sexta-feira, 11 de agosto de 2023

A Papuda aguarda seu prisioneiro mais ilustre

Por Fernando Castilho



Como até as emas do Palácio do Alvorada sabiam, o chefão da quadrilha, segundo já noticiado pela imprensa através de fontes da PF é ele mesmo, Jair Bolsonaro, o inelegível.

O pastor Marco Feliciano chegou a chamar o tenente-coronel Mauro Cid de herói, durante a audiência na CPMI sobre o golpe de 8 de janeiro.

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro chegou a comparecer fardado por orientação do exército que o considerava um soldado com reputação ilibada, insultando a Comissão. Apostaram todas suas fichas na sua retidão, mas se pudesse, Mauro Cid, caso as fichas fossem de ouro, as venderia no exterior.

O pai, enérgico general Cid, era tido como extremamente irritado com a prisão de seu filho e ameaçava, segundo a imprensa, botar a boca no trombone. Mas não o fez. Por quê?

No andar das investigações já avançadas da Polícia Federal, Mauro Cid, o filho e Mauro Cid, o pai, integram uma verdadeira quadrilha de roubo de joias desviadas do acervo do Estado e vendidas nos Estados Unidos. Todos militares! TODOS MILITARES! Quem seria o chefe? Ora, ora!

Como até as emas do Palácio do Alvorada sabiam, o chefão da quadrilha, segundo já noticiado pela imprensa através de fontes da PF é ele mesmo, Jair Bolsonaro, o inelegível.

Já estamos há 8 meses aguardando ansiosos a prisão do ex-presidente, não por esse crime tão ralé, uma surpresa que apareceu durante as investigações sobre os atos terroristas, mas por inúmeros outros de gravidade extrema como sua atuação durante a pandemia da Covid-19 em que foi responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas e o golpe de 8 de janeiro, prontamente desmontado pelo recém-eleito presidente Lula.

Jair Bolsonaro veio do baixo clero da política, acostumado desde sempre a desviar recursos públicos de pouca monta através do esquema de rachadinhas e de contratação de funcionários fantasmas. Para ele a vida seguia tranquila com seus poucos discursos que sempre evocavam sua admiração pela ditadura e seu preconceito contra as mulheres e as minorias. Faturava o seu, comprava imóveis com dinheiro vivo e trocava de mulher. Resolveu se tornar presidente e, ao que tudo indica até agora que se manteve fiel ao seu estilo ladrão de galinhas. A menos, claro, que apareçam outros esquemas como fraudes em licitações, o esquema preferido dos governantes do alto clero.

Bolsonaro precisa agora ser preso preventivamente para que seja investigado e tenha seus sigilos abertos. Além disso, é urgente que seu passaporte seja retido para que o rato não escape.

Possivelmente há mais gente no esquema, afinal, os generais mais próximos dele não seriam meros espectadores do esquema. Braga Netto Augusto Heleno e outros também devem ser investigados.

A claque bolsonarista em que se incluem os filhos já não pode mais defender seu mito. Por isso, é possível que fique caladinha durante as próximas sessões da CPMI e da CPI do MST. Esta deve ser concluída às pressas na próxima semana com algum relatório Tabajara do Ricardo Salles que, mais uma vez, não conseguirá criminalizar o movimento.

Enfim, o bolsonarismo acaba de receber um terrível golpe e dificilmente se recuperará.

Regozijemo-nos, pois, nós que assistimos por 4 anos as ameaças a democracia e ao processo civilizatório

Como pensávamos, o mito tem pés de barro e começou a desmoronar sobre eles.


sábado, 5 de agosto de 2023

Tarcísio manda vigiar professores!

Por Fernando Castilho

Bolsonarismo a todo vapor em São Paulo!
O secretário de educação de São Paulo determinou que os diretores assistam às aulas dos professores duas vezes por semana e elaborem relatórios para as diretorias de ensino. Ou seja, os professores, além de toda a humilhação que já passam no dia a dia, agora serão vigiados!

Para quê insistir na profissão de professor?

O professor da rede estadual do Estado de São Paulo sempre foi tratado pelos governos do PSDB como um semicidadão e agora, talvez nem com semi.

Os baixos salários do professor são um problemão na hora de pagar as contas, mas não são o único, já que ele é desvalorizado e humilhado o tempo todo, não só por alunos que não querem aprender, mas sobretudo pela estrutura imposta pelo governo do estado às escolas.

Se o professor vai aplicar uma prova, que não conte que a escola vá imprimi-la. Ou ele dita as questões para os alunos, o que toma um tempo considerável, ou ele usa sua própria impressora e depois paga a impressão das cópias com seu próprio bolso numa copiadora qualquer.

Se o professor deseja dar uma aula mais atrativa utilizando o aparelho de televisão da sala de aula, que não conte com Internet porque ela dificilmente chega a essa sala. Alguns usam a Internet de seu próprio celular. Outros utilizam seu computador em casa para gravar o conteúdo em pen-drive para depois passá-lo na sala de aula. Trabalhar com simuladores, então nem pensar.

As antigas lousas de giz foram substituídas por lousas brancas em que é preciso se escrever com canetinhas com tinta hidrocor especial que permitem que o conteúdo seja apagado. O estado se orgulha desse “avanço” tecnológico, mas se “esquece” de fornecer as canetinhas e os refiz. Então, se quiser dar aula, o professor precisa comprar as canetinhas ou os refiz. Lembro que em países desenvolvidos, a louça de giz continua a ser utilizada, mas aqui é Brasil.

O professor, quando precisa preparar uma aula, corrigir provas e trabalhos, ou atribuir notas aos alunos, tem que fazê-lo dentro da escola, não sendo permitido que o faça em sua casa. Há casos em que o professor comparece à escola num determinado período só para fazer essas atividades chamadas de APD (atividades pedagógicas diversificadas).

Quando há um feriado numa quinta-feira, a escola emenda, pois os alunos não comparecem na sexta. Daí, a escola obriga o professor a repor as horas num sábado, mesmo que não haja alunos e mesmo que não haja nenhum tipo de atividade.

