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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Hoje, um novo dia de um novo tempo

Por Fernando Castilho


Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO


A intenção de Bolsonaro e sua gangue era, além de roubar e destruir o país, perpetuar-se no poder. Por isso, desde maio de 2019, o capitão tratou de insuflar as massas contra o Congresso nacional e o STF para preparar um golpe.

Enfim, acabou o pesadelo e o Brasil entra numa nova era.

Após as jornadas de junho de 2013, há nove anos, ainda no governo Dilma Rousseff, o país começou a entrar num poço e mergulhar cada vez mais fundo, impulsionado pela trama norte-americana que visava nosso pré-sal.

A deposição irregular de nossa presidenta com a anuência do Supremo Tribunal Federal, a ascensão golpista do vice Michel Temer e a prisão injustificada do ex-presidente Lula levada a efeito por um juiz oportunista de quinta categoria, causaram um vazio institucional preenchido por uma gangue que se organizou sob o comando de um capitão expulso do exército que cometeu vários crimes como rachadinhas e nomeações de funcionários fantasmas, sob a proteção de sete mandatos na Câmara dos Deputados.

A gangue, inicialmente composta pelos 3 filhos com mandatos parlamentares, precisou que Lula fosse preso, além de uma facada ainda duvidosa que causou comoção nacional.

Eleito, Jair Bolsonaro e sua camarilha familiar logo trataram de juntar todo tipo de escroques, negacionistas, conspiracionistas, ultradireitistas de ocasião e fundamentalistas religiosos para, cada qual com um ministério, tratar de destruir a organização estatal e solapar as bases institucionais e civilizatórias que custaram tanto a ser construídas desde o fim da ditadura.

Houve de tudo, desde a transformação da Fundação Palmares em uma instituição que celebra a branquitude, até o desmatamento e garimpo ilegais na Amazônia, incluindo a tentativa por parte do ministro do meio-ambiente de venda de madeira ilegal aos Estados Unidos, passando pela perseguição por parte da ministra da Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, a uma menina de 10 anos, estuprada que pretendia fazer um aborto.

Há que se lembrar do tratamento dado à pandemia por um ministro general que deixou cerca de 400 mil pessoas morrerem enquanto em seu gabinete negociava-se propina de um dólar por dose de vacina.

A intenção de Bolsonaro e sua gangue era, além de roubar e destruir o país, perpetuar-se no poder. Por isso, desde maio de 2019, o capitão tratou de insuflar as massas contra o Congresso nacional e o STF para preparar um golpe.

Na reticência das Forças Armadas, o governante foi sendo obrigado a disputar as eleições, mas para se precaver de uma derrota para Lula, procurou incutir em seus seguidores a certeza de que as urnas eletrônicas eram fraudáveis.

Lula, que começou a campanha Há quase um ano com um índice altíssimo nas pesquisas, foi aos poucos perdendo pontos e chegou ao primeiro turno com sua vitória indefinida.

No segundo turno, Bolsonaro só não levou porque revelou ter tendências pedófilas e porque a deputada bolsonarista-raiz, Carla Zambelli fez a besteira de perseguir com uma arma um homem negro às vésperas da eleição. É possível que ele vencesse se não fossem esses dois fatores.

O uso descarado e desmedido da máquina pública com dinheiro sendo distribuído sem nenhuma preocupação com o dia seguinte quase propiciou sua vitória.

A imprensa, acostumada desde sempre a bater em Lula, viu-se, de repente, na necessidade de negar o projeto bolsonarista porque enxergou nele a ameaça de sua própria sobrevivência, afinal, sem democracia, não existe imprensa.

A certeza de vitória de Bolsonaro era tanta que, após o anúncio de sua derrota, entrou em depressão e se calou por mais de um mês. Esperava que esse gesto insuflasse a massa que ainda o apoia a exigir uma intervenção militar, mas os generais, embora, de maneira inédita, que permitiram acampamentos em frente aos quartéis, não se moveram.

Até o último instante, bolsonaristas ameaçaram a diplomação de Lula, mas esta aconteceu sem problemas.

Lula fez discurso de estadista, como sempre. Chegou, embora não o desejasse, às lágrimas mais uma vez, como em 2002 e mostrou que veio para recuperar o país e fazê-lo crescer, com ênfase no tratamento dos mais pobres.

Bolsonaro perdeu o foro privilegiado e agora, certamente o STF enviará seus processos e pedidos de investigação para a justiça comum que certamente o condenará pelos seus crimes.

É possível que a prisão de seu filho Carlos ocorra mais rapidamente. Esse é um dos grandes medos do pai.

É imprescindível, fundamental, que não se conceda a Bolsonaro nenhum tipo de benesse ou tratamento diferenciado, sob pena de ele voltar a nos assombrar em 2026, embora particularmente ache que o nome da extrema-direita que crescerá seja o de Tarcísio de Freitas por ter o estado de São Paulo, o mais rico da nação nas mãos.

O ministro Alexandre de Moraes, em seu discurso durante a diplomação, garantiu que não haverá complacência nem impunidade. Esperamos que ele cumpra a promessa.

Mas, vamos comemorar porque daqui pra frente os dias amanhecerão mais ensolarados sem as nuvens escuras que nos atormentavam desde 2019.

Lula saberá governar.