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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Bolsonaro Nostradamus

Por Fernando Castilho

Foto: G1, por Daniela Lima, Bruno Tavares e Fábio Santos


Se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.


Quarta-feira, 24 de janeiro.

 

Jair Bolsonaro publica uma postagem enigmática no X, no melhor estilo Nostradamus:

- As próximas semanas poderão ser decisivas.

- Vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas.

- "Quando um ímpio não quer que você olhe para um lado da estrada, ele bota fogo no outro lado da mesma, pois assim ninguém saberá do mal maior que ele fez do lado que você não olhará."

- Deus, Pátria, Família e Liberdade.

- Jair Messias Bolsonaro

A postagem causou alvoroço nas redes sociais e nos jornalões. Parecia que o ex-presidente previa que num futuro muito próximo algo iria lhe acontecer. Ou a um de seus filhos, talvez.

Domingo, 28 de janeiro.

 

Bolsonaro, junto a seus 3 primeiros filhos (o 04, Jair Renan e a ex-primeira-dama, Michelle, não estavam presentes porque o patriarca somente leva em consideração seu núcleo familiar mais duro), faz uma live para entre outras coisas, desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral e sugerir perseguição no caso do escândalo da Abin. O outro assunto foi o lançamento de um curso para conservadores a ser ministrado por Eduardo e Carlos, ora vejam. Se passou pela sua cabeça, leitor, que esse curso que custa 300 reais poderá servir como lavagem de dinheiro, você só está sendo maldoso e imaginando coisas, viu?

Segunda-feira, 29 de janeiro.

 

A Polícia Federal faz busca e apreensão nos endereços de Carlos Bolsonaro, tanto na Cãmara de Vereadores do Rio de Janeiro, como no Condomínio Vivendas da Barra onde reside. Além disso, não escapou à PF bater à porta da mansão de Bolsonaro em Angra dos Reis, onde foi gravada a live.

Os Bolsonaro não estavam em casa. Teriam saído para pescar entre 5 horas da madrugada e 6 e meia, de acordo com várias versões.

A PF, incumbida de apreender os celulares de Carluxo, aguardou pacientemente até o meio-dia quando o vereador voltou à casa. Não se sabe se trazia peixes com ele. O celular foi apreendido.

O que temos, então?

Numa escala de 0 a 10, a suspeita de que a familícia foi avisada por alguém da PF (ou mesmo da Abin) pode estacionar no número 9.

Uma comunicação via WhatsApp de uma assessora de Carluxo foi interceptada pela PF. Na mensagem, a assessora pedia ao delegado Ramagem, então ainda chefe da Abin, informações sobre a família Bolsonaro, demonstrando cabalmente que a agência atuava para sua blindagem, uma nova forma de corrupção e apropriação do Estado para benefício particular do governante.

E se a Abin, durante o governo anterior se prestava a isso, não se pode admitir de forma alguma que, passado um ano de administração Lula, ela ainda esteja a serviço da família do ex-presidente.

Durante o governo de transição, ainda em 2022, Lula já deveria ter dado ordens ao general GDias, escolhido como ministro do GSI, para que mapeasse todos os funcionários da pasta para cortar as cabeças dos bolsonaristas com algum poder de comando, mas não o fez. O resultado todos sabemos, pois ficou explícito no famigerado dia 8 de janeiro de 2023.

O que não sabíamos é que a Abin, um dos órgãos mais sensíveis, pois trabalha essencialmente com informação, um dos bens mais importantes para um governo, manteve durante todo o ano de 2023 bolsonaristas, incluindo aí o nº 2 da pasta!

Isso significa pouco? Não, significa que, tanto Ramagem (que mantinha ainda um computador em casa pertencente a Abin, o que tem que lhe custar uma acusação por crime de peculato) quanto Carlos Bolsonaro e, por consequência, Jair Bolsonaro, recebiam diariamente informações sensíveis sobre o governo, os ministérios e o próprio Lula. Quiçá, também sobre ministros do STF e presidentes da Câmara e do Senado. E se isso pode se caracterizar como sendo de uma gravidade extrema, o mesmo se pode dizer da responsabilidade do governo em manter essa estrutura.

