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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Bolsonaro Nostradamus

Por Fernando Castilho

Foto: G1, por Daniela Lima, Bruno Tavares e Fábio Santos


Se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.


Quarta-feira, 24 de janeiro.

 

Jair Bolsonaro publica uma postagem enigmática no X, no melhor estilo Nostradamus:

- As próximas semanas poderão ser decisivas.

- Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas.

- "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."

- Deus, Pátria, Família e Liberdade.

- Jair Messias Bolsonaro

A postagem causou alvoroço nas redes sociais e nos jornalões. Parecia que o ex-presidente previa que num futuro muito próximo algo iria lhe acontecer. Ou a um de seus filhos, talvez.

Domingo, 28 de janeiro.

 

Bolsonaro, junto a seus 3 primeiros filhos (o 04, Jair Renan e a ex-primeira-dama, Michelle, não estavam presentes porque o patriarca somente leva em consideração seu núcleo familiar mais duro), faz uma live para entre outras coisas, desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral e sugerir perseguição no caso do escândalo da Abin. O outro assunto foi o lançamento de um curso para conservadores a ser ministrado por Eduardo e Carlos, ora vejam. Se passou pela sua cabeça, leitor, que esse curso que custa 300 reais poderá servir como lavagem de dinheiro, você só está sendo maldoso e imaginando coisas, viu?

Segunda-feira, 29 de janeiro.

 

A Polícia Federal faz busca e apreensão nos endereços de Carlos Bolsonaro, tanto na Cãmara de Vereadores do Rio de Janeiro, como no Condomínio Vivendas da Barra onde reside. Além disso, não escapou à PF bater à porta da mansão de Bolsonaro em Angra dos Reis, onde foi gravada a live.

Os Bolsonaro não estavam em casa. Teriam saído para pescar entre 5 horas da madrugada e 6 e meia, de acordo com várias versões.

A PF, incumbida de apreender os celulares de Carluxo, aguardou pacientemente até o meio-dia quando o vereador voltou à casa. Não se sabe se trazia peixes com ele. O celular foi apreendido.

O que temos, então?

Numa escala de 0 a 10, a suspeita de que a familícia foi avisada por alguém da PF (ou mesmo da Abin) pode estacionar no número 9.

Uma comunicação via WhatsApp de uma assessora de Carluxo foi interceptada pela PF. Na mensagem, a assessora pedia ao delegado Ramagem, então ainda chefe da Abin, informações sobre a família Bolsonaro, demonstrando cabalmente que a agência atuava para sua blindagem, uma nova forma de corrupção e apropriação do Estado para benefício particular do governante.

E se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.

Durante o governo de transição, ainda em 2022, Lula já deveria ter dado ordens ao general GDias, escolhido como ministro do GSI, para que mapeasse todos os funcionários da pasta para cortar as cabeças dos bolsonaristas com algum poder de comando, mas não o fez. O resultado todos sabemos, pois ficou explícito no famigerado dia 8 de janeiro de 2023.

O que não sabíamos é que a Abin, um dos órgãos mais sensíveis, pois trabalha essencialmente com informação, um dos bens mais importantes para um governo, manteve durante todo o ano de 2023 bolsonaristas, incluindo aí o nº 2 da pasta!

Isso significa pouco? Não, significa que, tanto Ramagem (que mantinha ainda um computador em casa pertencente a Abin, o que tem que lhe custar uma acusação por crime de peculato) quanto Carlos Bolsonaro e, por consequência, Jair Bolsonaro, recebiam diariamente informações sensíveis sobre o governo, os ministérios e o próprio Lula. Quiçá, também sobre ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado. E se isso pode se caracterizar como sendo de uma gravidade extrema, o mesmo se pode dizer da responsabilidade do governo em manter essa estrutura.

Não se defende aqui, de maneira nenhuma, a extinção da Abin. A agência tem muita importância estratégica para o Estado. Não se pode derrubar a floresta para matar a onça. É preciso que muito rapidamente se faça a tardia limpeza.

Para encerrar, uma pitadinha do que a burrice e incompetência podem causar. Jair Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan, ao ser indagado sobre o fato de a assessora de Carluxo ter consultado Ramagem sobre a família, perguntou: “qual é o problema nisso?” É sério, ele admitiu o crime.

Fábio Wajngarten, o advogado de seu Jair, talvez tenha um dos piores empregos do mundo, pois, a todo momento tem que lidar com a língua destravada de seu cliente que insiste em produzir provas contra si mesmo.

 


sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

O tapa que Quaquá deu em Donato

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução

A CPMI do 8 de janeiro perdeu uma grande oportunidade de indiciar os deputados golpistas, talvez por receio de cortar na própria carne. Agora eles continuam a tentar o golpe.


Ficamos chocados com os deputados bolsonaristas que deram as costas para a bandeira do Brasil no plenário da Câmara durante a cerimônia de promulgação da emenda constitucional que reforma o sistema tributário do país? Por quê?

Era totalmente esperado que Lula seria vaiado pela extrema-direita, afinal, ele coroa a finalização de um ano de recuperação com um projeto que impactará economicamente a médio e a longo prazo a vida dos brasileiros. Vale ressaltar que a grande imprensa noticiou que o presidente recebeu aplausos e vaias, como se essas duas manifestações fossem geradas pelo mesmo número de pessoas, o que é totalmente falso, até porque foi a maioria dos parlamentares que votou a favor do projeto.

Já estava tardando uma reação mais violenta às provocações dos bolsonaristas e esta aconteceu pela palma da mão do deputado Washington Quaquá (PT-RJ) que foi parar no rosto do extremista de direita Messias Donato (Republicanos-ES).

Não, não se trata aqui de apoiar ou justificar a atitude de Quaquá, mas lembrar que Donato o provocou. E sabe-se lá o que foi falado.

No ensino fundamental II é muito comum um aluno de repente bater em outro, aparentemente sem motivo algum, mas quase sempre se trata de uma reação a uma grave ofensa. A diferença é que deputados não são pré-adolescentes, mas sim, pessoas eleitas para representar o povo no Congresso Nacional. Por isso, a atitude de Quaquá deve ser criticada.