Esqueça apostilas. O ano letivo começa, mas elas não vêm. Talvez cheguem somente no segundo semestre. Então o professor tem que se virar com apostilas antigas ou seus próprios livros.

Para matérias como Projeto de Vida, por exemplo, nem apostilas há. Cada professor fica “livre” para perder seu tempo precioso para buscar conteúdo na Internet. E como não há uma metodologia pedagógica unificada para isso, vai valer o feeling do professor, que nem sempre é bom.

Os dias de calor são insuportáveis, pois não há aparelhos de ar-condicionado, as salas de aula, apesar de serem varridas, acumulam muita poeira, causando dificuldades respiratórias não só para o professor, mas também para os alunos. As salas dos professores e os banheiros são sofríveis.

Grande parte, talvez a maioria dos professores, leciona em mais de uma escola. Por isso, há uma correria para chegar de uma escola a outra a tempo. Mas, na maioria das escolas, não há tolerância quanto a atrasos. Nem um minuto! Simplesmente não abrem a porta.

Além disso tudo, o professor tem que tomar muitos cuidados em sala de aula. Não pode tocar o aluno. Em caso de briga, deve tentar apartar com palavras para que não seja acusado de ferir o aluno. Tem que medir muito bem suas palavras para não ser mal interpretado. Deve evitar a todo custo falar sobre religião, política ou sexo, pois é possível que o aluno o entregue aos pais.

Numa pendenga com algum aluno, quase sempre quem sai perdendo é o professor, já que os pais via de regra se colocam ao lado de seu filho. E nos tempos de bolsonarismo isso tem sido particularmente comum.

O governador carioca, Tarcísio de Freitas, é contra as câmeras nas fardas dos policiais militares, mas é a favor de que os professores sejam vigiados por câmeras nas salas de aula. O secretário de educação acaba de determinar que os diretores assistam às aulas dos professores duas vezes por semana e elaborem relatórios para as diretorias de ensino. Ou seja, além de tudo, os professores passarão a ser vigiados, o que fere a autonomia e a Constituição! Além disso, todos sabemos o quanto os diretores já são sobrecarregados.

Enfim, a vida do professor da rede estadual de São Paulo é muito diferente da vida de um profissional numa empresa qualquer. Mais um pouco de precarização do trabalho e ele se tornará escravo.

Mas, São Paulo escolheu um governador carioca para mudar tudo isso, não?

O que os professores esperavam de Tarcísio não era que ele fosse diferente de Alckmin, mas ele começa a ser.

Tarcísio escolheu para secretário da educação um paranaense ligado ao ensino privado e a empresas de tecnologia.

Dessa forma, implementando mudanças na estrutura das escolas paulistas, para economizar, os livros didáticos físicos serão abolidos dando lugar aos digitais.

Como relatado acima, obter os livros didáticos já não era tarefa fácil. Agora, sem Internet nas salas de aula, como será possível dar aulas?

A Secretaria de Educação comprou milhares de tablets, mas em número muito insuficiente para suprir todos os alunos da rede pública. Cabe notar que esses tablets são da marca Multilaser, empresa da qual Renato Feder, o secretário de educação, era CEO até o ano passado. Claro que se a licitação não foi direcionada, não haverá nada de errado nisso, porém, é estranho.

A falta do livro didático não afetará somente o professor, mas também o aluno que não mais terá um material físico para suas atividades, lições de casa e estudo. Quem não possui computador em casa, celular e Internet, sai em grande desvantagem para disputar um lugar no mercado de trabalho quando se formar ou terá enormes dificuldades se ousar disputar um vestibular para a faculdade. E talvez seja essa a intenção para privilegiar os estudantes de escolas privadas num primeiro momento e em outro momento, com as escolas já sucateadas, promover a privatização do ensino público.

Assim caminha a educação no estado que mais arrecada no Brasil.

Tarcísio, definitivamente, vem fazendo a diferença em São Paulo. Para pior.


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

A barbárie e o medo usados para fins políticos

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução José Emídio/Governo do Estado de São Paulo

Tarcísio volta aos tempos em que havia uma guerra de todos contra todos, anterior a criação do Estado.


O tema é recorrente nos filmes de faroeste: o bandido chega a uma cidadezinha, entra no saloon, bebe um pouco e começa a importunar os presentes. À certa altura os ânimos ficam acirrados, o forasteiro saca sua arma, mas o xerife é mais rápido no gatilho e o mata.

A notícia se espalha rapidamente e chega aos ouvidos do bando ao qual o defunto pertencia. É chegada a hora da vingança.

Armados até os dentes os bandidos já chegam na cidadezinha atirando. Seriam 8, 10, 12 OU 16 as pessoas mortas? Ou seriam mais?

A analogia é imperfeita, eu sei. E os sinais entre bandidos e mocinhos estão trocados. Porém, o cenário de velho oeste em que se transformou a cidade de Guarujá é coerente.

Há, contudo, uma diferença gritante: No filme, a vingança foi feita por foras da lei e na vida real, por agentes da lei, profissionais treinados pelo Estado para prender bandidos garantindo a segurança dos cidadãos.

Certamente nossa classe média deve estar exclamando “BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO!”

Guarujá e muitas outras cidades Brasil afora vivem hoje uma situação de insegurança, principalmente porque o número de armas nas mãos de bandidos aumentou muito graças as decisões do ex-presidente que liberou geral para os CACs. Armas não procriam como coelhos, mas são colocadas na bandidagem por quem, utilizando-se do privilégio de possui-las legalmente, as repassam por preços módicos. Devido à essa sensação de insegurança, o cidadão médio vibra quando algum suspeito é assassinado sem o devido processo legal e a culpa formada. E se morreu, torna-se desinteressante provar que o cidadão era inocente, pois não volta mais.

