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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Bolsonaro Nostradamus

Por Fernando Castilho

Foto: G1, por Daniela Lima, Bruno Tavares e Fábio Santos


Se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.


Quarta-feira, 24 de janeiro.

 

Jair Bolsonaro publica uma postagem enigmática no X, no melhor estilo Nostradamus:

- As próximas semanas poderão ser decisivas.

- Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas.

- "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."

- Deus, Pátria, Família e Liberdade.

- Jair Messias Bolsonaro

A postagem causou alvoroço nas redes sociais e nos jornalões. Parecia que o ex-presidente previa que num futuro muito próximo algo iria lhe acontecer. Ou a um de seus filhos, talvez.

Domingo, 28 de janeiro.

 

Bolsonaro, junto a seus 3 primeiros filhos (o 04, Jair Renan e a ex-primeira-dama, Michelle, não estavam presentes porque o patriarca somente leva em consideração seu núcleo familiar mais duro), faz uma live para entre outras coisas, desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral e sugerir perseguição no caso do escândalo da Abin. O outro assunto foi o lançamento de um curso para conservadores a ser ministrado por Eduardo e Carlos, ora vejam. Se passou pela sua cabeça, leitor, que esse curso que custa 300 reais poderá servir como lavagem de dinheiro, você só está sendo maldoso e imaginando coisas, viu?

Segunda-feira, 29 de janeiro.

 

A Polícia Federal faz busca e apreensão nos endereços de Carlos Bolsonaro, tanto na Cãmara de Vereadores do Rio de Janeiro, como no Condomínio Vivendas da Barra onde reside. Além disso, não escapou à PF bater à porta da mansão de Bolsonaro em Angra dos Reis, onde foi gravada a live.

Os Bolsonaro não estavam em casa. Teriam saído para pescar entre 5 horas da madrugada e 6 e meia, de acordo com várias versões.

A PF, incumbida de apreender os celulares de Carluxo, aguardou pacientemente até o meio-dia quando o vereador voltou à casa. Não se sabe se trazia peixes com ele. O celular foi apreendido.

O que temos, então?

Numa escala de 0 a 10, a suspeita de que a familícia foi avisada por alguém da PF (ou mesmo da Abin) pode estacionar no número 9.

Uma comunicação via WhatsApp de uma assessora de Carluxo foi interceptada pela PF. Na mensagem, a assessora pedia ao delegado Ramagem, então ainda chefe da Abin, informações sobre a família Bolsonaro, demonstrando cabalmente que a agência atuava para sua blindagem, uma nova forma de corrupção e apropriação do Estado para benefício particular do governante.

E se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.

Durante o governo de transição, ainda em 2022, Lula já deveria ter dado ordens ao general GDias, escolhido como ministro do GSI, para que mapeasse todos os funcionários da pasta para cortar as cabeças dos bolsonaristas com algum poder de comando, mas não o fez. O resultado todos sabemos, pois ficou explícito no famigerado dia 8 de janeiro de 2023.

O que não sabíamos é que a Abin, um dos órgãos mais sensíveis, pois trabalha essencialmente com informação, um dos bens mais importantes para um governo, manteve durante todo o ano de 2023 bolsonaristas, incluindo aí o nº 2 da pasta!

Isso significa pouco? Não, significa que, tanto Ramagem (que mantinha ainda um computador em casa pertencente a Abin, o que tem que lhe custar uma acusação por crime de peculato) quanto Carlos Bolsonaro e, por consequência, Jair Bolsonaro, recebiam diariamente informações sensíveis sobre o governo, os ministérios e o próprio Lula. Quiçá, também sobre ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado. E se isso pode se caracterizar como sendo de uma gravidade extrema, o mesmo se pode dizer da responsabilidade do governo em manter essa estrutura.

Não se defende aqui, de maneira nenhuma, a extinção da Abin. A agência tem muita importância estratégica para o Estado. Não se pode derrubar a floresta para matar a onça. É preciso que muito rapidamente se faça a tardia limpeza.

Para encerrar, uma pitadinha do que a burrice e incompetência podem causar. Jair Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan, ao ser indagado sobre o fato de a assessora de Carluxo ter consultado Ramagem sobre a família, perguntou: “qual é o problema nisso?” É sério, ele admitiu o crime.

Fábio Wajngarten, o advogado de seu Jair, talvez tenha um dos piores empregos do mundo, pois, a todo momento tem que lidar com a língua destravada de seu cliente que insiste em produzir provas contra si mesmo.

 


segunda-feira, 24 de julho de 2023

De olho no lance

Por Palas Atena

Imagem: reprodução Internet


No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.


Na semana passada, a PF indeferiu pedido de Carluxo para renovar autorização de porte de arma. Ele agora não pode mais andar com a pistola 9 mm que tem, como miliciano que é.

As razões não ficaram muito claras. Mas hoje a PF desencadeou operação para prender mais um participante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e cumprir mandado de busca e apreensão em mais sete endereços de envolvidos no crime.

Pouco tempo depois de federalizar a investigação no governo Lula, a PF comandada pelo ministério de Flávio Dino já mostra resultados. Fez acordo de delação com Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o carro onde estava Ronnie Lessa, o responsável pelos disparos que mataram Marielle e seu motorista Anderson.

Alguns fatos relevantes:

- Em 2018, ano de seu assassinato, Marielle fazia parte da Comissão na Câmara que investigava os abusos da intervenção militar no RJ e a relação com as milícias. O responsável pela intervenção, nomeado pelo golpista Michel Temer, foi o general Braga Netto que, na época do assassinato, disse já saber quem tinha mandado matá-la. Tempos depois, não falou mais nisso e ganhou um cargo relevante no desgoverno do genocida.