Não se defende aqui, de maneira nenhuma, a extinção da Abin. A agência tem muita importância estratégica para o Estado. Não se pode derrubar a floresta para matar a onça. É preciso que muito rapidamente se faça a tardia limpeza.

Para encerrar, uma pitadinha do que a burrice e incompetência podem causar. Jair Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan, ao ser indagado sobre o fato de a assessora de Carluxo ter consultado Ramagem sobre a família, perguntou: “qual é o problema nisso?” É sério, ele admitiu o crime.

Fábio Wajngarten, o advogado de seu Jair, talvez tenha um dos piores empregos do mundo, pois, a todo momento tem que lidar com a língua destravada de seu cliente que insiste em produzir provas contra si mesmo.

 


domingo, 17 de setembro de 2023

Ao lado das medalhas, uma mancha indelével nas fardas verde-oliva

Por Fernando Castilho

Foto: Fernando Souza/AFP

Por que e como os acampamentos dos golpistas em frente aos quartéis foram permitidos? Quem articulou?


Em meu texto anterior, O relatório da CPMI poupará os parlamentares golpistas?, defendi que o relatório da senadora Eliziane Gama na CPMI do 8 de janeiro incluísse, além do indiciamento dos militares envolvidos, uma moção de repúdio ao exército por dar apoio à súcia golpista, destacando que a democracia no Brasil só não foi destruída porque no momento mais crucial, naquele fio da navalha em que o novo governo se encontrava, Lula não solicitou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que era somente o que as Forças Armadas estavam aguardando.

Por que essa punição, ainda que branda?

O exército, como instituição, não pode ser indiciado em sua totalidade. Somente aqueles militares que participaram direta ou indiretamente da intentona poderão ser condenados.

Porém, refletindo um pouco mais sobre como os acampamentos foram sendo montados em frente aos quartéis, podemos especular sobre como isso foi possível.

Todos sabemos – e isso foi explicado na última sessão da CPMI – que o exército não permite que nenhuma pessoa pare um carro ou permaneça por mais que alguns segundos em frente a um quartel porque o local é designado como área de segurança nacional. Se alguém ousar desobedecer, imediatamente soldados armados com fuzis poderão executar a prisão.

As pessoas inconformadas com a derrota de Jair Bolsonaro começaram aos poucos a montar acampamentos em frente aos quartéis, notadamente o de Brasília, sem que fossem incomodadas.  Pensando nisso, imagine a primeira pessoa que chegou com um carro para descarregar barracas e mantimentos. Ela deveria ter sido retirada dali no mesmo instante em que parou o carro, certo?

Mas, por que isso não aconteceu?

Só há uma possibilidade. Os soldados de plantão já tinham ordens para permitir a montagem dos acampamentos e os acampados já sabiam disso. Ou seja, já havia uma combinação prévia para que isso acontecesse.

Se essa suposição for verdadeira – e acredito que seja – os organizadores já tinham se reunido com o Alto Comando do Exército ou com o ministro da defesa, General Paulo Sérgio.

Quero dizer que essa combinação se deu entre o comando dos golpistas, muito provavelmente Jair Bolsonaro ou seus prepostos, generais Braga Netto e Augusto Heleno. Vale lembrar que os dois faziam parte do grupo que foi montado e que se reunia diariamente numa casa alugada para definir as estratégias após a vitória de Lula, enquanto Bolsonaro se refugiava nos Estados Unidos.

É a isso que a CPMI tem que chegar.

Uma vez permitidos os acampamentos, o exército forneceria água e energia elétrica e permitiria que empresas contribuíssem com alimentos, criando condições para que esses grupos fermentassem durante dois meses seu ódio e ousadia para que no dia 8 de janeiro agissem como ponta de lança do golpe, invadindo a Praça dos Três Poderes e implantando o terror.