Além de tudo isso, é preciso acabar com essa loucura que acomete nossos policiais toda vez que um companheiro é assassinado. Claro, é muito difícil ter sangue de barata, mas treinamento e punição exemplar contra excessos servem para isso mesmo.

Pelos relatos, que podem ser verdadeiros ou falsos e que só podem ser comprovados pelas câmeras nos uniformes dos policiais, houve torturas e execuções, ou seja, nossos agentes da lei descumpriram a lei arvorando-se juízes e algozes.

E não estou falando que os mortos não eram todos bandidos perigosos que não receberam os policiais à bala. Novamente, isso saberemos quando as imagens das câmeras forem liberadas (esperemos que sejam realmente e que não estejam adulteradas).

Por isso, caso os PMs tenham cometido crime, deverão ser punidos na forma da lei.

Porém, aqui entra o fator Tarcísio.

O governador já afirmou à imprensa, sem nenhuma investigação, que os policiais agiram extremamente (sic) dentro da lei, contestando a ouvidoria da própria Polícia Militar.

Tarcísio volta aos tempos em que havia uma guerra de todos contra todos, anterior a criação do Estado. A barbárie imperava e a lei do mais forte prevalecia. Somente com a criação do Estado as pessoas puderam dormir com mais segurança. Por óbvio, desde sempre as leis protegem os que possuem propriedades privadas e, portanto, são poderosos.

Baseado nessa lógica, é preciso acreditar muito em histórias da carochinha para confiar que Tarcísio de Freitas punirá os policiais.

Mas o que pretende Tarcísio? Ele não vinha dando sinais de que estava aos poucos rompendo com o extremismo de Bolsonaro para assumir o vácuo de uma direita mais civilizada que governou São Paulo por tantos anos? Até os bolsonaristas radicais se surpreenderam.

Parece que Tarcísio pretende, com sua atitude, trazer os policiais militares do estado para seu lado, dentro da estratégia de rompimento com o capitão.

Além disso, tenta trazer de volta para seu lado os bolsonaristas que o abandonaram depois que ele se colocou a favor da reforma tributária, como quem diz: "olha, eu faço o que vocês gostam!" "Eu sou igual ao Bolsonaro!"

Hoje, em toda a Baixada Santista, o clima é de medo e insegurança. Notícias dão conta de ameaças de grupos de traficantes em implantar o terror à população, mas, numa filtragem rápida, percebe-se uma estratégia de Tarcísio de assustar as pessoas induzindo-as a incondicionalmente se colocarem do lado da polícia.

É muito triste e nojento usar a barbárie cometida no Guarujá para fins políticos.


sábado, 29 de julho de 2023

E por que não um trem-bala brasileiro?

Por Fernando Castilho

Imagem: Forbes


É preciso lembrar que 2016 foi ano do golpe contra Dilma Rousseff e o início do período de trevas inaugurado por Michel Temer e aprofundado por Jair Bolsonaro. É coerente que o projeto de trem-bala tenha parado.


Por estes dias recebi um vídeo que mostra uma verdadeira revolução tecnológica em andamento na cidade de Shenzhen na China.

Toda a frota de ônibus urbanos foi substituída por novíssimos veículos movidos a energia elétrica. Não há mais aquele barulho dos motores a diesel nem a fumaça que era expelida por eles. Além disso, quase todos os carros agora são movidos a eletricidade.

Como Shenzhen consegue a energia elétrica para suprir suas novas demandas?

A resposta está na captação de energia solar com células fotovoltaicas espalhadas por tudo quanto é lugar onde elas possam ser instaladas. Há também captação de energia eólica em bom número. A cidade, que não é pequena (possui uma população de 12,59 milhões de pessoas), parece ser plenamente sustentável e serve atualmente como piloto para toda a China.

Também, no mesmo vídeo, vemos como a China com suas dimensões continentais está promovendo a largos passos a integração nacional através do trem-bala elétrico. É essa integração que permite ampliar de maneira significativa comércio e serviços, implementando o crescimento econômico.

É preciso lembrar que talvez o Japão seja hoje a grande potência que conhecemos devido à integração nacional por suas linhas ferroviárias normais cuja construção se iniciou no final do século 19 e que somam hoje incríveis 27.268 km, e pelo trem-bala, o shinkansen, ícone no país e motivo de orgulho nacional para o povo japonês, que começou a operar em 1964, cobrindo hoje todo o Japão.

É neste ponto que pergunto: e o Brasil?

Bem, o terceiro governo Lula começou a apenas quase 8 meses com o imenso desafio de reconstruir um país praticamente destroçado por um presidente totalmente desqualificado e mal-intencionado para o cargo. A missão de recolocar o país em pé, surpreendentemente, vem sendo cumprida em tempo recorde: os programas sociais que haviam sido extintos ou paralisados voltaram a funcionar, o prestígio do Brasil lá fora foi recuperado e coloca o país entre os grandes do planeta e a economia começa a ir de vento em popa com inflação controlada e queda no desemprego e no dólar. Quando a taxa de juros baixar para níveis aceitáveis, o país decolará.

Por que falo isso? Porque Lula tem a oportunidade histórica de não só ser o presidente que acabou com a fome dos brasileiros, desafio que ele mesmo impôs a si, mas de revolucionar o Brasil tecnologicamente como faz a China. Um verdadeiro up-grade no país!

É possível?

Vejamos, o Brasil tem dimensões continentais como a China. Porém, diferentemente dela, tem usinas hidrelétricas em bom número. Além disso, a captação de energia solar e eólica vem se ampliando muito e hoje representa 24% de toda matriz energética.

Portanto, temos capacidade de suprir uma frota de veículos em cidades-piloto, como, por exemplo, Campinas, para que depois possa se ampliar para todo o Brasil.

 E por que não o trem-bala?

Segundo o site Mobility Now, “Se as promessas feitas uma década atrás tivessem se concretizado, hoje seria possível entrar em um trem-bala na estação do Campo de Marte, zona norte de São Paulo, pagar R$ 400 numa passagem direto para o Rio de Janeiro (com escalas em Volta Redonda e São José dos Campos), viajar a 350 km/h e chegar em apenas uma hora e meia na estação Barão de Mauá, no centro da capital fluminense. Nada mal.”

