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sexta-feira, 13 de maio de 2022

Ele tentará o golpe

Por Fernando Castilho


Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo



Bolsonaro é burro, mas não tanto a ponto de insistir em ficar mais 4 anos no poder pelo voto. Vai perder e até o general Heleno, tão burro quanto ele, sabe disso


É difícil tentar não ser mais do mesmo, mas é inevitável que, devido aos movimentos dados nos últimos meses pelo presidente Jair Bolsonaro, os militares mais próximos a ele e parlamentares que lhe dão sustentação, que tenhamos certeza de que o golpe será tentado, embora não signifique que terá êxito. Provavelmente não terá.

O capitão é um homem despreparado e totalmente incapaz de planejar qualquer coisa, sobretudo uma ruptura institucional dessa envergadura.

Não basta querer romper com o processo eleitoral, é preciso estruturar o antes, o durante e o depois.

No último 7 de setembro, Bolsonaro, guiado somente por seu ímpeto, sem nenhum planejamento, tentou o golpe, mas teve que refugar porque o apoio com o qual ele contava não veio. Foi preciso se humilhar diante do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ou seja, não planejou o antes e o durante.

Imaginem planejar o depois. Imaginem ter que segurar as pontas da inflação e do preço da gasolina. Imaginem governar após um golpe sem apoio da população, da imprensa e da elite econômica e financeira que verá os investimentos no Brasil serem cortados. Nem os EUA apoiam o golpe.

Mas os meses passaram e as eleições se aproximam cada vez mais. E com elas, as manifestações insanas do capitão sugerindo a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e deixando claro que não aceitará nenhum outro resultado que não sua vitória.

Ao mesmo tempo, o atual ministro da defesa põe as manguinhas pra fora ao exigir ser o representante das FFAA na Comissão de Transparência das Eleições, atribuição que constitucionalmente não compete à instituição.

O ministro do TSE, Edson Fachin reagiu rejeitando novas sugestões dos militares ao processo eleitoral, embora seja o grande responsável por essa barafunda ao incluir a caserna entre aqueles que poderiam contribuir para o aperfeiçoamento das urnas. Ora, se há 100% de segurança, se há a possibilidade de auditoria dos votos e se o hackeamento é impossível, por que pedir às FFAA uma verificação do sistema?

Já faz 6 meses que Lula e Bolsonaro mantém praticamente os mesmos índices nas pesquisas e o mesmo distanciamento. O único fato novo significativo e com algum poder de alterar esse estado de coisas é o evento de lançamento da pré-candidatura Lula/Alckmin ocorrido no sábado com sucesso tão grande que pode dar a Lula mais alguns pontinhos.

Bolsonaro é burro, mas não tanto a ponto de insistir em ficar mais 4 anos no poder pelo voto. Vai perder e até o general Heleno, tão burro quanto ele, sabe disso.

O capitão não quer dar um golpe, somente. Ele precisa dar um golpe para continuar no poder e não ser preso. Quase todos os ministros já deixaram o governo para tentar um cargo legislativo porque sabem que podem ser presos em caso de derrota do capitão, mas todo aquele pessoal que ainda está com ele vai embarcar na aventura.

Resta saber se ele terá forças para a tentativa.

O 7 de setembro deve ter servido de lição. Muito possivelmente já haja um bom contingente de milicos a apoiá-lo, mas ainda não deve ser a maioria dos quartéis.

E é isso que pode causar um confronto extremamente perigoso. Será que Bolsonaro planejou o depois?

Vai fechar o STF e o Congresso?

Como lidar com a resistência que deverá vir?

Quais seriam as consequências do ato impensado?

Mais um monte de mortes?

Diante dessa grande ameaça, vamos fazer como muita gente fez antes do golpe contra Dilma Rousseff? Vamos duvidar e confiar nas instituições e no Estado de Direito?

É preciso que os partidos que se uniram à chapa Lula/Alckmin, os sindicatos, os movimentos sociais e a sociedade civil fortaleçam o apoio ao TSE e ao STF, hoje as primeiras trincheiras da resistência contra a ameaça de ditadura que está se desenhando.

