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terça-feira, 30 de maio de 2023

Lula e o velho embate meio-ambiente X desenvolvimento

Por Fernando Castilho



É muito cômodo, porém, também leviano, sem aprofundar a questão do ponto de vista técnico, mas também político, optar por um lado ou por outro.


Nossa grande imprensa, talvez tentando reviver os tempos em que desdenhava da descoberta de petróleo em águas profundas no ano de 2006, chamado de pré-sal, assim que foi revelado que a Petrobras tem planos de explorar a extração do produto na foz do Amazonas, tentou, além de novamente desqualificar o projeto, informar erroneamente o leitor induzindo-o a pensar que os poços seriam perfurados na nascente do rio. Além disso, omitiu inicialmente que eles se localizariam a 530 km da foz do Amazonas, distância maior que a de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Era evidente a intenção de criar uma cizânia dentro do governo Lula, já que o Ibama, subordinado ao Ministério do Meio-Ambiente, comandado por Marina Silva, inicialmente se opôs ao projeto solicitando mais informações por parte da Petrobras. Para a imprensa, a ministra reeditaria seu inconformismo que a levou a deixar o governo Lula em seu segundo mandato e repetiria o ato.

Segundo a Agência Pública, o projeto da Petrobras para a Margem Equatorial, na Foz do Amazonas, compreende uma extensão de 2.200 km ao longo da costa brasileira. Ele vai do extremo norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, ao litoral do Rio Grande do Norte, e prevê a perfuração de 16 poços exploratórios de petróleo.

O ex-deputado estadual por São Paulo e ex-presidente da Comissão da verdade, Adriano Diogo, concedeu entrevista em que, como geólogo, expôs seu parecer acerca da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas e esclareceu vários pontos que a mídia não se preocupou em explicar.

1 – Em tempos em que os continentes americano e africano eram ligados, o rio Amazonas corria em sentido contrário. Com a gradativa separação dos continentes e a elevação da Cordilheira dos Andes, por força da gravidade, o rio passou a fluir com seu sentido invertido, como é nos dias de hoje. O espaço de floresta que foi sendo inundado com a separação dos continentes formou, devido à pressão das águas, o petróleo depositado no fundo do mar;

2 – Esse depósito de petróleo, diferentemente do pré-sal que o retira a profundidades de quilômetros, não se localiza em águas profundas, o que torna sua exploração bem mais fácil e com muito menos risco de vazamentos ou outros acidentes;

3 – A Petrobras é hoje a companhia que explora extração de petróleo com maior tecnologia e segurança no mundo.

4 – Os possíveis poços se localizarão a 530 km da foz do Amazonas e 160 km da costa do Amapá. Atualmente a vizinha Guiana já explora petróleo na região através da ExxonMobil que anuncia mais três novas descobertas naquele país. A petroleira norte-americana já ampliou a produção para quase 11 bilhões de barris de óleo. Cumpre notar que a companhia, notoriamente, não possui a mesma rigidez em segurança que a Petrobras;

5 – Na hipótese de um vazamento de óleo, devido às correntes marítimas, o produto seria carregado para nordeste da localização dos poços, não chegando à costa do Amapá;

6 – O pedido de licenciamento ambiental, por enquanto, se refere à autorização de execução de testes no local para aferição da viabilidade comercial do empreendimento;

7 – O Ibama não fechou as portas definitivamente à exploração do petróleo, mas solicitou estudos mais específicos e complementares;

É neste ponto que começa o debate. E começa com uma singela pergunta: o Brasil precisa mesmo desse óleo?

É certo que hoje em dia acontece uma busca pela transição da matriz energética dos combustíveis fósseis para a das fontes de energia renováveis e limpas. À primeira vista somos tentados a achar que em breve o petróleo não mais será necessário, perdendo sua importância para a energia solar, eólica, elétrica e outras. Mas não é bem assim. O petróleo não é utilizado somente para mover veículos. A indústria química utiliza petróleo, a de cosméticos utiliza petróleo, os plásticos de todo tipo são obtidos através do petróleo. Enfim, precisaremos explorar petróleo ainda durante muito tempo. Portanto, é necessário que a Petrobras continue a prospectar o produto.

