Há os que buscam melhoria da vida das pessoas para consequentemente terem votos e aumentar o seu poder. É o caso de Lula e Dilma, principalmente.

Na outra mão, há os que querem o poder e, uma vez investidos dele, farão alguma coisa pelo povo para tentarem se perpetuar ou galgar postos mais altos. Caso de FHC, Aécio, Serra, etc..

Mas vale uma reflexão. Uma vez alcançado o poder máximo, o de presidente, o que fazer após o término do mandato?

Ficou claro na entrevista da jornalista Mírian Dutra, mãe do filho não reconhecido de Fernando Henrique Cardoso, que tudo o que ele queria a qualquer custo naqueles anos em que conviveram, era a presidência da República e que faria qualquer coisa para atingir seu objetivo.

Ao ser comunicado que seria pai de um filho fora do casamento, FHC, que se candidataria à reeleição, temeroso de que seus planos ruiriam devido ao escândalo, exigiu que Mírian abortasse pela 3ª vez, com o que ela não consentiu.

FHC então conseguiu que a Rede Globo a mantivesse congelada na Europa, longe dos olhos da população, com um bom salário mas sem precisar trabalhar.

Além disso, enviava dinheiro através de uma empresa, numa operação irregular pois ainda se encontrava na presidência.

Até este ponto, FHC cumpre à risca o recomendado por Maquiavel, do qual certamente é leitor.

Mas a reflexão agora é: o que pretende um homem aos 84 anos de vida, após ter alcançado sua maior ambição?

Não seria natural, restando-lhe alguns anos pela frente, reconhecer seus erros e aguardar o longo desenrolar de um processo, já que nada levará para o túmulo? Uma espécie de confissão de seus pecados antes de chegar sua hora?

Ou ele se considera imortal só por fazer parte da Academia?

Não, ainda há um derradeiro poder a ser, não conquistado, mas mantido: o de homem de reputação ilibada, coisa em que ainda muita gente acredita por falta de informação. E que a mídia trata de preservar.

Outro seguidor de Maquiavel, tão ou mais ferrenho que FHC é José Serra.

Só assim poderíamos explicar sua obstinação em se eleger prefeito de São Paulo, ficar somente dois anos e depois se candidatar ao governo do Estado.

Só assim entenderemos sua disputa com faca nos dentes, mesmo dentro de seu partido, para se eleger presidente, mesmo que tenha antes da disputa, que ficar 4 anos no Senado.

Mas Serra, mesmo no Senado não perdeu a oportunidade de ganhar mais poder, fama e talvez muito dinheiro ao apresentar um odioso projeto que retira da Petrobras a exclusividade na exploração do pré-sal, a maior riqueza do Brasil.

Se o projeto for aprovado, o que infelizmente parece que será, empresas como a Shell, Chevron e British Petroleum, integrantes das chamadas Sete Irmãs, poderão retirar suas fatias do nosso petróleo. Um crime.

A alegação é de uma simploriedade incrível: nós não temos condições de exploração devido à corrupção da Petrobras que debilitou a companhia. Ponto.

Uma enorme falácia, como bem demonstrou o senador Roberto Requião, na tribuna do Senado.

Todas as Sete irmãs estão igualmente debilitadas porque o momento mundial é desfavorável.

O preço do barril vem sendo mantido artificialmente em 30 dólares pelos americanos justamente para que eles possam comprar o pré-sal em baixa em baixa.

Mas é uma situação que não pode ser mantida por muito tempo, daí o açodamento com que o projeto vem sendo imposto.

Como a Petrobras realizou enormes investimentos justamente para poder explorar o pré-sal, se a entrega aos estrangeiros se concretizar, o baque será profundo e talvez percamos a companhia que atravessou por décadas lutas históricas.

E a mídia é cúmplice porque não toca no assunto. Quase ninguém está sabendo.

Serra também não é novo. Tem 73 anos.

Pergunto: o que move um homem de 73 anos a entregar um patrimônio brasileiro aos americanos?

O que ele levará para o túmulo? Reconhecimento?

Será reconhecido como estadista?

