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terça-feira, 11 de abril de 2023

Um governo com muitas marcas

Por Fernando Castilho



Para os jornalões, impedir um golpe que colocaria o país de joelhos diante de um facínora por muito mais que 4 anos, socorrer em tempo recorde os Yanomami que estavam ameaçados de extinção, recriar programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, que tinham sido abandonados, não é visto como uma marca.


Abro este texto afirmando que o mês de janeiro foi quase que totalmente prejudicado após os atentados terroristas do dia 8, portanto, o governo Lula não tem de fato 100 dias ainda.

A Folha de São Paulo, em editorial, cravou que o governo Lula não tem marca. O Estadão também tocou nesse mesmo assunto.

Para os jornalões, impedir, em nome da democracia e do estado de direito, um golpe que colocaria o país de joelhos diante de um facínora por muito mais que 4 anos, já que seu desejo era se manter indefinidamente no poder, instaurando uma teocracia, não é uma marca.

Também a atuação de Lula nas questões sociais, desde o socorro ligeiro aos Yanomami que estavam ameaçados de extinção, até a recriação de programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Mais Médicos, não é vista como uma marca. Aliás, os dois jornais se referiram a esses programas como sendo “velharias”, retrógrados. Saudades de Bolsonaro?

A Folha decretou o fim precoce do governo Lula e o Estadão afirma que o governo envelheceu e que Lula está perdido.

As marcas poderiam ser somente essas elencadas acima, mas há outra que esqueceram: o novo arcabouço fiscal festejado principalmente por economistas liberais bem ao gosto dessa imprensa. Sobre isso, não falaram nada.

Não, a imprensa não considera ações na área social importantes. Ela gostaria muito mais que Lula começasse a privatizar estatais. É por isso que dá pontos a Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que tem uma tara pelas privatizações. Esse vai ser mantido em banho-maria durante 4 anos, alimentando o sonho dos jornais de que ele seja candidato em 2026.

É preciso lembrar que lá, no longínquo início do governo Lula de 2003, nossa grande imprensa já reagia com fúria à criação do Bolsa Família que, segundo ela, iria estimular a vagabundagem.

Não podemos esquecer que, sob Bolsonaro, o Brasil se tornou pária internacional e que agora, sob Lula, investimentos começam a chegar ao país, frutos do reconhecimento da importância da nova administração.

Lula 3 ainda vai sofrer muitos ataques destinados a inviabilizar sua reeleição ou a continuidade dos programas sob outro nome na presidência, mas, assim que os êxitos começarem a surgir, o povo mais pobre, percebendo que tem emprego e mais renda, voltará a aprovar o presidente calando a grande mídia.

Esses 77 dias de governo já foram exitosos no fortalecimento da democracia, dos direitos humanos e na redução das desigualdades.

Um governo que não tem uma marca somente, mas muitas.

Lula tem muito a comemorar.


quinta-feira, 16 de março de 2023

A necessidade de punir o malfeitor e controlar nossa ansiedade

Por Fernando Castilho



É possível que, com o clamor popular, os magistrados apressem os trâmites dos processos contra Bolsonaro, mas deveremos esperar longamente por uma condenação.


Tenho acompanhado pelas redes sociais a ansiedade que as pessoas de mentalidade progressista vêm demonstrando pela prisão de Jair Bolsonaro.

Após quatro anos de desgoverno, com a destruição de programas sociais, de descaso para com uma pandemia que matou mais de 700 mil pessoas, com incentivo ao garimpo em terras indígenas que quase extinguiu a etnia Yanomami, com mentiras e agressões verbais toda vez que se manifestava e pela tentativa de melar o processo eleitoral e ainda dar um golpe no país para se perpetuar no poder, é totalmente compreensível que não consigamos controlar nossa ansiedade e revolta toda vez que a mídia, juristas e ministros do STF opinam que não será possível prender o ex-presidente imediatamente.

Explico.

Bolsonaro perdeu o foro especial por prerrogativa de função. Vários processos que estavam nas mãos do PGR, Augusto Aras, estão sendo enviados para a justiça comum para serem julgados em primeira instância. Se condenado, caberão recursos até que se conclua o trânsito em julgado e seu destino seja, enfim, a cadeia.

Cabe aqui esclarecer que poderão se passar longos anos até que seu julgamento seja concluído. Com Paulo Maluf foram décadas de espera até a conclusão final que lhe impôs a prisão domiciliar devido à idade avançada e problemas de saúde. Revoltante, mas real.