É certíssimo também que as mudanças climáticas estão ocorrendo em velocidade cada vez maior e, por isso, preservar o meio-ambiente é crucial para o futuro próximo da humanidade. Estudos demonstram que já podemos ter ultrapassado a linha em que não mais é possível voltar para corrigir os efeitos dos gases que transformam a Terra numa gigantesca estufa, aquecendo-a em pelo menos 1,5º C de temperatura média já nesta década, o que já está causando, além do calor, desastres climáticos em várias partes do planeta.

Fora tudo isso, o governo brasileiro tenta desesperadamente reverter seu conceito mundial de destruidor do meio-ambiente criado em 4 anos de governo Bolsonaro. É essa retomada da preocupação ambiental que gerará investimentos externos não só para a preservação da floresta amazônica, como também para a própria economia do país. A abertura de novos poços de petróleo na foz do Amazonas, pelo menos neste momento, não seria vista com bons olhos pela comunidade mundial, pois seria uma contradição a tudo aquilo que Lula falou lá fora há apenas alguns meses.

Esse é o debate que tem que ser feito, minha gente.

É muito fácil e também leviano, sem estudar e debater técnica, mas também politicamente a questão, tomar partido por uma ação ou sua reação. Convém deixar a definição desse assunto para um momento mais favorável.

Não nos deixemos contaminar pelo desejo de cizânia dentro do governo Lula que a mídia está o tempo todo alimentando.

Estes 4 anos serão de transição em que se deve buscar reverter todas as medidas destruidoras do governo passado, trabalhar para implementar outros projetos que recuperem o bem-estar da população e reduzir substancialmente o ódio tão cultivado por Bolsonaro.


quarta-feira, 1 de março de 2023

Precisamos conversar sobre o futuro da Petrobras

Por Fernando Castilho



Em 2021 a Petrobras, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, indo na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Vivíamos sob a égide do negacionismo.


Circula nas redes sociais um texto apócrifo, escrito em português de Portugal, intitulado: “Algumas previsões muito interessantes, mas também assustadoras”.

Para início do tema que abordarei, destaco dois itens:

7.  Grandes fabricantes de automóveis inteligentes já destinaram dinheiro para começar a construir novas fábricas que só constroem carros eléctricos.

8.  As indústrias de carvão irão embora.  As companhias de gasolina/petróleo irão fechar. A perfuração de petróleo irá parar.  Portanto, diga adeus à OPEP! O Oriente Médio estará em apuros.

Quem se interessar pelo inteiro teor, pode acessar este link.

Previsões sobre o futuro costumam falhar, mas neste caso, o futuro está tão próximo que já pode ser considerado presente.

Realmente, montadoras presentes ou não no país, já estão dando mais ênfase a modelos com motores elétricos do que a combustão. Algumas já elegeram a data de 2025 para encerramento da produção de motores movidos a gasolina e a diesel. Já há também ônibus e caminhões rodando com energia elétrica.

O futuro (presente) já é, portanto, dos veículos movidos a eletricidade.

Tendo esse dado como certo, surge a primeira indagação: se em poucos anos haverá mais veículos elétricos do que movidos a gasolina, etanol e óleo diesel, de onde tiraremos a energia elétrica para alimentá-los? Nossas usinas hidrelétricas darão conta dessa demanda? Afinal, quando os reservatórios baixam seus volumes em tempos de estiagem, não há racionamento? E a tarifa não fica mais cara?

Essa é uma discussão que precisa ter início assim que o governo Lula se sentir mais acomodado no Planalto.

O outro item que devemos considerar é o 8, um pouco alarmista, mas nem por isso, despreocupante.

