terça-feira, 20 de setembro de 2022

Lula está a um passo de vencer no primeiro turno. Faça sua parte!

Por Simão Zygband


Foto: Ricardo Stuckert


Dizem que excesso de otimismo pode ser prejudicial em uma campanha eleitoral pois cria o “salto alto” e desmobiliza a militância. Mas o inverso também é verdade, pois cria uma depressão anterior ao parto, imobilizando ainda mais aqueles que deveriam estar correndo atrás do voto nesta reta de chegada para as eleições de 2 de outubro. Faltam apenas 13 dias (número cabalista) e é hora de ganhar o jogo.

Há sintomas evidentes de que Lula está prestes vencer as eleições ainda no primeiro turno. Precisa, sim, de um empurrãozinho para romper este hiato entre liquidar a fatura já em 2 de outubro, ou manter viva a candidatura do genocida em um eventual segundo turno.

Além das pesquisas, sempre favoráveis a Lula há mais de um ano, com pequeníssimas alterações, há evidências de que tudo pode se resolver imediatamente. O melhor termômetro, claro, é o desespero do troglodita que não sabe mais o que fazer para tentar angariar simpatia de um eleitorado mantido à míngua nos quatro anos de seu (des)governo: redução no preço dos combustíveis, Auxílio Brasil de meio salário mínimo (cortado pela sádico em plena pandemia), ajuda para caminhoneiros e taxistas com recursos liberados na boca de urna, vale gás para que uma parte do povo não precise cozinhar na lenha. Parece não estar funcionando.

Bolsonazi deveria ter tratado o povo como tratou uma parte do oficialato que lhe é fiel nas Forças Armadas. Talvez assim conseguisse se reeleger. Salários de marajás para oficiais que ocupam cargos públicos na administração civil, compra de picanha, bacalhaus, vinhos importados, whisky para manter a festa em alto astral na caserna (incluindo apetrechos de sex shop para os “brocháveis”), leite condensado para o restante das tropas não beneficiadas com tão evidentes benesses.

Também no Minha Casa, Minha Vida, o mesmo padrão de imóveis de seus familiares, que durante os seus mandatos como vereador, deputado e presidente, adquiriram 147 imóveis, dos quais 51 pagos em dinheiro vivo. Só o seu filho mais velho, o senador da República, Flávio Bolsonaro, adquiriu uma mansão em Brasília através do pagamento de notas sobre notas, no valor de R$ 6 milhões. O mais novinho, Jair Renan, foi mais humilde e se contentou com uma casinha menos luxuosa avaliada em R$ 4 milhões. Quanta humildade demonstra o clã.

Os sintomas da vitória

Bem, mas vamos deixar esta gente para lá e tratar de impingir-lhes uma derrota retumbante. Argumentos para isso não faltam. Mas com um pouco mais de empenho é plenamente viável a vitória no primeiro turno.

Lula tem arrastado multidões em todos os comícios que realizou nas cidades onde eles foram realizados: Belém, Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Taboão da Serra, Porto Alegre, Curitiba, Florianópólis, entre outras. Quando não há comícios, a própria militância se encarrega de fazer a campanha nas pequenas e médias cidades. No Nordeste, por exemplo, os Trios Elétricos do Lula têm arrastado o povão para as ruas, mesmo sem a presença do político. Cidades inteiras vão às ruas com camisetas e bandeiras lulistas. Há um vídeo impressionante realizado na cidade de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, onde praticamente toda a população está nas ruas ao som com os gingles da campanha petista. Difícil que não tenha lá 80% dos votos, assim como em outras tantas cidades nordestinas.

Em São Paulo, maior reduto eleitoral do país, Lula está na frente de Bolsonaro em todas as pesquisas. O voto paulista sempre é envergonhado, mas pegou fundo nos trabalhadores. Quando a campanha atinge o povão, quase impossível mudar o voto. A classe baixa e média baixa paulista está com Lula, boa parte dela composta por nordestinos, mulheres, pretos, pobres, exatamente os hostilizados pelo boquirroto capitão. Chegou a hora da vingança.

Basta você fazer também a sua parte. Peça o voto para os indecisos, seja no contato pessoal ou através da sua rede de contatos. Passe para eles aqueles vídeos que são demolidores contra o genocida (compra das mansões milionárias, ironia contra os mortos da pandemia, entre outros).

Pendure toalhas, bandeiras, faixas do Lula na sua janela, dando visibilidade à campanha

Isso é que vai garantir a vitória de Lula no primeiro turno.