O terceiro personagem é o juiz Sérgio Moro.

Joaquim Barbosa conseguiu todos os holofotes para si, atingiu o ápice, pelo menos para aqueles que se contentaram com a manipulação midiática, e depois saiu de cena. Fato raro. Maquiavel não gostou.

Moro segue a escola de Barbosa com um olho também em Maquiavel.

Vai tentar prender o máximo de petistas que puder e de quebra, se der, prenderá também Lula, impedindo-o de disputar a presidência em 2018.

Isso poderá representar a derrota do partido e a volta dos tucanos ao poder.

Neste ponto, vale destacar que um grande grupo, inspirado por Maquiavel, trabalha arduamente para sua volta ao poder, não importando os meios para isso.

Tucanos, demos, o STF, o TSE, a PF, o MPF e a grande mídia trabalham sincronizados.

A PF vaza depoimentos para a mídia, que os divulga sem provas. Moro, baseado nas notícias da mídia, prende os citados, se forem do PT. Os do PSDB como Aécio Neves não vêm ao caso.

Não, não há luz no fim do túnel, a menos que uma grande mobilização comece a acontecer agora.

Mas parece que não temos força para isso.

Ainda mais por haver indícios de tenebrosas transações que podem ter colocado na mesma mesa, governo e oposição em torno do pré-sal.

Dá calafrios só de pensar o que pode estar sendo negociado, mas é claro que um eventual na perseguição de Dilma e Lula seria bastante interessante neste momento, não?

Bem ao gosto de Maquiavel. Mais, não falo.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

FHC, Mírian e os crimes ocultos

Por Fernando Castilho





Sem resvalar na vala comum de comentar o aspecto pessoal, a análise aqui pretende elencar os aspectos não éticos e mesmo criminosos que emergem do relato da jornalista Mírian Dutra e que precisam ser investigados, se é que se pretende realmente combater a corrupção no país. Mas, se o que se pretende é somente fazer política, talvez seja melhor dizer que não vem ao caso.

A matéria do DCM, EXCLUSIVO: MÍRIAN DUTRA DIZ QUE GLOBO FOI BENEFICIADA COM DINHEIRO DO BNDES AO ‘EXILÁ-LA’, de autoria de Joaquim Carvalho, dá uma lição de jornalismo investigativo à grande mídia, principalmente ao jornal Folha de São Paulo que foi quem publicou a entrevista com Mírian Dutra.

Pincei alguns tópicos que considero muito importantes e os analiso tomando o cuidado de não resvalar para a vala comum do aspecto pessoal da vida dos atores envolvidos.

1) “O Fernando Henrique me ligou várias vezes e me pediu que recebesse a revista Veja em Florianópolis, onde eu estava para ganhar o bebê, e dissesse que o filho era de outra pessoa. Era uma coisa meio esquisita. Quem eu era para aparecer na Veja?”

A ideia de publicar a nota na Veja em que Mírian diz que o pai de seu filho era um biólogo, tinha partido de Mario Sergio Conti, que tinha assumido pouco tempo antes a direção de redação da revista.

Foi uma armação do Fernando Henrique com o Mario Sergio”.

Veja já não goza de nenhuma credibilidade como órgão de imprensa séria no Brasil. Até duvido que a direita realmente confie cegamente no que a revista ''noticia''.

Prefiro crer que a fidelidade de seu público se deva apenas a uma necessidade de masturbação mental à que ele se entrega semanalmente.

Mas é claro que, se ainda não tinha atingido o limite perigoso do mau-caratismo, agora ela ultrapassou.

2) “Ouvi dele (FHC) muitas vezes que seria presidente, porque os políticos no Brasil não sabiam de nada, eram mequetrefes.''

Faz parte da personalidade do ex-presidente. Pela sua formação como sociólogo, ele acreditava e ainda acredita ter mais conhecimento dos problemas do Brasil do que os simples mortais. O ex-presidente sempre foi vaidoso e sempre demonstrou menosprezo para com os simples mortais. A lista é grande, desde os aposentados a quem ele chamou de vagabundos aos nordestinos a quem ele qualificou de bovinos.

