Mostrando postagens com marcador Netanyahu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Netanyahu. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de novembro de 2023

Os motivos da guerra são muitos, nenhum religioso

Por Fernando Castilho


O fato, porém, é que na realidade, os motivos para se dizimar ou expulsar o povo palestino são vários e nenhum é religioso. Nem Netanyahu acredita nisso.


Desde sempre sabemos que Israel, incluindo os territórios palestinos, seria a terra prometida por Deus ao povo judeu, seu escolhido.

Essa seria a explicação mais fácil para a ocupação ao longo de décadas daqueles territórios, acabando por restringir toda uma população de mais de 2 milhões de pessoas numa área muito pequena (apenas 365 km²), a Faixa de Gaza. Afinal, Deus está acima de todos, não é mesmo?

Os evangélicos brasileiros aguardam pacientemente a volta de Jesus Cristo preferindo esquecer que os judeus não acreditam no filho de Deus. De maneira oportunista, tentam pegar carona com eles para encurtar o caminho até o Paraíso, já que seriam eles os primeiros a lá chegar.

Vale, para isso, apoiar incondicionalmente o estado de extrema-direita de Benjamim Netanyahu? Vale apoiar o genocídio contra o povo palestino que pode varrê-los do mapa, como quer o primeiro-ministro? Vale ignorar o massacre de 5 mil crianças palestinas contabilizadas até o dia de hoje? Vale essa hipocrisia para garantir seu lugarzinho no Céu?

As consciências, como ficam? Deus não está vendo?

O fato, porém, é que na realidade, os motivos para se dizimar ou expulsar o povo palestino são vários e nenhum é religioso. Essa gente evangélica está sendo enganada.

Nem Netanyahu acredita nessa balela de terra prometida. A questão é geopolítica e, portanto, econômica, apenas, tolinhos.

Não faz muito tempo, como fartamente documentado pela imprensa, Israel detectou jazidas de petróleo e gás no mar de Gaza e precisa extraí-lo para ter autossuficiência, mas se o território pertence a Palestina, esse é um entrave que precisa ser eliminado, pois se o petróleo está em Gaza, pertenceria a Autoridade Palestina. A intenção é roubar, pura e simplesmente.

Israel, em 2021, elaborou um plano de construção do Canal Bem-Gurion, alternativa ao Canal de Suez, cujo traçado inicial faz uma curva para desviar da Faixa de Gaza passando pelo norte do território. Seria muito mais lógico e muito mais barato, em vez de desviar, seguir reto atravessando Gaza para chegar ao mar. Trata-se de uma obra bilionária que facilitará o transporte marítimo e impulsionará enormemente a economia do país.

Esses dois motivos para acabar com Gaza, por si só já são suficientes para explicar a guerra e nenhum deles é religioso.

O primeiro-ministro, Netanyahu, está envolvido até o pescoço em denúncias de corrupção e já era, inclusive para estar preso. As pesquisas de opinião indicam que o povo israelense quer vê-lo pelas costas. Um grande triunfo sobre os palestinos poderia amenizar as críticas ao governo. Pelo menos é o que ele imagina. Além disso, é preciso tentar compreender o apoio incondicional do governo Joe Biden a Netanyahu. E esse apoio também não tem cunho religioso.

Os Estados Unidos dia a dia veem sua hegemonia econômica ser enfraquecida, não só pelo fenômeno China, mas, mais do que isso, pelo fortalecimento do Brics, o bloco econômico que inicialmente era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas que hoje já está engrossado por outros países. Inclusive, a moeda de troca para transações comerciais entre os países do bloco deixará de ser o dólar, passando a ser moedas locais ou o Yuan chinês.

Além disso, o Irã, um dos países que os EUA escolheram para fazer parte do chamado eixo do mal, potência nuclear, ingressou no Brics.

A venda de armas por parte dos EUA é uma grande fonte para aumento de recursos daquele país, mas a tentativa agressiva de se reposicionar como a maior potência do planeta, fazendo frente à China e à Rússia que são contrárias a política de genocídio dos palestinos é que move hoje Joe Biden, desesperado para tentar melhorar sua posição nas pesquisas para as eleições de 2024 lideradas por Donald Trump.

Não há justificativa baseada na palavra de Deus para o genocídio de um povo.

Os motivos são sempre econômicos.

 

 

 


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Por que evangélicos apoiam Israel incondicionalmente?

Por Fernando Castilho



Segundo a teoria do dispensacionalismo, no Livro das Revelações, conhecido como Apocalipse, está escrito que quando Jesus voltar se dirigirá primeiramente ao povo judeu porque ele é o povo escolhido por Deus.


Repararam que o templo de Salomão da Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo possui arquitetura e decoração interna que procuram reproduzir o original da Jerusalém antiga antes de sua destruição por Nabucodonosor II após o cerco de Jerusalém de 587 a.C.?

Repararam também que o bispo se veste paramentado como sacerdote hebreu, inclusive usando o kippa (uma espécie de boina redonda utilizada pelos judeus tanto como símbolo da religião como símbolo de temor a Deus) e longa barba, como se fora ele o próprio Rei Salomão?

Sempre me perguntei o porquê disso, uma vez que a Universal ostenta o slogan Jesus Cristo é o Senhor e, pelo que sabemos, os judeus não cultuam Cristo por não acreditarem em sua existência.