É também imprescindível uma conversa e uma costura com setores das FFAA que não fecham com Bolsonaro para tentar neutralizar qualquer movimento mais arrojado da ala golpista.

Interlocutores há para isso, como o ex-ministro da Defesa durante os governos Lula e Dilma, Nelson Jobim, o ex-ministro da Defesa durante o governo Dilma, Aldo Rebelo e o ex-ministro da Defesa durante o governo Temer, Raul Jungmann. Todos eles têm bom trânsito entre os militares.

É preciso que as forças que defendem a democracia não esperem, mas que se antecipem.

Em tempo: nossa grande imprensa, que depende da democracia para manter a liberdade de expressão, imprescindível aos jornais, embora certamente não apoie o golpe, parece não ter compreendido ainda a ameaça que está por vir. Faz ares de quem quer ostentar uma neutralidade político-partidária que só favorece sua futura destruição.

Se a ficha não cair logo, será apontada no futuro como cúmplice de mais um período sombrio e cruel de nossa história.


Também publicado no Jornal GGN:

https://jornalggn.com.br/opiniao/ele-tentara-o-golpe-por-fernando-castilho/

Também publicado em Piauí Hoje:

https://piauihoje.com/blogs/e-o-que-eu-acho/ele-tentara-o-golpe-401161.html

Também publicado em Construir Resistência:

https://construirresistencia.com.br/ele-tentara-o-golpe/

Também publicado em Medium:

https://medium.com/@fernandocastilho/ele-tentar%C3%A1-o-golpe-f770f16a8c11



quinta-feira, 17 de março de 2022

O mito da terceira via

Por Fernando Castilho




A última pesquisa Genial/Quaest mostrou Moro e Ciro, praticamente empatados em dois cenários, mas muito atrás de Bolsonaro, o segundo colocado. Parece que não decolarão mesmo.


Já muito se escreveu e se falou sobre a tal terceira via para as eleições presidenciais de 2022, mas gostaria de dar minha contribuição para esse debate.

Em primeiro lugar, sou taxativo: não existe a terceira via!

Por quê?

Vamos raciocinar. O termo surgiu porque nossa elite ficou desesperada por ter de escolher entre Bolsonaro e Lula. Acreditam que um está numa ponta e outro na outra. A isso a mídia deu o nome de polarização.

Mas será que ela existe de fato?

É certo e tranquilo que o capitão está realmente na ponta chamada de extrema-direita. Mas é um grande equívoco dizer que Lula está na outra ponta, ou seja, na extrema-esquerda.

Lula já governou o país por duas vezes e sua sucessora, Dilma Rousseff, por um mandato completo e outro interrompido pela metade devido ao golpe que sofreu. Em nenhum momento o ex-presidente assumiu posições que nos levaram ao socialismo e, muito menos, ao comunismo. Pelo contrário, enquanto, com seus programas sociais, tirava 35 milhões de pessoas da linha da miséria, conferia bem-estar à classe média e possibilidades de lucro à elite econômica do país. Ninguém saiu perdendo com Lula.

Então, o ex-presidente se situa no ponteiro da centro-esquerda.

Para reafirmar essa posição junto ao mercado, leva junto à tiracolo, o ex-governador e ex-tucano, Geraldo Alckmin, como seu vice.

Para se estabelecer a terceira via, ou seja, um meio-termo entre Bolsonaro e Lula, seria preciso um candidato não de centro, mas de direita!

Vamos analisar quais seriam os pretendentes a essa vaga.

Sergio Moro já demonstrou, por suas posições, principalmente em relação à segurança pública, como a excludente de ilicitude, entre outras posturas próximas ao fascismo, que se situa no mesmo lugar onde o ponteiro do espectro político aponta para Bolsonaro. Ele é um Bolsonaro com um pouco mais de verniz, embora fale também muita besteira. Além disso, já foi ministro do capitão por ter ideias parecidas.

Ciro Gomes se situa no mesmo lugar de Lula, a centro-esquerda, embora pessoalmente fale mais como direita. Poderia muito bem ser vice dele, mas a vaidade o impede.

Sobrou quem? João Doria? Este, durante a campanha de 2018 adotou o codinome de Bolsodoria, justamente por se confundir com o capitão.

