quinta-feira, 8 de junho de 2023

Juracélio, o pobre de direita

Por Fernando Castilho

Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil


Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado!

 

Juracélio, vindo família de migrantes nordestinos, ingressou cedo no Bradesco como contínuo.

Inspirado em seu fundador, pretendia seguir o exemplo de meritocracia dado por Amador Aguiar que, de simples contínuo como ele, chegou a ser banqueiro.

Jerecélio não sabia, em seus 16 anos, que Aguiar havia aplicado um desfalque no banco em que trabalhara e, com o dinheiro, fundado seu próprio banco. Quando lhe contaram, deu de ombros e não acreditou.

Quando eclodiu em 1985 a maior greve dos bancários, Jerucélio a furou e se apresentou orgulhoso ao trabalho, certo de que vestindo a camisa, sua almejada promoção seria alcançada. Não veio.

Jarecélio furou não só essa, mas todas as greves subsequêntes, pois isso era coisa de comunista vagabundo. Vão trabalhar que seu suor será recompensado, bradava.

Mas Jaracélio nunca recusou os aumentos de salário conquistados pelos grevistas. Pelo contrário, sua vida com isso melhorou e logo ele pôde comprar seu primeiro carrinho.

Veio a campanha à presidência de Collor e Juricélio foi um dos primeiros a se definir a favor do moço bonito, caçador de marajás que, claro, era infinitamente superior àquele sapo barbudo de meia furada e analfabeto chamado Lula. Fez até boca de urna.

Jucerélio tinha uma boa graninha depositada na caderneta de poupança do próprio banco. Perdeu. Tendo sua economia confiscada por Collor, seguiu firme e, mesmo depois que soube que a diretoria do banco, avisada pelo presidente antes dos correntistas, tratou de salvar o dela, continuou a defender o patrão.

O tempo passou e veio Fernando Henrique.

Jecerélio se sentiu em sua zona de conforto, afinal o ''príncipe'' estava seguindo o conselho do capital e, numa fúria louca, vinha privatizando tudo quanto era estatal.

Então os bancos alegaram dificuldades financeiras.

Ôpa! Para Jecerílio isso era mortal. Se o patrão estava em dificuldades, teria que ser auxiliado, pois disso dependia seu emprego.

Jacecélio respirou aliviado e soltou até fogos para comemorar o socorro que FHC deu aos bancos com recursos do BNDES.

Mas veio a era Lula, o que Jucecélio mais temia.

O Brasil iria para o fundo do poço guiado por um analfabeto e, como ele, veja só, nordestino! Quanta audácia! Tudo que conquistara seria perdido. Esse governo não podia dar certo.

E não deu. Para ele.

Embora nesse período a vida de Jaricélio tivesse melhorado bastante, afinal ele conseguira comprar sua casinha e o segundo carro financiado, nunca admitiu que seriam as políticas de governo acertadas que lhe propiciaram essas conquistas. Tudo teria sido somente fruto unicamente de seu esforço, enfim recompensado.

Em seguida, Dilma foi eleita e Jurecélio enfim foi promovido a gerente de agência.

Ficou surpreso ao passar a receber nos finais do ano visita de vários parentes que não via há anos, vindos do Nordeste, de avião. Veio até a vovozinha com quase 90 anos. Esse povo tá ficando abusado, pensou.

Jucerélio se aposentou como gerente.

Não conseguiu, apesar de seu esforço, nada além disso. Não conseguiu ser diretor ou banqueiro como Amador Aguiar, seu ídolo.

Recebeu, à saída, um cartão de agradecimento padrão com assinatura impressa de um diretor de RH do banco, que nunca vira. Mas tava bom. Fora reconhecido. Bastava.

Sentiu-se realizado.

Com muito sacrifício, segundo ele, formou um filho pelo PROUNI e teve a mais velha no Ciências sem Fronteiras. Muito orgulhoso.

Enfim, Jurecélio, sem ter muito o que fazer na vida, resolveu fazer política.

Passou a comparecer à todas as manifestações a favor do impeachment de Dilma e da volta da ditadura militar. Ele achava que o melhor período do Brasil foi sob a ditadura, embora ainda fosse uma criança quando se deu o golpe.

Foi um dos batedores de panela. Quando Dilma foi derrubada, fez um churrasco quase solitário.

Em 2018 fez arminha com as mãos e votou orgulhoso em Bolsonaro.

Quando começou a pandemia, acreditando que a Covid-19 não passava de uma gripezinha, como Bolsonaro a chamou em rede de televisão, Jiracélio não usou máscaras e contraiu a doença. Ficou entubado por dois meses, conseguiu se recuperar, porém, não dispensou a cloroquina, seguindo a orientação do presidente. Sua esposa não teve melhor sorte, vindo a falecer no hospital.

A vida de Jiracélio degringolou.

O capitão bem que tentava melhorar a vida dos brasileiros, mas o maldito STF e a esquerda não o deixavam governar. Só restava ao presidente aliviar o estresse praticando jet-ski e participando de motociatas. As eleições serão fraudadas para Bolsonaro não vender, pensava.

Logo após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, Jaçurélio aproveitando um ônibus fretado por um político bolsonarista, viajou para Brasília e ficou dois meses acampado em frente ao quartel, tomando chuva e enfrentando com valentia os fedorentos banheiros químicos colocados à disposição dos acampados por um empresário do agronegócio. Afinal, valia qualquer coisa para ajudar Bolsonaro a voltar ao poder.

Apesar das privações, valia a pena aguardar, pois o general Braga Netto havia pedido para terem paciência, pois nos próximos dias teriam boas notícias.

No dia 7 de janeiro de 2023, Jaracélio recebeu com euforia e alívio a convocação para comparecer no dia seguinte à Praça dos Três Poderes. Lá, a República seria, com apoio do exército, derrubada. O Congresso e o STF seriam fechados e uma nova ordem seria determinada por Bolsonaro que, mesmo fora do país comandaria as ações. O capitão não abandonaria os seus!