 


A Fantástica Fábrica de Golpes


É com muita satisfação que o Análise e Opinião comporá nos dias 23, 24 e 25 de setembro o pool de mídias alternativas que exibirá gratuitamente o filme A Fantástica Fábrica de Golpes, um documentário de Victor Fraga e Valnei Nunes, dois jornalistas que investigam a longa tradição de golpes de estado ocorridos no Brasil e América-Latina, revelando como os grandes grupos de mídia, atrelados às fake news, foram decisivos para a deposição da ex-presidenta Dilma Rousseff, assim como na prisão política do ex-presidente Lula. O documentário explicita ainda, como tais mecanismos fomentaram na ascensão da extrema-direita no país e figuras como o extremista Bolsonaro.


A FANTÁSTICA FÁBRICA DE GOLPES

(THE COUP D’ÉTAT FACTORY)


POOL DE MÍDIAS ALTERNATIVAS: Mídia Ninja, Jornalistas Livres, Fundação Barão de Itararé, Análise e Opinião, Viomundo, Cafezinho, 247, DCM, Fórum, Rede Brasil Atual, TVT, Saiba Mais, Mídia Livre, Prerrogativas, Construir Resistência e outros


O filme será disponibilizado gratuitamente online e por televisão por apenas três dias (72 horas): 23, 24, 25 e 26 de setembro (a partir das 15:00 do dia 23:00)



https://youtu.be/M6ja8zpeluY

Este link e assim o próprio filme é incorporável (embeddable) a maior parte dos websites


Sugerimos sempre que possível incorporar também o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=j8sQAMmRR0w




Também é possível realizar uma LIVE do filme, caso seja esta a preferência do veículo. No entanto, é essencial que a live ocorra dentro das 72 horas em questão e que o filme não permaneça disponível depois deste prazo.


Link para baixar o filme para LIVE:

https://vimeo.com/751007424

Senha: BatendoPanela



A Fantástica Fábrica de Golpes é documentário de Victor Fraga and Valnei Nunes


apresentando:


Presidenta Dilma Rousseff, Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel, cantor e compositor Chico Buarque, Geoffrey Robertson QC, Jean Wyllys, Glenn Greenwald e outros


Trilha sonora original::


Chico Buarque, Francisco El Hombre, Josyara e Erika Nande




Classificação indicativa: 12 anos


Trailer em inglês:

https://www.youtube.com/watch?v=lG1mZECJBho

Trailer em português:

https://www.youtube.com/watch?v=j8sQAMmRR0w

Facebook:

https://www.facebook.com/fabricadegolpes/

Instagram:

www.instagram.com/thecoupdetatfactory

Assets (poster, kit de imprensa, stills, declarações, etc): https://mega.nz/folder/CjoUiDoR#i1ObCDze7WWYxGKBTQk-Hg


A Fantástica Fábrica de Golpes estreou em dezembro de 2021 no Festival de Havana, em Cuba. Desde então percorreu diversos festivais na Europa. Esta produção anglo-brasileira teve seu lançamento no Reino Unido através do prestigioso BFI no dia 29 de maio de 2022.


Teve lançamento em cinemas de oito capitais brasileiras no começo de setembro: 

São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus, Maceió e Aracaju.


Sinopse


Dois jornalistas brasileiros radicados no Reino Unido investigam a longa tradição de golpes de estado no Brasil e na América Latina. Eles revelam como a grande mídia e as fake news tiveram um papel fundamental na derrubada de Dilma Rousseff, na campanha de lawfare e prisão política de Lula, e na ascensão da extrema-direita, encarnada por Bolsonaro.


Paralelos claros com outras nações em todo o mundo revelam o viés e a manipulação da mídia como um fenômeno internacional.


Imagens de arquivo e reportagens são combinadas com extensas entrevistas, que incluem a ex-presidenta do Brasil, ganhadores de prêmios Pulitzer e Nobel, advogados de direitos humanos e músicos. A trilha sonora original é assinada por Erika Nande, com canções compostas pelo icônico Chico Buarque e interpretadas pelos jovens artistas Francisco El Hombre e Josyara.


Seleção de artigos 

 

Link de críticas (21 no total até o momento):


https://www.imdb.com/title/tt16384190/externalreviews?ref_=tt_ov_rt


PARA MAIORES INFORMAÇÔES

Favor responder a este email ou escrever para info@dirtymovies.org


sábado, 17 de setembro de 2022

Chibata

Por Vigílio Almansur




Chibata.Vara fina e flexível usada para bater em pessoas ou animais; vergasta. Por extensão, tira fina de couro usada para fustigar, para castigar; chicote. Figurativamente, castigo corporal aplicado com chibatadas; circunstância de quem se encontra oprimido, privado da sua liberdade, especialmente em sofrimento ou sob castigos: “queria sair daquela vida de chibata”.