Além da mudança da matriz energética dos veículos, devemos lembrar que a produção de nosso parque eólico vem aumentando ano a ano. Segundo o Anuário 2020 da Empresa de Pesquisa Energética, a participação da geração de eletricidade a partir de pás eólicas, foi de 8,9%, dados de 2019, sendo que, de lá para cá, a produção saltou de 14.706 GW para 22.000 GW. Portanto, há de se supor que terminamos o ano de 2022 com cerca de 12% ou mais de participação de energia eólica em relação à todas as outras matrizes energéticas.

A geração de energia a partir de placas fotovoltaicas também vem crescendo enormemente no país. Saltamos de 7,9 GW, ao final de 2020, para 13 GW ao final de 2021, crescimento de 65%.

Parece claro que nossa matriz energética, aos poucos vem se transformando.

Há décadas o fantasma do esgotamento do petróleo preocupa a humanidade, mas a realidade nos mostra que antes que isso ocorra, ele já vem sendo substituído, e para melhor, afinal, fontes não poluidoras são o que desejamos para baixar a emissão de gases de efeito estufa e reduzir os impactos ambientais das mudanças climáticas.

Mas, para nós, brasileiros, que criamos, graças a Getúlio Vargas, a empresa orgulho do país, a Petrobras, um pensamento sombrio começa a rondar vez ou outra nossas mentes.

Todo brasileiro tem por obrigação preservar a Petrobras como um patrimônio do país, pois a empresa é referência mundial, gera milhões de empregos diretos e indiretos e ainda, neste momento, é responsável por colocar o Brasil em movimento.

Mas a preocupação levantada no item 8 do texto apócrifo é verdadeira e dessa discussão não podemos fugir a médio prazo.

Assim como empresas que produziam aparelhos analógicos tiveram que se reinventar e mudar toda a sua linha, desde projetos até plantas fabris, para passar a atender o mundo digital, a Petrobras, em algum momento próximo, terá que fazer essa reflexão.

Mas vejam que interessante: em 2021 a estatal, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, o que foi questionado pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jäger. Segundo ele, a concentração da estatal em energia pesada vai na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Ou seja, outros gigantes do petróleo começam a se movimentar para a produção de energia limpa, mas o antigo governo negacionista preferiu seguir sua linha.

Mas o governo mudou e, com ele, novos ares voltados ao meio-ambiente têm que voltar a circular.

É perfeitamente possível que o gigante petrolífero passe aos poucos a explorar matrizes energéticas não poluentes como a eólica, a solar e mesmo a das marés.

Essa tem que ser a meta de um governo progressista preocupado com o Brasil e com o meio-ambiente.

É preciso que nos adiantemos ao que o futuro próximo nos reserva, já que todos os sinais nos apontam para ele.


quinta-feira, 19 de maio de 2022

Os carcarás no final do banquete

 

Por Fernando Castilho




Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja


Poderia chamá-los de abutres porque é da natureza dessa ave aguardar até que outros animais se fartem de devorar a presa e só mais tarde, quando sobrarem restos já putrefatos, se servirem dela.

Mas a carne ainda não está putrefata e permanece, apesar dos bocados insaciáveis, incrivelmente generosa. Portanto, estamos falando de outra ave, o carcará, aquela que pega, mata e come, como canta Maria Bethânia.

O Brasil se tornou vítima da promessa de Jair Bolsonaro feita a Donald Trump e Steve Bannon, que não se tornaria presidente para construir, mas sim, para destruir. Promessa cumprida. Aliás, a única.

Para qualquer área para a qual nos voltarmos, veremos o processo de destruição em andamento e, em certos casos, quase concluído.

A Saúde só não foi totalmente sucateada e privatizada porque o SUS foi o sustentáculo da resistência durante a pandemia, apesar dos esforços do presidente e seus ministros, colocados no cargo exatamente para cumprirem o papel de verdugos da pasta.