Então fica demonstrado que não há terceira via.

A última pesquisa Genial/Quaest mostrou Moro e Ciro, praticamente empatados em dois cenários, mas muito atrás de Bolsonaro, o segundo colocado. Parece que não decolarão mesmo.

Se não decolarem, há possibilidade de desistência antes do primeiro turno?

Não há dúvida, pela personalidade, que Ciro não desiste de jeito nenhum, mas, na hipótese improvável de sua desistência, creio que, dos 7% que ostenta hoje, uns 5% poderiam ir para Lula, que ficaria com confortáveis 49%, podendo vencer já no primeiro turno.

Deputados do Podemos, partido de Moro, já deram um prazo para ele esboçar reação. Caso desista, poderá tentar uma vaga no Senado. Mas seus eleitores, para onde irão?

Essa é uma pergunta dificílima de responder, pois eles odeiam tanto Lula quanto Bolsonaro. Possivelmente, votariam em branco ou anulariam o voto, favorecendo Lula para vencer no primeiro turno devido à contagem dos votos válidos.

Agora que já se percebe que a terceira via não vai mesmo emplacar, aqueles que lançaram essa hipótese vão ter que se decidir por Lula ou por Bolsonaro.

Já há pelo menos um mês, o capitão se mantém mais quieto para evitar falar bobagens e a mídia parou de atacá-lo.

Isso sinaliza que a opção de nossa elite já é por Bolsonaro, embora haja dúvidas porque o capitão não conseguiu implementar a política neoliberal de Paulo Guedes na sua totalidade.

E é preciso por nesse tabuleiro a memória que ela tem dos tempos em que ganhava muito dinheiro durante os governos Lula.

Enquanto outubro não chega, vamos acompanhando o andar da carruagem, analisando os fatos novos que vão surgindo.

 


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O PT e um projeto para além do de governo

Por Carlos Fernandes



Após reunião com Lula, Márcio França desiste de candidatura e afirma que estará junto na campanha de Haddad.

O interior conservador de São Paulo, ninguém nega, é um fator a ser superado por qualquer chapa progressista de esquerda.

Justamente por isso, o apoio de Alckmin e Márcio França a Haddad são suportes que ajudam e muito a superar esse direitismo e antipetismo tão enraizados.

Ainda que outras variáveis como a influência - via poder econômico, inclusive - que o atual governo do estado irá exercer na campanha devam ser incluídos nessa complexa conta, é impossível negar que estamos construindo a mais sólida e provável oportunidade de vitória do campo da esquerda de todos os tempos no maior colégio eleitoral do país e estado mais importante da federação.

O PT parece ter aprendido, a duras penas, que não basta apenas um projeto de governo, mas também, e principalmente, de um projeto de poder.

E São Paulo é parte fundamental para esse segundo projeto.

Lutar pontualmente ao lado de inimigos históricos, num contexto político envolto a uma série de derrotas, visando a construção de algo muito maior e mais duradouro é exemplo típico da mais tática, estratégica e responsável luta política, dada as atuais circunstâncias.

Para além de livrarmos o estado de São Paulo de mais de 3 décadas de hegemonia tucana e liberal, pavimentamos a estrada para uma verdadeira revolução de curto, médio e longo prazo jamais vista nesse país.

E os primeiros tijolos a serem assentados via análise concreta da realidade é a deposição de Jair Bolsonaro e João Dória da vida pública brasileira.

A isso chamamos política. Todo o resto é brincadeira juvenil de pseudos-revolucionários.


sábado, 19 de fevereiro de 2022

O xadrez de Lula, o grande mestre

Por Fernando Castilho





Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas por ele.


O xadrez se caracteriza, entre outras coisas, por ser um dos poucos jogos em que, para vencer, é preciso prever alguns lances adiante.

Diz a lenda que um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o grande mestre americano Bob Fischer, conseguia prever até 70 lances futuros. Se o adversário fosse realmente forte, não teria como escapar das jogadas previstas por ele.

Guardem isso porque voltarei depois a esse tema.

Gente, a diferença nas intenções de voto para presidente, entre Lula e Bolsonaro baixou. Dependendo da pesquisa, isso é mais ou menos evidente.