No Rio, enquanto regionalismo, golpe violento de capoeira em que um dos pés é lançado, sendo que a mão permanece apoiada no chão e a outra perna levantada. No Nordeste é designação vulgar do órgão genital masculino; pênis; pinto.

A botânica premia planta gramínea brasileira usada como bengala. Etimologicamente, a origem da palavra chibata é indicada pelo feminino de chibato, vista também como cabritinho de seis meses e um pouco mais…

No entanto, essa palavra parece derivar do francês antigo chicot, “ponta de corda de navio” e podia servir também para corrigir condutas. Verbalmente, conjuga-se chibatar, verbo transitivo direto, que sugere “eu chibato” para dar chibatadas ou chibatar alguém.

Poyszé…

Num espaço de duas semanas vimos revelações interessantes, onde capitães do mato da era digital usaram seus chicotes. Apesar de suas vozes ecoarem para milhões, muitos milhões já os viram nesses últimos 350 anos, sob algozes a chibatarem os “não-entes”, os “não-ontológicos” ou os “não-ser” que perderam suas origens e vieram aprender uma língua estranha sob império exterior e se submeteram às vilanices, ultrajes e humilhações transitivas e intransitivas que assistimos deslocadamente.

Refiro-me a um vídeo postado no interior da Bahia. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou um inquérito para investigar um possível assédio eleitoral em Luis Eduardo Magalhães (o nome antecipa aquele que teve seu coração retirado para ser entregue ao pai, ACM, o “toninho malvadeza”), cidade d’oeste da Bahia.

Em um vídeo postado nas redes sociais, uma empresária do agronegócio orienta que agricultores “demitam sem dó” os funcionários que votarem em um candidato à presidência e outro ao governo do estado.

A mulher foi identificada como Roseli Vitória Martelli D'Agostini Lins. Na rede social ela se apresenta como "aposentada, conservadora, avó de dois meninos maravilhosos, entusiasta pelos rumos que o Brasil está trilhando". Credo…

Em uma das postagens, Roseli orienta os colegas ruralistas: “Façam um levantamento. Quem for votar no Lula, demitam, e demitam sem dó, porque não é uma questão de política, é uma questão de sobrevivência. E você que trabalha com o agro e que defende o Lula, faça o favor, saia também”.

A ideologia, sempre dominante — e só sobrevive porque tal… —, dá as caras sem nenhum constrangimento. A humilhação do empregado, mesmo inaparente, quase indeterminado, encontra-se com o lombo assado, marcado sob chibatas. Nós não conseguimos nem imaginar… Mas aquele que está apanhando com toda certeza o saberá… São milhares, milhões!

“Demitir sem dó” é poderio que, contraposto àquele considerado hipossuficiente (parece tão somente avançar porque palavra bonitinha, mas ordinária), está no ordenamento. Na ponte para o futuro que ficou pretérita e ceifou trabalhadores hoje na linha miserê quase irreversível (fome, ausência de trabalho, falta de perspectivas, humilhações, desesperos, famílias decompostas em quase 7 anos) não se encontram mais resultados; desastre irrecuperável!

O lombo arruinado não é e nunca será o da madame-vovó Roseli. Ela, ao invocar necessidade, sobrevivência, entra na lógica do senhor e do escravo e parece estar em 14/05/1888 gritando como madame Fidalga da estirpe dos Junqueira de Cataguases, Leopoldina e demais pelo interior de S. Paulo: “… E eu??? E eu??? E eu??? E eu???”.

Viram? Sobrevivência! A mesma que faz hospitais, com aval do STF, impedir um piso salarial à enfermagem! Esta nesma que se imolou na pandemia quando nenhum recurso havia para sustar mortes. Deram a cara à tapa! Mas a sobrevivência da empresa fala mais alto!

Questão de sobrevivência, a madame-vovó não quer um estado de rigor social e consequente bem-estar. Ela quer o Estado pra ela! Ela quer fazer seus empréstimos a fundo perdido em banco estatal de investimento e deixar pros bisnetinhos pagarem, quem sabe em 2122 como o milhardário papagaio de zona de SC, cuja havan, diziam, ser propriedade da filha de Dilma. Lembram?