Donato, mais tarde, foi chorando ao plenário fazer aquele discursinho de que é homem de bem, cristão de família. Aproveitou bem o incidente para se fazer de vítima ao dizer que agora sente muito medo.

No Instagram, Quaquá postou vídeo de Donato chorando e chamou o colega de "fascista chorão". "Adora xingar e agredir os outros, mas não aguenta uma porrada", afirmou.

Se não aprendermos com quem estamos lidando, não saberemos combatê-los. E essa gente só aprenderá debaixo da vara da Justiça.

Às vezes parece que esquecemos que deputados e senadores bolsonaristas foram influenciadores da tentativa de golpe de 8 de janeiro e que ainda estão tentando aglutinar forças para novas investidas.

A CPMI perdeu uma grande oportunidade de indiciar esse pessoal, talvez por receio de cortar na própria carne. Se fossem indiciados, talvez a esta altura se comportassem melhor.

Infelizmente, apesar de Lula ter durante este ano demonstrado a diferença entre os dois governos, Jair Bolsonaro, inacreditavelmente, ainda possui um grande número de apoiadores.

O fato é que os bolsonaristas estão perdidos em seus discursos que não contém propostas para o Brasil nem argumentos para contrapor as medidas que o governo Lula tem tomado. A todo momento só sabem falar de aborto, dama do tráfico e ida de Flávio Dino ao Complexo da Maré.

Nesta semana chegaram à ousadia de tentar encaminhar um processo de impeachment da ministra da saúde, Nísia Trindade por ela ter faltado a uma convocação na comissão de saúde da Câmara, plenamente justificada pela reunião ministerial do presidente Lula. Lembrando que ela já atendeu a inúmeras convocações para falar sobre aborto, drogas e consequências malignas da vacina da Covid. Jamais a questionam sobre a eficiência do SUS, da farmácia popular ou de outras políticas. E ela sempre repete as mesmas coisas. O objetivo é claro: fazer com que os ministros percam seu precioso tempo para boicotar o governo.

Foram contrários a reforma tributária, mas não disseram o que colocariam nela ou dela tirariam porque não têm, repito, propostas.

Esperemos que o novo Procurador Geral da República, Paulo Gonet, comece a aceitar denúncias contra os nomes mais ligados ao fundamentalismo, às fake-news e ao golpismo para que possamos em curto espaço de tempo ver essa gente ser cassada e pagar pelos seus crimes na Papuda, Bangu 8 ou Colmeia.

Parece que agora vai.

 


sábado, 21 de outubro de 2023

Deveríamos prestar mais atenção em Nikolas Ferreira

Por Fernando Castilho



“A gente só tá começando.”

“A gente precisa ter paciência. Já ocupamos os conselhos tutelares e as CPIs.”

Nikolas Ferreira, a nova voz da ultradireita.


Quando setores da esquerda começaram a ridicularizar o deputado Nikolas Ferreira, principalmente depois que ele protagonizou o espetáculo criminoso de ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados vestindo uma peruca para expor sua transfobia, alguma coisa me incomodou. O parlamentar já era apelidado de chupetinha e outros adjetivos pejorativos, principalmente após falas que taxávamos como engraçadas. Bolsonaro sempre fez o mesmo e acabou chegando à presidência da República.

Escrevo este texto movido pelo discurso de Nikolas no dia da votação do relatório da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. O deputado iniciou fazendo várias ironias contra a relatora Eliziane Gama para desqualificá-la e a seu relatório revelando sua essência puramente fascista. Mas alguns trechos do discurso merecem aguda atenção por parte das forças progressistas do país e não devem ser desprezados.

“Não considero os que pensam diferente como adversários, mas sim como inimigos.”

Uma das principais características do fascismo é justamente a intolerância com quem pensa diferente e a anulação do outro. Da parte dele, que pode ser o único parlamentar genuinamente bolsonarista a admitir isso sinceramente, não há debate de ideias, mas sim, uma guerra com inimigos a serem aniquilados.

Nikolas Ferreira afirmou com muita segurança que Jair Bolsonaro volta em 2026. Essa fala pode ser encarada como blefe, mas, com nossa justiça que às vezes é capenga, ela não deve ser desprezada. Ainda mais com a presidência do TSE sendo entregue em breve ao ministro Raul Araújo, bolsonarista de carteirinha. Espera-se dele uma anulação da sentença que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos?

“O desespero da esquerda é que só tem dez meses que estamos no Congresso.”

Sim, com tão pouco tempo, apesar de terem dado um tiro no pé com a instalação da CPMI, já fizeram muito barulho e tentam o tempo todo inviabilizar o governo Lula, convocando ministros o tempo todo para darem explicações.

“A gente só tá começando.”

Realmente. E já se organizam como um bloco sólido.

“A gente pode andar livremente pelas ruas.”

Óbvio. Excetuando um outro que pode admoestá-lo, a esquerda não usa os mesmos métodos de intimidação e ameaças, a que, por exemplo, a senadora Eliziane Gama tem sido exposta.

“A gente precisa ter paciência. Já ocupamos os conselhos tutelares e as CPIs.”

A esquerda dormiu no ponto e deixou a extrema-direita tomar conta dos conselhos. Ela também propôs a CPI do MST que ficou perto de condenar o movimento.

“O presente é seu (da esquerda), mas o futuro é nosso.”

Pode servir de alerta para que se organizem os movimentos populares e se fortaleçam a comunicação do governo, até porque a extrema-direita, apesar de só compartilhar mentiras, tem dado de dez a zero nas redes sociais.

Enfim, é difícil admitir, mas Nikolas Ferreira fez um discurso articulado e digno de alguém que pretende ocupar um espaço muito maior do que ocupa agora.

Além disso, é preciso lembrar que ele possui milhões de seguidores nas redes sociais, principalmente jovens, e aspira à Prefeitura de Belo Horizonte, de onde poderá sair, teoricamente, como governador de Minas Gerais ou presidente do Brasil.

É preciso rir menos dele e tratá-lo com um adversário perigosíssimo para um futuro próximo.