É até possível que, com o clamor popular, os magistrados apressem os trâmites dos processos, mas não vamos manter falsas esperanças.

A outra possibilidade é a prisão preventiva, mas para isso é necessário que, caso venha a ser réu, Jair tente fugir, destruir provas ou continuar a ser uma ameaça à sociedade.

Para ser uma ameaça à sociedade, é preciso que Bolsonaro volte para o Brasil o quanto antes para assumir o papel de líder da oposição a Lula, como quer Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.

Explico.

Com Bolsonaro no poder de liderança da extrema-direita, será criado um novo cercadinho (talvez virtual) que voltará a ser frequentado pelos seus apoiadores. Embora não seja mais presidente e, portanto, não seja blindado pela grande imprensa como foi durante quatro anos, o homem é falastrão e se empolga toda vez que seus apoiadores o encorajam. Daí, desata a falar absurdos, a ofender, mentir e atacar. Então, para prendê-lo preventivamente, basta ficar atento à sua fala. Oportunidade não vai faltar.

O que podemos esperar realmente é sua praticamente certa inelegibilidade por oito anos. Bolsonaro está completando 68 anos e terá 76 ao fim de sua quarentena. A depender do sucesso do governo Lula, seja de 4 ou 8 anos, e da luta da esquerda para desmontar a extrema-direita, teremos um Jair envelhecido e sem importância.

Lembremos que, para liderar uma oposição a Lula, será necessário que Bolsonaro trabalhe muito, mas todos sabemos que trabalho não é com ele. Quando estava na Câmara e no Palácio do Planalto, trabalhou muito pouco.

Resta o Tribunal Penal Internacional de Haia que já possui processos em andamento por genocídio. Alguns consideram uma condenação difícil, mas não impossível.

De qualquer forma, o que queremos ver é punição exemplar para que nunca mais o povo brasileiro passe por tsunami avassalador como esse.

O Estado Democrático de Direito tem que prevalecer, mesmo para o julgamento desse malfeitor, portanto, não é o caso de se passar por cima das leis.

Mas não haverá punição dura o suficiente para compensar o sofrimento daqueles que perderam seus amigos e parentes pela Covid-19.

Nunca haverá.


terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Se for preciso, que se intervenha no estado de Roraima

Por Fernando Castilho


Foto: Ricardo Stuckert


O que transparece, pela fala do governador de Roraima, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.


Todo presidente tem o poder de mudar a situação do povo que governa, para o bem ou para o mal.

Jair Bolsonaro debochou o tempo todo da pandemia que matou 700 mil pessoas, chegando a sabotar as medidas sanitárias e até a receitar remédios de ineficácia comprovada.

Sua agenda presidencial revelava que trabalhava muito pouco nos dias de semana e saía de “férias” de maneira irregular, enquanto as chuvas tratavam de matar e desabrigar milhares de pessoas pobres.

Reunia-se com garimpeiros, na verdade, donos de mineradoras, aliando-se a eles para pôr em prática seu antigo projeto de extinção dos povos indígenas.

Jair se empenhou em mudar a situação do brasileiro para pior. E conseguiu.

Lula, apenas 20 dias após a posse, arregaçou as mangas e foi conhecer de perto, in loco, a situação dos indígenas Yanomamis, acompanhado de 3 ministros.

"Se alguém me contasse que, aqui em Roraima, tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana que eu vi o povo Yanomami sendo tratado, eu não acreditaria. Não podemos entender um país que tem as condições que têm o Brasil deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui", afirmou o presidente.

A visita causou um alvoroço nas redes sociais e repercutiu significativamente na imprensa internacional. A nacional não deu muita bola no início, talvez preocupada em não dar pontos para Lula, mas, devido ao volume na Internet, teve que se render e fazer reportagens.

O presidente, nem bem começa a governar e já muda a situação de todo um povo para melhor.

Hoje, em reunião com ministros, Lula exigiu que os tráfegos aéreo e pluvial dos garimpeiros em Roraima sejam cortados o mais rápido possível.

Se a nova administração federal já consegue reverter em parte um dos maiores crimes do capitão, classificado como genocídio, é preciso também que se olhe com atenção para o estado de Roraima.

O governador, Antônio Denarium, manifestou-se sobre os Yanomamis, não deixando dúvidas de que ele e grande número de prefeitos da região, não só são a favor do garimpo ilegal em terras da federação cedidas aos indígenas, como também incentivam e apoiam.

