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segunda-feira, 17 de julho de 2023

Enganando jornalistas enganados

Por Josué Rodrigues Silva Machado


“A ignorância não duvida porque desconhece que ignora”.


O homem continua tentando responder à pergunta fundamental de Pôncio Pilatos ao bom Jesus: "O que é a verdade?"

Em página inteira, o jornal publicou o seguinte título:

“Enganar jornalistas é fácil, diz cientista.”

E abaixo, no subtítulo:

“Americano publica artigo falso para mostrar que imprensa não avalia robustez estatística antes de divulgar estudos.”

Pois é, “americano publica artigo falso...”, diz o subtítulo da notícia sobre a “descoberta” do doutor em biologia molecular John Bohannon de que é fácil enganar jornalistas.

Claro que Bohannon espera que o jornalista competente submeta a informação técnica recebida a outros especialistas da área. Ou confirme de algum modo se os dados inusitados que recebeu têm fundamento – coisa essencial, principalmente em questões científicas.

Mas essas questões básicas em jornalismo não importam aqui e, sim, a afirmação do subtítulo de que “americano publica artigo falso”.

Por que artigo falso?

Tolice das grandes!

Claro que o artigo não é falso. Ele existe, e o Bohannon o gerou e publicou. Se o escreveu e publicou, é verdadeiro, coisa óbvia. Falsa foi a premissa do texto-pegadinha: ele baseou o artigo em fundamentos falsos, usou argumentação fictícia para enganar os distraídos jornalistas.

Fez o que fazem os hackers, os mistificadores e muitos políticos. (Aliás, mistificador não fica bem como sinônimo de político? Pelo menos da maioria do nível de Boçalnato, Arthur Lira e muitos outros.)

Outro texto verdadeiro, mas baseado em premissa falsa, foi o publicado já faz tempo em “Veja” com a acusação de que o senador Romário tinha 7,5 milhões de reais não declarados no Banco BSI suíço. A reportagem foi chamada de falsa.

Por que falsa?

Romário foi à Suíça comprovou a falsidade do extrato bancário e passou a exigir uma gorda bufunfa dos responsáveis pela revista como indenização por danos morais.

Foi, portanto – para ser bem óbvio --, um texto verdadeiro, porque alguém o escreveu e publicou, mas baseado em documento falso – coisinha das mais feias.

Onde está a verdade? Que é a verdade?

E daí? Daí que é fácil se enganar com a certeza fácil, porque, como disse o Marquês de Maricá abraçado a Sócrates:

“A ignorância não duvida porque desconhece que ignora”.

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(Para a revista "Língua Portuguesa")


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O capitão não subiu, como quer o Datafolha. Ele caiu!

Por Fernando Castilho


 



O Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido. Foram eles que o puxaram para baixo dando a ilusão de que temos um povo insensível.


O título parece pueril, mas explicarei por que não é.

Esperamos ansiosamente o Datafolha de quarta-feira (19) porque, nós, democratas que desejamos que o país volte a avançar, tínhamos a expectativa de que Lula, o candidato que representa essa esperança, aumentasse sua diferença em relação ao capitão que flerta com a morte, o canibalismo e a pedofilia, como foi amplamente demonstrado nos vídeos por ele divulgados sem cortes.

Infelizmente, a diferença diminuiu e agora temos um empate técnico.

Parece haver uma anomalia, uma discrepância nos dados, mas talvez não.

Vou na contramão das análises que afirmam que os eleitores do ser que ainda ocupa o cargo mais importante da nação, de repente se mostram insensíveis às últimas e horripilantes revelações. Minhas últimas análises, inclusive, consideravam isso.

Na realidade, é possível (e até provável) que as pessoas mais pobres que vêm se sentindo um pouco mais aliviadas com o Auxílio Brasil estejam gratas ao capitão e, muito mais, esperam que ele cumpra a promessa de manter o benefício em 2023. Nosso povo é assim.

Além disso, o orçamento secreto tem sido usado eleitoralmente Brasil afora pelos aliados do inominável, como sabemos.

Não falta também o uso desmesurado da máquina pública sem nenhum pudor, como nunca vimos antes.

Alie-se a isso a incrível máquina de fake news tocada pelo filho 02 e seu gabinete do ódio, verdadeira locomotiva queimando carvão dia e noite.

Por tudo isso, minha tese atual é de que o Capitão Morte talvez até teria ultrapassado Lula nas pesquisas, caso os escândalos não tivessem aparecido.