Jiricélio, porém, não contava com a rápida ação do novo governo.

Acabou, aos 70 anos, preso e virou réu no STF.

Caberá a seu filho, formado advogado graças ao PROUNI, defendê-lo.

Há milhões de Jorocélios no Brasil.


quarta-feira, 7 de junho de 2023

As providências hipócritas de Damares Alves sobre as gravíssimas denúncias da ex-esposa de Arthur Lira

Por Fernando Castilho

Arthur Lira, Jullyene Lins e parte do dinheiro apreendido pela PF com os aliados do presidente da Câmara.Créditos: Agência Câmara / PF / Instagram

Damares, teria sugerido que Jullyene mudasse de nome e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para escapar às ameaças.


Jullyene Lins, a ex-esposa do presidente da Câmara, Arthur Lira, deu entrevista ao ICL Notícias relatando que há 16 anos sofria com agressões físicas e psicológicas por denunciar malas de dinheiro que chegavam à sua casa e depois da divisão, envelopes eram entregues a correligionários por todo o estado de Alagoas, mas a polícia e a justiça nunca a levaram à sério. O Brasil 247 e Forum também trataram do caso.

Como há 16 anos sofre, segundo ela, constantes ameaças de Lira, Jullyene precisa trocar constantemente de endereço.

Decidiu, ainda no governo Bolsonaro, procurar a ex-ministra Damares Alves à guisa de auxílio para resolver seu problema.

Damares, através de um intermediário, teria sugerido que ela mudasse de nome com nova identidade e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para escapar às ameaças.

Jullyene não seguiu o conselho, pois sabia que Lira a encontraria onde quer que ela estivesse. E é claro, com identidade trocada, ficaria mais difícil relacionar o ex-marido com um possível assassinato dela.

Os jornalistas do ICL se esqueceram de comentar a atitude de Damares.

Naquela época Arthur Lira, já presidente da Câmara em seu primeiro mandato, se sentava sobre mais de 140 pedidos de impeachment de Bolsonaro e usou esse fato como pressão para que o capitão terceirizasse a administração do orçamento da União para ele. Foi aí que surgiu a figura do orçamento secreto.

Damares Alves, que se diz cristã, em vez de tomar providências para que Lira fosse investigado com seriedade devido às graves denúncias de Jullyene, preferiu criminalizar a vítima, impondo-lhe uma vida secreta, praticamente afastada da sociedade e de seus familiares, como uma punição a ela, pelo simples medo de desagradar o Bolsonaro, então empenhado e dar tudo ao centrão para evitar algum processo de impeachment.

O caso Jullyene joga mais luz ainda sobre como a República funcionava sob a dupla Bolsonaro-Lira.

Esperamos que, agora que o relato de Jullyene foi ouvido na mídia independente, que possa furar a bolha e também ser divulgado pela grande mídia e, enfim, ser investigado pelo Ministério Público, embora ainda seja muito grande o poder de Arthur Lira em nosso judiciário, como ficou provado na decisão da 1ª turma do STF que o inocentou de crime de corrupção, apesar das provas apresentadas.

Jullyene, que pensa em sair do país, precisa ter sua segurança garantida com sua identidade verdadeira e seu domicílio.


segunda-feira, 5 de junho de 2023

Que Brasil teríamos hoje se não existissem Moro e Tony Garcia?

Por Fernando Castilho

Foto: Tony Garcia e Sergio Moro - Twitter/Lula Marques

Talvez Bolsonaro ainda estivesse na Câmara praticando suas rachadinhas, tivéssemos uma extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as maiores economias do mundo.


O empresário e ex-deputado estadual, Tony Garcia, deu uma entrevista à TV 247 em que desnudou por completo a operação Lava Jato, o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força-Tarefa de Curitiba.

Se considerarmos que falou a verdade – e ele afirma que tem provas sobre isso – chegamos ao fundo poço de nosso sistema judiciário subterrâneo onde não faltam orgias envolvendo desembargadores em hotéis de luxo em que a cumplicidade é que decide os rumos das grandes questões legais no país.

Tony Garcia disse que uma festa da cueca, como ele mesmo chama a orgia entre magistrados, teria sido filmada e utilizada durante muitos anos como instrumento de chantagem por Sergio Moro.

Quando estamos vivendo o presente, temos pela frente inúmeros caminhos que nos conduzirão a um dos possíveis futuros que teremos pela frente. Um caminho errado comprometerá nossa vida nos anos vindouros. Um caminho correto poderá nos proporcionar a tão desejada felicidade.

É interessante refletir sobre como isso, entre incontáveis cenários possíveis à época das manipulações de Moro, pode ter conduzido o Brasil ao estado em que se encontrava até o final de 2022.

Tony Garcia, na entrevista, chegou a pedir desculpas à Dilma Rousseff por ter sido ele um dos responsáveis pelo golpe que a derrubou, o que determinou uma nova linha do tempo que desembocou na eleição de Bolsonaro, na ascensão da extrema-direita, na quase destruição do país e no golpe desferido em 8 de janeiro, contido habilmente por Lula.

Na verdade, a coisa começou bem mais atrás, há cerca de 20 anos! Com um juiz que já tinha delineado em sua mente um projeto de poder a longo prazo.

Mais tarde, a ele se agregou o Ministério Público na figura dos procuradores da Lava-Jato, entre eles, Deltan Dallagnol.

A dupla Moro-Deltan foi aos poucos construindo com grande atrevimento o caminho que os conduziria ao poder. Moro tinha duas possíveis ambições: se eleger presidente do Brasil ou, como plano B, ser indicado a ministro do Supremo Tribunal Federal. Dallagnol queria dinheiro, muito dinheiro.