Enquanto o capitão nega seus crimes, Denarium, bolsonarista convicto, prefere seguir o caminho da hipocrisia ao dizer que não é novidade os Yanomamis passarem fome e que deveriam eles próprios explorar suas terras.

O que transparece, pela fala do governador, é que, por ele, o solo da Amazônia pode ser revirado totalmente do avesso, desde que se extraia dele o máximo de riqueza possível. E claro, não sem contrapartida.

As matérias sobre as terras Yanomamis e o garimpo ilegal não deixam dúvidas de que há um plano de enriquecimento de grupos compostos de mineradoras, militares e políticos em execução, cujo obstáculo são alguns milhares de indígenas. Se, principalmente as crianças forem envenenadas pelo mercúrio ou mortas por doenças e fome, a população originária será reduzida a ponto de se tornar inviável sua multiplicação, o que, na prática, significa sua extinção.

O governo Lula tem que fincar pé na região, implementar ações de salvamento dos indígenas e de corte do tráfego das mineradoras, como foi decidido na reunião ministerial, mas também aumentar e concentrar na região contingentes de fiscalização e segurança para, não só prender, mas também confiscar aviões e helicópteros e destruir barcaças e outros equipamentos, afetando assim significativamente o poder econômico desses grupos. Não será uma tarefa fácil e, muito menos, rápida, mas é preciso que se comece a sufocar os donos dessas atividades mineradoras, aumentando-lhes os prejuízos.

Além disso, é preciso que a tragédia Yanomami não saia tão cedo dos noticiários, já que vem sensibilizando a opinião pública, a ponto de criar uma massa crítica contrária ao bolsonarismo, ao governador e aos prefeitos da região.

O governador, metido até o pescoço com a extração ilegal de ouro, verá aumentada a pressão das mineradoras contra ele e poderá reagir às medidas adotadas por Lula e seus ministros.

Antecipando-se a isso, é bom que o governo federal já tenha um plano elaborado para pôr em prática uma intervenção no estado, caso seja necessário.

Lula termina seu primeiro mês de governo já cumprindo com êxito uma amostra-grátis do que prometeu em campanha: acabar com a fome do povo.

Neste caso, a fome do povo Yanomami.

 

 


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

A banalidade do mal em Damares Alves e nos terroristas de Bolsonaro

Por Fernando Castilho




Se Eichmann não sentia o mínimo remorso por seus atos, o que dizer da ex-ministra incumbida de preservar as terras Yanomamis, Damares Alves?


Quando Adolf Eichmann, oficial nazista responsável pelo envio de cerca de 6 milhões de judeus para o extermínio em campos de concentração no que se chamou de “solução final”, foi julgado em Jerusalém em 1961, o mundo se surpreendeu com sua frieza ao afirmar que não sentia que tivesse feito algo errado porque era apenas um soldado burocrata encarregado de cumprir ordens.

A filósofa alemã e judia, Hanna Arendt, chegou a entrevistar Eichmann na prisão e dessa entrevista extraiu elementos para seu livro, Eichmann em Jerusalém – Um Relato sobre a Banalidade do Mal.

Na obra, Arendt defende que Eichmann se tornara um homem desprovido da moral, da ética e do senso crítico, cuja objetivo de vida era tão somente executar as ordens de Hitler sem refletir sobre elas ou fazer qualquer julgamento.

Gostaria, a partir daqui, de tentar traçar um paralelo, que pode parecer a alguns um tanto forçado entre Eichmann e Damares Alves, já que a comparação entre Adolph Hitler e Jair Bolsonaro salta aos olhos, nestes últimos tempos em que foi revelado, como um verdadeiro plano de extermínio da etnia yanomami.

Assim como Hitler, como já escrevi anteriormente em Hitler, o Führer e Bolsonaro, o mito. Semelhanças, Bolsonaro defendia, desde os tempos de deputado, que o Brasil deveria fazer com nossos indígenas aquilo que a cavalaria norte-americana fez com sucesso, ou seja, exterminá-los. Portanto, o plano não se restringia somente aos yanomamis, mas a todas as outras etnias e só não obteve sucesso pleno porque ele não se reelegeu e porque Lula chegou a tempo a Roraima para impedir a continuidade do genocídio.

Mas se Eichmann não sentia o mínimo remorso por seus atos, o que dizer da ex-ministra incumbida de preservar as terras Yanomamis, Damares Alves?