Quando recentemente vimos — e estamos vendo! — a grita das empresas que se veem premidas a buscar no aparato judiciário solução para o piso salarial homologado, elas estão dizendo que só conseguem trabalhar com escravos. Se assim não for — já que o SUS-ESTADO não é tão bonzinho às redes hospitalares particulares que se beneficiam desse mesmo Estado — o miserável nunca terá onde cair, até porque o STF não lhe dará suporte nem acolhida no tempo dos mortais…

Não bastassem as ignomínias desse ultraje, vem o tal marmiteiro que chantageia uma hipossuficiente e expõe a senhora. É, lamentavelmente, a hipossuficiente da hipossuficiência, aquela figura encontrável na periferia da periferia que muitas vez também tem outra periferia… Cassio Cenali fez self fílmica para informar que se votar no Lula, a mulher não teria mais marmita. Brincadeira ou não, pois chegou a pedir desculpas, ali o cabresto é nele e indica a subserviência ao modelito neoliberal máximo em que somente ele, empreendedor, pode dispor das marmitas e sua lavagem para o cidadão. Ele controla, faz caridade e quer reciprocidade. Não quer o Estado promovendo segurança alimentar; quer manter suas vizinhas sob condicionamento e tirar o proveito em outras instâncias…

Os dois exemplos e mais outros milhares e milhares de bem intencionados classistas, apenas acentuam o privilégio que acompanha o escravismo, que atrasa nossa soberania, aumenta as desigualdades e faz do Brasil terra sem dono (Estado) em muitos de nossos rincões.

O que veio à tona e o que vem se revelando nesse percurso de esteriotipias condensadas de 18 para cá, expressivamente em 19/20/21 e 22, é personificação máxima de um estado empático que o miliciano-mor conseguiu junto aos seus. Ele é simplesmente um porta voz macabro, armazena em seu perfil o sujeito despreparado, o pouco lido, o atrasado de carteirinha que escoiceia por qualquer motivo, o déspota idiotizado que baba na bandeira, se diz cristão e mata na próxima esquina.

Para não ficarmos tão apenas nas figuras inexpressivas, a expressiva jornalista, âncora de Roda Viva da Cultura, identificada às pautas reacionárias e co-partícipe dos movimentos de ódio ao PT, carrega uma infinidade de posturas da Casa Grande. Sua eloquência em vários momentos nesses últimos anos não podem e nem devem ser esquecidos.

Vera Magalhães é aquela mulher que quando Da. Marisa (esposa à época do Lula) morreu fez uma piada dizendo: "case-se com alguém que não vai transformar seu velório em um comício". Todas as vezes que Dilma foi agredida ou mesmo tendo sido peça de chacota de seus pares (algumas indígnas jornalistas), Vera ficou calada. Não se preocupou com os ataques raivosos perpetrados pela extrema direita que já se coçava explicitamente nos arredores de 2013, bem como se revelava vedete acrítica do juizeco bandido, mas banditismo mesmo era o de Boulos que não deveria ter voz ou lavra na FSP.

Essa Vera não pode ser esquecida como também não devemos esquecer seu instante Dilma, Boulos ou Manuela D’Ávila sendo açoitada no Roda Viva e Lula apedrejado (“faz parte da política lançar pedras”).

Nós não devemos admitir qualquer ameaça ou humilhação a quem quer que seja. Devemos ter em mente que muitas Veras ajudaram a criar monstros efetivos e cabe-nos tão somente impedir que mais serpentes se criem e tragam infelicidade à sociedade.

As Veras não podem nem devem ser exaltadas. Nós sabemos o que elas fizeram nos verões passados. Foi muito feio!!! Não se consegue, enquanto tivermos figuras de expressão na mídia, contribuindo à desinformação, que o panteão democrático se estabeleça.

Temos que repudiar toda agressão que comporte aspectos misóginos, preconceituosos e racistas ou se façam valer da tribuna que se requeira isenta. Repudiar o ocorrido com Da. Vera é uma coisa! Exaltá-la jamais!

As naturalizações que foram se acumulando até outubro/18 têm no silêncio — e tolerância às intolerâncias — seu maior aliado. Esse silêncio compactuou às desídias infames que se apoderaram das inúmeras parcelas de nossa sociedade e geraram o terror da chibata.

Começa assim…


Virgílio Almansur é médico e escritor.


PRECISAREMOS DE UM JIPE, UM CABO E UM SOLDADO PARA TIRAR O CAPITÃO DO PALÁCIO?

Por Fernando Castilho

Imagem: Parte de Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino (invertida e em preto e branco)


Muita gente receia declinar seu voto em Lula, seja nas conversas no trabalho e nas escolas, seja entre parentes e amigos, seja também quando tem que responder a uma das pesquisas de opinião, afinal, os casos de violência por parte de bolsonaristas estão se multiplicando perigosamente.


Saiu a nova pesquisa Datafolha. Mais do mesmo, assim como as demais, Ipec, Quaest, etc.

Os votos em Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet estão cristalizados e, por isso, se não houver nenhum fato novo, o petista papará a eleição, quiçá no primeiro turno, o que acredito.

Há motivos.