Em seguida, num plano muito bem elaborado, diante da gravíssima situação, um presidente atônito e apavorado que havia tomado posse há somente 7 dias, não hesitaria em decretar a GLO.

Porém, o ministro Flávio Dino e Lula, escaldados que são, perceberam a armadilha.

Lula conclamou governadores e ministros do STF para se juntarem a ele para a defesa da democracia e nomeou um interventor para debelar os atos golpistas.

A essa altura, não foi possível mais insistir no golpe, já que as Forças Armadas como um todo a ele não aderiram, preferindo cumprir as novas ordens emanadas pelo interventor Capelli.

Lula parece ter hoje as forças sob seu comando, por isso, é fundamental que seja feita uma limpeza nelas.

Cabe à Polícia Federal indiciar militares golpistas como Braga Netto, Augusto Heleno e o general Dutra e cabe à CPMI indiciar todos e dar uma lição de moral que maculará para sempre a honra do exército através de uma moção de repúdio por ação e omissão por uma tentativa de golpe que colocaria de novo no poder um arruaceiro.

Ao lado das medalhas, uma mancha indelével nas fardas verde-oliva.

 


domingo, 10 de setembro de 2023

Ei, Sakamoto! Lula não foi passear de jet-ski!

Por Fernando Castilho



Há uma distância colossal entre ir à Índia para os fins descritos acima e passear de jet-ski da marinha com dinheiro público, enquanto pessoas morrem ou ficam desabrigadas, como fez Jair Bolsonaro.


Leonardo Sakamoto, colunista do Uol, é um dos jornalistas que mais sofreram ameaças de morte dos bolsonaristas. Foi também uma das poucas vozes do jornalismo tradicional a defender a candidatura de Lula.

Porém, parece que faz parte de uma esquerda namastê, aquela que vive num mundo de fantasia onde todo mundo tem que incondicionalmente ser uma vestal.

Sentir-se mal com a substituição da Ana Moser no Ministério dos Esportes por um elemento do centrão é direito, não só dele, mas de todo o espectro progressista, mas, se for incapaz de compreender as razões que levaram Lula a tomar essa decisão, revela o mundo de fantasia em que vive. O governo precisa de sustentação para aprovar projetos de interesse da população e isso só será possível se tiver maioria no Parlamento. Esse é o jogo político. Ponto.

Mas o que mais chamou a atenção foi a crítica feita a Lula por ter ido à reunião do G20 na Índia, enquanto os desastres climáticos aconteciam no Rio Grande do Sul.

O cara já passou para a oposição ou não entendeu que Lula precisava ir ao G20 porque iria assumir a presidência do grupo dos 20 países mais ricos. Isso é fundamental para que o Brasil se torne novamente uma potência econômica reconhecida mundialmente e investimentos sejam para cá atraídos. Lula nem queria ir devido ao seu problema no fêmur que lhe custará uma cirurgia, mas o evento já estava marcado há tempos.

O povo sofrido do RGS não ficou desamparado. O presidente em exercício (vejam bem, presidente, não um qualquer!) Geraldo Alckmin e um grupo de ministros está acompanhando no feriadão as vítimas, prestando socorros e liberando 800 reais aos desabrigados. Não houve, portanto, descaso do governo.

Há uma distância colossal entre ir à Índia para os fins descritos acima e passear de jet-ski da marinha com dinheiro público, enquanto pessoas morrem ou ficam desabrigadas, como fez Jair Bolsonaro (E daí? Não sou coveiro!) enquanto era presidente.

Uma desonestidade intelectual de Sakamoto.

Uma pena.


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Ana Moser está fora. O que fazer?

Por Fernando Castilho

Foto: Ricardo Stuckert

A verdade é que nós que votamos em Lula estamos deixando o presidente sozinho na dificílima tarefa de negociar a governabilidade com Arthur Lira.