3) Mirian chama sua saída do Brasil de um auto exílio, e diz que o diretor de jornalismo da Globo à época, Alberico de Souza Cruz, padrinho do seu filho Tomás, o ajudou muito nessa saída.

Eu gosto muito do Alberico, e ele dizia que me ajudou porque me respeitava profissionalmente. Éramos amigos, conhecíamos segredos um do outro, mas eu fiquei surpresa quando, mais tarde, no governo de Fernando Henrique, ele ganhou a concessão de uma TV em Minas. Será que foi retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique por me ajudar a sair do Brasil?”

Essa nefasta barganha política, o poder de distribuir benesses com recursos do Estado em retribuição a favores, chama-se tráfico de influência, e se for comprovada, trata-se de crime.

4) “Por que a imprensa não vai atrás dessas informações? A minha irmã, funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela em Troncoso vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Era a ‘cunhadinha do Brasil’”.

A irmã é Margrit, Dutra Schmidt, viúva do lobista Fernando Moura, proprietário da Polimídia, que conseguiu o contrato para Mirian com a Eurotrade Ltd., com sede nas Ilhas Cayman, offshore da Brasif. Margrit é assessora do senador José Serra, recebe 9 mil reais por mês para, segundo o senador, desenvolver um projeto sigiloso.

Se for comprovado que Margrit recebe do Senado sem trabalhar, Serra está incorrendo em crime.

5) “Me manter longe do Brasil era um grande negócio para a Globo”, diz. “Minha imagem na TV era propaganda subliminar contra Fernando Henrique e isso prejudicaria o projeto da reeleição.”

O jornalista pergunta: Mas o que a empresa ganhou com isso?

BNDES”.
Como assim?

Financiamentos a juro baixo, e não foram poucos”.

Ora, ora, ora, vejam só!
O que todo mundo já tinha como praticamente certo, agora vem da boca de Mirian.
Usar o BNDES para ajudar a Rede Globo que detém a TV Globo, uma concessão do Estado, e ainda mais com juros baixos também se constitui em crime.

6) ''Agora eu tenho que ler até o artigo de uma jornalista que me conhece e sabe bem dessa história, a Eliane Cantanhede, que me compara ao caso da Luriam, Míriam Cordeiro. Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos. Absurdo.”

Eliane Cantanhede que afirma gostar do cheirinho dos tucanos conhece bem a história de Mirian, mas em sua coluna no Estadão sugere que o PT está por trás das denúncias, numa tentativa de vitimizar FHC e por tabela, bater um pouco mais em Lula.

Se já gozava de pouca credibilidade, Cantanhede agora pode ser classificada como no mínimo hipócrita.


7) “Sobre o Luís Eduardo (Guimarães, deputado morto em 1988), tem uma coisa interessante: eu era amiga dele antes do Fernando Henrique e fui eu que aproximei os dois.”

No almoço, Luís Eduardo levou o pai, o senador Antônio Carlos Magalhães, que ela também conhecia, e ouviu deles, mas principalmente de ACM, que não era hora de voltar, que Fernando Henrique disputaria a reeleição e ela deveria ter paciência.

Foi quando entendi que eu deveria viver numa espécie clandestinidade. Se eu voltasse, não seria bem recebida e as portas se fechariam para mim”.

Uma das coisas que depõem contra Mirian é sua amizade com Antonio Carlos Magalhães, o Toninho Malvadeza, como era conhecido. Outro de seus amigos é Jorge Bornhausen, uma espécie de genérico de Toninho.

Más companhias, minha filha, não lhe ajudam em nada, como já está provado.

8) No almoço com Luís Eduardo Magalhães, havia uma quarta pessoa, cujo nome prefere não revelar no momento. Era representante da TV Globo.

Tudo se encaixa. Foi nesse almoço que se acertou que a Globo bancaria Mirian na Europa, mesmo sem precisar trabalhar.

As considerações finais.