Muita gente receia declinar seu voto em Lula, seja nas conversas no trabalho e nas escolas, seja entre parentes e amigos, seja também quando tem que responder a uma das pesquisas de opinião, afinal, os casos de violência por parte de bolsonaristas estão se multiplicando perigosamente.

É possível, portanto, que no dia 2 de outubro tenhamos a agradável surpresa de uma lavada do ex-presidente sobre o capitão. Espero, baseado no fato de que ainda há 4% que dizem que votarão em branco e 3% que não opinaram. Além disso, embora Ciro Gomes insista em levar sua candidatura até o fim, já há uma debandada de pedetistas em direção a Lula, já no primeiro turno.

Outro fato a destacar neste texto é a blindagem que Bolsonaro adquiriu de seus seguidores.

Há um ano escrevi que à medida que falcatruas fossem aparecendo, os cerca de 30% que o capitão tinha acabariam por derreter e só sobraria o núcleo duro do bolsonarismo, aqueles que, contra tudo e contra todos, continuam resolutos em seu apoio ao mito.

Ledo engano.

Nem as rachadinhas, nem a mansão do Flávio, nem os 107 imóveis, dos quais, 51 adquiridos com dinheiro vivo, abalaram a fé desse povo.

Nem o comício custeado com dinheiro público no 7 de setembro, nem o termo “imbrochável” pronunciado num evento cívico no qual se esperava um mínimo de compostura do presidente, chocaram essas pessoas que se dizem patriotas.

Nem as mais de 680 mortes por Covid-19, cuja incompetência ficou escancarada e em que não faltaram as imitações grotescas de pessoas morrendo asfixiadas por falta de oxigênio, produziram alguma indignação nesse grupo.

As ameaças de golpe, pelo contrário, soaram bem-vindas a 30% da população que opta pelo fim da democracia, desde que seu mito continue no poder.

Por incrível que pareça, nem os preços altíssimos dos alimentos e a volta da fome arranharam a imagem do capitão.

Imagine se a corrupção no MEC acontecesse nos governos Lula ou Dilma. Mas como foi no governo do capitão, seus seguidores não deram bola.

E agora, a cereja do bolo. Nem a redução de 60% dos medicamentos de distribuição gratuita teve o poder de revoltar principalmente os idosos que vivem à custa de remédios.

Segundo o Datafolha, 33% dos eleitores votam em Bolsonaro. Ele não cresce nem diminui. Chegará assim ao dia 2 de outubro.

Resta saber se aguardará os próximos dias conformado com seu destino. Se aprontará alguma coisa ou fugirá do país.

O choro já começou numa entrevista em que afirmou que se recolheria, caso fosse derrotado. Mas também já acabou.

Bolsonaro, embora afirmasse que passaria a faixa presidencial a Lula, jamais o faria, pois não é homem preparado para agir de maneira educada e civilizada. Há até a possibilidade de alguma grosseria, isso sim.

Também não acredito que respeitará o resultado das urnas em caso de derrota em primeiro turno. O problema é que, se alegar fraude, todos seus aliados que estariam eleitos a cargos menores terão, forçosamente, que ver suas candidaturas serem também contestadas.

O máximo que ele pode fazer é, como Trump, se recusar a levantar da cadeira.

Mas aí, é só chamar um jipe, um cabo e um soldado para tirá-lo de lá à força.


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O monstro cresceu e precisa ser contido

Por Fernando Castilho


Charge por Renato Aroeira


A verdade é que o monstro era apenas um embrião em 2016. Deveria ter sido abortado na época, mas, ao longo destes 6 últimos anos, vem sendo muito bem alimentado e, surpresa, cresceu a ponto de não mais podermos destruí-lo a não ser pelo voto.


"É necessário que as instituições não se deixem enganar pela falsa interpretação de que este ano foi mais 'suave' pelo fato de Bolsonaro não ter dito coisas como chamar um ministro do Supremo de canalha. Bolsonaro ontem [7/9] abusou do seu poder como chefe de Estado, usou recursos públicos para a campanha, dividiu o país em dia de união, apropriou-se de data nacional, desrespeitou códigos, protocolos e leis. E, sim, ameaçou a todos com golpes de Estado".

"Se Bolsonaro sair de novo impune de todo o escandaloso abuso de poder exibido durante todo este infeliz Sete de Setembro, é porque o país se deixou encurralar por um golpista que usa todas as técnicas de manipulação para destruir a democracia".

A fala da jornalista Miriam Leitão é forte, mas impotente e eivada da hipocrisia daqueles que gritam “PEGA LADRÃO” enquanto eles mesmos foram os autores do roubo.

