quarta-feira, 7 de junho de 2023

As providências hipócritas de Damares Alves sobre as gravíssimas denúncias da ex-esposa de Arthur Lira

Por Fernando Castilho

Arthur Lira, Jullyene Lins e parte do dinheiro apreendido pela PF com os aliados do presidente da Câmara.Créditos: Agência Câmara / PF / Instagram

Damares, teria sugerido que Jullyene mudasse de nome e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para escapar às ameaças.


Jullyene Lins, a ex-esposa do presidente da Câmara, Arthur Lira, deu entrevista ao ICL Notícias relatando que há 16 anos sofria com agressões físicas e psicológicas por denunciar malas de dinheiro que chegavam à sua casa e depois da divisão, envelopes eram entregues a correligionários por todo o estado de Alagoas, mas a polícia e a justiça nunca a levaram à sério. O Brasil 247 e Forum também trataram do caso.

Como há 16 anos sofre, segundo ela, constantes ameaças de Lira, Jullyene precisa trocar constantemente de endereço.

Decidiu, ainda no governo Bolsonaro, procurar a ex-ministra Damares Alves à guisa de auxílio para resolver seu problema.

Damares, através de um intermediário, teria sugerido que ela mudasse de nome com nova identidade e se transferisse para alguma cidade do extremo norte do país para escapar às ameaças.

Jullyene não seguiu o conselho, pois sabia que Lira a encontraria onde quer que ela estivesse. E é claro, com identidade trocada, ficaria mais difícil relacionar o ex-marido com um possível assassinato dela.

Os jornalistas do ICL se esqueceram de comentar a atitude de Damares.

Naquela época Arthur Lira, já presidente da Câmara em seu primeiro mandato, se sentava sobre mais de 140 pedidos de impeachment de Bolsonaro e usou esse fato como pressão para que o capitão terceirizasse a administração do orçamento da União para ele. Foi aí que surgiu a figura do orçamento secreto.

Damares Alves, que se diz cristã, em vez de tomar providências para que Lira fosse investigado com seriedade devido às graves denúncias de Jullyene, preferiu criminalizar a vítima, impondo-lhe uma vida secreta, praticamente afastada da sociedade e de seus familiares, como uma punição a ela, pelo simples medo de desagradar o Bolsonaro, então empenhado e dar tudo ao centrão para evitar algum processo de impeachment.

O caso Jullyene joga mais luz ainda sobre como a República funcionava sob a dupla Bolsonaro-Lira.

Esperamos que, agora que o relato de Jullyene foi ouvido na mídia independente, que possa furar a bolha e também ser divulgado pela grande mídia e, enfim, ser investigado pelo Ministério Público, embora ainda seja muito grande o poder de Arthur Lira em nosso judiciário, como ficou provado na decisão da 1ª turma do STF que o inocentou de crime de corrupção, apesar das provas apresentadas.

Jullyene, que pensa em sair do país, precisa ter sua segurança garantida com sua identidade verdadeira e seu domicílio.


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