Por que não deu certo?

Ainda, segundo o mesmo site, “Esse sonho, que hoje parece absurdamente distante, já esteve tão perto da realidade que foi quase possível tocá-lo. Grande promessa do governo Lula, o trem-bala deveria ficar pronto para a Copa do Mundo de 2014. Quando as primeiras datas se provaram impraticáveis, o projeto foi revisto e estimado para as Olimpíadas de 2016.”

Neste ponto é preciso lembrar que 2016 foi ano do golpe contra Dilma Rousseff e o início do período de trevas inaugurado por Michel Temer e aprofundado por Jair Bolsonaro. É coerente que um projeto tão inovador tenha parado.

Mas agora já é possível sonhar novamente.

A ótima notícia é que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou a construção dos trilhos no início deste ano, com a informação de que a empresa TAV Brasil prevê iniciar suas operações com o trem-bala interligando o eixo Rio-São Paulo.

Mas, em que pese o acerto de se implantar o primeiro trem-bala no país, a necessidade é que se construa uma rede ferroviária moderna para trens de carga e de passageiros que integre todo o país. Não é mais possível, em pleno século 21, que o escoamento da produção seja feito por milhares de poluentes caminhões.

Se o governo Lula compreender essa necessidade e ousar como fez com a transposição do Rio São Francisco obra majestosa que se estende por 477 quilômetros e tida como impossível por seus críticos, levando hoje água para milhões de brasileiros no Nordeste, será o presidente que integrou o país e que o elevou a um outro patamar tecnológico.

Quem sabe?


Link para o vídeo: (793) China: Revolução do Transporte: Trem Bala e os Carros Elétricos | Expresso Futuro com Ronaldo Lemos - YouTube



sexta-feira, 28 de julho de 2023

A IA e o ócio criativo. Será?

Por Fernando Castilho

Imagem: Internet

Com a Inteligência Artificial, o mundo teria uma legião de pessoas desempregadas?


Acho que todos sabem que sou um entusiasta da Ciência e das inovações tecnológicas. Não tenho nenhuma saudade das fitas de videocassete, vamos combinar.

Ontem assisti à aula de um especialista em Inteligência Artificial, Brett King, pelo ICL (Instituto Conhecimento Liberta). Respondeu à várias perguntas esclarecendo os pontos positivos e também os negativos da nova tecnologia. Todas as novas tecnologias são assim. A Internet também foi assim.

Porém, ao dizer que cerca de 5 milhões de caminhoneiros atravessam os EUA de leste a oeste todos os dias e que com a IA, os caminhões poderão ser conduzidos sem a necessidade de motorista, King revelou a maior preocupação com a nova tecnologia. A maior parte das pessoas do mundo inteiro que trabalham em atividades que podem ser melhor executadas pela IA, simplesmente perderão seus empregos.

King alega que são atividades tediosas e repetitivas, por isso, até seria bom para essas pessoas não precisarem mais trabalhar com elas. Mas, não teríamos uma legião de pessoas desempregadas?

Para isso, King citou um programa chamado “Renda Básica Universal”, algo que imediatamente me remeteu ao projeto da vida de Eduardo Suplicy.

Por esse programa, as pessoas que perderão seus empregos serão sustentadas pelo programa e poderão se iniciar em projetos que ficariam guardados na gaveta, caso não houvesse a IA e tivessem que trabalhar em atividades tediosas a vida toda. Poderiam fazer o que gostam e se tornar empreendedoras, por exemplo. Seria um ócio criativo?

Quem está defendendo esse programa? Os grandes magnatas da comunicação, como Bill Gates e Elon Musk, até porque, com o uso da IA, as empresas lucrariam mais com a eficiência não humana e não mais teriam que pagar direitos trabalhistas.

Imagine que as empresas transportadoras de cargas não precisem mais que seu condutor tenha que fazer paradas para ir ao banheiro, almoçar ou dormir. Os caminhões poderiam rodar direto, só parando para abastecimento.

Tudo bom, tudo bonito, não é mesmo? Quem não gostaria disso?

Porém, não foi esclarecido quem pagaria essa renda universal. Os governos? As empresas, através dos impostos?

Quem vai controlar esse pagamento, os governos? Qual seria o montante mensal?

Claro que tudo ainda está muito prematuro. Contudo, essas novas tecnologias estão avançando muito rapidamente e é preciso já começar a pensar na regulamentação disso.

Um admirável mundo novo se descortina para nós trazendo novidades cuja extensão ainda são impensáveis impensáveis para nós, porém há que ter cuidado para que as pessoas, principalmente as mais pobres, não sucumbam diante dessa nova tecnologia chamada de Inteligência Artificial.

 


quinta-feira, 27 de julho de 2023

Eles estão mesmo entre nós?

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução Twitter

Ex-oficial da Força Aérea afirma no Congresso norte-americano que o governo mantém restos mortais não humanos.


Notícia curtinha publicada no Uol dá conta de que o ex-oficial de inteligência da Força Aérea dos Estados Unidos David Grusch, depondo em audiência sobre OVNIs no Congresso norte-americano afirmou que os EUA há décadas trabalham em engenharia reversa em veículos de origem alienígena para entender e replicar a tecnologia utilizada por eles.

Além disso, Grusch disse haver restos mortais não-humanos em poder do governo.

A febre por OVNIs, iniciada na década de 1940 com o caso Roswell, deu um tempo durante os últimos 20 anos e parece retornar com alguma força desde que balões foram abatidos por caças norte-americanos.

O governo dos EUA vem abrindo seus arquivos sobre avistamentos, notadamente os da força aérea, que permaneciam secretos dando gás a inúmeros livros e filmes de ficção científica, especulações e teorias da conspiração.