A Educação, infelizmente não resistiu como a saúde, já que não possui um sistema único, mas os esforços para destruí-la foram recompensados com drástica redução de adesão ao Enem, demissão em massa de profissionais qualificados para a elaboração dos exames, ausência de um plano para enfrentamento das dificuldades dos alunos em prosseguirem acompanhando as aulas remotamente – o que causou enorme evasão escolar e atraso de anos no aprendizado, com consequências sérias para suprir o país de profissionais qualificados num futuro próximo – e corrupção, muita corrupção.

No Meio-Ambiente vimos a inauguração de uma nova modalidade de gestão, aquela que vai no sentido contrário da finalidade do ministério. O Ibama foi seriamente enfraquecido, o que permitiu que muita gente lucrasse com o desmatamento, as queimadas, o garimpo ilegal em terras indígenas e a tentativa de venda ilegal de madeira, feita pelo próprio ministro, aos Estados Unidos.

O ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foi tão descaracterizado que hoje até seu nome foi desfigurado para ministério da Damares. Tudo que foi possível ser feito contra os indígenas e contra o direito das mulheres a administrarem seu próprio corpo, foi cumprido com louvor pela ex-ministra. Ninguém deve esquecer que a pasta enviou capangas para pressionar psicologicamente e até com ameaças físicas uma menina de apenas dez anos a dar à luz em condições de risco extremo uma criança, fruto de estupro. A corrupção no MEC vazou, mas a do ministério da Damares, talvez mais encorpada, se mantém oculta a nossos olhos.

Mas, e o carcará, o que faz neste momento?

Está próximo o tempo em que os carcarás terão que deixar o governo, se o rito das eleições prevalecer. Alguns já devoraram seu bocado e bateram asas para escapar a uma prisão, se protegendo nos cargos que disputarão no parlamento ou em governos estaduais. Outros, ainda não saciados, arrancam freneticamente nacos do país, como os deputados e senadores que compõem o centrão, os ministros generais que permaneceram no governo e o próprio capitão.

Arthur Lira, Ciro Nogueira e seus comandados não se importam nem um pouco se Bolsonaro tentará um golpe ou não. Criaram a figura do estranhíssimo orçamento secreto, algo que todo mundo sabe que existe, mas que ninguém tem conhecimento da destinação. Um naco de carne de primeira muito generoso que não vão querer largar, mesmo que seja dado um golpe.

Os militares carcarás de alta patente garantiram seus salários polpudos e suas toneladas de picanha e salmão regadas a muito vinho, uísque e cerveja.

Tem carcará falando em privatizar a Petrobras, mesmo em fim de governo. Que importa se com a medida o preço da gasolina não baixe um centavo sequer? Será que ele tem esperança de que consiga seu intento nos 7 meses que faltam para ser espantado para outras plagas? Ou aposta no golpe para se refastelar do banquete?

Só há um predador capaz de dar cabo dos carcarás e ele está vindo.

Paradoxalmente esse predador é da paz.

Uma grande pomba que vem com força e não vem sozinho, pois confia na união de todos porque a tarefa é penosa, difícil e perigosa.

Ele há de vencer.


Também publicado em Construir Resistência:

Os carcarás no final do banquete | Construir Resistência (construirresistencia.com.br)

 

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Bolsonaro não privatizará a Petrobras!

Por Fernando Castilho 




Se a companhia for privatizada, não há dúvidas de que, sem nenhum controle estatal, os preços ficarão totalmente livres para subir à vontade dos acionistas, mas isso não livrará o governo de sua responsabilização


É sempre muito difícil decifrar não só as falas, mas também os atos do presidente Jair Bolsonaro. Mas vamos a mais uma tentativa.

Descontente por ser cobrado quanto ao aumento dos combustíveis, o capitão trocou o comando da Petrobras em 28 de maio de 2021. Saiu Roberto Castello Branco para entrar o General Silva e Luna.

Pronto, os problemas seriam, enfim, resolvidos. A gasolina, o diesel e o gás não subiriam mais de preço e o presidente poderia voltar a praticar jetski e a fazer campanha eleitoral antecipada com dinheiro público à vontade.

