sexta-feira, 20 de março de 2015

O nosso inexcrutável futuro político

Por Fernando Castilho


Bem, é claro que há vida após o 15 de março.

Aliás, quanto menos se falar dessa data melhor.

Mas não tem jeito. Vamos ter que falar durante algum tempo.

Dia 12 de abril haverá mais um ato de protestos pedindo o impeachment da Presidenta.

Sem novidades, portanto.

Não, ela não cairá. A oposição não quer. Não é louca.

Se o improvável impedimento acontecesse, Michel Temer assumiria o governo.

E...surpresa! Ato contínuo, o governo, que vem, segundo a grande mídia, atravessando uma crise econômica sem precedentes, prestes a atingir o fundo do poço, se revelaria de repente...bom!

Temer, sobre quem não paira por enquanto nenhum indício de participação na Lava Jato, tendo o PMDB e, provavelmente a imprensa junto a sí, poderia navegar com céu de brigadeiro, a menos que o PT não deixasse.

terça-feira, 17 de março de 2015

O Quarto Reich Tupiniquim

Por Fernando Castilho


É lógico que não me preocupo aqui, neste texto, em sequer insinuar que, do jeito que as coisas vão, algo tão grotesco poderá vir a acontecer ao Brasil. 
Porém, no ano passado, quando se completaram 50 anos do golpe militar, alguns colunistas de jornais flertaram com novo golpe ao publicarem comentários e até uma pesquisa de opinião, lembram-se?

As pessoas que na época se manifestaram a favor da volta do regime militar não conseguiriam lotar uma Kombi, e acabamos por rir muito.

No dia 15 de março, o número dos que querem a ditadura subiu muito, mas continuamos a rir muito, não sem motivo, dada a ausência do mínimo de sanidade.

Porém, até quando riremos?

Embora não haja como dialogar, argumentar com quem não consegue articular seu discurso com racionalidade, devemos nos lembrar que também não se discute com tsunamis.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Onde foi que ela errou?

Por Fernando Castilho


Ao ver imagens das manifestações do domingo (15), algumas delas extremamente patéticas, à que milhares de pessoas compareceram, há que se considerar alguns pontos que talvez possam servir como uma tentativa de explicar o por quê de seu sucesso.

Chacrinha já dizia que quem não se comunica se trumbica.

Em se tratando de Dilma Rousseff, o bordão do velho guerreiro serve como uma luva. A presidenta passou 4 anos tendo uma Secretaria de Comunicação totalmente inoperante e ineficaz.

Deixou que a velha mídia durante 1535 dias dissesse o que quisesse na hora em que bem entendesse.

Quanto a levar marteladas da imprensa, pode-se dizer que o PT é quase masoquista pois desde 2003 apanha mais que mulher de malandro.

Lula e Dilma nunca confrontaram a mídia.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Drummond não vai!

Por Fernando Castilho


Foto por Tasso Marcelo
Dia 13 haverá em todo o Brasil, manifestações pela Democracia, pela defesa da Petrobrás, pelo direitos trabalhistas, pela reforma política, pelo direito da Presidenta reeleita governar.

Dia 15 haverá em todo o Brasil, manifestação pelo impeachment dessa mesma Presidenta. Alguns néscios aproveitarão para pedir a tal intervenção militar democrática e constitucional que ninguém em sã consciência consegue entender o que seria.

Algumas outras diferenças entre os dois atos:

Dia 13, sexta-feira, em todas as capitais, mas a partir das 16:00 no Rio, Belo Horizonte e em São Paulo. Povo cansado da jornada da semana, querendo ir pra casa, tomar banho e descansar.

Em outros tempos não haveria dúvidas quanto ao comparecimento massivo. Tempos de Lula. Tempos do movimento sindical, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema (hoje Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Tempos de Luíz Gushiken à frente do Sindicato dos Bancários. Tempos de movimentos sociais atuantes. Tempos em que o PT era a massa, e a massa era o PT. Sem dissociações.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A sacralidade das vacas

Por Fernando Castilho


Primeiro ato:
Paulo Freire disse: ''Luto por uma educação que nos ensine a pensar, e não por uma educação que nos ensine a obedecer.''

Segundo ato:
Mauro Santayana escreveu em seu portentoso texto O PT, O PSDB E A ARTE DE CEVAR URUBUS: ''Perdeu-se a oportunidade - e nisso também devemos nos penitenciar - de aproveitar o impulso democrático, surgido da morte trágica de Tancredo Neves, para se inserir, no currículo escolar de instituições públicas e privadas, obrigatoriamente, o ensino de noções de cidadania e de democracia, assim como o dos Direitos do Homem, estabelecidos na Carta das Nações Unidas, e esse tema poderia ter sido especificamente tratado na Constituição de 1988 e não o foi. ''

Terceiro ato:
O jornal O Globo, no domingo, 8, Dia Internacional da Mulher, publica na primeira página uma charge de Chico Caruso mostrando a Presidenta Dilma Rousseff prestes a ser decapitada por alguém vestido à moda dos militantes do Estado Islâmico. Na legenda, ela diz: ''Também não é assim. Vamos negociar...''

domingo, 8 de março de 2015

O PT, O PSDB E A ARTE DE CEVAR OS URUBUS

Por Mauro Santayana, no seu blog

Esta foto não está no texto original de Mauro Santayana
De que se alimenta a extrema direita? Do ódio, da violência, do preconceito, da criminalização da política, da infiltração e do aparelhamento do estado, do divisionismo, da disseminação terrorista da calúnia, do boato e da desinformação

Se houve um erro recorrente, que pode ser trágico em suas consequências, cometido pela geração que participou da luta pela redemocratização do Brasil, foi permitir que a flor da liberdade e da democracia, germinada naqueles tempos memoráveis, fosse abandonada, à sua própria sorte, no coração do povo, relegada a segundo plano pela batalha, encarniçada e imediatista, das suas diferentes facções, pelo poder.