Olho nele, portanto.

 

 


sábado, 30 de setembro de 2023

O 2º turno da aventura golpista já começou

Por Fernando Castilho

Imagem: reprodução da Internet

O deputado pastor Marco Feliciano que chegou a chamar o tenente-coronel Mauro Cid de herói nacional e outros como o delegado Ramagem e Nicolas Ferreira que quase estenderam um tapete vermelho para o general Augusto Heleno. Isso não pode mais ser naturalizado!


Em meu texto do último 14 de setembro, https://bloganaliseeopiniao.blogspot.com/2023/09/o-relatorio-da-cpmi-poupara-os.html, defendi que a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, em seu relatório a ser finalizado em 17 de outubro, cite como colaboradores diretos ou indiretos, alguns parlamentares bolsonaristas que compõem a própria comissão, já que deixam público e notório que defendem e apoiam golpistas e terroristas.

Há vários deles, mas os que chamam mais a atenção são o deputado pastor Marco Feliciano que chegou a chamar o tenente-coronel Mauro Cid de herói nacional e outros como o delegado Ramagem e Nicolas Ferreira que quase estenderam um tapete vermelho para o general Augusto Heleno. Bolsonaristas trocavam olhares, acenavam e sorriam para o depoente envolvido no transporte da bomba que iria matar muita gente caso explodisse próximo ao aeroporto de Brasília, Wellington Macedo!

Além disso, defendi que Parlamentares da base governista que compõem a CPMI deveriam convocar o deputado federal André Fernandes para depor, já que está sendo investigado pela Polícia Federal por estar presente no dia da tentativa de golpe de 8 de janeiro, gravando vídeo e insuflando a tomada do poder por bolsonaristas. Outro que também deveria ser convocado é o senador Marcos do Val, também investigado pela PF por confessar ter tentado, dentro do enredo do golpe, grampear o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

TODOS esses deputados e senadores bolsonaristas TÊM que ser responsabilizados, já que cometem crimes que não deveriam ser atingidos pela imunidade parlamentar, pois não se trata de livre debate de ideias, mas sim, de defesa de terroristas e de gente que tentou dar um golpe de estado. E é notável como eles em suas redes sociais ajudaram a mobilizar pessoas para os acampamentos golpistas. Não dá mais para ficarmos assistindo discursos mentirosos destinados a manter a tentativa de golpe.

Porém, o fato novo é que essa corja está agora empenhada, não em defender seu mito, mas sim, em dar um novo golpe, desta vez, parlamentar.

Começa a tramitar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que, se aprovada, dará ao Congresso a palavra final em casos que passem pelo Supremo Tribunal Federal.

Desta forma, o Marco Temporal, rejeitado pelo STF, teria agora condições para ser aprovado pelo Congresso. Outras votações polêmicas que digam respeito à pauta de costumes, principalmente, seriam revisadas pelos parlamentares. E é necessário lembrar que, embora os congressistas bolsonaristas não sejam maioria, os conservadores o são.

Essa PEC desrespeita a Constituição, portanto, nem deveria ser aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas caso seja, será apresentada em plenário para aprovação por 2/3 das casas legislativas em dois turnos, para mais tarde ser derrubada pelo STF. E é isso que os bolsonaristas querem. Confusão.

Só ingênuos imaginam que aloprados como aqueles que acamparam em frente aos quartéis não serão convocados para fazer manifestação em frente ao STF. Aliás, já há uma convocação para 15 de novembro circulando pelas redes bolsonaristas.

Rejeitado o projeto por inconstitucionalidade, os deputados golpistas poderão bradar a todos os cantos que o Brasil vive sob uma ditadura de toga, insuflando a massa ignara contra as instituições novamente.

É pelo risco que novamente corremos que a essa malta de parlamentares nenhum centímetro de espaço seja dado. É preciso, dentro do rigor da lei, colocar uma corrente e uma focinheira nos fascistas para que não ousem atentar novamente contra a democracia.

Que a maioria democrata da CPMI perceba que não basta fazer belos discursos inflamados nas sessões, mas que se comece a responsabilizar já deputados e senadores que insistem em golpear o Brasil.

A CPMI tem poder para isso!

 

Obrigado por ler. Peço para que comentem sobre exposto.

 


quinta-feira, 14 de setembro de 2023

O relatório da CPMI poupará os parlamentares golpistas?

Por Fernando Castilho

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Estado


Pergunta-se: aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as suas falas em que defendeu a ruptura institucional constarão do relatório?


A CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, caso não surja nenhum fato ou dado novo, deverá finalizar seus trabalhos em 17 de outubro com o relatório da senadora Eliziane Gama.

Espera-se que sejam indiciados todos aqueles envolvidos diretamente na tentativa de golpe como também os comandantes, os financiadores, os generais Braga Netto (este envolvido em um escândalo de enormes proporções que só agora começa a vir à tona) e Augusto Heleno, além do mentor principal da intentona, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Eliziane Gama deverá incluir outros militares golpistas que deverão ser presos, porém, como não há como indiciar todo o exército, na opinião deste articulista, a instituição deveria receber pelo menos uma moção de repúdio pela conivência e omissão, uma vez que permitiu de forma inédita e escandalosa os acampamentos golpistas em frente a seus quarteis.

Neste ponto pergunta-se: e aqueles que estiveram ao lado do ex-presidente em todas as suas falas em que defendeu a ruptura institucional? Serão também de alguma forma responsabilizados?

Vemos em todas as sessões da CPMI deputados e senadores bolsonaristas mentindo para tentar convencer a opinião pública de que os cerca de 4 mil vândalos violentos presentes na Praça dos Três Poderes naquele fatídico dia 8 eram velhinhas inofensivas com Bíblias na mão. Talvez tenha sido uma dessas Bíblias que, atirada em direção a Cabo Marcela da Polícia Militar do Distrito Federal, amassou seu capacete resistente até a balas. Fake news ao vivo!

O deputado Marco Feliciano chegou em uma das sessões a chamar o criminosos tenente-coronel Mauro Cid, então preso preventivamente, de herói nacional.