Lula, cedendo mais uma vez ao centrão, tirou Ana Moser do Ministério dos Esportes para dar lugar a um tal de Fufuca do PP.

As críticas estão vindo de quase todo lado. Grande mídia (que sempre gosta de ver Lula emparedado) e formadores de opinião da esquerda se unem contra a decisão. Menos os atletas. Ou alguém viu algum deles, a maioria bolsonarista, defender a Ana?

Ninguém procura saber os reais motivos de Lula ao ceder à pressão de Arthur Lira. E eles são claríssimos, não enxerga quem não quer. Ademais, já sabíamos que seria assim, em nome da governabilidade, não?

Lula, em 9 meses de mandato já transformou o Brasil. Seu governo, apesar de todos os obstáculos que o próprio centrão e a grande mídia lhe colocam pela frente, vai cumprindo suas promessas de campanha. O desfile de 7 setembro foi um grande exemplo da transformação do país.

Mas o presidente quer mais. Quer, ao deixar o governo, deixar a marca de melhor mandatário de todos os tempos no Brasil. Melhor ainda que Lula 1 e Lula 2.

Mas a verdade é que nós que votamos em Lula estamos deixando o presidente sozinho na dificílima tarefa de negociar com Arthur Lira. Somos somente críticos sem apontar um caminho, uma direção.

Não saímos às ruas para exigir Ana Moser no Ministério dos Esportes! Os atletas e as torcidas organizadas dos grandes clubes de futebol também não saíram e nunca sairiam porque ou são despolitizados ou são bolsonaristas.

Criticamos sentados confortavelmente em nossas poltronas. Me incluo nisso.

Não há sequer uma liderança que mobilize as pessoas a sair às ruas contra o centrão.

Somente as ruas têm o poder de anular o apetite de Arthur Lira. Os bolsonaristas já as abandonaram. Está na hora de as recuperamos.

Portanto, se não formos às ruas, é aceitar o que está acontecendo ou... aceitar.

A única saída para Lula se livrar do centrão é mandar fazer um monitoramento atento dos ministérios comandados pelo centrão e, ao menor indício de corrupção, denunciar, tornar público, exonerar o sujeito e esfregar na fuça do Arthur Lira.

Que Lula comece pelo Juscelino Filho, das Comunicações, envolvido até o pescoço com denúncias de desvio de dinheiro público.

 

 


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

É Lula, gente. Confiem mais no que o velhinho diz

Por Fernando Castilho



Arrepia ver tantos colunistas de nossa esquerda crucificando o presidente por uma opinião ou um conselho, como ele mesmo disse.


“Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber foi o Uchôa que votou, foi o Camilo que votou. Aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”.

Essas foram as frases proferidas por Lula em entrevista a Marcos Uchoa no Conversa com o Presidente.

Pronto! Acabou o mundo! Lula falou besteira!

Me arrepia ver tantos colunistas de nossa esquerda crucificando o presidente por uma opinião ou um conselho, como ele mesmo disse.

Em 1993 Lula, para escândalo da mídia e de parlamentares, disse que na Câmara havia 300 picaretas com anel de doutor. O tempo mostrou que ele só errou no número. Para menos.

É sempre preciso analisar com calma o que Lula quer dizer.

Foi durante o julgamento do mensalão que o então presidente da corte, Joaquim Barbosa, indicado por Lula, caprichou na pavonice ao transmitir as sessões pela TV. Os demais ministros, todos vaidosos como ele, perceberam que estava erguido ali o palco para que eles exibissem suas lustrosas togas.

De lá para cá, o que tem acontecido?

Luís Roberto Barroso, certa feita disse que o Judiciário deveria sentir o clamor do povo. Traduzindo, deveria ceder às pressões quando estas fossem fortes e que dane-se a Constituição.