Para isso, foi preciso montar todo um esquema de prisões preventivas irregulares, delações premiadas, extorsões e chantagens para chegar ao momento-chave, a condenação e prisão de Lula, então favorito na eleição de 2018.

A condenação foi decretada, mesmo que sem provas e ratificada em tempo recorde pelos ministros do TRF-4. A se confirmarem as alegações de Tony Garcia, esses magistrados teriam sido chantageados por Moro para que seu objetivo fosse alcançado.

O resto já sabemos: Lula foi preso e afastado da corrida presidencial, Bolsonaro foi eleito e, pasmem, Sergio Moro foi alçado a ministro da Justiça e Segurança Pública, o que lhe abriria as portas para a possível sucessão de Bolsonaro ou uma indicação ao STF.

Como sabemos, o ex-presidente tinha o hábito de afastar qualquer um que pudesse ser uma ameaça a seu projeto de continuar no poder. Foi assim com João Doria, Henrique Mandetta e outros.

Moro percebeu que jamais seria indicado como sucessor do capitão, mesmo que esperasse 8 anos para isso. Melhor encurtar o caminho, deixando o governo e começando a trabalhar pela sua candidatura. Além disso, Bolsonaro já havia dado provas de que não o indicaria ao STF.

O ex-juiz, assim como Deltan Dallagnol, é mitômano. Os dois acreditam ser muito mais do que são. Agora mesmo, Deltan, imaginando que tem grande apoio da população, não conseguiu reunir mais que 100 pessoas num ato em São Paulo contra sua cassação como deputado federal.

Moro confiava firmemente que, lançando-se candidato a presidência, diante da incompetência de Bolsonaro à frente do executivo, se elegeria facilmente. Não deu.

O prêmio de consolação seria um cargo no Senado por São Paulo. Também não deu. Teve que se contentar com o Paraná mesmo.

Agora, diante das acusações de Tony Garcia, poderá ser preso. Fim de carreira e de suas ambições políticas.

Hoje, voltando atrás no tempo, imaginamos como seria nosso presente caso Moro e Tony não existissem e caso Dilma não tivesse sofrido um golpe.

Bolsonaro ainda estaria na Câmara faturando com suas rachadinhas, teríamos uma extrema-direita ainda contida, um povo sem fome e um país perfilado entre as maiores economias do mundo. Era essa nossa vocação! Talvez Lula nem precisasse disputar a presidência se elegendo pela terceira vez, preferindo curtir sua aposentadoria.

Talvez fossemos mais felizes hoje.

Ou não. Quem sabe?


quinta-feira, 1 de junho de 2023

As 3 etapas da inteligência artificial e por que a 3ª pode ser fatal

Por BBC News

Getty Images

Este texto poderia ter sido digitado por uma máquina e você provavelmente não saberia.


Desde o seu lançamento no final de novembro de 2022, o ChatGPT, o chatbot que usa inteligência artificial (também chamada de IA) para responder perguntas ou gerar textos sob demanda dos usuários, tornou-se o aplicativo de internet que mais cresce na história.

Em apenas dois meses atingiu 100 milhões de usuários ativos. O popular aplicativo TikTok levou nove meses para atingir esse marco. E para o Instagram dois anos e meio, segundo dados da empresa de monitoramento de tecnologia Sensor Town.

"Nos 20 anos que acompanhamos a internet, não conseguimos lembrar de um crescimento mais rápido de um aplicativo de internet para o consumidor", disseram analistas do banco suíço UBS, que relataram o recorde em fevereiro.

A enorme popularidade do ChatGPT, desenvolvido pela empresa OpenAI, com o apoio financeiro da Microsoft, gerou todo tipo de discussões e especulações sobre o impacto que a inteligência artificial generativa já está tendo e terá em nosso futuro próximo.

É o ramo da IA ​​que se dedica a gerar conteúdo original a partir de dados existentes (geralmente retirados da internet) em resposta a instruções de um usuário.

Os textos (de ensaios, poesia e piadas a códigos de computador) e imagens (diagramas, fotos, obras de arte de qualquer estilo e muito mais) produzidos por IAs geradoras como ChatGPT, DALL-E, Bard e AlphaCode - para citar apenas alguns dos mais conhecidos - são, em alguns casos, tão indistinguíveis do trabalho humano, que já foram utilizadas por milhares de pessoas para substituir o seu trabalho habitual.

De estudantes que os usam para fazer o dever de casa a políticos que confiam a eles seus discursos - o deputado democrata Jake Auchincloss lançou o recurso no Congresso americano - ou fotógrafos que inventam instantâneos de coisas que não aconteceram (e até ganham prêmios por Isso, como o alemão Boris Eldagsen, que ganhou o primeiro lugar no último Sony World Photography Award por uma imagem criada por IA).

Este texto poderia ter sido digitado por uma máquina e você provavelmente não saberia.

O fenômeno levou a uma revolução nos recursos humanos, com empresas como a gigante da tecnologia IBM anunciando que deixará de contratar pessoas para preencher cerca de 8.000 vagas que podem ser gerenciadas pela IA.

Um relatório do banco de investimentos Goldman Sachs estimou no final de março que a IA poderia substituir um quarto de todos os empregos humanos hoje, embora também crie mais produtividade e novos empregos.

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Quanto mais a IA avança, maior sua capacidade de substituir nossos trabalhos

Se todas essas mudanças representam uma sobrecarga para você, prepare-se para um fato que pode ser ainda mais desconcertante.

E é que, com todos os seus impactos, o que estamos vivenciando agora é apenas a primeira etapa do desenvolvimento da IA.

Segundo os especialistas, o que pode vir em breve - a segunda etapa - será muito mais revolucionário.

E a terceira e última, que pode ocorrer logo depois disso, é tão avançada que alterará completamente o mundo, mesmo à custa da existência humana.

Os três estágios

As tecnologias de IA são classificadas por sua capacidade de imitar características humanas.