Foram esses novos fatos, canibalismo e pedofilia, além do desrespeito à padroeira do Brasil ocorrido em Aparecida, que frearam o crescimento e puxaram o maior mentiroso do país para baixo, colocando-o em empate técnico com Lula. Os vídeos são impressionantemente asquerosos e, com certeza, causaram repugnância em nosso povo.

É preciso lembrar que o Datafolha ainda não mediu a repercussão do esplendoroso sucesso da entrevista de Lula ao Flowpodcast que conta, no momento em que escrevo, com incríveis 8,4 milhões de visualizações, praticamente, 4% da população brasileira.

E para não desanimar aos que anseiam por um bom futuro para o país, Lula está se preparando para o debate da Globo, o último e mais importante antes das eleições.

Se conseguir bater o Capitão Morte, venceremos no dia 30.

Enquanto o debate não chega, o TSE acaba de decidir por uma grande ofensiva nas redes, impedindo a propagação das mentiras.

Para isso, precisamos de esperança, garra e mobilização, seja nas redes, seja nas ruas.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Fachin, um cordeiro. Bolsonaro, um lobo.

Por Fernando Castilho




Fachin se comporta como um cordeiro indefeso e dele se aproveita o lobo Bolsonaro


“Cibersegurança é um elemento imprescindível. As ameaças são credíveis. Por isso, estamos atentos desde já. E como desde antes, sempre estaremos atentos e preparados”.

Inacreditável? Não, diria ESTARRECEDOR!

Sim. Após dois anos de Luís Roberto Barroso à frente do TSE, enfrentando quase todos os dias as insinuações, afirmações, bravatas e ameaças do presidente Jair Bolsonaro, tendo que convidar hackers para tentarem invadir o sistema e as urnas eletrônicas para provar sua inviolabilidade, e fazendo até campanha na TV sobre a segurança delas, vai o novo presidente do tribunal, Luiz Edson Fachin e faz uma afirmação dessas?

Quer dizer que há ameaças? E se uma delas vingar?

É claro que sempre vai haver quem se aventure numa tentativa de burlar o sistema, mas como as urnas não são conectadas a Internet, a invasão só poderia ocorrer no servidor, mas este está sob várias camadas de proteção, o que o torna inviolável.

Outra coisa que causa pavor na fala de Fachin é que “a preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle”.

Isso não assusta? Não intranquiliza o eleitor? Não o induz a pensar que talvez Bolsonaro tenha razão?

Será que não se enganou, misturando tudo? O TSE já pode estar sob ataque?

Todos sabem que o aplicativo de mensagens Telegram tem sua sede na Rússia, mas isso é muito diferente de ataques hackers. Será através dele que Bolsonaro, Carluxo e o pessoal do gabinete do ódio espalharão as fake news durante a campanha. É preciso que se bloqueie de alguma forma o sinal aqui no Brasil, já que os executivos do Telegram não respondem à nenhuma mensagem do TSE, e o problema estará resolvido.

Mas Fachin deveria seguir a cartilha de Barroso e não tocar no assunto, até porque o capitão já havia parado de fazer suas acusações sem provas há meses.

Mas, como o cordeiro Fachin piscou, o lobo Bolsonaro aproveitou e deu seu bote mostrando os dentes, manifestando-se desde a Rússia, desta forma:

“O próprio ministro Fachin acaba de comprovar, no meu entender, que ele não tem confiança no sistema eleitoral. […] Eu não sei por que esse desespero gratuito a um país – no qual o chefe de Estado brasileiro está presente –, como se aqui fosse um país que viesse a participar de forma criminosa em eleições no Brasil. Se o sistema eleitoral é inviolável, por que isso é preocupação? Acabaram de comprovar que existe a possibilidade de [a urna] ser violada”.

Pronto, era o que o Capitão Morte queria. Agora vai voltar a acusar as urnas eletrônicas de passíveis de fraude até outubro.

Com a 10 a 15% de desvantagem nas pesquisas em relação ao ex-presidente Lula, Bolsonaro parece tranquilo, não parece? Teria uma carta na manga, caso perca as eleições?

Já escrevi aqui que a tranquilidade aparente pode ser devido a uma escolha já feita de concorrer ao Senado na última hora, o que lhe garantiria segurança de não ser preso, mas pode ser também que o plano seja outro.

