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sábado, 2 de julho de 2022

O estulto do crime

Por Fernando Castilho


Imagem: Gladson Targa


 
Hitler, Mussolini, Stalin, Salazar, Franco, Pinochet, Idi Amin Dada, César, Gengis Khan, os presidentes-ditadores do regime militar do Brasil...  a lista é gigantesca.


Em 1940 foi lançado no gibi do Capitão Marvel, um gênio do crime, o cientista louco, Dr. Silvana, aquele que queria destruir o mundo para depois dominá-lo como um grande ditador.

Invariavelmente, nas páginas do gibi, o Herói, Capitão Marvel, o derrotava, mas, como tiririca (a erva daninha e não o deputado), o vilão sempre ressurgia.

No mesmo ano, outro supervilão surgiu, desta vez nas páginas do gibi do Super-Homem. Lex Luthor, um engenheiro perito em biologia e genética, se empenhava em descobrir formas de aniquilar o Super-Homem, o alienígena vulnerável apenas à Kriptonita, mineral somente existente em seu planeta natal. Luthor, como Dr. Silvana, era um gênio da tecnologia e do crime e também queria dominar o planeta.

Bem mais tarde, surgiria o satânico Dr. No, também um gênio da Física e do crime, que buscava, adivinhe, se tornar um ditador do mundo. Um agente secreto britânico chamado Bond, James Bond, cuja alcunha era 007, foi escalado para combatê-lo.

A ficção é recorrente e fértil para o surgimento de inúmeros supervilões.

Na vida real existiram vários nomes reais que sonharam em dominar o planeta ou, pelo menos, seus países. Curiosamente, nenhum deles era gênio e nenhum deles prezava a Ciência. A realidade se distancia totalmente da ficção.

Hitler, Mussolini, Stalin, Salazar, Franco, Pinochet, Idi Amin Dada, César, Gengis Khan, os presidentes-ditadores do regime militar do Brasil...  a lista é gigantesca.

Mas, se nenhum deles era gênio da Ciência, como puderam chegar ao poder?

A ousadia, a estratégia, o senso de oportunismo, o egocentrismo sem limites, o autoritarismo, a truculência, o desrespeito total às minorias, a total falta de empatia, o pragmatismo, a inclemência e a crueldade os conduziram ao poder diante de populações tolerantes, passivas, enganadas, indignadas e impotentes diante da tirania. Entre essas “qualidades”, a estratégia e o senso de oportunismo, de longe, são as mais importantes.

Em comum, o que todos eles têm é o destino a que foram relegados. Suicídios, golpes violentos, prisões, assassinatos, vinganças e, por fim, a lata de lixo da História.

No Brasil de 2022, o ambiente é fertilmente propício a uma ditadura novamente, porém, o contexto e a própria figura do candidato a ditador são diametralmente diferentes dos ditadores convencionais.

Bolsonaro, com certeza, não é nenhum gênio da estratégia e do oportunismo, embora possua as outras características comuns aos ditadores da vida real. É zero empático e muito cruel, como demonstrou durante a pandemia, e alimenta sonhos ditatoriais.

Pela maneira como vem conduzindo o governo, cuja linha de tempo se assemelha mais à trajetória de um bêbado de madrugada pela calçada, pelas inúmeras bobagens que fala e pelas ações ilógicas que empreende, o Capitão Morte (não Marvel) poderia ser classificado como um estulto do crime (já que seus crimes se acumulam) e, agravado pela sua total negação, um obtuso da Ciência.

Mas, o que faz com que uma súcia de quase 30% da população brasileira siga um estulto criminoso?

Precisam de alguém que os represente. Só isso. Não diferem dele.

Os autores das histórias do Capitão Marvel, do Super-Homem e do James Bond jamais pensaram em colocar em seus argumentos o elemento povo seguidor, talvez porque os vilões não eram políticos.

Talvez os heróis da ficção não conseguissem derrotar vilões com representação na população, como o Capitão Morte.

Para esse tipo de vilão precisamos de um herói com muito mais votos que ele, com propostas que ampliem a democracia e que garantam uma vida melhor ao povo. Enfim, sua antítese.

Precisamos de um gênio do bem, de alguém que, embora não tenha tido acesso ao que a Ciência afirma, não a trata com desdém, mas a respeita.

Lula!