1. Inteligência Artificial Estreita (ANI)

A categoria mais básica de AI é mais conhecida por sua sigla: ANI, para Artificial Narrow Intelligence

É assim chamado porque se concentra estritamente em uma única tarefa, realizando trabalhos repetitivos dentro de um intervalo predefinido por seus criadores.

Os sistemas ANI geralmente são treinados usando um grande conjunto de dados (por exemplo, da Internet) e podem tomar decisões ou realizar ações com base nesse treinamento.

Um ANI pode igualar ou exceder a inteligência e a eficiência humanas, mas apenas naquela área específica em que opera.

Um exemplo são os programas de xadrez que usam IA. Eles são capazes de vencer o campeão mundial dessa disciplina, mas não podem realizar outras tarefas.

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ANI pode superar os humanos, mas apenas em uma área específica

É por isso que também é conhecido como "IA fraca" .

Todos os programas e ferramentas que usam IA hoje, mesmo os mais avançados e complexos, são formas de ANI. E esses sistemas estão por toda parte.

Os smartphones estão repletos de aplicativos que usam essa tecnologia, desde mapas GPS que permitem localizar qualquer lugar do mundo ou saber o tempo, até programas de música e vídeo que conhecem seus gostos e fazem recomendações.

Também assistentes virtuais como Siri e Alexa são formas de ANI. Como o buscador Google e o robô que limpa sua casa.

O mundo dos negócios também usa muito essa tecnologia. É usado nos computadores internos dos carros, na fabricação de milhares de produtos, no mundo financeiro e até nos hospitais, para fazer diagnósticos.

Sistemas ainda mais sofisticados, como carros sem motorista (ou veículos autônomos) e o popular ChatGPT, são formas de ANI, pois não podem operar fora do intervalo predefinido por seus programadores e, portanto, não podem tomar decisões por conta própria .

Eles também não têm autoconsciência, outro traço da inteligência humana.

No entanto, alguns especialistas acreditam que sistemas programados para aprender automaticamente ( aprendizado de máquina ), como ChatGPT ou AutoGPT (um "agente autônomo" ou "agente inteligente" que usa informações do ChatGPT para executar determinadas subtarefas de forma autônoma) podem passar para o próximo estágio de desenvolvimento.

2. Inteligência Artificial Geral (AGI)

Esta categoria – Inteligência Artificial Geral – é alcançada quando uma máquina adquire habilidades cognitivas no nível humano.

Ou seja, quando você consegue realizar qualquer tarefa intelectual que uma pessoa faz.

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O AGI tem a mesma capacidade intelectual de um ser humano

O AGI também é conhecido como "IA forte" .

Tal é a crença de que estamos prestes a atingir esse nível de desenvolvimento, que em março passado mais de 1.000 especialistas em tecnologia pediram às empresas de IA que parassem de treinar, por pelo menos seis meses, os programas mais poderosos do que o GPT-4, a versão mais recente do ChatGPT.

"Sistemas de IA com inteligência que competem com os humanos podem representar riscos profundos para a sociedade e a humanidade", alertaram em carta aberta o cofundador da Apple, Steve Wozniak, e o proprietário da Tesla, SpaceX Neuralink, entre outros. os co-fundadores da Open AI antes de renunciar ao conselho devido a desentendimentos com a liderança da empresa).

A carta em que mais de 1.000 especialistas pedem para parar a inteligência artificial por ser uma "ameaça à humanidade".

Na carta, publicada pela organização sem fins lucrativos Future of Life Institute, os especialistas afirmam que, se as empresas não concordarem rapidamente em interromper seus projetos, "os governos devem intervir e instituir uma moratória" para que medidas de segurança possam ser projetadas e implementadas.

Embora isso seja algo que - por enquanto - não aconteceu, o governo dos Estados Unidos convocou os proprietários das principais empresas de IA - Alphabet, Anthropic, Microsoft e OpenAI - para acordar "novas ações para promover a inovação responsável da IA".

"A IA é uma das tecnologias mais poderosas do nosso tempo, mas para aproveitar as oportunidades que ela apresenta, devemos primeiro mitigar seus riscos", disse a Casa Branca em comunicado em 4 de maio.

O Congresso dos EUA, por sua vez, convocou o CEO da OpenAI, Sam Altman , na terça-feira para responder a perguntas sobre o ChatGPT.

Durante a audiência no Senado, Altman disse que é "crucial" que sua indústria seja regulamentada pelo governo, pois a IA se torna "cada vez mais poderosa".

Carlos Ignacio Gutiérrez, pesquisador de políticas públicas do Future of Life Institute, explicou à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, que um dos grandes desafios que a IA apresenta é que "não existe um colegiado de especialistas que decida como regulá-la, como acontece, por exemplo , com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)".

Na carta dos especialistas, eles definiram quais eram suas principais preocupações.

"Devemos desenvolver mentes não humanas que possam eventualmente nos superar em número, ser mais espertos que nós, nos tornar obsoletos e nos substituir?", eles perguntaram.

"Devemos arriscar perder o controle de nossa civilização?"

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Sam Altman, CEO da OpenAI, criador do ChatGPT, apoiou a regulamentação governamental da IA ​​durante uma audiência no Congresso

O que nos leva ao terceiro e último estágio da IA.

3. Superinteligência Artificial (ASI)

A preocupação desses cientistas da computação tem a ver com uma teoria bem estabelecida de que, quando chegarmos à AGI, logo depois chegaremos ao último estágio do desenvolvimento dessa tecnologia: a Superinteligência Artificial, que ocorre quando a inteligência sintética supera a humana.

O filósofo da Universidade de Oxford e especialista em IA, Nick Bostrom, define superinteligência como "um intelecto muito mais inteligente do que os melhores cérebros humanos em praticamente todos os campos, incluindo criatividade científica, sabedoria geral e habilidades sociais".