Como Fachin lhe deu munição, Bolsonaro talvez esteja pensando em reeditar aqui em terras tupiniquins, a tentativa de golpe que Donald Trump fez no ano passado nos EUA, quando não aceitou sua derrota para Joe Biden.

A tentativa foi frustrada, mas a invasão do capitólio rendeu cinco mortes.

Mas aqui a coisa pode evolui de maneira diferente, afinal, diferentemente dos EUA, temos as Forças Armadas que costumam interferir nas eleições e atuam politicamente. E pode dar certo.

Desde que Fachin assumiu, tenho um pé atrás com seu desempenho. É fraco e destoa dos outros ministros da Corte.

E agora vemos que quando se porta como cordeiro, atrai lobos ferozes.

Como na fábula O Lobo e o Cordeiro, de Jean de La Fontaine





segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

O estranho conceito de liberdade dos bolsonaristas

 Por Fernando Castilho


A liberdade não existe.

O conceito puro de liberdade pressupõe ausência total de grilhões, de impeditivos para que a vontade, o desejo, a pulsão sejam exercidos de maneira plena.

Para Aristóteles, liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se como decisão e ato voluntário. Desta forma, podemos tomar decisões, mas sempre haverá um limite.

Já para Nietzsche, homem de espírito livre, como ele próprio se intitulava, o homem livre é aquele que tem condições de estabelecer seus próprios valores, independente dos grilhões da moral e dos costumes. A vontade sempre deve ser saciada quando se apresentar.

Mas será que a liberdade absoluta existe?

A liberdade plena não existe. Ela acaba quando começa a prejudicar o outro. Se não fosse assim, poderíamos nos apropriar do bem alheio sem sermos incomodados pela justiça.

O livre-arbítrio também não existe, embora a religião pregue que Deus nos concedeu esse bem. Quando Moisés apresentou ao povo os sete mandamentos da lei de Deus, ficou claro que o homem não pode matar, roubar ou adulterar, Por exemplo.

Mas há uma grande contradição, se não um paradoxo acontecendo.

Temos um presidente saudoso da ditadura, do AI-5, da tortura e da censura. Uma boa parcela da população, aquela que ainda lhe dá apoio nas pesquisas eleitorais, comunga dessa mesma postura.

A ditadura militar, principalmente depois do AI-5, prendeu, torturou e matou, não só aqueles que ousaram se rebelar contra o regime, mas também aqueles que somente manifestaram seu descontentamento.

As artes em geral, expressão máxima da cultura de um povo foram amordaçadas e silenciadas; a grande imprensa precisava muitas vezes recorrer à receitas de bolo para substituir uma notícia que não passou pelo crivo dos censores; as televisões tinham que nos impor noticiários e programas favoráveis ao regime. A falta de liberdade era geral.

Agora temos uma legião de bolsonaristas exigindo liberdade para propagar fake news nas redes sociais.

Mas a liberdade não é um atributo absoluto. Ela é sempre relativa e, por isso, exige responsabilidade.

Desta forma, a propagação de fake news prejudica a coletividade induzindo-a a acreditar em mentiras que certamente irão causar muito mal, como quando foi amplamente divulgado que hidroxicloroquina e ivermectina seriam remédios eficazes contra a Covid-19. Quantas pessoas, iludidas por essas fake news, contraíram a doença e morreram? Quantas tiveram sérios efeitos colaterais advindos da ingestão desses medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus?

Essa mesma parcela bolsonarista, somente porque seu presidente assim o quer, difama a vacina inventando notícias falsas contra ela. A liberdade de fazer isso tem que ser cerceada pelo bem da coletividade que precisa se vacinar para que menos pessoas adoeçam ou morram pela Covid-19.

E a alegação é sempre a mesma: direito à liberdade de expressão. Direito a não se vacinar. Direito a não vacinar os filhos.

Portanto, falar em liberdade em certos casos e não em outros trata-se da mais pura hipocrisia, marca desse governo.

É como ter um ministro do meio ambiente que desmata e promove o garimpo ilegal, um ministro da saúde que protela a compra de vacinas e ainda por cima afirmar que não há comprovação científica ainda da eficácia dos imunizantes ou uma ministra dos direitos humanos, da mulher e dos indígenas que abomina os direitos humanos, trabalha para não fornecer absorventes para as jovens estudantes pobres e não se importa com o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas.

É o negacionismo funcionando em todas as frentes possíveis cujo único intuito é a destruição de todo o arcabouço civilizatório construído ao longo de décadas e locupletação financeira com essa destruição.