Este que escreve, por muito tempo também acreditou na possibilidade de estarmos sendo visitados por inteligências extraterrestre, mas, felizmente, a curiosidade sobre o tema obrigou-me a me aprofundar nas pesquisas sobre o tema e a compreender a mecânica do Universo para corroborar ou não das especulações.

Primeiramente é preciso lembrar que nossa civilização somente há apenas cerca de 100 anos vem sendo capaz de perscrutar o Universo através de telescópios, sondas e ondas de rádio e poderá, dependendo de como lidarmos com o planeta, durar mais outros 100 anos ou um pouco mais.

Essa janela de tempo é extremamente curta diante da idade do Universo que é estimada em 13,8 bilhões de anos. O que quero dizer é que teria de haver uma absurda coincidência encontrarmos outra civilização com uma janela um pouco maior, já que imaginamos que ela deva ter uma tecnologia mais avançada que lhe permita vencer enormes distâncias para chegar à Terra. E essa é outra questão.

Estima-se que o Universo tenha alguns sextilhões de planetas e um grande número deles com potencial para abrigar vida inteligente capaz de realizar viagens espaciais. Porém, as distâncias entre esses planetas são incomensuráveis.

Para se ter uma ideia, o planeta mais próximo da Terra, fora do Sistema Solar, é Próxima Centauri que não sabemos nem se é habitável, quanto menos capaz de ter vida inteligente.

Próxima Centauri dista 4 anos-luz da Terra. Isso equivale a dizer que sua distância é de cerca de 40 trilhões de quilômetros. Se a Terra fosse do tamanho de uma bola de futebol, proporcionalmente, sua distância até Próxima Centauri equivaleria a quase a distância são Paulo-Rio de Janeiro. Portanto, não haveria possibilidade técnica de empreender uma viagem como essa com a tecnologia que conhecemos hoje.

Mas poderia, hipoteticamente, haver uma saída e ela seria pela teoria do buraco de minhoca.

Quando você tem uma enorme distância a percorrer, se conseguir dobrar o espaço-tempo, teoricamente, poderia vencer essa distância.

Porém, como nem tudo são flores, para se construir um buraco de minhoca, seriam necessárias quantidades inimagináveis de energia, possivelmente maiores do que nosso Sol fornece.

Daí entramos na Escala de Kardashev que propõe que possam existir no Universo civilizações de 3 tipos:

Tipo I: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de um planeta. Obviamente, ainda não chegamos a este estágio.

Tipo II: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma estrela. Estamos muito longe de aproveitarmos toda a energia do Sol.

Tipo III: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma galáxia.

Sim, uma civilização capaz de viajar por um buraco de minhoca teria que ser do tipo III.

Então, teoricamente, há realmente a possibilidade, ainda que remota, de sermos visitados por seres alienígenas e isso quem crê na evolução da Ciência, não a pode negar.

Chegando neste ponto, não temos como fugir da pergunta: uma civilização avançada até onde nós não somos capazes de compreender, enviaria balões ou discos voadores à Terra? E para quê?

Além disso, como aceitar que esses dispositivos se deixariam ser abatidos por nossa tecnologia extremamente inferior? Faz sentido? Eles não disporiam de sistemas de segurança, ainda que passivos?

Não seria uma desobediência de protocolo de um povo alienígena permitir que sua nave seja abatida causando a morte de seus tripulantes e a possibilidade de que sua tecnologia seja desvendada pelos terráqueos que certamente a utilizariam para fins não pacíficos? E quais seriam as consequências desse ato? Deixariam por isso mesmo, ou revidariam?

Mas, como às vezes o inesperado faz uma surpresa, como diz a música de Johnny Alf e João Gilberto, se for verdade o relatado por David Grusch, um simples exame de DNA nos restos mortais ditos não-humanos poderá trazer uma verdade à tona e desfazer todas essas reflexões.

A aguardar.


terça-feira, 25 de julho de 2023

Responda rápido, sem pensar: quem matou Marielle?

Por Fernando Castilho

Imagem: Wikipedia


É certo que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que já descobriu? Será que são quem nós pensamos?


Lula nem bem revelou uma proposta de aumento de pena para quem agredir autoridades que passariam, em casos mais graves, para de 20 a 40 anos de reclusão e a grande imprensa já começou as críticas. A julgar pelo Uol, que entrevistou alguns juristas e advogados sobre o assunto, a ideia é punitiva demais.

Trata-se da típica e tradicional reação a cada vez que alguém sugere punição rigorosa a crimes que se confundem com liberdade de expressão. O brasileiro parece padecer de uma síndrome, a do homem cordial, como escreveu Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil ou do “brasileiro é muito bonzinho”, como dizia a atriz norte-americana radicada no Brasil, Kate Lyra em A Praça é Nossa.

Foi essa síndrome que nos impediu de condenar os militares pelos crimes cometidos durante a ditadura. O bolsonarismo e todos os seus males cometidos contra o povo do país por duros quatro anos é fruto dessa omissão.

Sabemos que a grande mídia teme o sucesso absoluto do governo Lula, buscando uma alternativa de direita mais moderada, mas também fica claro que se não aparecer um nome (Tarcísio de Freitas parece preferir disputar a reeleição em São Paulo), ela vai de Bolsonaro mesmo ou quem ele apoiar em 2026 e 2030.

É por isso que seu Jair é tão poupado hoje em dia, mesmo sem poder e inelegível. E é por isso que ele não é citado nos noticiários sobre o assassinato de Marielle Franco.

O ex-PM e miliciano Élcio Queiroz decidiu fazer delação premiada admitindo que foi ele quem dirigiu o carro e que foi Ronnie Lessa quem assassinou a vereadora e seu motorista Anderson Gomes.

É certo, porém que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que são quem nós pensamos?

Não pretendo que a grande mídia saia por aí responsabilizando levianamente a familícia Bolsonaro, mas não deveria se furtar a relembrar algumas informações “esquecidas” durante os cinco anos que se passaram.