Damares é o que se pode chamar de evangélica fundamentalista. Acredita piamente que os indígenas vivem em pecado por não reconhecerem Cristo e por viverem nus, o que é, na sua visão, uma agressão à moral e aos bons costumes. É preciso lembrar que essa visão da ex-ministra, constantemente exposta à opinião pública, tem revelado uma obsessão com relação ao sexo, frequentemente encarado como algo extremo, por exemplo, quando afirmou que crianças teriam seus dentes arrancados para facilitar o sexo oral na Ilha de Marajó, algo jamais confirmado.

Além disso, acredita que as crianças indígenas, por viverem na floresta, isolados, dormindo em redes, caçando e pescando e expostos a doenças e perigos, deveriam ser transferidas para as cidades e adotadas preferencialmente por casais evangélicos que as salvariam. Ela própria, segundo noticiários, sequestrou no passado uma criança indígena e a levou para viver com ela na paz de Cristo. A menina, hoje uma moça, foi doutrinada e nega qualquer maldade cometida com ela.

Damares Alves se empenhou, durante sua estada no governo, em facilitar a entrada de pastores evangélicos nas aldeias indígenas para catequização. A ONG Missão Caiuá, entidade missionária evangelizadora pertencente à Igreja Presbiteriana, que recebeu pelo menos R$ 2,98 bilhões em pagamentos e R$ 3,05 bilhões em contratos celebrados com o poder público desde o ano de 2014, é uma dessas entidades que utilizava até aviões do garimpo para se deslocar às aldeias. O que esperar de uma entidade como essa?

Quando era ministra dos Direitos Humanos, para tornar a permanência das crianças indígenas cada vez mais insuportável, forçando-as a deixar suas terras em direção à civilização, a atual senadora pediu a Jair Bolsonaro que vetasse a entrega de leitos de UTI e de água potável a indígenas em plena pandemia. Era aceitar Jesus ou morrer. Em ambas a opções, sem crianças, os Yanomamis teriam sua sentença de morte assinada por não mais ser possível a continuidade da etnia.

Nesse sentido, é possível um paralelo entre Damares e Eichmann?

Enquanto Eichmann parecia um robô nas mãos de Hitler, Damares agia movida por seu fundamentalismo religioso, acreditando insanamente que estaria fazendo o bem. Indiretamente cumpria os planos de Bolsonaro que queria, sem meias palavras, pura e simplesmente a extinção do povo Yanomami e de todos os demais indígenas, facilitando a ocupação de suas terras pelas empresas mineradoras.

A banalidade do mal está presente em ambos os casos e isso não significa que a punição deva ser branda. No caso de Eichmann, seus crimes foram punidos com a forca. No caso de Damares, esperamos investigação, julgamento e condenação à altura, de acordo com o Estado de Direito, embora talvez nunca vejamos, como em Eichmann, a admissibilidade dos males que cometeu.

Ainda há que se considerar o que Hanna Arendt escreveu em sua obra:

“a execução de ordens é a mera obediência cega, independentemente se o partido pede para organizar distribuição de alimentos ou o extermínio de um grupo étnico”.

Fica claro, por essas palavras, que muitos dos que contribuíram para a tragédia dos Yanomami tornaram o mal apenas uma banalidade. E vejam que bolsonaristas se manifestaram nas redes sociais ridicularizando a FAB por ter enviado alimentos para os indígenas ou afirmando que são venezuelanos fugindo da ditadura de maduro.

“o cidadão massificado executa as ordens, não por ódio, por haver um mal em seu coração ou por premeditar atrocidades, mas o mal que faz é fruto da não consciência de seus atos”.

Essa frase remete imediatamente aos atentados terroristas de 8 de janeiro. Observem que logo após serem presos, os terroristas reclamaram da falta de wi-fi, ar-condicionado e comida de qualidade, como que alheios à sua nova condição de criminosos detidos. Executaram ordens subliminares de seu capitão sem a correspondente noção do crime que cometeram. É por isso que muitos não esconderam o rosto e ainda gravaram selfies, como se não esperassem responsabilização.

Para esses indivíduos, o mal foi banalizado a ponto de se confundir com o bem. Eles acreditavam realmente que estavam libertando o Brasil de uma ameaça comunista que não existe.

Será preciso um esforço dos ministérios da comunicação e da educação rumo a uma desbolsonarização do país para que a noção de bem ou mal seja novamente aferida com precisão na balança de nossos atos éticos e morais.