A teoria é que, quando uma máquina atinge inteligência equivalente à dos humanos, sua capacidade de multiplicar essa inteligência exponencialmente por meio de seu próprio aprendizado autônomo fará com que ela nos ultrapasse amplamente em pouco tempo, atingindo o ASI.

“O ser humano para ser engenheiro, enfermeiro ou advogado tem que estudar muito. O problema do AGI é que ele é imediatamente escalável”, diz Gutiérrez.

Isso se deve a um processo chamado autoaperfeiçoamento recursivo que permite que um aplicativo de IA "se aprimore continuamente".

Embora haja muito debate sobre se uma máquina pode realmente adquirir o tipo de inteligência ampla que um ser humano possui - especialmente quando se trata de inteligência emocional - é uma das coisas que mais preocupa aqueles que acreditam que estamos perto de alcançar o AGI.

Recentemente, o chamado "padrinho da inteligência artificial" Geoffrey Hinton, pioneiro na investigação de redes neurais e aprendizado profundo que permitem que as máquinas aprendam com a experiência, assim como os humanos, alertou em entrevista à BBC que poderíamos estar próximos desse marco.

"Atualmente (as máquinas) não são mais inteligentes do que nós, até onde vejo. Mas acho que em breve poderão ser ", disse o homem de 75 anos, que acabou de se aposentar do Google.

Extinção ou imortalidade

Existem, em geral, dois campos de pensamento em relação à ASI: há os que acreditam que essa superinteligência será benéfica para a humanidade e os que acreditam no contrário.

Entre eles estava o famoso físico britânico Stephen Hawking, que acreditava que as máquinas superinteligentes representavam uma ameaça à nossa existência.

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O físico britânico Stephen Hawking acreditava que a IA superinteligente poderia levar ao 'fim dos humanos'

“O desenvolvimento da inteligência artificial completa pode significar o fim dos humanos”, disse ele à BBC em 2014, quatro anos antes de morrer.

Uma máquina com esse nível de inteligência "descolaria por conta própria e se redesenharia em um ritmo crescente", disse ele.

"Os humanos, que são limitados pela lenta evolução biológica, não seriam capazes de competir e seriam superados", previu.

No entanto, do lado oposto, há previsões mais positivas.

Um dos maiores entusiastas da ASI é o autor e inventor futurista americano Ray Kurzweil , pesquisador de IA do Google e cofundador da Singularity University do Vale do Silício ("singularidade" é outro nome para a era em que as máquinas se tornam superinteligentes).

Kurzweil acredita que os humanos serão capazes de usar IA superinteligente para superar nossas barreiras biológicas, melhorando nossas vidas e nosso mundo.

Em 2015 chegou a prever que até o ano de 2030 os humanos conseguirão alcançar a imortalidade graças aos nanobots (robôs extremamente pequenos) que atuarão dentro de nossos corpos, reparando e curando qualquer dano ou doença, inclusive as causadas pela passagem do tempo.

Em sua declaração ao Congresso na terça-feira, Sam Altman, da OpenAI, também estava otimista sobre o potencial da IA, observando que ela poderia resolver "os maiores desafios da humanidade , como a mudança climática e a cura do câncer".

No meio estão pessoas, como Hinton, que acreditam que a IA tem um enorme potencial para a humanidade, mas acham o atual ritmo de desenvolvimento, sem regras e limites claros, "preocupante".

Em um comunicado enviado ao The New York Times anunciando sua saída do Google, Hinton disse que agora se arrependia do trabalho que havia feito porque temia que "maus agentes" usassem IA para fazer "coisas ruins".

Reuters

Geoffrey Hinton disse à BBC que os avanços na IA o 'assustam'

Questionado pela BBC, ele deu este exemplo de um "pesadelo".

"Imagine, por exemplo, que algum mau ator como [o presidente russo Vladimir] Putin decidiu dar aos robôs a capacidade de criar seus próprios sub-objetivos."

As máquinas poderiam eventualmente "criar subobjetivos como: 'Preciso obter mais energia', o que representaria um risco existencial", observou ele.

Ao mesmo tempo, o especialista britânico-canadense disse que, a curto prazo, a IA trará muito mais benefícios do que riscos, por isso “não devemos parar de desenvolvê-la”.

"A questão é: agora que descobrimos que funciona melhor do que esperávamos alguns anos atrás, o que fazemos para mitigar os riscos de longo prazo de coisas mais inteligentes do que assumirmos o controle?"

Guitérrez concorda que a chave é criar um sistema de governança de IA antes de desenvolver uma inteligência que possa tomar suas próprias decisões.

"Se essas entidades são criadas com motivação própria, o que significa quando não estamos mais no controle dessas motivações?", questiona.

O especialista aponta que o perigo não é apenas que uma AGI ou ASI, seja por motivação própria ou controlada por pessoas com "maus objetivos", inicie uma guerra ou manipule o sistema financeiro, produtivo, infraestrutura energética, transporte ou qualquer outro sistema que agora é informatizado.

Uma superinteligência poderia nos dominar de uma forma muito mais sutil, adverte.

"Imagine um futuro onde uma entidade tenha tanta informação sobre cada pessoa no planeta e seus hábitos (graças às nossas buscas na internet) que poderia nos controlar de maneiras que não perceberíamos", diz ele.

"O pior cenário não é que existam guerras entre humanos e robôs. O pior é não percebermos que estamos sendo manipulados porque compartilhamos o planeta com uma entidade muito mais inteligente do que nós."

 

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Singela cartinha a nossos jornalistas da grande mídia brasileira

Por Fernando Castilho



As alterações climáticas, que já testemunhamos assustados, poderão se intensificar no Brasil causando secas em certas regiões e enchentes em outras, como nunca se viu.


Vocês publicam que o governo Lula sofreu uma derrota com a aprovação do Marco Temporal pela Câmara.