- Marielle seria candidata ao Senado, forte concorrente à vaga em disputa com Flávio Rachadinha Bolsonaro.

-Em 14 de março de 2018, exatamente no dia da morte de Marielle e Anderson, o hoje delator Élcio fez uma visita ao condomínio vivendas da barra, onde moram o genocida e Ronnie Lessa. Ele foi à casa 58, de propriedade do genocida, então deputado Federal.

- No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.

- Nas quebras de sigilo telefônico dos assassinos, havia uma quantidade absurda de telefonemas entre a casa de Ronnie Lessa e a casa do genocida. Para justificar esses telefonemas, a familícia inventou que o filho 04, Jair Renan, namorava a filha de Ronnie Lessa. Só que, na época, essa menina morava nos EUA.

- Há ainda aquela história do porteiro do vivendas da barra que confirmou a ida de Élcio à casa do genocida no dia do assassinato. Quando a história vazou, o marreco de Maringá, então ministro da justiça, perseguiu o porteiro e deu sumiço nele.

São muitas, muitas as evidências e provas que ligam o assassinato de Marielle e Anderson à familícia. Pode ser que agora a PF descubra o(s) mandante(s). E, como mais uma prova de que o genocida tem tudo a ver com o caso, os nomes de Adélio e Celso Daniel já estão sendo impulsionados no twitter para manobra diversionista sobre as revelações de hoje. Sempre que algum crime da familícia vem à tona, os bozofascistas acionam esses nomes nas redes sociais.

A ver cenas dos próximos capítulos desse crime hediondo contra uma das mais promissoras políticas deste país, que teve sua vida apagada por um bando de miliciano.

 


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Ao encenar, Bolsonaro revela suas verdades

Por Carlos Fernandes


O mico da vez retrata o comandante-chefe da República sentado como um jeca numa birosca de meio de estrada se lambuzando com um espetinho de frango e coberto dos pés à cabeça de farinha de qualidade muito duvidosa.


O presidente Jair Bolsonaro está em franca campanha presidencial.

Peças de puro marketing eleitoral, ainda que não oficiais, estão sendo montadas e veiculadas nas redes com o intuito de sempre: criar a aparência de um homem do povo, gente como a gente.

Em absolutamente nada se diferencia dos medalhões da direita liberal e "sudestina" a cada vez que esses vão ao nordeste brasileiro andar de jumento e usar chapéu de couro ainda que isso, hoje em dia, seja apenas uma caricatura mal acabada e um tanto quanto preconceituosa dos nordestinos.

Neste final de semana não foi diferente. Numa direção digna de Carlos Bolsonaro, um sujeito que no meio político ganhou o apelido de Tonho da Lua, o atual presidente aparece naquilo que deverá entrar para os anais da política brasileira como uma das coisas mais patéticas e inapropriadas de sua história.

E olha que estamos falando do homem que já chegou a questionar em suas redes oficiais o que viria a ser Golden Shower veiculando, inclusive, um vídeo bastante autoexplicativo.

O mico da vez retrata o comandante-chefe da República sentado como um jeca numa birosca de meio de estrada se lambuzando com um espetinho de frango e coberto dos pés à cabeça de farinha de qualidade muito duvidosa.

Cena, vale dizer, que contrasta muito com o presidente que já torrou cerca de R$ 30 milhões só em despesas com cartões corporativos cuidadosamente submetidos a um sigilo secular.

Mas o fato é que não há aqui nenhuma novidade. Definitivamente não é a primeira vez (e certamente não será a última) que Bolsonaro e seu staff mais próximo buscam construir cenários que retratam um presidente "que não liga para o luxo". Como não lembrar do sujeito, junto com uma plêiade ministerial, comendo pizza numa esquina de Nova York às vésperas da abertura da Conferência Anual da ONU?

Esse de tipo de estratagema é tão usual ainda hoje, apesar de tão manjado, porque traz resultados práticos. O povo gosta de empatia, de ser representado de alguma forma, de saber que não está sozinho no seu sofrimento e que o presidente da República, apesar de todas as benesses que o cercam, não esquece as suas origens e participa de forma real do seu cotidiano.

Ainda que no fundo saiba que tudo, ao fim e ao cabo, não passa de representação, há um efeito psicológico que remete a um certo acolhimento.

Mas é exatamente aí que Bolsonaro erra a mão e acaba revelando justamente aquilo que mais quer esconder.

Se a vida imita a arte, é a arte, por conseguinte, quem com mais perfeição representa a vida. Ao querer imitar os pobres, Bolsonaro revela e materializa a imagem que este possui daqueles. E o resultado é o que temos.

Para Jair Bolsonaro o pobre é tão somente isso: um sub-humano miserável, iletrado e mal-educado incapaz de utilizar garfo e faca e que uma vez colocado à frente de um mísero prato de comida que seja, se atira sobre ele como se não houvesse amanhã ao ponto de criar sujeira num raio de 5 metros de diâmetro.

E esse é um conceito tão enraizado na canalha que hoje ocupa os mais altos cargos da República que até agora ainda não entenderam o que de errado deu dessa vez.

De toda forma, vendo que a coisa deu ruim, os ministros que primeiro publicaram o vídeo, já o deletaram de suas redes fingindo que nada aconteceu.

O problema é que o estrago já foi feito. Ao querer se fantasiar de pobre, Bolsonaro deixou nu o asco que sente pelas classes mais necessitadas desse país e que, não por acaso, tem se empenhado com tanto afinco em simplesmente exterminá-la.

Que a imensa massa de pobres desse país lembre-se muito bem disso quando outubro chegar.