1) Mirian Dutra parece que nunca escolheu bem suas amizades. A lista é grande: Alberico de Souza Cruz Antonio Carlos Magalhães e seu filho, Jorge Bornhausen, Eliane Cantanhede e o próprio FHC. Ligar-se a pessoas sem ética ou caráter não ajuda muito se quisermos ter uma compreensão de sua atitude neste momento.

2) Embora Mírian alegue que o fim de seu contrato com a Globo lhe deixou livre para falar o que precisava, também se pode especular que enquanto ela recebia ótimo salário para viver na Europa sem trabalhar por muitos anos, tudo foi muito cômodo, conveniente.
Ela também não se importou quando seu cunhado ''ajeitou'' uma forma de conseguir um contrato fictício com a Eurotrade Ltd. (Brasif).

De certa maneira, a velha troca de favores com o poder lhe favoreceu. Pode-se considerar que seu comportamento não foi dos mais éticos.

Além do apartamento comprado na Espanha, seu filho estudou em ótima Universidade e ainda ganhou de presente de seu pai um apartamento de 200 mil euros, cerca de 900 mil reais. Agora a fonte secou.

3) FHC teria que ser investigado pela Polícia Federal por tráfico de influência, envio de recursos ao exterior através de empresa (isso, enquanto presidente) e manutenção de contas em bancos estrangeiros. É preciso verificar se a doação de 200 mil euros em dinheiro vivo está declarada ao fisco.

Além disso, é preciso que se saiba se foi FHC quem negociou junto à Veja a mentira publicada. A troco de que? BNDES também?

4) José Serra também precisa ser investigado por manter funcionária do Senado que não comparece ao trabalho nem marca ponto.

5) A Rede Globo, pertencente aos irmãos Marinho, proprietários de um tríplex construído em Paraty, em área de preservação ambiental, denunciado pelos blogs, também tem que responder por manter uma funcionária fora do país sem que precisasse trabalhar.


Como se vê, este caso parece furo em canoa: por mais que se tire com balde, não para de entrar mais água.

A Folha parece que já parou de falar sobre o assunto.

Talvez motivada pelo bom e velho tráfico de influência que não cessa de existir no país.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Ria à vontade, D. Ruth! Ria com gosto!

Por Fernando Castilho





No início tudo pareceu mais uma das imoralidades cometidas por aquele que se julga o príncipe e que se acha no direito de posar como paladino da ética no país. Mas isso foi apenas uma linha daquelas que aparecem soltas numa blusa, e que ao puxarmos parece que não tem fim. Agora aparecem indícios gravíssimos de irregularidades que precisam ser apuradas.

Enfim apareceu um ''tríplex'' para Fernando Henrique Cardoso. E que tríplex!

Vinha evitando comentar sobre o assunto por duas razões.

Primeiro, que assuntos sobre escapadelas conjugais são da alçada de revistas de fofocas, mesmo que se trate de um ex-presidente. Revelam apenas a falsa moralidade daqueles que veem falta de ética somente nos outros.

Segundo, que enquanto eram apenas ilações sem comprovação, não devíamos pré-julgar como a mídia e muita gente vêm fazendo com Lula, só pra citar o exemplo do momento.

Mas agora há um fato novo e objetivo que nos faz parar um pouco para pensar e avaliar o que diz a jornalista Miriam Dutra Schmidt, ex- namorada de FHC.

Os fatos públicos e notórios são os seguintes:

1 – FHC manteve antes de ser presidente, uma relação extra-conjugal que durou 6 anos com Miriam. A jornalista trabalhava para a Rede Globo.

2 – Miriam teve um filho de nome Tomás.

3 – FHC, sem o conhecimento de Miriam, encomendou dois exames de DNA nos Estados Unidos para verificar se era realmente seu filho. Os resultados deram negativo.

4 – Miriam manteve um contrato com a Rede Globo durante 30 anos, vivendo na Europa, sem precisar trabalhar.

Após os fatos, vamos ao que Miriam alega na matéria publicada pela Folha:

1 – A jornalista já teria feito dois abortos pagos por FHC antes do nascimento de Tomás. FHC teria ficado enfurecido com a decisão de Miriam em ter o filho.

