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quinta-feira, 26 de maio de 2022

FHC, um bispo no xadrez de Lula?

Por Fernando Castilho




Não tenhamos dúvidas que no ninho voariam asas pra todos os lados, já que Aécio, ao que parece, já está definido para o lado bolsonarista


Não é um xadrez como nós o conhecemos. É um xadrez político.

Lula se movimenta em direção a FHC, um possível bispo utilíssimo na cruzada que enfrentamos para profligar o tirano. Vai pedir para tentar convencer uma ala do PSDB a vir para o lado de Lula já no primeiro turno das eleições. O ex-presidente tucano lhe deve uma pelo apoio à sua candidatura ao Senado em 1978.

Com a desistência de Doria à candidatura presidencial, os tucanos com asas direitas mais robustas se assanham pelo apoio ao infame, já que ostentam DNA de centrão, revelando o apetite que seus bicos têm por orçamentos secretos que podem ser colocados em seus ninhos no ano que vem.

Mas o PSDB, o velho PSDB pré-Aécio, pré-Doria e pré-Eduardo Leite, ainda possui em seu viveiro tucanos com asas de tamanhos iguais ou até mais avantajadas do lado esquerdo.

E antes que migrem para territórios tebeteanos da terceira via, é preciso que seu antigo líder, a ave de rapina mais velha, tente aglutinar o grupo para a causa maior que é a vitória de Lula em primeiro turno, o que tornaria o discurso de fraude nas urnas eletrônicas, vazio devido à diferença acachapante de votos entre ele e o néscio que ora está no poder.

Não há como saber se o príncipe topará a empreitada, visto que costuma diariamente se plantar diante de um espelho para tentar enxergar ainda alguma exuberância em sua plumagem, vaidoso que é. Deve vir negociação por aí.

Para o moribundo PSDB, uma participação no governo poderia ser a oportunidade para a fênix tucana renascer das cinzas. Seria fundamental neste momento religar sua imagem à defesa da democracia contra tentações golpistas, já que este substantivo faz parte de sua sigla.

Não tenhamos dúvidas que no ninho voariam asas pra todos os lados, já que Aécio, ao que parece, já está definido para o lado bolsonarista e, em caso de vitória de Lula, o favorito dos mineiros ao Senado já começaria a fazer oposição no dia seguinte, como fez com Dilma Rousseff, movimentando-se para mais uma vez dar um golpe.

Para o lado do PT, seria interessante envolver no governo um partido historicamente opositor, uma vez que os primeiros anos de Lula serão extremamente difíceis, sendo fundamental que as cobranças sejam divididas entre todos os participantes.

Parece que estamos diante de mais uma jogada inteligente de Lula que provavelmente não agradará a todos que compõem a aliança. Dirão que Lula tucanou porque não conseguem enxergar um horizonte mais distante que seus narizes. Esse possível apoio se apresenta como importante e necessário neste momento para que se possa, já em 3 de outubro, iniciar o combate à fome, ao desemprego e restaurar a dignidade de uma nação que foi subtraída em pouco mais de três anos.

O foco é a derrota do títere autoritário.

É para isso que Lula pede união.

Só falta combinar com FHC.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Augusto Aras, um PGR terrivelmente prevaricador

Por Fernando Castilho


Charge: Aroeira


Como pode uma pessoa sacrificar todo um país de 213 milhões de habitantes para satisfazer sua ambição pessoal em conseguir um cargo vitalício de excelente remuneração e prestígio? A pergunta já é uma resposta


Geraldo Brindeiro exerceu o cargo de Procurador Geral da República (PGR) nos governos Fernando Henrique Cardoso.

Por não dar andamento às denúncias de corrupção no governo, teve que conviver com o apelido de engavetador geral da República e poderia ser chamado também de Geraldo Blindeiro (com L) porque blindava FHC de tudo quanto era acusação.

Foto: Alan Marques - Folhapress

Os tempos avançaram e agora temos mais um engavetador, o senhor Augusto Aras, que poderia ser chamado de Augusto Oras porque a cada denúncia de possíveis crimes contra o presidente Jair Bolsonaro, é como se ele dissesse: oras, pra que investigar isso? Oras, deixa pra lá.