Na verdade, a campanha pra valer ainda não começou, mas, para quem deseja ver esse governo pelas costas e inaugurar um novo ciclo civilizatório, um sinalzinho amarelo começou a piscar.

Alguns fatores podem ter influenciado essa redução da diferença, como o efeito Auxílio Brasil e a visita de Bolsonaro, um pária mundial, a Putin, não importa qual o assunto tratado.

O maior fator que conduz o Brasil a um atraso em seu desenvolvimento, apesar de todas nossas riquezas é, sem dúvida, a terrivelmente perversa má distribuição de renda, o que causa um abismo entre as classes mais favorecidas e os excluídos.

Quer gostem ou não dele, foi com os dois governos Lula que esse abismo foi reconhecidamente reduzido. Lula havia prometido durante sua campanha em 2002 que o pobre iria comer três refeições por dia se ele foi eleito. E ele cumpriu.

Foi com Lula que cerca de 35 milhões de pessoas saíram da linha da miséria e da pobreza, podendo comer mais e melhor e, por isso, movimentando a economia.

Foi também com ele e com Dilma que vários outros programas sociais levaram aos mais vulneráveis um estado de bem-estar social com empregos, renda, alimentação, ensino técnico, saúde e moradia, principalmente.

Hoje temos um país parcialmente destruído onde nada mais funciona. Se Bolsonaro não tivesse parado o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, poderíamos ter mitigado as tragédias das inundações na Bahia, Minas Gerais, São Paulo e, agora, Petrópolis no Rio de Janeiro.

Não é preciso aqui fazer uma lista dos maufeitos do Capitão Morte, pois quem acompanhou esses três anos, sabe de cor e salteado.

Para encurtar, é fundamental que esse governo tenha fim este ano e que o próximo presidente inicie um processo de recuperação do país e o coloque de novo nos trilhos do desenvolvimento e do processo civilizatório, levando bem-estar aos menos favorecidos.

No momento, o único capaz de conduzir o país a isso é Lula, até porque já fez isso anteriormente. Não precisa ser testado.

Agora, voltando ao xadrez.

Ainda no final do ano, Lula surpreendeu a todos propondo Geraldo Alckmin na vice-presidência. Uns compreenderam e outros torceram o nariz.

Sabemos o que Alckmin fez no verão passado e não nos esqueceremos. Mas o que se passou pela cabeça de Lula?

Ele sabe que a boa vantagem que ele ainda tem pode ser ilusória porque Bolsonaro, apesar de tudo o que fez de mal ao país, mantém cerca de 30% de um eleitorado fiel e, com a máquina do governo nas mãos, pode ampliar esse índice.

Lula sabe desde o ano passado que não ganha as eleições se compor uma chapa puro-sangue, só com a esquerda. É fundamental que amplie o espectro político. E é aí que entra Alckmin.

Além disso, como grande mestre do xadrez político, Lula, ao mesmo tempo que utiliza Alckmin para ganhar mais votos, o tira da disputa pelo governo de São Paulo, em que é favorito.

Desta forma, Fernando Haddad tem grandes chances de se eleger governador de São Paulo!

Mas, e os lances futuros? Lula previu?

Ele tem plena consciência de que não viverá para sempre. Aliás, ele só está entrando nessa disputa por amor ao país porque, talvez, por sua vontade, iria curtir o descanso acompanhado de sua esposa.

Lula aposta na capacidade de Haddad em fazer um excelente governo em São Paulo para se cacifar em 2026 para sua sucessão na presidência. Aí, talvez, com uma chapa completa de esquerda.

Então, gente, é imprescindível que todos da esquerda esqueçam suas opiniões sobre Alckmin e ajudem Lula em seu árduo trabalho de buscar composições aqui e ali para que vença já no primeiro turno sem dar tempo para que o Capitão Morte obtenha apoiadores de última hora, como Doria, Eduardo Leite ou Moro. Ciro, mais uma vez, dificilmente apoiaria Lula no segundo turno, preferindo ir novamente para Paris.

As peças estão sobre o tabuleiro e o grande mestre Lula raciocina para prever os lances futuros.