Outros parlamentares bolsonaristas elogiaram o general Dutra, envolvido até o pescoço, ao passo que tentaram apresentar pedido de prisão para o general Gonçalves Dias.

A tolerância com esses deputados e senadores tem que chegar ao fim. Já basta!

No relatório tem que constar pedido para o presidente da comissão enviar os nomes deles para a comissão de ética de suas respectivas casas legislativas. Eles foram corresponsáveis pela tentativa de golpe, pois insuflaram a população em suas redes sociais. Sabido e notório.

Parlamentares governistas que compõem a CPMI deveriam convocar o deputado federal André Fernandes para depor, já que está sendo investigado pela Polícia Federal por estar presente no dia da tentativa de golpe de 8 de janeiro, gravando vídeo e insuflando a tomada do poder por bolsonaristas. Outro que também deveria ser convocado é o senador Marcos do Val, também investigado pela PF por confessar ter tentado, dentro do enredo do golpe, grampear o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Além disso, outros personagens têm que ser no mínimo citados.

O empresário Luciano Hang e o ex-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, participaram ativamente da tentativa de golpe. Não esquecer de Valdemar Costa Netto, que chegou a colocar as urnas eletrônicas em dúvida e recebeu multa pesada por isso.

Outro que em suas redes sociais participou ativamente da desinformação enquanto atacava as urnas eletrônicas e o ministro do TSE, Alexandre de Moraes, foi o pastor Silas Malafaia.

Toda essa turma estava presente no palanque de Bolsonaro em 7 de setembro de 2021 quando ele tentou realmente um golpe, mas não conseguiu.

Esse relatório tem que ser duro para que fatos semelhantes nunca mais ocorram.

Que não poupe ninguém!


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

É Lula, gente. Confiem mais no que o velhinho diz

Por Fernando Castilho



Arrepia ver tantos colunistas de nossa esquerda crucificando o presidente por uma opinião ou um conselho, como ele mesmo disse.


“Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber foi o Uchôa que votou, foi o Camilo que votou. Aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”.

Essas foram as frases proferidas por Lula em entrevista a Marcos Uchoa no Conversa com o Presidente.

Pronto! Acabou o mundo! Lula falou besteira!

Me arrepia ver tantos colunistas de nossa esquerda crucificando o presidente por uma opinião ou um conselho, como ele mesmo disse.

Em 1993 Lula, para escândalo da mídia e de parlamentares, disse que na Câmara havia 300 picaretas com anel de doutor. O tempo mostrou que ele só errou no número. Para menos.

É sempre preciso analisar com calma o que Lula quer dizer.

Foi durante o julgamento do mensalão que o então presidente da corte, Joaquim Barbosa, indicado por Lula, caprichou na pavonice ao transmitir as sessões pela TV. Os demais ministros, todos vaidosos como ele, perceberam que estava erguido ali o palco para que eles exibissem suas lustrosas togas.

De lá para cá, o que tem acontecido?

Luís Roberto Barroso, certa feita disse que o Judiciário deveria sentir o clamor do povo. Traduzindo, deveria ceder às pressões quando estas fossem fortes e que dane-se a Constituição.

Gilmar Mendes, o mais pavão de todos, não perde a oportunidade de agradar uns e outros quando lhe convém usando sempre sua erudição e hermenêutica para enganar quem ainda pensa que ele está lá para defender a Carta Magna. Em questões sociais, invariavelmente vota pelo lado do mais forte.

Será que já esqueceram que em 7 de setembro de 2021, Bolsonaro tentou um golpe? E que para insuflar as massas para isso, chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha? E que disse que não iria cumprir decisões dele?

Sabem por que Moraes e sua família são obrigados a manter um corpo de seguranças 24 horas por dia? Alguém sabe como é viver assim?

Sabemos que a fala de Lula contraria a transparência prevista na Constituição, mas ele não sugeriu mudança nenhuma na Carta.

Nos Estados Unidos e em vários países da Europa, todos ditos democráticos, a votação de cada ministro é secreta e só o resultado é divulgado.

Aqui no Brasil temos o instituto do voto monocrático que é aquele em que determinado ministro decide por si mesmo algo que deveria em tese ser decidido pela turma a que ele pertence ou ao plenário. Por quê? Holofotes, minha gente.

Se não foi por holofotes, por que Dias Toffoli, outro indicado por Lula, não permitiu que Lula, então preso pela Lava Jato, apoiada por toda a grande mídia, comparecesse ao velório do irmão? 

Moraes não visou holofotes porque só ganhou dores de cabeças. Corajosamente, teve que carregar muita coisa nas costas porque ele era o relator de vários processos, principalmente contra Jair Bolsonaro. Os demais ministros permaneceram quietinhos durante os anos do capitão por medo de que a súcia os ameaçasse como faz com Moraes. Vejam o que faz uma forte pressão.

Dizem que o novo ministro, Cristiano Zanin, andou votando como os reacionários Nunes Marques e André Mendonça para agradar bolsonaristas e, depois que recebeu críticas da esquerda, votou contra o Marco Temporal das terras indígenas para limpar sua barra. Agora fica bem com a esquerda. Amanhã pode mudar de novo. Não pode ser assim.

Se os votos fossem secretos, logicamente a transparência seria menor, teríamos menos textos a escrever sobre ministros da Suprema Corte e tudo pareceria mais enfadonho.

Não precisamos saber quem é o ministro que condenou o coitado por roubar um frango e votou a favor do Marco Temporal que prejudicaria toda uma população de indígenas que perderiam suas terras. Precisamos saber que, se o coitado foi condenado pelo plenário e o Marco Temporal foi aprovado, o STF como um todo se coloca do lado dos mais poderosos.

Se Lula fizer uma boa indicação para a vaga de Rosa Weber que se aposenta em outubro, a balança poderá pender para os mais desassistidos e é isso que importa.

Lula, como todo ser humano, não é infalível, mas neste caso, precisa ser ouvido com ouvidos que o compreendam segundo uma perspectiva histórica e não imediatista.

