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sábado, 11 de outubro de 2025

"Larga essa turma, menino, senão você vai perder o visto!”

Por Fernando Castilho



Minha avó era uma mulher dominada pelo medo, do mundo, do imprevisto, até da própria sombra. Qualquer ousadia minha era prontamente recebida com uma profecia catastrófica. Se eu subisse em uma árvore: "Desce daí, menino, senão você vai cair." E, uma vez, eu caí. Se eu demorasse para voltar para casa: "Vão te assaltar." E, uma vez, fui assaltado. Não era bruxaria, nem maldição, mas pura estatística. A Lei de Murphy em uma versão caseira, com sotaque de vó.

No último domingo, Élio Gaspari escreveu que o ministro Luiz Fux poderia pedir vistas ao processo contra Jair Bolsonaro. O prazo máximo para manter o processo em banho-maria é de 90 dias, o suficiente para adiar o julgamento para fevereiro de 2026, em pleno ano eleitoral. O timing é tão conveniente que parece piada. Não acho que Fux faria isso. Quer dizer... até ouvir a voz da minha avó ecoando na boca de Gaspari: "Pede vistas, menino!" E, pronto, ele pode decidir pedir.

Fux é, sem dúvida, o ministro mais vaidoso da corte. A vaidade não se revela apenas em sua fala empolada, que parece ter saído de um manual de latim para iniciantes. A peruca, um acessório para esconder o que Alexandre de Moraes ostenta com dignidade, é a prova. Fux age como se a calvície fosse uma falha moral e a peruca, sua armadura.

Sua retórica, tão ornamentada quanto a do bardo Chatotorix das aventuras de Asterix, o condena ao ostracismo. Assim como o personagem, Fux canta sozinho. Ninguém o acompanha e poucos o suportam. Em uma audiência sobre a tentativa de golpe, com Bolsonaro, Augusto Heleno e Braga Netto no banco dos réus da história, Fux se dedicou obsessivamente a perguntar se havia uma assinatura na minuta do golpe para tentar legitimá-la. Um comportamento digno de Chatotorix: muito barulho e pouca melodia.

Mas os tempos mudaram. Trump, em um gesto que mais parece um aceno do que um abraço, não cancelou o visto de Fux, uma espécie de "obrigado pelos serviços prestados." Só que agora, o nacionalismo bate mais forte no peito dos que não se renderam ao bolsonarismo. Com todas as provas escancaradas, qualquer voto contra a condenação será visto como um ato de sabotagem institucional pela corte, pela imprensa e pela população.

Então, a vaidade de Luiz Fux – aquele que já foi agraciado com o lema “In Fux We Trust”, cunhado por um Sérgio Moro desmascarado por sua parcialidade – resistiria ao peso de um voto solitário em defesa de Bolsonaro? Como a história registraria esse gesto? Como um ato de coragem ou como um epitáfio da vaidade?

Fux já fez o que pôde. Defendeu Bolsonaro até onde dava e já foi premiado por isso. Agora, não dá mais. Ele vai acabar votando com o resto da turma. Porque, no fim das contas, até a vaidade tem limite.

Minha avó já avisou: "Larga essa Turma, menino, senão você vai perder o visto!" Fux, no entanto, não sairá. Ele ainda tem alguns anos para conviver com a Turma antes de se aposentar. Ele precisa de reconhecimento. Se ficar isolado, sua vaidade não suportará.

Será que mata no peito?

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Augusto Aras, PGR de de Lula? Esqueçam!

Por Fernando Castilho


Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana?


O mandato de Augusto Aras, o procurador-geral da República e títere de Jair Bolsonaro, termina em setembro e, claro, é hora de várias especulações por parte da grande imprensa e também da alternativa em torno do nome que Lula escolherá para substituí-lo.

Segundo a grande mídia, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa, ambos baianos como Aras, lideram uma corrente que propõe que Lula dê mais 2 anos ao PGR.

O presidente vem afirmando que não é obrigado a escolher um nome dentro de uma lista tríplice de procuradores que o próprio ministério público apresenta, mas isso não garante que ele não o faça.

O fato notório é que Augusto Aras, ao longo de 4 anos à frente da PGR, traindo o que respondeu à sabatina do Senado e traindo o presidente e o relator da CPI da Covid-19, quando prometeu levar adiante o relatório, serviu como escudo a praticamente todos os processos que lhe chegaram às mãos que poderiam incriminar Jair Bolsonaro junto ao STF. Portanto, não há como imaginar que Lula o reconduza.

É difícil pensar nos motivos que moveriam a grande mídia para iniciar uma espécie de lobby para que Lula se defina por Aras, mas parece evidente que há um movimento para isso.

Só está faltando decifrarem a mente de Lula, coisa que os colunistas de plantão parece que ainda não conseguiram.

Mas é simples.

Caso Lula se definisse pela continuidade de Aras, estaria indignando seus leitores em nome de quê? Para quê?

Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana? Claro que não.

Alguém imagina, indo mais a fundo, Aras blindando Lula, assim como fez com Bolsonaro? Será que Lula quer um PGR que se preste a esse papel? Afinal, Lula será um presidente com inúmeros crimes nas costas que precisará de um procurador-geral que arquive todos os processos contra ele?

Ademais, Lula não sabe que, uma vez reconduzido, Aras continuará trabalhando para Bolsonaro? Que passará toda e qualquer informação sigilosa ao capitão? Que, na primeira oportunidade, apunhalará Lula em caso de uma proposta de impeachment dos bolsonaristas? O presidente é macaco velho em política e não cairia nessa armadilha.

O que se passa na cabeça de Augusto Aras? Por que ele quer tanto continuar a ser PGR?

Porque ele ainda alimenta o sonho de ser ministro do STF, sua grande ambição, ora!

Mas durante o governo Lula? Obviamente, não. Primeiro, porque Lula indicará a partir de setembro um (a) substituto (a) para Rosa Weber que se aposentará. Segundo, porque não haveria motivos para essa indicação, pois ela premiaria um bolsonarista.

Aras trabalha com a hipótese remotíssima da volta de Jair Bolsonaro ao poder, talvez em 2026, caso consiga reverter a inelegibilidade, projeto praticamente impossível, embora não se possa descartar essa hipótese, uma vez que Nunes Marques substituirá Alexandre de Moraes na presidência do TSE. E aí só Deus sabe.

Caso Bolsonaro volte ao poder em 2026, Aras espera que seu chefe retribua os favores indicando-o para a vaga de Luiz Fux que se aposentará em 2028 ou de Cármem Lúcia que deixará a corte em 2029. Ainda haverá a chance de ocupar o lugar de Gilmar Mendes que se aposenta em 2030. É sua derradeira chance e é nela que ele se apega desesperadamente, mesmo que por pouco tempo, já que está com 64 anos.

Não nos deixemos enganar. Lula é extremamente experiente e perspicaz.

A grande imprensa pode falar o que quiser e o quanto quiser, mas Lula não reconduzirá Augusto Aras à PGR.

Podem esquecer!