Não fiquemos só na torcida ou alimentando sonhos ingênuos.

Vamos ajudá-lo!


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O paradoxo de Lula: um programa de esquerda na base de um amplo arco de alianças

Por Mauro Lopes


Lula surpreende e aponta para um programa à esquerda como base para uma política de alianças com o centro, a centro-direita e a direita, escreve Mauro Lopes


Nesta altura do campeonato, tudo caminha para uma chapa Lula-Alckmin. Apenas um evento inesperado de impacto poderá alterar o que, conforme Lula e a direção do PT têm sinalizado, está politicamente decidido, faltando apenas sacramentar e operacionalizar.

O ponto de indefinição é apenas qual será o partido ao qual Alckmin se filiará. O movimento em curso guarda semelhança com o realizado em 2002. Na época, José de Alencar era filiado ao PMDB e deixou o partido, que tinha aliança com o PSDB, para abrigar-se no PL. Agora, Alckmin deixou o PSDB e estão em andamento as conversas sobre qual será seu destino partidário.

Foto: Ricardo Stuckert

Da mesma forma que com José de Alencar, não se trata de uma aliança partidária nos moldes tradicionais, mas de um acordo político-social com capacidade de sinalizar ao país o espírito do governo que virá, se as urnas o confirmarem. 


No caso do PT, a presença de Alckmin terá a virtude extra de auxiliar na campanha para eleger Haddad em São Paulo. Para Lula, governar com um apoio do líder do estado-país que São Paulo representa, terá uma potência inédita. De quebra, começa-se a construir a “passagem do bastão” interna no partido. 

Um dos elementos mais relevantes -e até surpreendentes- da operação política em curso foi captado pelo cientista político Mathias Alencastro no programa Giro das 11 da TV 247 da última terça-feira (25): “ “Fiquei surpreso quando em plenas férias de janeiro, o PT colocou na mesa dois temas estruturantes e difíceis: o teto de gastos e a reforma trabalhista. Foi um movimento perfeito, porque o PT sinalizou para a esquerda que a política de alianças será feita com base num programa de esquerda para o governo.”

Isso é inovador e, de fato, surpreendente. Uma política de alianças ampla, com setores do centro, centro-direita e até direita tradicional que terá como pano de fundo um programa de governo que deve ser o mais à esquerda das quatro eleições que levaram Lula e Dilma ao Planalto. 

De fato, em suas entrevistas, Lula tem indicado que não fará concessões neoliberais no programa de governo para receber Alckmin na chapa ou articular mais amplamente as alianças eleitorais. A entrevista de Lula à CBN Vale do Paraíba nesta quarta (26), foi exemplar deste ponto de vista. Nela, Lula foi ainda mais explícito quanto a Alckmin: "“Eu tenho confiança no Alckmin. Fui presidente por oito anos, tive relações com Alckmin e sempre foram relações de respeito, institucionais. Se der certo da gente construir essa aliança, eu tenho certeza que vai ser bom para o Alckmin, vai ser bom para mim, vai ser bom para o Brasil e sobretudo deve ser bom para o povo brasileiro”.

Com sensibilidade, o professor Alencastro pontuou algo de aparência paradoxal: quanto mais for sendo construído e consolidado um programa de governo à esquerda, mais haverá espaço para ampliação da política de alianças, pois a bússola estará apontando para o norte, mesmo com uma tripulação de alta diversidade no navio eleitoral de Lula.

Estaremos ao mar, até as eleições. 


Mauro Lopes é jornalista e editor da TV 247


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

O PT precisa ajudar Lula a vencer no primeiro turno

Por Fernando Castilho




Muita gente está questionando se o ex-presidente estará vivo após quatro anos de mandato. A dúvida tem sua razão, afinal, Lula completará 76 anos no mês do primeiro turno e estará com 80 ao final do mandato, se vencer.


Lula fechou questão sobre Geraldo Alckmin como seu vice na chapa à candidatura de presidente em 2022.

Imediatamente vieram as mais variadas críticas de várias vertentes do PT e da esquerda em geral.