No dia da morte de Marielle e Anderson, Élcio fez uma visita às casas de Ronnie Lessa e de Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra. Carluxo estava em casa. Também havia inúmeras ligações telefônicas da casa de Ronnie para a de seu Jair.

Além disso, o porteiro do condomínio havia dado várias informações à PF, inclusive registros da câmera e horários da visita. Chegou até, em depoimento, a afirmar que a autorização para Élcio entrar foi dada pelo “seu Jair”. Jair Bolsonaro alegou que estava em Brasília naquele momento. Sergio Moro, então ministro de Bolsonaro, deu um cala boca no porteiro ameaçando-o com a Lei de Segurança Nacional e ele acabou sumindo. Curiosamente, a grande mídia, que havia começado a investigar o caso, se desinteressou e não mais falou no assunto.

Quem seria beneficiado diretamente pela morte de Marielle? A vereadora estava em campanha para o senado e vinha bem nas pesquisas, mas com sua morte, Flávio Bolsonaro foi quem se elegeu.

Ao longo dos quatro anos de governo, Bolsonaro, a cada vez que a investigação começava a avançar, trocava o delegado responsável, obstruindo a justiça, mas a grande mídia nunca se importou com isso.

Nossa imprensa, na verdade, considera a página já virada. Para que falar de Marielle? O ministro Flávio Dino, na manhã da segunda-feira (24), deu entrevista coletiva em que revelou a delação premiada de Élcio Queiroz, uma notícia bombástica, mas o Uol só foi noticiar no começo da tarde. Há uma dificuldade enorme em sequer dizer que há vários indícios de ligação da familícia Bolsonaro com o crime cometido.

Há até, na grande imprensa, quem já esteja aventando a possibilidade de que o crime foi cometido somente para agradar Carluxo. Ridículo!

Flávio Dino afirmou que as investigações agora se colocam em outro patamar, o que pode significar que até já haja informações sobre quem é ou são os mandantes e é lógico que a polícia deve estar trabalhando com a hipótese mais provável, qual seja, a de que a familícia está ao menos envolvida, afinal, onde há fumaça há fogo e neste caso, há um grande incêndio. Porém, é preciso antes juntar provas para não incorrer em erro que dê margem a contestações. Quando isso for divulgado, a grande imprensa terá que noticiar o fato, mesmo que a contragosto.


segunda-feira, 24 de julho de 2023

De olho no lance

Por Palas Atena

Imagem: reprodução Internet


No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.


Na semana passada, a PF indeferiu pedido de Carluxo para renovar autorização de porte de arma. Ele agora não pode mais andar com a pistola 9 mm que tem, como miliciano que é.

As razões não ficaram muito claras. Mas hoje a PF desencadeou operação para prender mais um participante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e cumprir mandado de busca e apreensão em mais sete endereços de envolvidos no crime.

Pouco tempo depois de federalizar a investigação no governo Lula, a PF comandada pelo ministério de Flávio Dino já mostra resultados. Fez acordo de delação com Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o carro onde estava Ronnie Lessa, o responsável pelos disparos que mataram Marielle e seu motorista Anderson.

Alguns fatos relevantes:

- Em 2018, ano de seu assassinato, Marielle fazia parte da Comissão na Câmara que investigava os abusos da intervenção militar no RJ e a relação com as milícias. O responsável pela intervenção, nomeado pelo golpista Michel Temer, foi o general Braga Netto que, na época do assassinato, disse já saber quem tinha mandado matá-la. Tempos depois, não falou mais nisso e ganhou um cargo relevante no desgoverno do genocida.

- Marielle seria candidata ao Senado, forte concorrente à vaga em disputa com Flávio Rachadinha Bolsonaro.

-Em 14 de março de 2018, exatamente no dia da morte de Marielle e Anderson, o hoje delator Élcio fez uma visita ao condomínio vivendas da barra, onde moram o genocida e Ronnie Lessa. Ele foi à casa 58, de propriedade do genocida, então deputado Federal.

- No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.

- Nas quebras de sigilo telefônico dos assassinos, havia uma quantidade absurda de telefonemas entre a casa de Ronnie Lessa e a casa do genocida. Para justificar esses telefonemas, a familícia inventou que o filho 04, Jair Renan, namorava a filha de Ronnie Lessa. Só que, na época, essa menina morava nos EUA.

- Há ainda aquela história do porteiro do vivendas da barra que confirmou a ida de Élcio à casa do genocida no dia do assassinato. Quando a história vazou, o marreco de Maringá, então ministro da justiça, perseguiu o porteiro e deu sumiço nele.

São muitas, muitas as evidências e provas que ligam o assassinato de Marielle e Anderson à familícia. Pode ser que agora a PF descubra o(s) mandante(s). E, como mais uma prova de que o genocida tem tudo a ver com o caso, os nomes de Adélio e Celso Daniel já estão sendo impulsionados no twitter para manobra diversionista sobre as revelações de hoje. Sempre que algum crime da familícia vem à tona, os bozofascistas acionam esses nomes nas redes sociais.

A ver cenas dos próximos capítulos desse crime hediondo contra uma das mais promissoras políticas deste país, que teve sua vida apagada por um bando de miliciano.

 


domingo, 23 de julho de 2023

Se o Universo está repleto de vida, onde está todo mundo?

Por Fernando Castilho


Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.


Em meu livro, Um Humano Num Pálido Ponto Azul, editora Mindrongo, abordo várias questões de ordem filosófica, antropológica, sociológica, mas também científica.

Um dos capítulos se chama HOMO EXTINCTUS e aborda a origem da vida na Terra e o risco de extinção que atualmente estamos correndo. Há também outras questões.

Uma das questões a serem respondidas pela Ciência é se já fomos visitados por alguma outra forma de vida alienígena. Se temos em um dos universos possíveis, um número infinito de planetas que suportam a vida em sua gigantesca variedade, podemos pelo menos não aceitar como verdade absoluta que nunca tenhamos sido ou venhamos a ser visitados.