 

 

 

 

 

 

 




sábado, 2 de setembro de 2023

A tentativa de golpe prossegue na CPMI

Por Fernando Castilho



Restará um grupo que ainda faz muito barulho, não só nas sessões, mas sobretudo, nas redes sociais, que restará incólume: os parlamentares que insuflaram a ruptura institucional em suas redes sociais e agora tentam, na CPMI, culpar o próprio governo pelos atos frustrados.


Um dos mais profícuos parlamentares da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), fez uma analogia brilhante na sessão de quinta-feira última, 31 de agosto, que ilustra muito bem no que deputados e senadores bolsonaristas querem que a população brasileira acredite. Mais ou menos assim: é como se um time inteiro de futebol passasse pelos atacantes, pelo meio de campo e pela defesa do time adversário sem ser molestado e, ao fazer o gol, culpássemos o goleiro.

Outros parlamentares da situação, como o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Jandira Feghali (PcdoB-RJ), tem se comportado de maneira exemplar a desmascarar a oposição bolsonarista.

Porém, nenhum desses esforços seria necessário se déssemos os verdadeiros nomes aos bois. OS DEPUTADOS E SENADORES BOLSONARISTAS PRESENTES A CPMI SÃO TODOS FASCISTAS E GOLPISTAS. Mais, ainda estão em pleno processo de golpe.

Se não, como explicar que o pastor sem Cristo Marco Feliciano classifique sem nenhum rubor o depoente tenente-coronel Mauro Cid, envolvido até o teto do quepe no roubo de joias e na trama golpista, de herói nacional? Por que Mauro Cid seria um herói nacional na visão do pastor se não fosse ele um golpista que fracassou?

As falas dos bolsonaristas não só são golpistas, mas autoritárias, a ponto de um deles, cujo nome não me recordo e nem vale a pena recordar, afirmar que vai pedir a prisão do general GDias, ex-ministro do GSI. Qual a base legal para isso, a não ser a arbitrariedade do deputado?

O senador Sergio Moro afirmou na terça-feira que o GDias deveria ter acionado a Força Nacional, mesmo sem autorização do governador Ibanez Rocha, descumprindo decisão proferida pelo STF porque ele mesmo teria tomado atitude semelhante em 2019. Foi rebatido por Jandira Feghali que demonstrou que a decisão do STF é de 2020. Mesmo assim, na quinta-feira, ele ousou repetir a mesma ladainha, demonstrando que é mesmo um mentiroso contumaz.

Se formos citar as falas de todos os bolsonaristas da CPMI, veremos que todas têm em comum uma coisa, a continuidade do golpe.

Um deles, o deputado André Fernandes (PL-CE), um dos presentes na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, está, inclusive, sendo investigado por sua participação.

Embora quase todos os sites progressistas e mesmo parte da mídia tradicional acreditem que os participantes, os financiadores e os idealizadores da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 serão condenados e presos, restará, porém, um grupo que ainda faz muito barulho, não só nas sessões, mas sobretudo, nas redes sociais, que restará incólume: os parlamentares que insuflaram a ruptura institucional em suas redes sociais e agora tentam, na CPMI, culpar o próprio governo pelos atos frustrados. Esse grupo grava seus discursos inflamados e mentirosos para depois compartilhá-los em suas redes sociais, omitindo, claro, as respostas dos governistas.

A meu ver, a comissão deveria começar a chamar para depor figuras cínicas que estão muito à vontade cantando de galo, como Magno Malta, o misógino Marco Feliciano, Marcos do Val, Nícolas Ferreira e outros.

Uma CPMI séria de verdade deveria citar em seu relatório a participação criminosa de deputados e senadores golpistas, decepando a parte podre do Congresso.


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

A barbárie e o medo usados para fins políticos

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução José Emídio/Governo do Estado de São Paulo

Tarcísio volta aos tempos em que havia uma guerra de todos contra todos, anterior a criação do Estado.


O tema é recorrente nos filmes de faroeste: o bandido chega a uma cidadezinha, entra no saloon, bebe um pouco e começa a importunar os presentes. À certa altura os ânimos ficam acirrados, o forasteiro saca sua arma, mas o xerife é mais rápido no gatilho e o mata.

A notícia se espalha rapidamente e chega aos ouvidos do bando ao qual o defunto pertencia. É chegada a hora da vingança.

Armados até os dentes os bandidos já chegam na cidadezinha atirando. Seriam 8, 10, 12 OU 16 as pessoas mortas? Ou seriam mais?

A analogia é imperfeita, eu sei. E os sinais entre bandidos e mocinhos estão trocados. Porém, o cenário de velho oeste em que se transformou a cidade de Guarujá é coerente.

Há, contudo, uma diferença gritante: No filme, a vingança foi feita por foras da lei e na vida real, por agentes da lei, profissionais treinados pelo Estado para prender bandidos garantindo a segurança dos cidadãos.

Certamente nossa classe média deve estar exclamando “BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO!”

Guarujá e muitas outras cidades Brasil afora vivem hoje uma situação de insegurança, principalmente porque o número de armas nas mãos de bandidos aumentou muito graças as decisões do ex-presidente que liberou geral para os CACs. Armas não procriam como coelhos, mas são colocadas na bandidagem por quem, utilizando-se do privilégio de possui-las legalmente, as repassam por preços módicos. Devido à essa sensação de insegurança, o cidadão médio vibra quando algum suspeito é assassinado sem o devido processo legal e a culpa formada. E se morreu, torna-se desinteressante provar que o cidadão era inocente, pois não volta mais.

Além de tudo isso, é preciso acabar com essa loucura que acomete nossos policiais toda vez que um companheiro é assassinado. Claro, é muito difícil ter sangue de barata, mas treinamento e punição exemplar contra excessos servem para isso mesmo.

Pelos relatos, que podem ser verdadeiros ou falsos e que só podem ser comprovados pelas câmeras nos uniformes dos policiais, houve torturas e execuções, ou seja, nossos agentes da lei descumpriram a lei arvorando-se juízes e algozes.

E não estou falando que os mortos não eram todos bandidos perigosos que não receberam os policiais à bala. Novamente, isso saberemos quando as imagens das câmeras forem liberadas (esperemos que sejam realmente e que não estejam adulteradas).