Gilmar Mendes, o mais pavão de todos, não perde a oportunidade de agradar uns e outros quando lhe convém usando sempre sua erudição e hermenêutica para enganar quem ainda pensa que ele está lá para defender a Carta Magna. Em questões sociais, invariavelmente vota pelo lado do mais forte.

Será que já esqueceram que em 7 de setembro de 2021, Bolsonaro tentou um golpe? E que para insuflar as massas para isso, chamou o ministro Alexandre de Moraes de canalha? E que disse que não iria cumprir decisões dele?

Sabem por que Moraes e sua família são obrigados a manter um corpo de seguranças 24 horas por dia? Alguém sabe como é viver assim?

Sabemos que a fala de Lula contraria a transparência prevista na Constituição, mas ele não sugeriu mudança nenhuma na Carta.

Nos Estados Unidos e em vários países da Europa, todos ditos democráticos, a votação de cada ministro é secreta e só o resultado é divulgado.

Aqui no Brasil temos o instituto do voto monocrático que é aquele em que determinado ministro decide por si mesmo algo que deveria em tese ser decidido pela turma a que ele pertence ou ao plenário. Por quê? Holofotes, minha gente.

Se não foi por holofotes, por que Dias Toffoli, outro indicado por Lula, não permitiu que Lula, então preso pela Lava Jato, apoiada por toda a grande mídia, comparecesse ao velório do irmão? 

Moraes não visou holofotes porque só ganhou dores de cabeças. Corajosamente, teve que carregar muita coisa nas costas porque ele era o relator de vários processos, principalmente contra Jair Bolsonaro. Os demais ministros permaneceram quietinhos durante os anos do capitão por medo de que a súcia os ameaçasse como faz com Moraes. Vejam o que faz uma forte pressão.

Dizem que o novo ministro, Cristiano Zanin, andou votando como os reacionários Nunes Marques e André Mendonça para agradar bolsonaristas e, depois que recebeu críticas da esquerda, votou contra o Marco Temporal das terras indígenas para limpar sua barra. Agora fica bem com a esquerda. Amanhã pode mudar de novo. Não pode ser assim.

Se os votos fossem secretos, logicamente a transparência seria menor, teríamos menos textos a escrever sobre ministros da Suprema Corte e tudo pareceria mais enfadonho.

Não precisamos saber quem é o ministro que condenou o coitado por roubar um frango e votou a favor do Marco Temporal que prejudicaria toda uma população de indígenas que perderiam suas terras. Precisamos saber que, se o coitado foi condenado pelo plenário e o Marco Temporal foi aprovado, o STF como um todo se coloca do lado dos mais poderosos.

Se Lula fizer uma boa indicação para a vaga de Rosa Weber que se aposenta em outubro, a balança poderá pender para os mais desassistidos e é isso que importa.

Lula, como todo ser humano, não é infalível, mas neste caso, precisa ser ouvido com ouvidos que o compreendam segundo uma perspectiva histórica e não imediatista.

 

 

 

 

 

 

 




quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Afinal, o exército como instituição pode ser punido?

Por Fernando Castilho



Como punir a instituição exército? Condenando cerca de 360 mil soldados de todas as patentes ao melhor estilo Sergio Moro?


A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, tem dado sinais de que seu relatório possivelmente responsabilizará alguns expoentes do exército brasileiro que participaram ou se omitiram durante a tentativa de golpe de 8 de janeiro.

Imediatamente sites de esquerda começaram a criticar a senadora dando mostras de que parecem não compreender como funciona nosso ordenamento jurídico e nossas instituições. A grande mídia também se posicionou dessa forma, mas provavelmente por desejar uma ruptura do governo com a instituição, ou como diriam, alguns, para ver o circo pegar fogo.

Generais, coronéis e outros militares menos graduados participaram ativamente do 8 de janeiro, inclusive o então comandante do exército, general Marco Antônio Freire Gomes que permitiu que fascistas acampassem por dois meses em frente ao comando em Brasília têm que ser punidos dentro da lei. Esperamos que o relatório os encaminhe para o Ministério Público para que sejam indiciados.