Mas Luna e Silva foi mais do mesmo. Com um salário de 223 mil reais por mês, foi informado pelo pessoal de carreira que deixar de aplicar os reajustes fere o estatuto da companhia e alterá-lo daria muita dor de cabeça, por isso, tratou de repassar todos os aumentos internacionais do barril tipo Brent para o povo brasileiro e desfrutar da vida.

Foi mais de um ano assim. E pelos ótimos serviços prestados aos acionistas, muitos deles estrangeiros, ainda recebeu um bônus de 1,3 milhão de reais.

Novamente cobrado pela população, Bolsonaro agora volta a terceirizar o problema trocando de novo o comando da empresa.

Agora entra em campo Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que assessora empresas e associações do setor de energia. Percebe-se, pela sua função, que uma raposa foi colocada para tomar conta do galinheiro, pois ele vai poder repassar informações privilegiadas às empresas que assessora. Na prática, a política de preços continuará a mesma, mas o capitão poderá falar que não é culpa dele, como sempre.

O argumento de Bolsonaro para nomear o consultor que é figurinha carimbada que frequentemente aparece no Jornal Nacional, onde costuma emitir suas opiniões sobre a política de preços da Petrobras, é de que, caso seja reeleito, ficará com o novo presidente da companhia a tarefa de privatizá-la. Os olhos de Adriano devem ter se arregalado e só viram cifrões à frente.

Essa ideia só reforça a enorme incapacidade do governo de administrar a  alta dos preços dos combustíveis. Ora, se eu não consigo resolver o problema, embora seja a autoridade máxima do país e tenha poder para isso, como não tenho a competência necessária para o cargo, a solução mais fácil é me livrar dessa dor de cabeça. Simples assim.

Esse discurso privatista agrada a muita gente que quer abocanhar seu quinhão no assalto aos cofres públicos que acontece nesse fim de feira, mas, ao contrário do que afirmam seus adeptos, é responsabilidade do governo nacional controlar os preços de áreas estratégicas que interferem diretamente na condição de vida da população, como os de energia e combustíveis.

Fala-se muito em incompetência da companhia e a própria mídia nos últimos anos tem se empenhado em incutir no imaginário das pessoas a ideia de que a estatal é uma bagunça onde todo mundo rouba. Porém, pesquisa Datafolha feita em maio de 2018 revelou que somente 30% dos brasileiros são contrários à privatização! É por isso que, segundo o Uol, Bolsonaro teme revelar publicamente sua intenção até as eleições.

A Petrobras possui tecnologia única para a extração de petróleo, como a desenvolvida em águas super profundas, como o pré-sal. Ela gera centenas de milhares de empregos e é uma das maiores financiadoras de projetos culturais no país. Grande parte dos valores gerados por ela retornam à União, Estado e Municípios em forma de royalties. Com a privatização, esses royalties serão enviados para o grande capital internacional.

Mas, e o grande problema do qual Bolsonaro quer se desvencilhar, os repasses de preços?

Se a companhia for privatizada, não há dúvidas de que, sem nenhum controle estatal, os preços ficarão totalmente livres para subir de acordo com a vontade dos acionistas, mas isso não livrará o governo de sua responsabilização.

Muita gente ganhará dinheiro enquanto o povo brasileiro  continuará a arcar com os aumentos abusivos.

Em que porta os caminhoneiros, motoristas de aplicativos e empresas de entregas baterão?

Na porta do governo. Mas o capitão, com a maior cara lavada depois de tê-la queimado pelo ministro Milton Ribeiro, dirá que não é sua responsabilidade!

O país, numa eventual greve de caminhoneiros, parará e caberá ao governo tão e somente a repressão do movimento, pois não poderá resolver o problema!

Vejam a irresponsabilidade de um homem que não tem a menor ideia do que seja governar!

Não costumamos atentar ao fato de que o preço do barril de petróleo tem seus períodos de alta, mas também de queda, como observamos no gráfico ao lado, porém, nas bombas, ele nunca cai. Isso precisa ser administrado, mas infelizmente não temos governo.