Recentemente foi divulgado que há um grande movimento neopentecostal no mundo todo, originado nos EUA que aproxima os cristãos de Israel.

Foi por pressão desses grupos que Donald Trump decidiu transferir a embaixada americana de TelAviv para Jerusalém, desagradando muçulmanos.

Foi também por pressão dos evangélicos do Brasil que Jair Bolsonaro se aproximou de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, prometendo fazer o mesmo que Trump e arriscando-se a comprometer exportações volumosas para países árabes em troca de menos de 1% que Israel importa de nosso país. Afinal, Bolsonaro se elegeu com grande apoio dos evangélicos.

Não via lógica nisso, até que li um artigo falando de dispensacionalismo.

Dispensacionalismo é o nome desse movimento que procura aproximar os neopentecostais de Israel, um estado cujo povo não reconhece Jesus Cristo. Mas no que se baseia? Qual sua lógica?

Segundo um artigo divulgado por esse grupo, no Livro das Revelações, conhecido como Apocalipse, está escrito que quando Jesus voltar se dirigirá primeiramente ao povo judeu porque ele é o povo escolhido por Deus. E justamente por isso, os judeus serão os primeiros a entrar no reino dos céus. E passarão, então, a acreditar em Jesus Cristo como o filho do pai.

Em seguida, irão para o Paraíso aqueles que deram apoio ao povo de Israel, ou seja, os crentes neopentecostais, claro.

Há ainda a ideia de que a vinda de Jesus pode ser apressada desde que Israel ocupe mais rapidamente os territórios ocupados, ou seja, dominem toda a terra prometida. Essa é uma das explicações para o genocídio que o primeiro-ministro de extrema-direita ora empreende contra o povo palestino.

E isso só será conseguido se todos apoiarem já Netanyahu, como fazia Bolsonaro. Esse é o motivo de sempre aparecerem bandeiras de Israel nas manifestações a favor do ex-presidente.

É como se um garoto se aproximasse do pior menino do bairro, dono da bola, somente para fazer parte do time de futebol que ele lidera.

Achemos absurdo ou não, ilógico e fundamentalista ou não, loucura ou não, essa é realmente a explicação para essa aproximação entre cristãos e israelitas.

 


sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Solução final contra o povo palestino? Será isso?

Por Fernando Castilho



Se o massacre que se avizinha se concretizar, apesar de alguns esforços da ONU empreendidos para evitá-lo, será o passo decisivo para a solução final, algo que os judeus conhecem muito bem.


O governo de Israel deu 24 horas para os palestinos do norte, em número de aproximadamente 1,1 milhão de pessoas, se deslocarem para o sul para que o exército possa fazer uma grande ofensiva no território desocupado. Enquanto escrevo, já se passaram 12 horas.

Prever o futuro é sempre temerário, pois muita coisa pode acontecer nesse intervalo, mas as probabilidades apontam para um genocídio já que não há espaço para 1,1 milhão de pessoas ocuparem nem tempo suficiente para isso, ainda mais com falta de transporte e combustível. Esse ultimato é claramente uma hipocrisia.

O ataque que o Hamas desferiu contra alvos civis israelenses motivando o contra-ataque que agora Netanyahu promove contra todo o povo palestino que não representa o grupo terrorista, deveria ter sido percebido pela inteligência das forças de segurança, conhecida mundialmente pela sua tecnologia e eficiência, afinal, quem nunca ouviu falar das proezas do Mossad, o serviço secreto de Israel?

Mas, estranhamente, o país foi pego de surpresa. Será que foi mesmo?

A hipótese que não gostaria, mas é preciso trazer aqui por força das evidências gritantes, é de que a inteligência tinha conhecimento das intenções do Hamas. Não há como discordar disso.

É totalmente repugnante imaginar que Netanyahu tenha sacrificado ao menos 260 pessoas que participavam de uma rave para justificar a contraofensiva que agora está em curso e que pode se transformar num dos maiores massacres de pessoas comuns e pobres do mundo. Mas, infelizmente, é o que parece.

O primeiro-ministro, Netanyahu, já havia exposto na ONU um mapa em que simplesmente a Cisjordânia e a Faixa de Gaza não aparecem e isso é muito ilustrativo do que pode estar em curso neste momento.

Israel, blindada pela opinião pública majoritária que confunde o povo palestino com o Hamas, pelo preconceito contra um povo muito pobre e tido como desapegado pelo amor à própria vida devido aos ataques promovidos por homens-bomba, o que fere os valores cristãos, pelo apoio dos Estados Unidos, da Europa e da grande imprensa mundial, enxerga a grande oportunidade de se livrar de vez do pouco que sobrou do território palestino após 75 anos de uma política de violência, colonialismo e de apartheid. Parece ser conveniente para o mundo que esse problema, enfim, tenha uma solução.

Se esse massacre se concretizar, apesar de alguns esforços da ONU empreendidos para evitá-lo, será o passo decisivo para a solução final, algo que os judeus conhecem muito bem.

Para não se cometer injustiça com o povo judeu, há que se ressaltar que a maioria não concorda com Netanyahu, preferindo uma solução pacífica para um conflito que se originou por motivos religiosos e que evoluiu para a sandice que agora está sendo praticada.

Esperamos que, ao final das 24 horas, nada do que se prevê aconteça, que se crie um ambiente para que a paz e a convivência sejam construídas e que este texto se torne sem sentido.