Porém, qual seria o caminho para punir a instituição exército? Como condenar e prender os cerca de 360 mil soldados? Como colocar isso em prática?

Observem que a condenação de generais como Braga Netto, Augusto Heleno, Ramos, Villas Boas e mesmo o comandante do exército já por si só simboliza fortemente o desprestígio que a instituição adquiriu por ter servido de maneira aventureira e vergonhosa o governo de Jair Bolsonaro, ele mesmo um ex-militar expulso.

Condenar o exército como um todo repetiria os desmandos de Sergio Moro e Deltan Dallagnol que destruíram grandes empresas brasileiras em vez de condenar apenas os empresários corruptos.

O governo Lula ainda não se manifestou, e nem sabemos se o fará um dia, sobre as mordomias e privilégios que militares de alta patente auferiram nos últimos 4 anos, como uma aposentadoria diferenciada em relação aos demais brasileiros e as compras milionárias de uísque, cerveja, vinho, picanha, atum, Viagra e próteses penianas. Isso precisa ser investigado, pois há fortes indícios de peculato. Além disso, como ficará o escândalo dos milhões de comprimidos de cloroquina produzidos pela instituição que acabaram vencendo? O ministro da defesa, José Múcio, está fazendo algum tipo de auditoria sobre isso?

O exército brasileiro é cheio de privilégios para a faixa intermediária entre a soldadesca e o generalato. Apesar de a última guerra da qual o Brasil participou tenha sido a 2ª mundial, até o tenente-coronel Mauro Cid ostenta orgulhosamente medalhas em seu peito.

Qualquer pessoa sabe o que ocorre dentro dos quartéis: boas moradias para os oficiais, excelentes hospitais e tratamentos odontológicos, academias, ótimos restaurantes, etc.

Os quartéis são como um microcosmo do Brasil. Tudo do bom e do melhor, mas só para a elite fardada.

Enquanto isso, a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) vai formando oficiais ainda dentro do espírito da guerra fria. Não é à toa que mensagens de celulares de militares tratam o governo Lula como ameaça comunista.

Lula já está dando um bom passo para na medida em que militares da ativa não mais possam assumir ou disputar cargos no executivo e no legislativo.

Mas após a punição aos militares golpistas, aproveitando a desmoralização ora em curso da instituição, Lula deveria ir pra cima e promover uma faxina geral.

Esse deveria ser um compromisso para que ameaças de golpe deixem de estar presentes o tempo todo e o exército passe a cumprir somente sua missão constitucional, qual seja, de defender nossas fronteiras e o povo brasileiro.


segunda-feira, 19 de junho de 2023

Lula, o sortudo

Por Fernando Castilho

Imagem: captura de tela Central GloboNews/Rede Globo

Eliane Cantanhede concluiu com uma gargalhada: como esse homem é sortudo!!!

É sorte, minha gente! Claro que tem o arcabouço, tem várias medidas, etc. e tal, mas Lula tem muita sorte, disparou a jornalista Mônica Waldvogel no programa Central Globonews.

Eliane Cantanhede concluiu com uma gargalhada: gente, como esse homem é sortudo!!!

Reunidos no estúdio, além das jornalistas, estavam Otávio Guedes, Waldo Cruz e Merval Pereira. Este, por incrível que pareça, disse que, em seu terceiro mandato, não há como creditar o sucesso do governo Lula à sorte, apenas.

Interessante que, caso a economia estivesse à beira de um abismo, Lula não seria chamado de azarado, mas seria apontado como o único responsável pelo insucesso.

A cena parecia uma reunião de pauta em que jornalistas, inconformados pelas boas notícias econômicas e, pressionados pela direção da Rede Globo, procuravam uma forma de minimizar os créditos à competência do presidente, justamente aquele que, em campanha, prometeu colocar o pobre no orçamento e melhorar a vida dos brasileiros e, com apenas 5 meses e meio de governo, apesar do fator Lira e do centrão, já colhe os merecidos frutos. Só pode ser sorte!