É preciso que se registre a postura contemplativa dos grandes veículos de imprensa diante da notícia da troca do comando da Petrobras. Não há uma análise sequer das consequências da privatização da companhia. Ninguém analisa, ninguém é contrário. E todos devem ser acionistas.

Estamos nas mãos de uma mídia cúmplice do maior roubo a que este país está sendo submetido e que só aumentará caso Bolsonaro seja reeleito.

Precisamos lutar para que não seja!

 

 

 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Nossa inércia diante dos preços dos combustíveis

Por Fernando Castilho




Por que os entrevistados pelos grandes grupos de mídia são sempre contrários à interferência na política de preços da Petrobras?


Agora virou moda. Todos os colunistas e economistas entrevistados vão comentar sobre a alta dos combustíveis, mas sempre defendendo a política de preços atualmente praticada pela Petrobras que os reajusta automaticamente assim que eles sobem lá fora.

Eu havia perguntado nas redes sociais, se essas pessoas abastecem seus carros de graça ou se são acionistas da empresa.

Ontem, no Uol, o ex-presidente do Banco Central nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, Gustavo Loyola, numa entrevista, firmou sua posição contra subsídios para a gasolina e condenou a interferência na política de preços da Petrobras.

Muito bem, concordo com ele na questão dos subsídios.

Realmente, subsidiar a gasolina com dinheiro público significa, na prática, injetar recursos advindos dos impostos que todos pagam, principalmente os mais pobres. Desta forma, serão, na maioria, os mais necessitados, aqueles que utilizam transporte público, que ajudaram os proprietários de carro a encher seu tanque. E isso não seria justo.

Agora, por que ele defende a não interferência na política de preços?

Antes de mais nada, vamos lembrar que Dilma Rousseff praticou essa interferência, segurando os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha e isso foi absolutamente necessário durante o período em que os preços internacionais não paravam de subir. Afinal, para que serve uma empresa como a Petrobras, que detém, 28,7% do capital da empresa, se não pode cumprir também sua função social?

Gustavo Loyola afirma que, se segurarmos os preços dos combustíveis, uma hora teremos que liberá-los de uma só vez com um impacto enorme.

É verdade, mas uma meia verdade.

Os preços internacionais dos barris Brent não sobem ad eternum. Na realidade, eles também baixam, como neste momento. É justamente durante os períodos de baixa que o governo pode compensar as perdas da companhia que foram acumuladas durante os períodos de alta.

Mas por que, na verdade, Loyola se posiciona dessa forma? Será porque é um patriota que se preocupa com a economia de seu país?

Loyola é hoje presidente da Tendências Consultoria e, como tal,  oferece, segundo seu site, análises e projeções confiáveis, baseadas na neutralidade, independência e rigor técnico, que ajudam a compreender as questões econômicas e as especificidades dos setores, permitindo identificar oportunidades de negócios e investimentos. 

A Tendência Consultoria possui uma carteira de clientes, muitos dos quais, são acionistas da Petrobras. E não duvido que Gustavo Loyola também seja.

Portanto, as opiniões de economistas como ele, com o perdão do trocadilho, serão sempre tendenciosas.

Mas por que os entrevistados pelos grandes grupos de mídia são sempre contrários à interferência na política de preços da Petrobras?

Todo grande veículo possui grandes patrocinadores e eles são poderosíssimos e influenciam diretamente nas opiniões dos donos dos jornais. Principalmente os maiores acionistas que são Itaú/Unibanco, Santander e Bradesco.

É óbvio que eles estão ganhando muito dinheiro e não querem ver essa fonte secar.

Enquanto isso, motoristas de aplicativos, taxistas, motoboys e caminhoneiros continuam a comprar com dificuldade seus combustíveis. E os pobres começam a parcelar a compra do gás.

Num governo democrático, todos eles já estariam fazendo manifestações nas ruas, mas neste, autoritário como o de Bolsonaro, o máximo que fazem é perguntar: “fazer o quê, né?”