 Quando Aras completou seu primeiro mandato de dois anos e estava blindando o capitão de quaisquer acusações, imaginava-se que o motivo seria o pleito que fazia junto ao presidente para que fosse ele o indicado à vaga do ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Mas a indicação recaiu sobre André Mendonça, o mais terrivelmente evangélico. Bolsonaro já havia indicado Nunes Marques anteriormente, outro terrivelmente evangélico, para o lugar de Celso de Mello, preterindo Aras.

Como já havia perdido a vaga, o PGR passou a lutar para ser aprovado na sabatina feita pelo Senado para um segundo mandato à frente do órgão.

Lá, naquela casa, para alguns senadores oposicionistas, Aras mostrou-se disposto a mudar de postura. Não mais pediria para arquivar tudo contra o presidente porque já não mais poderia contar com a vaga no STF. Para outros, favoráveis ao presidente, entretanto,  prometeu continuar como era antes, afinal, muitos têm o rabo preso também.

E para a PGR voltou Augusto Aras.

A esperança voltou depois que o Capitão Morte anunciou que, se reeleito, indicará mais duas pessoas ao STF para as vagas de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentarão em 2023. Por que não ele?

É por isso que Aras cumpre seu papel como cãozinho obediente todos os dias.

Como pode uma pessoa sacrificar todo um país de 213 milhões de habitantes para satisfazer sua ambição pessoal em conseguir um cargo vitalício de excelente remuneração e prestígio? A pergunta já é uma resposta.

Os ministros do STF têm, por norma e costume, submeter quaisquer pedidos de investigação ou notícias-crime ao PGR para ele se manifeste e, só depois, de acordo com o retorno, levar adiante os processos ou não.

Ultimamente, principalmente Alexandre de Moraes e Rosa Weber, têm manifestado contrariedade com os pedidos de arquivamento de Aras. Moraes, inclusive, já driblou um desses pedidos.

Mas, em nome da Constituição que todos os ministros juraram defender, as opiniões de Augusto Aras têm que começar a ser ignoradas, se quisermos que Bolsonaro comece já a responder por seus crimes.

Até os resultados da CPI da Covid-19 que foram enviados à PGR ainda não foram levados adiante, num total desrespeito aos senadores.

É por isso que o senador Randolfe Rodrigues, da Rede, está reunindo assinaturas para abertura de processo de impeachment contra Aras.

Dará certo?

Não sabemos, mas servirá, ao menos, para dar uma sacudida no STF e escancarar a prevaricação que o PGR comete quase todos os dias.


Foto: Pedro França - Agência Senado



 


sábado, 5 de fevereiro de 2022

O país dos elegantes

Por Flávio de Castro



Eu confesso que não sei a verdade: não sei se Lula é ou não dono de um triplex no Guarujá como não sei se FHC é ou não dono de um apartamento na Avenue Foch, em Paris.

Sei apenas que a presunção de ser dono de um tríplex no Guarujá é inequivocamente associada à corrupção e a presunção de ser dono de um apartamento em Paris não tem nada a ver, obviamente, com corrupção.

Especialmente se o apê do Guarujá for um tanto novo-rico e o apê de Paris, um tanto elegante.

A questão é estética.

Lula carregando uma caixa de isopor e sendo dono de um barco de lata é uma cômica farofa. Se FHC carregasse uma caixa de isopor e fosse dono de um barco de lata seria uma concessão à humildade.

A questão é classista.

Um Odebrecht sentado à mesa com FHC é um empresário rico. O mesmo Odebrecht sentado à mesa com Lula é um pagador de propina.

Nada disso tem a ver com corrupção. Nada disso revela qualquer preocupação com o país.

A cada dia que passa, é mais evidente que o que está em discussão é quem são os verdadeiros donos do poder.

E os donos legítimos do poder são os elegantes. Aqueles com relação aos quais não interessa saber como amealharam riqueza porque, simplesmente, a riqueza lhes cai bem.

A casa grande tem um perfume que inebria toda a lavoura arcaica e sensibiliza até a senzala. É o que estamos assistindo.

Tudo o mais, tudo o que não é casa grande é Lula e os amigos de Lula!

A questão é preconceito.

Vejam como um fraque cai naturalmente bem em FHC. Um fraque assim em Lula, certamente, deveria ter sido roubado.

O Brasil é o país dos elegantes. De uma elegância classista, racista e preconceituosa deitada eternamente no berço esplêndido do aristocrático século XIX.

[FHC, por favor, levante a gravata do seu lado direito, está um pouco torta, isso, perfeito!]