Leio os jornais e constato que jornalistas do naipe de Reinaldo Azevedo, Josias de Oliveira e a própria Miriam Leitão, entre outros, se revoltam com as ilegalidades cometidas pelo capitão e correm a escrever contra elas, como se eles mesmos não fossem os artífices do estado de coisas em que nos encontramos hoje.

Miriam, porém, tem razão. Josias e Reinaldo também. Parecem gritar em uníssono: É PRECISO QUE AS INSTITUIÇÕES FAÇAM ALGUMA COISA! QUE PUNAM BOLSONARO!

Mas como?

O que aconteceria se o TSE decidisse, acolhendo os pedidos dos partidos de oposição, cassar a candidatura do presidente?

Mais de 30% da população, aferida nas pesquisas, apoiam o canalha! Isso dá cerca de 64 milhões de pessoas! Muitas delas, armadas! Muitas delas, violentas!

Como o TSE assumiria o risco de uma irresponsabilidade que poderia desencadear um número de mortes que não se pode estimar?

A verdade é que o monstro era apenas um embrião em 2016. Deveria ter sido abortado na época, mas, ao longo destes 6 últimos anos, vem sendo muito bem alimentado e, surpresa, cresceu a ponto de não mais podermos destruí-lo a não ser pelo voto.

Foi em maio de 2019, apenas 5 meses após sua vitória, que Jair Bolsonaro participou de uma manifestação golpista em Brasília que pedia fechamento do Congresso e do STF. Flagrante crime de responsabilidade, muitíssimo além das pedaladas fiscais que derrubaram Dilma Rousseff e, que hoje até ministros do STF admitem, não configuraram nenhuma ilegalidade.

Nenhuma instituição, seja o Congresso, então presidido por Rodrigo Maia, seja o STF, então presidido por Dias Toffoli, ou seja, a PGR, então presidida por Raquel Dodge, foi capaz de cortar as asinhas do monstro que começava a engatinhar. Limitaram-se sempre a notas de repúdio.

Agora o monstro está maior que todos eles e se diz imbrochável, possivelmente uma metáfora (não sei se ele tem habilidade para isso) para incontrolável ou irrefreável.

Somente o presidente do TSE vem travando uma árdua batalha contra esse monstro, mas, infelizmente, não vem sendo seguido pelos ministros do STF. Luta sozinho, se expõe sozinho, e, por isso, não tem força suficiente para contê-lo.

Assistimos o capitão utilizar das comemorações do Dia da Independência, não só para ameaçar um golpe, mas também para fazer comício e sugerir que, se eleito, não deixará mais o poder, transformando o Brasil numa autocracia, eufemismo para ditadura. Tudo isso, pago com dinheiro público.

Farta exposição dada pela cobertura da imprensa lhe dará pontos nas próximas pesquisas, creio eu. Ciro Nogueira até já aposta numa virada.

Infelizmente precisamos esquecer as instituições. Nada poderão fazer a não ser aplicar alguma multinha ao criminoso e emitir notas de repúdio.

Até mesmo para a sobrevivência das delas, a esperança é Lula.

Para nossa grande imprensa, tão atacada pelo presidente, a sobrevivência depende do democrata Lula.

Somente ele será capaz de restaurar a importância, o respeito e a independência das instituições e da imprensa. E elas sabem disso.

É preciso que a grande imprensa, que tem começado a atacar o presidente pelas suas falas e atitudes golpistas, passe para a fase seguinte que é a de entrevistá-lo, não só para ouvi-lo, como tem feito, mas para colocá-lo contra a parede em casos dos imóveis adquiridos com dinheiro vivo e das rachadinhas, como fez a jornalista Amanda Klein. Que escalem seus jornalistas investigativos para esmiuçar a vida do capitão e de seus filhos, como fizeram Thiago Herdy e Juliana Dal Piva do Uol. É preciso mais. O assassinato de Marielle Franco, por exemplo, é assunto considerado tabu pela família do presidente e precisa ser elucidado. Esse é o papel da imprensa.

Urge, pois só faltam poucas semanas para o primeiro turno das eleições, que a maioria dos ministros da suprema corte se uma em sua própria defesa e não deixe Moraes isolado nessa luta.

Acima de tudo, é necessário que a campanha de Lula convoque a população para sair às ruas contra a possível reeleição do presidente.

O monstro Bolsonaro, tal qual um Godzila, precisa ser atacado por todas as forças que desejam a liberdade, a democracia e o estado de direito, sob pena de termos que viver sob uma ditadura miliciana.

 


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Por que a arma travou?

 Por Fernando Castilho




Desta vez o instrumento do capitão Messias foi o lobo solitário, Fernando André Sabag Montiel, um bolsonarista convicto que tentou eliminar o mal, segundo seu mito.