2 – Miriam alega que recebia da Rede Globo US$4 mil e que teve um corte de 40% em 2002. Isso por si só seria irregular a menos que tivesse assinado um novo contrato.

3 – A jornalista conversou com seu cunhado, o falecido lobista, Fernando Lemos que se encarregou de conversar com FHC e pedir-lhe ajuda.

4 – FHC, ainda no cargo de presidente, teria conseguido, através de uma empresa, a Brasif, um contrato com Miriam (que ela apresenta como documento de prova) em que receberia US$3 mil mensais. Ela alega ainda que FHC teria depositado US$100 mil em conta da Brasif no exterior para que os pagamentos mensais fossem feitos.

Neste ponto, interrompo as alegações de Miriam e analiso o que ela afirma.

Se enquanto presidente, FHC se utilizou de uma empresa para fazer pagamentos a uma pessoa para atuar como funcionária fantasma dessa empresa, terá cometido crime que precisa ser investigado.

No contrato, aparece como contratante a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif, controladora dos "free shop" dos principais aeroportos brasileiros, com sede nas Ilhas Cayman. Já ouviram falar das Ilhas Cayman? Por que volta e meia esse paraíso fiscal reaparece ligado aos tucanos? Alô, alô, Polícia Federal!

O dono da Brasif, Jonas Barcellos confirmou que tem realmente alguma coisa nesse sentido mas que não sabe se havia um contrato. Pediu alguns dias para responder.

Se tudo for verdade, Barcellos certamente combinará a resposta a ser dada à Folha.

É exatamente neste ponto que a Polícia Federal, que sabemos que vem atuando seletivamente no sentido de achar alguma coisa que possa incriminar e prender Lula, deveria começar já a atuar.

Deveria se preparar para uma investigação e uma possível quebra de sigilo telefônico e de e-mail dos dois, se é que está empenhada em combater a corrupção.

Tudo poderia não passar de ilações feitas por uma pessoa magoada, amargurada ou até mesmo com ciúmes por FHC ter se casado de novo recentemente e ter presenteado a esposa com um apartamento de 900 mil reais, mas convenhamos que, com 84 anos ele já não deve despertar tanto ciúmes em alguém.

5 – Miriam também afirma que FHC deu um apartamento no valor de € 200 mil em Barcelona a Tomás, por intermédio de contas que FHC mantém no estrangeiro, fato que o ex-presidente não nega. Porém, faz a ressalva de que são contas declaradas legalmente.
Este é outro dado que se constitui como novidade e que também deveria ser investigado pela PF.

6 – Por último, e não menos grave, Miriam diz que queria ter voltado ao Brasil, mas que o então senador, Antonio Carlos Magalhães a teria convencido a continuar na Europa enquanto ele e seu filho, Luís Eduardo (os dois já falecidos) cuidariam das coisas.

Isso provavelmente incluiu sua permanência por 30 anos recebendo salário da Rede Globo sem precisar trabalhar. Em se tratando de Globo, uma mão lava a outra, a troca de favores com tucanos e DEM, os pefelistas à época sempre existiu e continua existindo.

Esse tráfico de influência também tinha que ser investigado pela PF.

Como vemos, amigos, assim como o tríplex dos irmãos Marinho, acaba de aparecer mais um novelo cuja linha, ser for puxada, poderá revelar algo muito mal cheiroso no ninho tucano.

E sempre tem a Globo no meio.

Quais serão os desdobramentos disso? Haverá investigação?

Ou bastarão alguns telefonemas para que o assunto saia da mídia?


Em tempo: 
A Folha deu direito de resposta a FHC. Jamais deu direito de resposta a Lula no caso do tríplex do Guarujá e do sítio em Atibaia.

O repórter que entrevistou Miriam Dutra à certa altura lhe perguntou se havia alguém por trás de suas denúncias. Jamais um repórter da Folha fez a mesma pergunta à Lula.





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Abrem-se as faixas e começa o espetáculo!