Por isso, caso os PMs tenham cometido crime, deverão ser punidos na forma da lei.

Porém, aqui entra o fator Tarcísio.

O governador já afirmou à imprensa, sem nenhuma investigação, que os policiais agiram extremamente (sic) dentro da lei, contestando a ouvidoria da própria Polícia Militar.

Tarcísio volta aos tempos em que havia uma guerra de todos contra todos, anterior a criação do Estado. A barbárie imperava e a lei do mais forte prevalecia. Somente com a criação do Estado as pessoas puderam dormir com mais segurança. Por óbvio, desde sempre as leis protegem os que possuem propriedades privadas e, portanto, são poderosos.

Baseado nessa lógica, é preciso acreditar muito em histórias da carochinha para confiar que Tarcísio de Freitas punirá os policiais.

Mas o que pretende Tarcísio? Ele não vinha dando sinais de que estava aos poucos rompendo com o extremismo de Bolsonaro para assumir o vácuo de uma direita mais civilizada que governou São Paulo por tantos anos? Até os bolsonaristas radicais se surpreenderam.

Parece que Tarcísio pretende, com sua atitude, trazer os policiais militares do estado para seu lado, dentro da estratégia de rompimento com o capitão.

Além disso, tenta trazer de volta para seu lado os bolsonaristas que o abandonaram depois que ele se colocou a favor da reforma tributária, como quem diz: "olha, eu faço o que vocês gostam!" "Eu sou igual ao Bolsonaro!"

Hoje, em toda a Baixada Santista, o clima é de medo e insegurança. Notícias dão conta de ameaças de grupos de traficantes em implantar o terror à população, mas, numa filtragem rápida, percebe-se uma estratégia de Tarcísio de assustar as pessoas induzindo-as a incondicionalmente se colocarem do lado da polícia.

É muito triste e nojento usar a barbárie cometida no Guarujá para fins políticos.


sexta-feira, 21 de julho de 2023

Augusto Aras, PGR de de Lula? Esqueçam!

Por Fernando Castilho


Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana?


O mandato de Augusto Aras, o procurador-geral da República e títere de Jair Bolsonaro, termina em setembro e, claro, é hora de várias especulações por parte da grande imprensa e também da alternativa em torno do nome que Lula escolherá para substituí-lo.

Segundo a grande mídia, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa, ambos baianos como Aras, lideram uma corrente que propõe que Lula dê mais 2 anos ao PGR.

O presidente vem afirmando que não é obrigado a escolher um nome dentro de uma lista tríplice de procuradores que o próprio ministério público apresenta, mas isso não garante que ele não o faça.

O fato notório é que Augusto Aras, ao longo de 4 anos à frente da PGR, traindo o que respondeu à sabatina do Senado e traindo o presidente e o relator da CPI da Covid-19, quando prometeu levar adiante o relatório, serviu como escudo a praticamente todos os processos que lhe chegaram às mãos que poderiam incriminar Jair Bolsonaro junto ao STF. Portanto, não há como imaginar que Lula o reconduza.

É difícil pensar nos motivos que moveriam a grande mídia para iniciar uma espécie de lobby para que Lula se defina por Aras, mas parece evidente que há um movimento para isso.

Só está faltando decifrarem a mente de Lula, coisa que os colunistas de plantão parece que ainda não conseguiram.

Mas é simples.

Caso Lula se definisse pela continuidade de Aras, estaria indignando seus leitores em nome de quê? Para quê?

Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana? Claro que não.

Alguém imagina, indo mais a fundo, Aras blindando Lula, assim como fez com Bolsonaro? Será que Lula quer um PGR que se preste a esse papel? Afinal, Lula será um presidente com inúmeros crimes nas costas que precisará de um procurador-geral que arquive todos os processos contra ele?

Ademais, Lula não sabe que, uma vez reconduzido, Aras continuará trabalhando para Bolsonaro? Que passará toda e qualquer informação sigilosa ao capitão? Que, na primeira oportunidade, apunhalará Lula em caso de uma proposta de impeachment dos bolsonaristas? O presidente é macaco velho em política e não cairia nessa armadilha.

O que se passa na cabeça de Augusto Aras? Por que ele quer tanto continuar a ser PGR?

Porque ele ainda alimenta o sonho de ser ministro do STF, sua grande ambição, ora!

Mas durante o governo Lula? Obviamente, não. Primeiro, porque Lula indicará a partir de setembro um (a) substituto (a) para Rosa Weber que se aposentará. Segundo, porque não haveria motivos para essa indicação, pois ela premiaria um bolsonarista.

Aras trabalha com a hipótese remotíssima da volta de Jair Bolsonaro ao poder, talvez em 2026, caso consiga reverter a inelegibilidade, projeto praticamente impossível, embora não se possa descartar essa hipótese, uma vez que Nunes Marques substituirá Alexandre de Moraes na presidência do TSE. E aí só Deus sabe.

Caso Bolsonaro volte ao poder em 2026, Aras espera que seu chefe retribua os favores indicando-o para a vaga de Luiz Fux que se aposentará em 2028 ou de Cármem Lúcia que deixará a corte em 2029. Ainda haverá a chance de ocupar o lugar de Gilmar Mendes que se aposenta em 2030. É sua derradeira chance e é nela que ele se apega desesperadamente, mesmo que por pouco tempo, já que está com 64 anos.

Não nos deixemos enganar. Lula é extremamente experiente e perspicaz.

A grande imprensa pode falar o que quiser e o quanto quiser, mas Lula não reconduzirá Augusto Aras à PGR.

Podem esquecer!

 

 

 



terça-feira, 18 de julho de 2023

Bolsonaro parece morto, mas o bolsonarismo sobrevive

Por Fernando Castilho



O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguem um reles bandido?


O ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi alvo de agressões verbais no aeroporto de Roma na sexta-feira, 14. Justo quem?

Os xingamentos partiram inicialmente de uma mulher que o chamou de bandido, comprado e comunista. O filho de Moraes teria levado um tapa de um dos agressores.