Ainda nos surpreendemos com o que já não deveríamos. E isso é bom.

Depois do bolsonarista que invadiu a festa de aniversário de um petista e o matou com uma arma de fogo, não seria surpresa que outro apoiador de Jair Bolsonaro ousasse eliminar mais alguém da esquerda, tão odiada pelo seu mito.

A escolhida da vez foi a vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner que, além de ser parte importante de um governo de esquerda, é mulher. E todos sabemos que o capitão odeia as mulheres, principalmente aquelas que se sobressaem aos homens.

Mas a pergunta que não quer calar é: POR QUE A ARMA TRAVOU?

Bolsonaro, desde antes do início de seu governo, vem insuflando o ódio entre uma população que parece desejar o retorno aos tempos pré-estado, quando havia uma guerra de todos contra todos. Para isso, extraoficialmente, criou até um gabinete do ódio.

A penetração da ideologia das armas nas igrejas evangélicas, instrumentalizada por pastores milionários que não acreditam em Cristo, mas no dinheiro, fez com que um grande número de fiéis esquecesse da máxima que prega oferecer a outra face a quem nos agride. Desta forma, o ódio contra aqueles que são diferentes, contra a esquerda e, mais especificamente, contra Lula e o PT, cria uma legião de lobos solitários que só estão no aguardo de uma ordem ou de uma insinuação de ordem para fazerem o serviço sujo de seu messias.

Mas, POR QUE A ARMA NÃO DISPAROU?

Bolsonaro adotou o discurso de guerra que diz que há uma luta do bem contra o mal e que ele representa o bem. Portanto, todos os que a ele se opõem, são o mal. Cristina Kirchner, por ser de esquerda e mulher, é a face bem-acabada do mal. Só faltou ser negra e homossexual.

Desta vez o instrumento do capitão Messias foi o lobo solitário, Fernando André Sabag Montiel, um bolsonarista convicto que tentou eliminar o mal, segundo seu mito.

Então a arma deveria ter disparado, mas POR QUE TRAVOU?

Os evangélicos que veem em Bolsonaro um messias, até pelo sobrenome, e que, por isso, acreditam que ele é um enviado de Deus, deveriam fazer essa pergunta.

Se Fernando Sabag agiu como instrumento do messias e este age como instrumento de Deus, mais uma vez, POR QUE A ARMA NÃO DISPAROU?

POR QUE A ARMA TRAVOU?

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Moraes foi correto e corajoso, mas não esperemos mais que isso dele

Por Fernando Castilho


Foto: Ricardo Stuckert


Lula está em primeiro lugar em todas as pesquisas e deverá vencer, se não no primeiro turno, no segundo. Somos a maioria no país, portanto, temos que pensar grande.

Tendo a seu lado o atual, Jair Bolsonaro e à sua frente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Alexandre de Moraes, empossado como novo mandatário do Tribunal Superior Eleitoral, foi autor de um discurso forte em defesa das urnas eletrônicas, da Democracia, do Estado de Direito e da punição a quem divulgar fake news durante a campanha eleitoral que ora se inicia.

O capitão acusou o golpe recusando-se a aplaudir a corajosa fala enquanto que Lula, encerrada a cerimônia, recebeu efusivo cumprimento do novo presidente do TSE.

Imediatamente nas redes sociais, petistas utilizaram novamente o apelido de Xandão para manifestarem sua alegria, carinho e confiança pelo mais novo herói nacional.

Ao ler as postagens, me senti pequeno.

É claro que a atitude de Moraes foi corretíssima e muito importante para pulverizar qualquer tentativa de golpe por parte do capitão, mas ela não se deve porque ele esteja querendo contribuir para a eleição de Lula. Ele fez apenas seu papel, ou seja, o que se espera dele enquanto defensor da Constituição e da legislação eleitoral, embora, repito, de maneira corajosa.

Outros petistas preferiram lembrar de maus posicionamentos de Moraes com relação a Lula e ao PT, como se valesse cobrar dele um broche com a estrelinha vermelha no peito. Ele foi colocado no STF por Temer, lembram-se?

Nós, que desejamos Lula mais uma vez na presidência do país, não o fazemos se não pela confiança que temos nele como o único motor que sinceramente vai trabalhar 24 horas por dia para recuperar a terra arrasada em que o Brasil se tornou após mais de 3,5 anos de desgoverno do capitão.

Lula está em primeiro lugar em todas as pesquisas e deverá vencer, se não no primeiro turno, no segundo. Somos a maioria no país, portanto, temos que pensar grande.

Devemos compreender que existem dois passos fundamentais para que o povo brasileiro volte a experimentar o bem-estar social a partir do próximo ano.