O Marco Temporal compromete a sobrevivência de nossos povos originários na medida em que as terras onde sempre viveram poderão, caso o projeto passe pelo Senado e não seja barrado pelo STF por ser inconstitucional, ser invadidas pelos insaciáveis grileiros tradicionais, alguns deles deputados federais e seus apadrinhados.

A consequência disso será, além do extermínio gradativo dos indígenas, da flora e da fauna nesses locais, um nível de desmatamento e garimpo ilegais nunca visto no país. Restará terra arrasada.

Como consequência, ainda, as alterações climáticas, que já testemunhamos assustados, poderão se intensificar no Brasil causando secas em certas regiões e enchentes em outras, como nunca se viu.

Investimentos estrangeiros por países que confiaram na recuperação da política ambiental prometida por Lula, poderão deixar de aportar no país.

Portanto, os derrotados não foram somente os povos originários e nossa floresta, mas o Brasil que é o povo brasileiro e seus descendentes.

Lembrem-se que vocês também são esse povo brasileiro.

Por isso, caros jornalistas, não foi só o governo o derrotado, mas todos nós, inclusive vocês, seus filhos e netos.

Escrevam sobre isso.


terça-feira, 30 de maio de 2023

Lula e o velho embate meio-ambiente X desenvolvimento

Por Fernando Castilho



É muito cômodo, porém, também leviano, sem aprofundar a questão do ponto de vista técnico, mas também político, optar por um lado ou por outro.


Nossa grande imprensa, talvez tentando reviver os tempos em que desdenhava da descoberta de petróleo em águas profundas no ano de 2006, chamado de pré-sal, assim que foi revelado que a Petrobras tem planos de explorar a extração do produto na foz do Amazonas, tentou, além de novamente desqualificar o projeto, informar erroneamente o leitor induzindo-o a pensar que os poços seriam perfurados na nascente do rio. Além disso, omitiu inicialmente que eles se localizariam a 530 km da foz do Amazonas, distância maior que a de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Era evidente a intenção de criar uma cizânia dentro do governo Lula, já que o Ibama, subordinado ao Ministério do Meio-Ambiente, comandado por Marina Silva, inicialmente se opôs ao projeto solicitando mais informações por parte da Petrobras. Para a imprensa, a ministra reeditaria seu inconformismo que a levou a deixar o governo Lula em seu segundo mandato e repetiria o ato.

Segundo a Agência Pública, o projeto da Petrobras para a Margem Equatorial, na Foz do Amazonas, compreende uma extensão de 2.200 km ao longo da costa brasileira. Ele vai do extremo norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, ao litoral do Rio Grande do Norte, e prevê a perfuração de 16 poços exploratórios de petróleo.

O ex-deputado estadual por São Paulo e ex-presidente da Comissão da verdade, Adriano Diogo, concedeu entrevista em que, como geólogo, expôs seu parecer acerca da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas e esclareceu vários pontos que a mídia não se preocupou em explicar.

1 – Em tempos em que os continentes americano e africano eram ligados, o rio Amazonas corria em sentido contrário. Com a gradativa separação dos continentes e a elevação da Cordilheira dos Andes, por força da gravidade, o rio passou a fluir com seu sentido invertido, como é nos dias de hoje. O espaço de floresta que foi sendo inundado com a separação dos continentes formou, devido à pressão das águas, o petróleo depositado no fundo do mar;

2 – Esse depósito de petróleo, diferentemente do pré-sal que o retira a profundidades de quilômetros, não se localiza em águas profundas, o que torna sua exploração bem mais fácil e com muito menos risco de vazamentos ou outros acidentes;

3 – A Petrobras é hoje a companhia que explora extração de petróleo com maior tecnologia e segurança no mundo.

4 – Os possíveis poços se localizarão a 530 km da foz do Amazonas e 160 km da costa do Amapá. Atualmente a vizinha Guiana já explora petróleo na região através da ExxonMobil que anuncia mais três novas descobertas naquele país. A petroleira norte-americana já ampliou a produção para quase 11 bilhões de barris de óleo. Cumpre notar que a companhia, notoriamente, não possui a mesma rigidez em segurança que a Petrobras;

5 – Na hipótese de um vazamento de óleo, devido às correntes marítimas, o produto seria carregado para nordeste da localização dos poços, não chegando à costa do Amapá;

6 – O pedido de licenciamento ambiental, por enquanto, se refere à autorização de execução de testes no local para aferição da viabilidade comercial do empreendimento;

7 – O Ibama não fechou as portas definitivamente à exploração do petróleo, mas solicitou estudos mais específicos e complementares;

É neste ponto que começa o debate. E começa com uma singela pergunta: o Brasil precisa mesmo desse óleo?

É certo que hoje em dia acontece uma busca pela transição da matriz energética dos combustíveis fósseis para a das fontes de energia renováveis e limpas. À primeira vista somos tentados a achar que em breve o petróleo não mais será necessário, perdendo sua importância para a energia solar, eólica, elétrica e outras. Mas não é bem assim. O petróleo não é utilizado somente para mover veículos. A indústria química utiliza petróleo, a de cosméticos utiliza petróleo, os plásticos de todo tipo são obtidos através do petróleo. Enfim, precisaremos explorar petróleo ainda durante muito tempo. Portanto, é necessário que a Petrobras continue a prospectar o produto.

É certíssimo também que as mudanças climáticas estão ocorrendo em velocidade cada vez maior e, por isso, preservar o meio-ambiente é crucial para o futuro próximo da humanidade. Estudos demonstram que já podemos ter ultrapassado a linha em que não mais é possível voltar para corrigir os efeitos dos gases que transformam a Terra numa gigantesca estufa, aquecendo-a em pelo menos 1,5º C de temperatura média já nesta década, o que já está causando, além do calor, desastres climáticos em várias partes do planeta.