Imagem: captura de tela Central Globo News

Normalmente essas reuniões são fechadas ao público, mas desta vez o brasileiro teve a oportunidade de assistir ao vivo como as pautas da grande mídia são compostas.

Para essa grande mídia, Lula só teve importância no finalzinho da campanha eleitoral, já que nenhum candidato da terceira via foi capaz de enfrentar Bolsonaro, aquele que ela sabia por certo ser uma ameaça à sua própria sobrevivência, uma vez que, reeleito, incapaz de fazer um governo minimamente sério e competente como demonstrou ao longo de intermináveis 4 anos, teria, obrigatoriamente para se manter no poder, que calar a opinião pública censurando jornais, prendendo opositores e obrigando muita gente a se exilar no exterior. Havia até um plano, descoberto nos celulares dos ajudantes de ordens do capitão, de sequestrar o ministro do STF, Alexandre de Moraes e assassinar Lula.

Uma vez concluída a etapa eleitoral, o presidente eleito teria apenas poucas semanas de trégua que acabaram se estendendo um pouco mais devido ao golpe de 8 de janeiro, abafado rapidamente e à agilíssima ajuda ao povo Yanomami.

Mas acabou a trégua. Parece que a mídia agora não deseja a volta de Bolsonaro, mas precisa que a extrema-direita se reorganize, seja através do governador blindado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, possível candidato em 2026, ou do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Como, apesar de todas as dificuldades, Lula logra êxito em seu primeiro semestre de governo, é preciso encontrar formas de atacá-lo ou, quando isso não for possível, atribuir seu sucesso à sorte ou lançar mão de outro recurso comum, o de omitir informações favoráveis ao presidente.

Esse é o caso da matéria levada ao ar no último dia 17 pelo Jornal Nacional.

Ao comparar a aprovação dos presidentes desde Itamar Franco durante os primeiros 5 meses de seus respectivos governos, o jornal mostrou em um gráfico os índices do primeiro governo Lula, mas omitiu os de seu segundo mandato, justamente o mais exitoso que lhe conferiu incríveis 87% de aprovação ao final 2010.

Imagem: captura de tela Central Globo News/Rede Globo

É essa grande mídia que o governo Lula tem como difícil missão contrapor através da Secretaria de Comunicação comandada por Paulo Pimenta.

O ministro não pode se omitir diante dessa manipulação flagrante de dados e precisa rapidamente exigir que o gráfico seja corrigido e exibido novamente no mesmo jornal.

No dia 18, na GloboNews, o jornalista Jorge Pontual em tom irônico, “pensando” se tratar de casas do Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, criticou as casas de 15 m² que estão sendo construídas pela prefeitura de Campinas. Em seguida, Eliane Catanhede interrompeu Pontual dizendo que tinha acabado de receber uma ligação de Lula que pedia que a matéria fosse corrigida. Ficou muito chato para a emissora.

É imperioso que Lula tenha permanentemente alguém destacado para acompanhar os noticiários, pronto a contrapor a toda e qualquer informação inverídica que seja veiculada, o que pode até ser bem útil nestes tempos em que não há disposição por parte dos veículos de imprensa em divulgar notícias positivas dos feitos do governo.

Esse enfrentamento vai durar os 4 anos de Lula, porém, os bombardeios aumentarão muito nos meses que antecederão as eleições municipais e 2024 e as presidenciais de 2026.

Esperamos que até lá muitos dos estragos cometidos pelo governo anterior já estejam consertados, que a economia esteja deslanchando com empregos e queda da taxa de juros e que o país já tenha saído do mapa da fome da ONU.

Nesse novo ambiente sócio-político-econômico, ficará muito difícil para essa grande mídia continuar a divulgar fake news, manipular e esconder notícias boas.