Logicamente Alckmin não é o vice dos sonhos de ninguém que deseje que o país se recupere da destruição levada à cabo por Jair Bolsonaro e avance nos programas necessários a promover o cidadão brasileiro e reduzir as terríveis desigualdades entre as pessoas.

Mas será que Lula vê o ex-governador de São Paulo dessa forma também?

É preciso entender que há uma guerra a ser vencida. Precisamos enxotar os facínoras que se instalaram no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios porque ninguém aguenta mais tantos desmandos e atitudes genocidas contra o povo brasileiro. E não podemos correr o risco de composições serem urdidas durante a campanha para o segundo turno.

O ex-presidente tem também o governo de São Paulo em mente. Se Alckmin, o favorito nas pesquisas para o Palácio dos Bandeirantes, desistir da disputa, o caminho estará aberto para que Fernando Haddad seja o primeiro petista a morar lá.

É por isso que Lula vem trabalhando arduamente na costura de alianças, tentando trazer figuras como o senador Randolfe Rodrigues, por exemplo e acenando com Alckmin para a elite financeira do país para mostrar que a terceira via está a vista de todos.

Lula tem pressa.

Muita gente está questionando se o ex-presidente estará vivo após quatro anos de mandato. A dúvida tem sua razão, afinal, Lula completará 76 anos no mês do primeiro turno e estará com 80 ao final do mandato, se vencer. 

Se Lula vier a falecer durante seu mandato, Geraldo Alckmin assumirá a presidência. Este deve estar pensando nisso.

Mas Lula, com certeza, já avaliou sua condição física. Não vai jogar o Brasil numa aventura que ninguém sabe no que vai dar e comprometer sua história. Ele deve confiar que termina o mandato.

E a reeleição?

Acho que isso já foi pensado também.

Por isso que Lula quer Haddad governador. São Paulo pesa muito numa disputa presidencial e se Haddad fizer um bom governo, se cacifa para a presidência em 2026. Lula não deve estar pensando em dois mandatos.

Como Lula vem trabalhando muito já há alguns meses nessas costuras, seria mais lógico e até humano que as arestas entre os petistas fossem aparadas.

É imprescindível que agora todos unam forças contra o mal maior e trabalhem de maneira positiva para a eleição de Lula/Alckmin.

O projeto de Lula é maior que o PT neste momento.

É o projeto de salvação do país e de nosso povo.

É só nisso que ele pensa.




 

 


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Os sonhos de Ciro

Por Fernando Castilho


"Creio que teremos um segundo turno de Lula contra Ciro.”

Carlos Lupi, presidente nacional do PDT deu entrevista ao Uol em que afirmou, entre outras coisas, que Ciro vai até o fim das eleições porque, segundo ele, não há chances dele abandonar a disputa ao Palácio do Planalto em 2022. "Ciro passou a ser candidato desde que ele perdeu a eleição, em 2018. A candidatura dele vai até o dia da próxima eleição. E para vencer.”

"Hoje temos um cenário em que o Lula tem vantagem sobre Bolsonaro. Bolsonaro hoje está com um terço de eleitores que tinha em 2018. Isso é resultado do desmando de um governo antidemocrático e genocida. Creio que teremos um segundo turno de Lula contra Ciro.”

Realmente não dá pra entender o que se passa na cabeça dos pedetistas. Imaginar que Ciro Gomes, hoje com cerca de 3% das intenções de votos, vá com Lula para o segundo turno e o vença, é sonhar muito alto, embora não seja impossível.

Se é essa a estratégia do candidato, por que direciona suas baterias preferencialmente contra Lula em vez de atacar o segundo colocado, o Capitão Morte? Acaso imagina que conseguirá tirar votos dele? Vejam que, apesar de todos os disparates e as notórias mentiras, além do negacionismo que contribuiu para ceifar centenas de milhares de vidas, o presidente mantém cerca de 30% de eleitores. Ciro não conseguirá tirar um só voto dele.

Carlos Lupi ainda afirmou: "Lula não tocou nessa ferida, que é o sistema financeiro do Brasil. Precisamos taxar os grandes bancos, cobrar das grandes fortunas. Essa é nossa principal diferença e vamos explorar permanentemente."