Perdeu-se a oportunidade - e nisso também devemos nos penitenciar - de aproveitar o impulso democrático, surgido da morte trágica de Tancredo Neves, para se inserir, no currículo escolar de instituições públicas e privadas, obrigatoriamente, o ensino de noções de cidadania e de democracia, assim como o dos Direitos do Homem, estabelecidos na Carta das Nações Unidas, e esse tema poderia ter sido especificamente tratado na Constituição de 1988 e não o foi.

sexta-feira, 6 de março de 2015

O que se passou na cabeça de Janot?

Por Fernando Castilho


O que se passou na cabeça do Procurador Federal da República, Rodrigo Janot na noite do último dia 3?

A Folha e o Estadão apressaram-se em publicar que Janot recomendou ao STF que não abrisse investigações contra Aécio Neves e Dilma Rousseff.

Já o jornal Valor Econômico, pertencente ao grupo Folha em associação com o O Globo, afirmou que a presidenta não está na lista das 54 pessoas a serem investigadas na Operação Lava Jato, nem nos sete pedidos de arquivamento encaminhados ao ministro Teori Zavascki.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Vem aí, os Gladiadores do Altar!

Por Fernando Castilho


Não me lembro qual filme, visto que era B. Um grupo de pessoas aparentemente normais, quando alguém apertava um botão, se transformava em um exército sanguinário.

Eles são jovens, parecem soldados de verdade, daqueles que os generais de pijama do Clube Militar chamam de Exército de Caxias, o único do Brasil.

De origem humilde, muitos, moradores em favelas, alguns provavelmente com problemas com drogas, e querendo escapar delas.

Para rapazes tentando se libertar de uma vidinha sem perspectivas, tornar-se avião do tráfico é perigoso, mas a perspectiva prometida de vir a ser pastor é tentadora. Dindim fácil e seguro.

Os antigos gladiadores romanos também eram homens tentando se libertar da escravidão através de lutas bem sucedidas, o que lhes poderia garantir um prêmio na velhice, como a liberdade.

As semelhanças não param aí, uma vez que os Gladiadores do Altar ostentam às costas de suas camisetas a imagem de um escudo e uma espada curta, chamada ''gladius'', a mesma dos antigos.

domingo, 1 de março de 2015

A fênix renascerá das cinzas?

Por Fernando Castilho

Não vai haver golpe.

Pelo menos na modalidade que conhecemos mais de perto, aquela de 1964.

Não serão os militares a assumir o poder.

Porém, acho que já estamos bem grandinhos, bem crescidinhos para percebermos que o governo Dilma já acabou, ou marcha a passos largos para acabar nas próximas semanas.

E ao que tudo indica, quem está por trás desse triste fim é a própria presidenta.

Encastelada, observa os peões da oposição se movimentando em todos os setores, desde o Legislativo ao Judiciário, passando pelo Ministério Público, a Polícia Civil, a grande mídia, e agora, o PMDB de Michel Temer.

Por incrível que pareça, quem menos força faz pela queda de Dilma é o PSDB, que anda saidinho, feliz da vida, fazendo gracinhas no Facebook (FHC) ou negando o impeachment (Aécio).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Agora além do ''vai pra Cuba'' tem o ''vai pro SUS''

Por Fernando Castilho


Embora pelo vídeo, muito curto, não se possa ter uma ideia completa do que aconteceu com o ex-ministro Guido Mantega no Albert Einstein no dia 19, fica claro que algumas pessoas da classe média ou acima, que aguardavam num lobby do hotel, digo, hospital, realmente o hostilizaram.

Mantega estava uniformizado de ministro, com terno e gravata, o que tornou fácil reconhecê-lo.

O ex-ministro estava ali acompanhando sua esposa, Eliane Berger, que estava visitando um amigo ou uma amiga que está tratando de um câncer.

Xingaram-no e mandaram-no para o SUS.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Síndrome de Capitu

Por Fernando Castilho sobre o texto de João Paulo Cunha

Minha amiga, Maria Elisa Fsc me enviou este maravilhoso texto, pelo qual agradeço muito. é para ler, reler e refletir.

Carolina Proietti Imura escreveu este ótimo preâmbulo:

Pensar é preciso! Insiro aqui o que eu considero uma pérola..talvez a última do jornalismo mineiro. Após a publicação deste texto, João Paulo Cunha (editor do Caderno de Cultura e Pensar, do Estado de Minas) foi impedido de escrever sobre política e, por isso, pediu demissão. Vejam o porquê:

Vamos ao texto.

Síndrome de Capitu
Existem duas verdades aparentemente óbvias que, no entanto, não têm ficado suficientemente claras para muita gente: o país mudou e a eleição já acabou. A insistência em dar continuidade ao processo que elegeu Dilma Rousseff poderia ser apenas um luto mal vivido, mas tende a se tornar perversa no campo político. Por outro lado, a recusa em enxergar a nova configuração da sociedade, resultado de seguidas políticas de distribuição de renda e inclusão social, pode gerar um impulso no mínimo grotesco em suas alusões reativas e chamamentos à ditadura.