Enquanto isso não acontece, Lula segue apagando os focos de incêndio que Bolsonaro deixou, este sim, o mal sem nenhuma banalidade.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Hitler, o Führer e Bolsonaro, o mito. Semelhanças

Por Fernando Castilho




"A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país"

Deputado Federal Jair Bolsonaro em discurso em 15 de abril de 1998


Nos anos que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial, Adolph Hitler se empenhou em “mostrar” ao povo alemão sua superioridade em relação aos demais povos não arianos.

Mesmo sem redes sociais, o Führer instigou na população o ódio, não só aos judeus, mas também aos ciganos, comunistas, pessoas com deficiência física ou mental, pessoas de pele mais escura e todos aqueles que não reuniam fisicamente as características, na visão dele, de um povo superior.

No Brasil, muito antes das eleições de 2018, Jair Bolsonaro já demonstrava em discursos como deputado e, mesmo durante a campanha, seu enorme desprezo pelas minorias, que, conforme pregava, deveriam se curvar à maioria ou serem extintas.

Embora a população negra não seja exatamente minoria no país, esta também entrou na alça de mira do capitão quando ele, num discurso, disse que os quilombolas não serviam para nada, nem para procriar. Mesmo assim, não faltam bolsonaristas negros.

A população LGBT também sempre foi duramente atacada pelo ex-presidente, mas isso também não impediu que haja bolsonaristas gays.

Bolsonaro nunca se furtou a atacar a esquerda ao dizer numa entrevista que a ditadura deveria ter matado 50 mil pessoas, claro, de esquerda. Quanto ao PT, em comício no Acre, convocou seus apoiadores a metralhar os petralhas.

Mas agora, com a tragédia revelada do morticínio pela fome e por doenças do povo Yanomami, lembramos do que o capitão dizia também em comício: “NO MEU GOVERNO, NEM UM CENTÍMETRO DE TERRA SERÁ DEMARCADA PARA OS ÍNDIOS!”

Em 15 de abril de 1998, o então deputado Jair Bolsonaro, em discurso na Câmara Federal, disparou: ""A CAVALARIA BRASILEIRA FOI MUITO INCOMPETENTE. COMPETENTE, SIM, FOI A CAVALARIA NORTE-AMERICANA, QUE DIZIMOU SEUS ÍNDIOS NO PASSADO E HOJE EM DIA NÃO TEM ESSE PROBLEMA EM SEU PAÍS!"

Os primeiros contatos com os Yanomamis se deu entre 1910 e 1940, de forma ainda bastante rarefeita. Foi só a partir da década de 1970 que os contatos se tornaram mais intensos, o que contribuiu significativamente para que adquirissem as doenças que os homens brancos lhes levaram.

Nossa grande imprensa demorou dois dias para escrever sobre a tragédia dessa etnia indígena, após a corajosa visita do presidente Lula à principal aldeia ameaçada constantemente por ferozes garimpeiros instigados por Jair Bolsonaro a explorar aquela área.

A política do capitão com relação aos povos originários é a de genocídio por asfixia. Os garimpeiros vão aos poucos ampliando sua área de atuação, destruindo terras agricultáveis e impossibilitando as atividades de caça, pesca (devido ao mercúrio descartado principalmente no Rio Parima) e de coleta. As doenças, como pneumonia, Covid-19 e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) são agravadas com a extrema desnutrição, causando enormes morticínios, principalmente de crianças e de idosos.

Não há como não fazer um paralelo com a política de extermínio de pessoas não arianas implementada por Hitler. A diferença é que os Yanomamis estão presos em um campo de concentração a céu aberto e dele não podem fugir.

Assim como grande parte do povo alemão acreditou em Hitler e suas mentiras, bolsonaristas-raiz divulgam em suas redes sociais que são contrários ao envio de alimentos e rempedios para os indígenas. As semelhanças são muitas.

Enquanto Hitler se acercou de asseclas que rapidamente encamparam seu discurso de ódio colocando em prática sua necropolítica, por aqui não é muito diferente, já que tivemos uma Damares Alves que brada contra o aborto de uma única criança, vítima de estupro, mas não se importa com a morte de centenas por doenças e desnutrição pelo simples fato de serem indígenas. Outro assecla do nosso Hitler tupiniquim é Ricardo Sales que incentivou o garimpo ilegal em áreas de reserva indígena e o desmatamento na Amazônia.

Esses dois foram eleitos parlamentares e, por isso, a justiça terá dificuldades em atingi-los, mas seu chefe, o “Fuhrer” brasileiro, chamado por aqui de mito, pagará por seus crimes.

O difícil será encontrar uma pena que possa fazer justiça a todo mal que ele cometeu.