Primeiro passo: a realização das eleições, ainda ameaçadas por golpe. Sem elas, Lula não se elege;

Segundo passo: a consagração de Lula como vitorioso.

Para que o primeiro passo seja dado, toda e qualquer força que se disponha a se engajar nessa luta, é muito bem-vinda. É aí que entra Alexandre de Moraes, dentro dessa perspectiva histórica, sem paixões ou emoções.

Se Moraes se apresentou como essa força poderosa, afinal, é presidente do TSE, que a utilizemos a nosso favor.

Sejamos realistas no dia em que ele se posicionar contrariamente a medidas do governo Lula porque esse dia virá, com certeza.

No mais, tenhamos consciência de nossa força, demonstrada no comício de Belo Horizonte.

E que a demonstremos mais uma vez em São Paulo, 20 de agosto!

 


domingo, 14 de agosto de 2022

Nada de MUITA calma nesta hora!

Por Fernando Castilho


Pintura de Stasys Eidrigevicius


Se não há motivos para alarde, pelo menos um sinalzinho amarelo deve estar soando no comando da campanha de Lula. Acredito que ela não deva ser negligente.


Fernando Brito, a quem tenho muito respeito como jornalista, escreveu em seu blog, Tijolaço, um artigo com o título, MUITA CALMA COM OS ALARMISTAS DA ELEIÇÃO.

Poderia concordar com ele, já que não devemos ficar desesperados com a, até agora, pequenina melhora de Bolsonaro nas pesquisas. Porém, não acho que o fato deva ser negligenciado pela campanha de Lula. Vejam que ele não pediu calma, que pode ter como sinônimo cautela, mas MUITA calma, o que é um exagero.

Brito chega a citar alguns fatores que contribuíram para esse respiro do Capitão, como a queda do preço da gasolina e, principalmente, a grana distribuída aos mais pobres de maneira inconsequente e ilegal às vésperas da eleição.

Mas são esses justamente os fatores que podem alavancar mais ainda a campanha do homem que desdenha da morte e que ocupa temporiamente a cadeira presidencial.

Podemos juntar a isso a ofensiva que a primeira-dama, Michelle tem feito para tentar recuperar a imagem de seu marido junto às mulheres, aqueles seres que ele desde sempre os dois consideram inferiores. E vem conseguindo, vamos combinar.

Além disso, a campanha do inominável avança muito entre os evangélicos. Essa população com tendências fundamentalistas é sua aliada ideal numa absurda guerra entre o bem, do qual ele diz ser o representante, e o mal.

Se não há motivos para alarde, pelo menos um sinalzinho amarelo deve estar soando no comando da campanha de Lula. Acredito que ela não deva ser negligente.

Faltam longuíssimos 50 dias até o pleito e os efeitos da ousadia do ser que ocupa a cadeira têm muito tempo para serem sentidos.

Essa postura de não se deixar se alarmar e de tratar tudo com MUITA calma, de certa forma, custou o impeachment de Dilma Rousseff, até porque ela própria confiou nas instituições, já que não havia cometido crime algum.

Quase que exatamente um ano antes da prisão de Lula, obtive a informação de que ele seria condenado e detido. A fonte, hoje membro do grupo Prerrogativas, que pediu à época para que não mencionasse seu nome, me garantiu que isso seria líquido e certo. Cheguei a duvidar, até porque não havia nenhuma prova de crime cometido pelo ex-presidente. Mesmo assim, a fonte me garantiu que a prisão ocorreria e mais, que a segunda instância também estava comprometida com o então juiz, Sérgio Moro.

Publiquei isso em meu blog e fui atacado por muita gente, simplesmente porque ninguém aceitava o “absurdo” da prisão de um ex-presidente inocente. E aconteceu.

Outra coisa que Brito escreveu diz respeito à crítica que André Janones fez aos termos técnicos e complicados de economês que a campanha de Lula utiliza e que o povo mais simples não consegue compreender. O articulista tem razão ao afirmar que o ex-presidente sabe como ninguém se comunicar com as pessoas, mas a coordenação precisa realmente se comunicar melhor. Quem anda fazendo isso é justamente o Capitão Morte.

Estamos em uma guerra entre a civilização e a barbárie e precisamos vencer.

Artigos que contribuem para que baixemos a guarda de nada nos servem agora.

Lula sabe disso e até colocou Alckmin de vice e vem construindo alianças por todo o país.

Ele sabe que não é permitido cochilar até a vitória.

É preciso pressão total e contínua até 2 de outubro e para isso, é necessário que se organizem cada vez mais atos, não só pela defesa da democracia, mas por aquele em que depositamos nossa confiança para recuperar a terra arrasada em que o Brasil se transformou.

Nada de MUITA calma.