Por Fernando Castilho


Foto: André Lucas Almeida


Reprimir uma torcida de futebol na quinta-feira por abrir uma faixa criticando a Rede Globo pelo horário absurdo dos jogos foi a pior política adotada por Alckmin.
Controlar sua pulsão repressora no domingo, quando uma faixa contra ele também foi aberta, foi a mais sensata. 

O falecido narrador esportivo, Fiori Gigliotti tinha vários bordões.

Um dos mais conhecidos ele pronunciava no início dos jogos de futebol: ''abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!''

Quinta-feira, 21 de fevereiro, jogo Corínthians X Capivariano.

Torcedores do alvinegro abriram uma faixa de protesto em que se lia: ''Rede Globo, o Corinthians não é seu quintal''. Outra com a frase: ''Jogo às 22h também merece punição'' , a respeito da programação de jogos de futebol às 22:00, após o Jornal Nacional e a novela.

A Polícia Militar de Geraldo Alckmin rapidamente entrou em campo. Ocorreram os costumeiros empurrões e sopapos e as faixas foram retiradas com base no Estatuto do Torcedor, art. 13-A parágrafo IV, que proíbe portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo.

Convenhamos, não era então o caso.

A PM só tomou aquela atitude ao cumprir ordens do governador que não quer que se proteste contra a Rede Globo, mídia que o protege e que lhe poderá ser bem útil caso seja indicado por seu partido a disputar a presidência da República em 2018. Toma lá, dá cá. Como fazem as empreiteiras ao fazer doações para campanhas.

Domingo, 14 de fevereiro, jogo Corínthians X São Paulo.

Torcedores do alvinegro abriram novamente suas faixas. Desta vez os dizeres eram outros:

''Futebol refém da Rede Globo''.

''Ingresso mais barato''.

''CBF, FPF, vergonha nacional''.

E a cereja do bolo, claro recado à Alckmin:

''Quem vai punir o ladrão de merenda?''

Meu pai me ensinou a ser corinthiano. Era no tempo do Rivelino.

O timão era o preferido das pessoas de origem humilde. Dos operários, dos pedreiros, dos ambulantes. Dos gambás, dos mal cheirosos, como as torcidas adversárias carinhosamente nos chamam.

E por isso, dos que mais precisavam reivindicar para melhorar suas vidas.

É daí que surgem o Dr. Sócrates, Casagrande, Wladimir, Zenon e a Democracia Corinthiana.

O diretor de futebol era Adilson Monteiro Alves, um sociólogo, vejam só, em plena ditadura militar, ou melhor, já no seu declínio.

Durou pouco, mas foram anos politizados aqueles que culminaram com a campanha pelas Diretas Já, com a participação de Sócrates.

A Gaviões tem razão ao protestar contra jogos às 22:00. Como encarar uma volta à casa depois da meia noite? E ter que trabalhar no dia seguinte? Desumano.

A ditadura da Rede Globo é cruel. Ela não quer faturar com novela ou futebol. Ela quer faturar com os dois. E que se dane o torcedor.

Os preços dos ingressos são realmente abusivos. Variaram de 100 a 180 reais no jogo da quinta-feira. Merecem protesto.

E sobre o desvio da merenda escolar, o governador tem mesmo muito a explicar.

A repressão, método utilizado por Alckmin para calar e abafar protestos contra ele, parece um tiro saindo pela culatra.

Foi assim quando a PM reprimiu violentamente os estudantes da rede pública estadual que protestavam contra o fechamento e reorganização de escolas. Vimos meninos e meninas, a princípio despolitizados, dando uma lição de cidadania ao ocupar as instituições de ensino, fazendo faxina e até consertos e pinturas. Deles e de suas famílias vai ser difícil arrancar votos para 2018.

Não se pode incorrer no erro de superestimar a torcida corinthiana imaginando que ela agora partirá em peso contra o autoritarismo do governador.

Mas é bom que Alckmin coloque as barbas de molho pois o protesto que começa de forma tímida, pode, de acordo com a reação, crescer e se tornar incontrolável.

Pior se as torcidas de outros clubes aderirem.

''Agora não adianta chorar!'', diria Fiori Gigliotti.

Foto: Agência Estado