Embora, em depoimento à Polícia Federal, os três neguem, é quase certo que o crime foi realmente cometido. As câmeras do aeroporto dirão.

Persiste a necessidade de uma análise sociológica e psicológica profunda dessa extrema-direita que ficou órfã de Jair Bolsonaro. É incompreensível que ousem admoestar justamente o ministro que tem prendido tantos golpistas. Essa insanidade se compara ao ato de implorar a ajuda de Ets e à oração a um pneu.

O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguir um reles bandido?

Bolsonaro é como a Covid que tanto desprezou. Já foi embora, mas as sequelas ainda permanecem e talvez demorarão a passar.

O ato de molestar verbal ou fisicamente autoridades é prática comum entre os fascistas que não toleram o pensamento diferente. Vejam que a mulher chamou Moraes de comunista, talvez porque tenha cumprido a legislação eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos e por cumprir a Constituição prendendo malfeitores que insistem em cometer crimes.

Esse comportamento sempre existiu no Brasil, porém, começou a ser mais frequente quando o ex-ministro Guido Mantega foi agredido verbalmente no hospital em que sua esposa, paciente com câncer, se encontrava internada.

Dilma Rousseff também sofreu agressões verbais nos EUA por parte de um homem que chegou a ameaçá-la de morte.

Mas a esquerda também cometeu seus erros.

O ex-juiz Sergio Moro também foi xingado por petistas no que se passou a chamar de “esculacho”. O esculacho seria um eufemismo para práticas fascistas?

É claro que quando autoridades que cometem crimes e permanecem impunes não passam desapercebidas pelas pessoas que se sentem aviltadas pelos altos impostos que pagam e que lhes são surrupiados. Mas há uma diferença gritante entre Alexandre de Moraes, um magistrado que vem cumprindo as leis e Sergio Moro, um juiz parcial que, movido por vários interesses financeiros e de poder, condenou e prendeu o candidato que teria vencido Bolsonaro com facilidade em 2018.

Vem agora a lembrança da fala do ministro lavajatista do STF, Luís Roberto Barroso no congresso da UNE, em que afirmou que “derrotamos o bolsonarismo”.

Ora, ministro, o bolsonarismo só existe por causa de Lava Jato e de seus protagonistas maiores, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, justamente aqueles que vossa senhoria tanto admirava.

Barroso ajudou a criar o monstro bolsonarismo e agora vem dizer que ajudou a derrotá-lo.


quinta-feira, 8 de junho de 2023

Juracélio, o pobre de direita

Por Fernando Castilho

Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil


Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado!

 

Juracélio, vindo família de migrantes nordestinos, ingressou cedo no Bradesco como contínuo.

Inspirado em seu fundador, pretendia seguir o exemplo de meritocracia dado por Amador Aguiar que, de simples contínuo como ele, chegou a ser banqueiro.

Jerecélio não sabia, em seus 16 anos, que Aguiar havia aplicado um desfalque no banco em que trabalhara e, com o dinheiro, fundado seu próprio banco. Quando lhe contaram, deu de ombros e não acreditou.

Quando eclodiu em 1985 a maior greve dos bancários, Jerucélio a furou e se apresentou orgulhoso ao trabalho, certo de que vestindo a camisa, sua almejada promoção seria alcançada. Não veio.

Jarecélio furou não só essa, mas todas as greves subsequêntes, pois isso era coisa de comunista vagabundo. Vão trabalhar que seu suor será recompensado, bradava.

Mas Jaracélio nunca recusou os aumentos de salário conquistados pelos grevistas. Pelo contrário, sua vida com isso melhorou e logo ele pôde comprar seu primeiro carrinho.

Veio a campanha à presidência de Collor e Juricélio foi um dos primeiros a se definir a favor do moço bonito, caçador de marajás que, claro, era infinitamente superior àquele sapo barbudo de meia furada e analfabeto chamado Lula. Fez até boca de urna.

Jucerélio tinha uma boa graninha depositada na caderneta de poupança do próprio banco. Perdeu. Tendo sua economia confiscada por Collor, seguiu firme e, mesmo depois que soube que a diretoria do banco, avisada pelo presidente antes dos correntistas, tratou de salvar o dela, continuou a defender o patrão.

O tempo passou e veio Fernando Henrique.

Jecerélio se sentiu em sua zona de conforto, afinal o ''príncipe'' estava seguindo o conselho do capital e, numa fúria louca, vinha privatizando tudo quanto era estatal.

Então os bancos alegaram dificuldades financeiras.

Ôpa! Para Jecerílio isso era mortal. Se o patrão estava em dificuldades, teria que ser auxiliado, pois disso dependia seu emprego.

Jacecélio respirou aliviado e soltou até fogos para comemorar o socorro que FHC deu aos bancos com recursos do BNDES.

Mas veio a era Lula, o que Jucecélio mais temia.

O Brasil iria para o fundo do poço guiado por um analfabeto e, como ele, veja só, nordestino! Quanta audácia! Tudo que conquistara seria perdido. Esse governo não podia dar certo.

E não deu. Para ele.

Embora nesse período a vida de Jaricélio tivesse melhorado bastante, afinal ele conseguira comprar sua casinha e o segundo carro financiado, nunca admitiu que seriam as políticas de governo acertadas que lhe propiciaram essas conquistas. Tudo teria sido somente fruto unicamente de seu esforço, enfim recompensado.

Em seguida, Dilma foi eleita e Jurecélio enfim foi promovido a gerente de agência.

Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado, pensou.

Jucerélio se aposentou como gerente.

Não conseguiu, apesar de seu esforço, nada além disso. Não conseguiu ser diretor ou banqueiro como Amador Aguiar, seu ídolo.

Recebeu, à saída, um cartão de agradecimento padrão com assinatura impressa de um diretor de RH do banco, que nunca vira. Mas tava bom. Fora reconhecido. Bastava.

Sentiu-se realizado.

Com muito sacrifício, segundo ele, formou um filho pelo PROUNI e teve a mais velha no Ciências sem Fronteiras. Muito orgulhoso.