O paradoxo de Fermi cria uma grande dúvida em nossas mentes: se existem tantas galáxias no Universo e se em cada uma delas existem tantas estrelas e se orbitando cada uma delas pode haver certo número de planetas e se em algum desses planetas existe vida e se em certa porcentagem desses planetas com vida pode haver vida inteligente, por que ainda não recebemos informações desses seres? Fermi teria perguntado certa vez: “onde está todo mundo?”

A resposta pode ter a ver com o tempo e o espaço. As distâncias são tão grandes que somente uma tecnologia muito avançada poderia vencê-las. Nossa civilização tem somente cerca de 6 mil anos, atingiu um certo grau de Ciência e tecnologia apenas nos últimos séculos, que nos permite até enviarmos uma sonda ao distante planeta anão, Plutão, mas por sermos a única conhecida, não temos referências quanto ao tempo que outras possíveis civilizações costumam durar até se extinguirem.

Pode ser que antes de conseguirem realizar o sonho de vencer grandes distâncias, as civilizações se extingam como se tivessem um prazo de validade. Hoje percebemos que inúmeras ameaças já nos rondam aqui na Terra e o risco de extinção só aumenta. Portanto, antes que consigamos um motor de dobra espacial para saltarmos a Alpha Centauri, a estrela mais próxima de nós além do Sol, distante 4 mil anos-luz, deixemos de existir.

Outra possibilidade é que simplesmente outras formas de vida não tenham ainda conseguido evoluir para sociedades organizadas e tecnológicas, como nossos seres microscópicos ou como nossos animais. Pode-se também especular que outras civilizações, diferentemente de nós, simplesmente não tenham interesse em explorar outros mundos.

Além disso, a Hipótese da Floresta Negra também deve ser considerada. Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.

Caso uma civilização já tenha dominado a tecnologia de enviar mensagens ao espaço, pode ser mais prudente não o fazer, pois se o sinal for captado por outras civilizações a possibilidade de predação existe, afinal, a cobiça por minerais e fontes de energia pode ser muito grande por quem já exauriu seu planeta. Portanto, como afirmou Stephen Hawking, é melhor ficar quieto.

Um dos fatos que ainda intriga os cientistas é o sinal Wow!

O  Wow! foi um forte sinal de rádio recebido em 1977, pelo radiotelescópio Big Ear nos Estados Unidos. O astrônomo Jerry R. Ehman descobriu a anomalia alguns dias depois, quando estava revisando os dados registrados. Ele ficou tão impressionado que circulou a leitura na impressão do computador, "6EQUJ5", e escreveu o comentário "Wow!" no lado.

Toda a sequência de sinais durou a janela completa de 72 segundos durante a qual o Big Ear foi capaz de observá-la, mas nunca mais foi detectado. Muitas hipóteses foram criadas para explicar a origem do sinal, incluindo formas naturais e feitas por humanos, mas nenhuma delas explicou adequadamente o sinal.

Seria o sinal Wow! Originário de uma civilização extraterrestre tentando se comunicar com alguma outra?

Ehman não respondeu ao sinal, mas é possível que seu emissor seja capaz de detectar o recebimento da mensagem aqui na Terra.

Mas qual o risco?

O planeta mais próximo da Terra, além daqueles que compõem nosso Sistema Solar circunda uma estrela chamada Próxima Centauri, distante 4 mil anos-luz de nós. Caso o recebimento do sinal tenha sido detectado, revelando nossa existência e localização, teria que percorrer 4 mil anos para chegar ao planeta. Atenção: é o planeta mais próximo de nós. Qualquer outro dista muitos mais anos-luz.

Passados 4 mil anos do sinal Wow!, isto é, em 5977, os possíveis habitantes de Próxima Centauri, caso ainda existissem, teriam que se deslocar por milhares de anos com suas naves para chegar à Terra e nos sobrepujar.

O receio de Stephen Hawking só se justificaria caso civilizações altamente tecnológicas fossem capazes de viajar por buracos de minhoca para aqui chegar.

Portanto, o que podemos concluir é que certamente não estamos sozinhos no Universo, mas talvez impossibilitados de conversar com nossos vizinhos.

 


sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que a Inteligência Artificial está fazendo com os Beatles e Elis Regina?

Por Fernando Castilho

Trabalho gráfico de Alper Yesiltas utilizando Inteligência Artificial e outros programas

Uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.


Em 1994 os remanescentes dos Beatles, Paul, George e Ringo, se reuniram para gravar algumas músicas que John Lennon havia deixado como demo em um gravador doméstico. Após esse trabalho, decidiram lançar somente duas músicas, Free as a Bird e Real Love, que seriam as últimas do quarteto. Como o som de Lennon estava ruim, tiveram que fazer um esforço para subtrair ruídos, além de fazer arranjos típicos dos Beatles.

Uma das músicas de Lennon, Now and Then, não foi incluída porque foi considerada ruim, principalmente por George. A última fase de John, antes de sua morte, não pode ser considerada das mais criativas.

Naquela época nem se cogitava que a ainda inexistente Inteligência Artificial pudesse promover milagres. Mas Paul McCartney percebeu a possibilidade de gravar essa última música utilizando justamente a IA que, no caso, só serviria para “limpar” a voz de Lennon sem mudar absolutamente nada.

E foi assim que surgiu a “nova” música dos Beatles. A guitarra do falecido George, gravada ainda em 1994, foi incluída, assim como a bateria de Ringo.

O resultado, com os típicos arranjos à la Beatles, é bom, embora, insisto, a música não é lá essas coisas.

Após isso, tem aparecido no YouTube alguns outros “milagres” utilizando a IA.

Ouvi duas músicas de McCartney, Band on the Run e Uncle Albert, na voz de Lennon, com resultados muito ruins. A IA talvez ainda não tenha aprendido como John Lennon se comportaria ao cantar músicas de Paul McCartney.