Fora tudo isso, o governo brasileiro tenta desesperadamente reverter seu conceito mundial de destruidor do meio-ambiente criado em 4 anos de governo Bolsonaro. É essa retomada da preocupação ambiental que gerará investimentos externos não só para a preservação da floresta amazônica, como também para a própria economia do país. A abertura de novos poços de petróleo na foz do Amazonas, pelo menos neste momento, não seria vista com bons olhos pela comunidade mundial, pois seria uma contradição a tudo aquilo que Lula falou lá fora há apenas alguns meses.

Esse é o debate que tem que ser feito, minha gente.

É muito fácil e também leviano, sem estudar e debater técnica, mas também politicamente a questão, tomar partido por uma ação ou sua reação. Convém deixar a definição desse assunto para um momento mais favorável.

Não nos deixemos contaminar pelo desejo de cizânia dentro do governo Lula que a mídia está o tempo todo alimentando.

Estes 4 anos serão de transição em que se deve buscar reverter todas as medidas destruidoras do governo passado, trabalhar para implementar outros projetos que recuperem o bem-estar da população e reduzir substancialmente o ódio tão cultivado por Bolsonaro.


terça-feira, 23 de maio de 2023

Porque os brancos também são negros

Por Fernando Castilho



Sim, nós, homens e mulheres brancos ou quase brancos, somos na verdade, negros e o estudo do DNA demonstra que as diferenças entre as raças são tão ínfimas que sequer podem ser consideradas.

Antes dos primeiros Homo Erectus que viveram no Pleistoceno entre 2 e 4 milhões de anos atrás, evoluírem para Homo sapiens, a cor da pele, por viverem entre as copas das árvores, protegidos pelas sombras das folhagens, era escura, mas num longo processo evolutivo, foi se tornando negra, já que ficavam expostos ao sol do continente africano, notadamente na região onde hoje se localiza a Etiópia.

Era uma época em que o recente ser humano se organizava em tribos nômades que se deslocavam à procura de regiões com fartura de caça e de alimentos coletáveis.

Aos poucos, algumas tribos lograram atingir as regiões onde hoje se localizam os países da Europa. O ambiente e o clima mais frio foram gradativamente tornando suas peles mais claras, já que não havia mais tanta necessidade da proteção garantida pela pele negra.

Na Europa já havia outros hominídeos que também evoluíram de um ancestral em comum, chamados de Neandertais. Estes já possuíam, devido ao ambiente, a pele clara.

Hoje a Ciência já sabe que, muito embora os Sapiens, por sua capacidade de cooperação, eliminaram muitos indivíduos neandertais, mas também acasalaram com eles, produzindo mestiços de pele mais clara.

Os indivíduos com a pele negra que viviam na África possuíam grande resistência a intensa radiação solar e conseguiam extrair dela adequada quantidade de vitamina D, responsável pelo cálcio que fortalece ossos e dentes. Por isso, somente aqueles que possuíam pele mais escura conseguiram sobreviver e passar adiante essa característica.

Mas, uma vez num ambiente com menos radiação solar como a Europa e a Eurásia, a pele negra se tornou inadequada para a obtenção da vitamina D. Era preciso que a pele se tornasse mais receptiva e, portanto, mais sensível a escassez dessa vitamina.

Desta vez, somente aqueles indivíduos que possuíam a pele menos negra conseguiram passar adiante essa característica e, aos poucos (estamos falando de muitos milhares de anos) foram se tornando brancos.

Esta história é muitíssimo mais complexa do que este texto, mas, de maneira muito simples, é ilustrativa de como alguns seres humanos se tornaram ignorantes de sua própria origem e de como reagem de maneira criminosa à vista de um semelhante que carrega consigo na pele as característica originais da espécie.

Sim, nós, homens e mulheres brancos ou quase brancos, somos na verdade, negros e o estudo do DNA demonstra que as diferenças entre as raças são tão ínfimas que sequer podem ser consideradas.

Se há um milhão de anos atrás, seres alienígenas chegassem a Terra, classificariam os negros como os legítimos representantes da espécie humana neste planeta.

Portanto, agressões como as feitas contra o jogador de futebol Vini Jr, além de inaceitáveis, demonstram o quão os seres humanos são ignorantes de sua origem.

 

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Só Lula quer o fim da guerra?

Por Fernando Castilho



Washington não vai assistir passivamente um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.


Quando Lula propôs a criação de um clube de nações que se empenhariam em discutir e encontrar soluções para o conflito entre Rússia e Ucrânia, Joe Biden torceu o nariz e Reino Unido e União Europeia ouviram atentamente, mas, como sempre, acabaram indo a reboque do pensamento dos EUA, fazer o quê? Afinal, os americanos mandam no mundo há décadas e ninguém tem a coragem de desafiá-los, até porque eles detêm o maio arsenal de armas do planeta. Por isso, invadem países, provocam guerras híbridas que derrubam governos e desrespeitam sem cerimônia resoluções da ONU desfavoráveis a embargos econômicos como o imposto a Cuba.

Biden nunca vai apoiar qualquer iniciativa de encerramento desse conflito por 2 razões muito simples. A primeira é conhecida de todos: são os americanos que mais lucram com a guerra produzindo e vendendo armamentos pesados.

A segunda razão está na geopolítica americana.

A China, ainda chamada de economia emergente, está empenhada em refazer a rota da seda, desta vez não com esse produto, mas com tecnologia e indústria, principalmente.

O G7, em reunião em Hiroshima, condenou o país de Xi Jinping por estender seus tentáculos pelo mundo como se os EUA nunca tivessem feito isso pela violência. A China o faz com comércio.

A supremacia mundial, econômica e militar dos americanos vem sendo ameaçada pelo País do Centro e as projeções já apontam que nas próximas décadas ela deixará de existir. Teremos um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.

Washington não pode assistir passivamente à sua derrocada, por isso, elaborou um plano de ataque.

A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, ampliou significativamente sua presença nos países que estão próximos à Rússia e se empenha ativamente para construir uma base na Ucrânia, sonho que povoa obsessivamente a mente de seu presidente, Volodymyr Zelenski.