Enfim, Jurecélio, sem ter muito o que fazer na vida, resolveu fazer política.

Passou a comparecer à todas as manifestações a favor do impeachment de Dilma e da volta da ditadura militar. Ele achava que o melhor período do Brasil foi sob a ditadura, embora ainda fosse uma criança quando se deu o golpe.

Foi um dos batedores de panela. Quando Dilma foi derrubada, fez um churrasco quase solitário.

Em 2018 fez arminha com as mãos e votou orgulhoso em Bolsonaro.

Quando começou a pandemia, acreditando que a Covid-19 não passava de uma gripezinha, como Bolsonaro a chamou em rede de televisão, Jiracélio não usou máscaras e contraiu a doença. Ficou entubado por dois meses, conseguiu se recuperar, porém, não dispensou a cloroquina, seguindo a orientação do presidente. Sua esposa não teve melhor sorte, vindo a falecer no hospital.

A vida de Jiracélio degringolou.

O capitão bem que tentava melhorar a vida dos brasileiros, mas o maldito STF e a esquerda não o deixavam governar. Só restava ao presidente aliviar o estresse praticando jet-ski e participando de motociatas. As eleições serão fraudadas para Bolsonaro não vender, pensava.

Logo após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, Jaçurélio aproveitando um ônibus fretado por um político bolsonarista, viajou para Brasília e ficou dois meses acampado em frente ao quartel, tomando chuva e enfrentando com valentia os fedorentos banheiros químicos colocados à disposição dos acampados por um empresário do agronegócio. Afinal, valia qualquer coisa para ajudar Bolsonaro a voltar ao poder.

Apesar das privações, valia a pena aguardar, pois o general Braga Netto havia pedido para terem paciência, pois nos próximos dias teriam boas notícias.

No dia 7 de janeiro de 2023, Jaracélio recebeu com euforia e alívio a convocação para comparecer no dia seguinte à Praça dos Três Poderes. Lá, a República seria, com apoio do exército, derrubada. O Congresso e o STF seriam fechados e uma nova ordem seria determinada por Bolsonaro que, mesmo fora do país comandaria as ações. O capitão não abandonaria os seus!

Jiricélio, porém, não contava com a rápida ação do novo governo.

Acabou, aos 70 anos, preso e virou réu no STF.

Caberá a seu filho, formado advogado graças ao PROUNI, defendê-lo.

Há milhões de Jorocélios no Brasil.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada

Por Fernando Castilho


É preciso levarmos à sério o perigo que Salles representa para o país.


A frase, dita naquela tenebrosa reunião ministerial conduzida pelo então presidente Jair Bolsonaro em 20 de abril de 2020 não pode jamais ser esquecida. Seu autor, como sabemos, foi o então ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles.

Mais tarde, Salles não conseguiu se sustentar no cargo devido à pressão exercida contra ele devido à tentativa de venda de madeira ilegal para os EUA abortada por aquele país.

Mas ele não morreu politicamente. Ao contrário, um homem que se entregou de corpo e alma para facilitar o garimpo ilegal na Amazônia, facilitar desmatamento e destruir todos os marcos regulatórios ambientais, conseguiu se eleger deputado federal com incríveis 640 mil votos obtidos dos paulistas!

Salles volta à carga agora como relator da CPMI do MST que visa não somente criminalizar o movimento, mas também atacar o MTST e, por conseguinte, tentar abalar Guilherme Boulos, tido como favorito à eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Quem sabe, prendê-lo. O ex-ministro vem com sangue nos olhos para a disputa pelo governo da capital. E é aí que mora o perigo.

Se Ricardo Salles conseguir seu intento, a prefeitura será seu trampolim para a disputa presidencial de 2026, aproveitando o possível vácuo deixado por Jair Bolsonaro que provavelmente será declarado inelegível por 8 anos e possivelmente, preso.

É preciso levarmos à sério o perigo que isso representa para o país.

Hoje, tem-se como quase certo que o nome para a sucessão de Bolsonaro como líder com potenciais chances de representar a extrema-direita no Planalto é o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, afinal, ele comanda o maior orçamento da União e certamente ambiciona chegar lá.

É natural que o governo do presidente Lula veja com especial atenção qualquer possibilidade de ascensão de Tarcísio que até agora tem se comportado quase que um sucessor da maneira tucana de governar com uns toques aqui e ali de bolsonarismo. Digamos que seja um Bolsonaro um tanto mais light, um pouco mais preparado e menos afoito a fazer e falar asneiras.

Outro nome que até chegou a sonhar com o Planalto é o de Sergio Moro que está vendo seu futuro político sendo destruído. Nas próximas semanas ou meses, o TSE poderá cassar seu cargo de senador e a denúncia de Tacla Duran pode mandá-lo para a prisão.

Pode-se falar em Romeu Zema também, mas ainda não se vê uma sinalização clara de que disputará o Planalto com grandes chances de se eleger.

Claro que não se pode desprezar políticos que à princípio podem parecer seres apenas ridículos e inofensivos como Nicolas Ferreira, afinal o que era Bolsonaro antes de vencer as eleições de 2018 se não um falastrão desprezado até por seus pares na Câmara?

É a atenção a esse possíveis postulantes que nos distrai do azarão, Salles.

Salles é um Bolsonaro muito mais perigoso que seu ex-chefe. Embora não seja mérito algum ser mais inteligente que o capitão, Salles é também esperto e costuma vir pra cima com a faca nos dentes em sua fúria destruidora. Esse sim, se não for contido, tem o potencial de surpreender e chegar lá.

Embora não haja à princípio como criminalizar legalmente tanto o MST como o MTST, já que os movimentos se notabilizam por se ater ao cumprimento das leis, o apoio da grande mídia, já praticamente declarado ou implícito à CPMI, servirá para que esta cause não só estrago ao governo federal, mas também alavanque a candidatura de Ricardo Salles.

Por isso, ainda que os movimentos sejam independentes e não atrelados, é fundamental que o governo mobilize todas as suas forças, através dos deputados e senadores da base, para que vença esta batalha, sob pena de vermos mais uma serpente saindo do ovo do fascismo.