Há também uma gravação com a voz de Elis Regina cantando Nos Bailes da Vida, de Milton Nascimento. Ela nunca gravou essa música e, caso pudesse ouvi-la, acho que ficaria vermelha de raiva qual uma pimentinha. Pela primeira vez ouvi Elis desafinar e sair do tom.

Pode parecer divertido ouvir essas gravações, mas elas representam alguns perigos.

Primeiro, para quem conhece Beatles e Elis Regina, pode ser realmente interessante, mas para quem não conhece e está apenas começando a tomar conhecimento dos artistas, soa como fraude, já que serão enganados.

Pensando por outro lado, uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.

Provas de crimes poderão ser adulteradas enganando o sistema judiciário.

Tomemos como exemplo as três pessoas que agrediram com palavras o ministro do STF, Alexandre de Moraes e que desferiram um tapa em seu filho.

Um dos agressores, Alex Zanatta, apresentou à PF um vídeo gravado por ele, mostrando a reação do ministro, mas cortou a parte em que ele foi agredido.

Caso Zanatta tivesse feito uso de uma IA, o vídeo não poderia ser considerado autêntico por um perito e, por isso, jamais poderia ser considerado como prova. De qualquer forma, nesse caso, a prova definitiva virá das câmeras do aeroporto.

Outro exemplo são as gravações da Vaza Jato tornadas a público pelo hacker Walter Delgatti. Se ele tivesse a oportunidade de na época ter usado a IA, essas gravações jamais poderiam ter sido usadas para que o STF considerasse o ex-juiz Sergio Moro suspeito e cancelasse todos os processos contra Lula. Uso esses exemplos para demonstrar o risco que nosso sistema jurídico poderá correr daqui para frente.

A IA é um avanço da tecnologia e não pode ser renegada por quem não é conservador, mas, como em qualquer novidade, é preciso que seja usada para o bem, além de ser necessário que se criem mecanismos para conter abusos.

Como disse Lula, o que é crime na vida real, é crime na vida digital.

Ah, ainda prefiro ouvir Beatles e Elis no original.


Link para Band on the Run com John Lennon: 

https://www.youtube.com/watch?v=Qo6e_DrhxZU

Link para Uncle Albertt com John Lennon:

https://www.youtube.com/watch?v=7QNBDcY85ds

Link para Nos Bailes da Vida com Elis Regina:

https://www.youtube.com/watch?v=8xZJc2AzupQ






Augusto Aras, PGR de de Lula? Esqueçam!

Por Fernando Castilho


Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana?


O mandato de Augusto Aras, o procurador-geral da República e títere de Jair Bolsonaro, termina em setembro e, claro, é hora de várias especulações por parte da grande imprensa e também da alternativa em torno do nome que Lula escolherá para substituí-lo.

Segundo a grande mídia, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa, ambos baianos como Aras, lideram uma corrente que propõe que Lula dê mais 2 anos ao PGR.

O presidente vem afirmando que não é obrigado a escolher um nome dentro de uma lista tríplice de procuradores que o próprio ministério público apresenta, mas isso não garante que ele não o faça.

O fato notório é que Augusto Aras, ao longo de 4 anos à frente da PGR, traindo o que respondeu à sabatina do Senado e traindo o presidente e o relator da CPI da Covid-19, quando prometeu levar adiante o relatório, serviu como escudo a praticamente todos os processos que lhe chegaram às mãos que poderiam incriminar Jair Bolsonaro junto ao STF. Portanto, não há como imaginar que Lula o reconduza.

É difícil pensar nos motivos que moveriam a grande mídia para iniciar uma espécie de lobby para que Lula se defina por Aras, mas parece evidente que há um movimento para isso.

Só está faltando decifrarem a mente de Lula, coisa que os colunistas de plantão parece que ainda não conseguiram.

Mas é simples.

Caso Lula se definisse pela continuidade de Aras, estaria indignando seus leitores em nome de quê? Para quê?

Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana? Claro que não.

Alguém imagina, indo mais a fundo, Aras blindando Lula, assim como fez com Bolsonaro? Será que Lula quer um PGR que se preste a esse papel? Afinal, Lula será um presidente com inúmeros crimes nas costas que precisará de um procurador-geral que arquive todos os processos contra ele?

Ademais, Lula não sabe que, uma vez reconduzido, Aras continuará trabalhando para Bolsonaro? Que passará toda e qualquer informação sigilosa ao capitão? Que, na primeira oportunidade, apunhalará Lula em caso de uma proposta de impeachment dos bolsonaristas? O presidente é macaco velho em política e não cairia nessa armadilha.

O que se passa na cabeça de Augusto Aras? Por que ele quer tanto continuar a ser PGR?

Porque ele ainda alimenta o sonho de ser ministro do STF, sua grande ambição, ora!

Mas durante o governo Lula? Obviamente, não. Primeiro, porque Lula indicará a partir de setembro um (a) substituto (a) para Rosa Weber que se aposentará. Segundo, porque não haveria motivos para essa indicação, pois ela premiaria um bolsonarista.

Aras trabalha com a hipótese remotíssima da volta de Jair Bolsonaro ao poder, talvez em 2026, caso consiga reverter a inelegibilidade, projeto praticamente impossível, embora não se possa descartar essa hipótese, uma vez que Nunes Marques substituirá Alexandre de Moraes na presidência do TSE. E aí só Deus sabe.

Caso Bolsonaro volte ao poder em 2026, Aras espera que seu chefe retribua os favores indicando-o para a vaga de Luiz Fux que se aposentará em 2028 ou de Cármem Lúcia que deixará a corte em 2029. Ainda haverá a chance de ocupar o lugar de Gilmar Mendes que se aposenta em 2030. É sua derradeira chance e é nela que ele se apega desesperadamente, mesmo que por pouco tempo, já que está com 64 anos.

Não nos deixemos enganar. Lula é extremamente experiente e perspicaz.

A grande imprensa pode falar o que quiser e o quanto quiser, mas Lula não reconduzirá Augusto Aras à PGR.

Podem esquecer!