Gente, Lula nem é oficialmente candidato ainda, embora esteja se movimentando para isso. Essa questão de sistema financeiro deve fazer parte de seu programa de governo e não será tratada agora. Se Ciro já se adiantou, problema dele.

Outra coisa a se discutir agora é pra onde vai a Rede Sustentabilidade.

A maioria do partido trabalha para um possível apoio a Lula (o senador Randolfe Rodrigues já está conversando com a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann), mas Marina Silva se move no sentido contrário e, ao que parece, irá de Ciro, não se sabe se como vice dele.

Isso era de se esperar porque o rancor de muitos anos ainda predomina na mente da ex-senadora, algo que não combina com seu pensamento cristão.

Se Ciro e Marina decidissem apoiar Lula já, nem teríamos segundo turno e a fatura estaria liquidada.

Mas o ego e a ambição são muito maiores que a necessidade de livrar o Brasil do genocida que está no poder.

A mídia e a elite financeira ainda alimenta sonhos com Moro na presidência, uma espécie de Bolsonaro menos pândego, mas Lula já começa a penetrar nesses sonhos e a tendência é que com Geraldo Alckmin de vice ela passe a sorrir um pouco mais para o ex-presidente.

Dito isso tudo, talvez tenhamos que aguardar o resultado do primeiro turno.

Saberemos se Ciro viajará a Paris de novo (talvez o faça por pura provocação) e se Marina fará como fez em 2014 apoiando Aécio Neves contra Dilma Rousseff, agora trocando o mineiro por Bolsonaro. Improvável, mas não impossível.

 


 

 


sábado, 22 de janeiro de 2022

Lula e Alckmin

Por Eliara Santana


Queridos, eu tenho visto o rebuliço, e algumas pessoas têm me chamado in box para conversar, aflitas que estão com o cenário e a possibilidade ou efetividade da chapa Lula-Alckmin. Eu gostaria então de fazer alguns comentários a partir de algumas coisas que tenho ouvido e lido. Já adianto – para evitar a falta de educação – que não estou me colocando como porta-voz de nenhuma verdade suprema, ok? São comentários, percepções que acho pertinente compartilhar para pensarmos o momento político desafiador desta enorme Nação.

A primeira questão para mim é que não se trata de um pleito apenas, não é uma disputa para ganhar uma eleição. A disputa, na minha compreensão, é para termos o poder e a chance de retomarmos o processo civilizatório no Brasil – o que o bolsonarismo fez em quatro anos é devastador, o país está fraturado, a economia em frangalhos, o tecido social totalmente esgarçado, a desigualdade aviltante. Além desse quadro perceptível, há ainda toda a articulação e consolidação de um projeto de poder de extrema-direita, em curso e com bastante grana, com suporte da interface entre sistema religioso e sistema midiático, que ancora esse ecossistema de desinformação.

Em segundo lugar, penso também que este pleito de 2022 é a possibilidade concreta de uma retomada significativa para o PT, Lula à frente, que, após mais de sete anos de muita pancada, tem a chance de novamente eleger um presidente da República, governadores de estado (com a chance de ganhar São Paulo) e bancadas de apoio no Legislativo.

E por mais críticas que tenhamos ao modus operandi do PT, às escolhas feitas, às jogadas incoerentes, de minha parte, eu reconheço que foi a mais exitosa experiência em termos de governos que colocaram o pobre no orçamento, que pensaram políticas públicas inclusivas, que dialogaram com os movimentos sociais e deram a eles condições de atuação, que pensaram que a educação deve ser, sim, para todos, que reconheceram direitos das minorias (socialmente colocadas nesse patamar) – mulheres, comunidade LGBTQIA+, negros. Portanto, para mim, vale apostar de novo nessa experiência.

Em terceiro lugar, cabe indagar se o PT, mesmo com Lula muito à frente nas pesquisas, reconquistará o poder sem alianças com a centro-direita. Creio ser impossível neste momento. O Brasil é gigante, está fraturado, tem uma base grande conservadora. Se estivéssemos na Suécia, na Islândia, na Dinamarca ou na Finlândia, em condições normais de temperatura e pressão, ter uma chapa pura de esquerda raiz seria maravilhoso – Lula e Benedita, ou Lula e Jandira, ou Lula e Manuela… haveria muitas possibilidades incríveis.