Se essa base for construída, mísseis poderão atingir Moscou em apenas 8 minutos, o que inviabiliza qualquer tentativa de defesa.

Claro que a OTAN não fará isso e nem talvez tenha essa intenção. O objetivo é o de manter uma ameaça muito próxima.

Foi por isso, tão somente que Vladimir Putin iniciou a guerra. Não poderia assistir à essa ameaça passivamente, sob pena de ver seu país, na sequência, ser obrigado a ceder a qualquer exigência dos americanos, já que possuiria uma arma apontada para sua cabeça o tempo todo.

Putin, e, principalmente, Xi Jinping, sabem que uma vez curvada a Rússia, o próximo objetivo seria a China.

Diante de um gigantesco poderio, restaria à China ser subjugada, retornando o comando mundial aos EUA, ou resistir através de uma guerra de proporções inimagináveis.

Diante de uma possibilidade de consequências catastróficas que podem incluir a aniquilação total do planeta devido ao uso de armas nucleares, caberia a uma das duas forças ceder para evitar o desfecho final da humanidade.

O mundo ocidental não hesitaria em escolher seu inimigo preferencial, o Oriente e o lado escolhido na batalha seria o dos americanos, pois estes jogam sempre pesado.

Não restaria à China outra alternativa que a rendição e submissão aos interesses ocidentais.

A íntegra do discurso de Lula no G7 de Hiroshima pode ser lida nas entrelinhas como a certeza de que é esse o plano dos americanos e é por isso que ele criticou tão duramente o próprio grupo e a ONU, tão habituada a ceder aos interesses de Washington.

O convite a Lula para ir ao G7 foi uma tentativa de armadilha para que ele, de alguma forma, se posicionasse a favor da Ucrânia, o que comprometeria sua posição pela busca da paz e fortaleceria os interesses de Biden e da OTAN. Mas o ex-líder metalúrgico, habituado a inúmeras tentativas de colocá-lo contra a parede, inverteu o jogo e criticou duramente o próprio G7 e a ONU.

Desta forma, quem saiu fortalecido de Hiroshima foi Lula e o governo brasileiro.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada

Por Fernando Castilho


É preciso levarmos à sério o perigo que Salles representa para o país.


A frase, dita naquela tenebrosa reunião ministerial conduzida pelo então presidente Jair Bolsonaro em 20 de abril de 2020 não pode jamais ser esquecida. Seu autor, como sabemos, foi o então ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles.

Mais tarde, Salles não conseguiu se sustentar no cargo devido à pressão exercida contra ele devido à tentativa de venda de madeira ilegal para os EUA abortada por aquele país.

Mas ele não morreu politicamente. Ao contrário, um homem que se entregou de corpo e alma para facilitar o garimpo ilegal na Amazônia, facilitar desmatamento e destruir todos os marcos regulatórios ambientais, conseguiu se eleger deputado federal com incríveis 640 mil votos obtidos dos paulistas!

Salles volta à carga agora como relator da CPMI do MST que visa não somente criminalizar o movimento, mas também atacar o MTST e, por conseguinte, tentar abalar Guilherme Boulos, tido como favorito à eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Quem sabe, prendê-lo. O ex-ministro vem com sangue nos olhos para a disputa pelo governo da capital. E é aí que mora o perigo.

Se Ricardo Salles conseguir seu intento, a prefeitura será seu trampolim para a disputa presidencial de 2026, aproveitando o possível vácuo deixado por Jair Bolsonaro que provavelmente será declarado inelegível por 8 anos e possivelmente, preso.

É preciso levarmos à sério o perigo que isso representa para o país.

Hoje, tem-se como quase certo que o nome para a sucessão de Bolsonaro como líder com potenciais chances de representar a extrema-direita no Planalto é o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, afinal, ele comanda o maior orçamento da União e certamente ambiciona chegar lá.

É natural que o governo do presidente Lula veja com especial atenção qualquer possibilidade de ascensão de Tarcísio que até agora tem se comportado quase que um sucessor da maneira tucana de governar com uns toques aqui e ali de bolsonarismo. Digamos que seja um Bolsonaro um tanto mais light, um pouco mais preparado e menos afoito a fazer e falar asneiras.

Outro nome que até chegou a sonhar com o Planalto é o de Sergio Moro que está vendo seu futuro político sendo destruído. Nas próximas semanas ou meses, o TSE poderá cassar seu cargo de senador e a denúncia de Tacla Duran pode mandá-lo para a prisão.

Pode-se falar em Romeu Zema também, mas ainda não se vê uma sinalização clara de que disputará o Planalto com grandes chances de se eleger.

Claro que não se pode desprezar políticos que à princípio podem parecer seres apenas ridículos e inofensivos como Nicolas Ferreira, afinal o que era Bolsonaro antes de vencer as eleições de 2018 se não um falastrão desprezado até por seus pares na Câmara?

É a atenção a esse possíveis postulantes que nos distrai do azarão, Salles.

Salles é um Bolsonaro muito mais perigoso que seu ex-chefe. Embora não seja mérito algum ser mais inteligente que o capitão, Salles é também esperto e costuma vir pra cima com a faca nos dentes em sua fúria destruidora. Esse sim, se não for contido, tem o potencial de surpreender e chegar lá.

Embora não haja à princípio como criminalizar legalmente tanto o MST como o MTST, já que os movimentos se notabilizam por se ater ao cumprimento das leis, o apoio da grande mídia, já praticamente declarado ou implícito à CPMI, servirá para que esta cause não só estrago ao governo federal, mas também alavanque a candidatura de Ricardo Salles.

Por isso, ainda que os movimentos sejam independentes e não atrelados, é fundamental que o governo mobilize todas as suas forças, através dos deputados e senadores da base, para que vença esta batalha, sob pena de vermos mais uma serpente saindo do ovo do fascismo.