Mas nós não estamos. Estamos no Brasil de Jair, o incomível, que detona a economia e não quer vacina para crianças. Estamos no país em que milhares de pessoas comem osso e pele de frango – quando podem pagar por isso. E antes que também me lembrem, nós não somos o Chile, nossa trajetória é bastante distinta, somos vários brasis aqui dentro.

Um quarto ponto é que precisamos minar as bases do bolsonarismo, essa doença de extrema-direta que vai perdurar mesmo sem Bolsonaro. Por isso, consolidar uma chapa que tenha condições de levar a disputa já no primeiro turno é muito importante. Pessoalmente, não gosto muito de Alckmin, tenho críticas à gestão dele, mas reconheço plenamente que ele não é uma figura política abjeta como Aécio Neves. Portanto, é sim um nome palatável. Ademais, ele não estando na disputa pelo Palácio Bandeirantes amplia muito a chance de Haddad levar em São Paulo. O que seria uma grande conquista.

O editorial de hoje do Estadão fala que Bolsonaro quer sangrar as contas públicas. Sim, ele quer e vai fazê-lo. Portanto, o Brasil deixado por Jair estará numa situação dificílima, e quem herdar esse espólio terá de se desdobrar. O ano de 2023 não será fácil – além de todas as gigantescas dificuldades, haverá uma expectativa gigantesca acumulada – os brasileiros querem pão, trabalho, alegria. Será preciso dar um choque de esperança para começar a governar.

Para mim, a única figura política simbólica capaz de fazer isso é o filho de dona Lindu. E se ele vem acompanhado de Alckmin, Angélica, Xuxa, Huck, Neymar ou Magazine Luiza pouco importa em termos do meu voto pessoal. Porque existe um programa, que já foi bem-sucedido e foi capaz de levar o Brasil a ser a sexta economia mundial e de possibilitar aos brasileiros de todas as cepas estudarem no exterior e fazerem churrasco no domingo (sim, houve problemas e falhas, como existe em várias configurações).

O meu desejo pujante é que Lula e o programa do PT sejam capazes de dar esse choque de esperança e que possam reafirmar com grandeza o compromisso de fazer com que as pessoas neste país voltem a ter três refeições por dia.

O resto se ajeita.




quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Tá ou não tá estranho?

 Por Fernando Castilho


As campanhas eleitorais já estão iniciando e o Capitão Morte se comporta como se desejasse perder as eleições.
Em meio à crise de fome, desemprego, variante ômicron, demissão em massa de chefias da Receita Federal por protesto contra o reajuste de policiais federais, o projeto de ditador sai de férias irregularmente cometendo crime de apropriação indébita.
Como se não bastasse, divulga um vídeo numa lancha dançando funk sem se preocupar com as opiniões das lideranças evangélicas que o cultuam.
Mandou seu ministro capacho da saúde protelar ao máximo a vacinação de crianças quando sabe que as vacinas têm a aprovação de 95% da população.
Viu Lula disparar nas pesquisas enquanto sua desaprovação bate recordes e deu de ombros. Disse que o que vale é o Datapovo.
Viu Lula participar de um jantar com várias lideranças partidárias e Geraldo Alckmin, possível vice na chapa do ex-presidente, mas não ligou.
Vai na contramão de tudo o que poderia fazê-lo ganhar uns pontinhos nas pesquisas. É como se não estivesse nem aí.
Ou está contando que o Auxílio Brasil compre os votos dos pobres e o faça subir nas pesquisas ou sonha de novo em preparar um golpe.
Duvido que a primeira hipótese dê certo, afinal, os pobres sabem que é Lula que se preocupa com eles. Pode até subir um pouco, mas não vence Lula somente com isso.
Quanto à segunda hipótese, embora tenha dado um passo decisivo para tentar comprar os policiais federais que poderiam lhe dar apoio numa tentativa de golpe, faltou combinar com os policias militares dos estados. Além disso, depois do fiasco de 7 de setembro, está evidente que o capitão não reúne forças que deem suporte a um golpe.
O que se passa no oco da cabeça do capitão?