quinta-feira, 27 de julho de 2023

Eles estão mesmo entre nós?

Por Fernando Castilho

Foto: reprodução Twitter

Ex-oficial da Força Aérea afirma no Congresso norte-americano que o governo mantém restos mortais não humanos.


Notícia curtinha publicada no Uol dá conta de que o ex-oficial de inteligência da Força Aérea dos Estados Unidos David Grusch, depondo em audiência sobre OVNIs no Congresso norte-americano afirmou que os EUA há décadas trabalham em engenharia reversa em veículos de origem alienígena para entender e replicar a tecnologia utilizada por eles.

Além disso, Grusch disse haver restos mortais não-humanos em poder do governo.

A febre por OVNIs, iniciada na década de 1940 com o caso Roswell, deu um tempo durante os últimos 20 anos e parece retornar com alguma força desde que balões foram abatidos por caças norte-americanos.

O governo dos EUA vem abrindo seus arquivos sobre avistamentos, notadamente os da força aérea, que permaneciam secretos dando gás a inúmeros livros e filmes de ficção científica, especulações e teorias da conspiração.

Este que escreve, por muito tempo também acreditou na possibilidade de estarmos sendo visitados por inteligências extraterrestre, mas, felizmente, a curiosidade sobre o tema obrigou-me a me aprofundar nas pesquisas sobre o tema e a compreender a mecânica do Universo para corroborar ou não das especulações.

Primeiramente é preciso lembrar que nossa civilização somente há apenas cerca de 100 anos vem sendo capaz de perscrutar o Universo através de telescópios, sondas e ondas de rádio e poderá, dependendo de como lidarmos com o planeta, durar mais outros 100 anos ou um pouco mais.

Essa janela de tempo é extremamente curta diante da idade do Universo que é estimada em 13,8 bilhões de anos. O que quero dizer é que teria de haver uma absurda coincidência encontrarmos outra civilização com uma janela um pouco maior, já que imaginamos que ela deva ter uma tecnologia mais avançada que lhe permita vencer enormes distâncias para chegar à Terra. E essa é outra questão.

Estima-se que o Universo tenha alguns sextilhões de planetas e um grande número deles com potencial para abrigar vida inteligente capaz de realizar viagens espaciais. Porém, as distâncias entre esses planetas são incomensuráveis.

Para se ter uma ideia, o planeta mais próximo da Terra, fora do Sistema Solar, é Próxima Centauri que não sabemos nem se é habitável, quanto menos capaz de ter vida inteligente.

Próxima Centauri dista 4 anos-luz da Terra. Isso equivale a dizer que sua distância é de cerca de 40 trilhões de quilômetros. Se a Terra fosse do tamanho de uma bola de futebol, proporcionalmente, sua distância até Próxima Centauri equivaleria a quase a distância são Paulo-Rio de Janeiro. Portanto, não haveria possibilidade técnica de empreender uma viagem como essa com a tecnologia que conhecemos hoje.

Mas poderia, hipoteticamente, haver uma saída e ela seria pela teoria do buraco de minhoca.

Quando você tem uma enorme distância a percorrer, se conseguir dobrar o espaço-tempo, teoricamente, poderia vencer essa distância.

Porém, como nem tudo são flores, para se construir um buraco de minhoca, seriam necessárias quantidades inimagináveis de energia, possivelmente maiores do que nosso Sol fornece.

Daí entramos na Escala de Kardashev que propõe que possam existir no Universo civilizações de 3 tipos:

Tipo I: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de um planeta. Obviamente, ainda não chegamos a este estágio.

Tipo II: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma estrela. Estamos muito longe de aproveitarmos toda a energia do Sol.

Tipo III: Uma civilização capaz de aproveitar toda a energia potencial de uma galáxia.

Sim, uma civilização capaz de viajar por um buraco de minhoca teria que ser do tipo III.

Então, teoricamente, há realmente a possibilidade, ainda que remota, de sermos visitados por seres alienígenas e isso quem crê na evolução da Ciência, não a pode negar.

Chegando neste ponto, não temos como fugir da pergunta: uma civilização avançada até onde nós não somos capazes de compreender, enviaria balões ou discos voadores à Terra? E para quê?

Além disso, como aceitar que esses dispositivos se deixariam ser abatidos por nossa tecnologia extremamente inferior? Faz sentido? Eles não disporiam de sistemas de segurança, ainda que passivos?

Não seria uma desobediência de protocolo de um povo alienígena permitir que sua nave seja abatida causando a morte de seus tripulantes e a possibilidade de que sua tecnologia seja desvendada pelos terráqueos que certamente a utilizariam para fins não pacíficos? E quais seriam as consequências desse ato? Deixariam por isso mesmo, ou revidariam?

Mas, como às vezes o inesperado faz uma surpresa, como diz a música de Johnny Alf e João Gilberto, se for verdade o relatado por David Grusch, um simples exame de DNA nos restos mortais ditos não-humanos poderá trazer uma verdade à tona e desfazer todas essas reflexões.

A aguardar.


terça-feira, 25 de julho de 2023

Responda rápido, sem pensar: quem matou Marielle?

Por Fernando Castilho

Imagem: Wikipedia


É certo que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que já descobriu? Será que são quem nós pensamos?


Lula nem bem revelou uma proposta de aumento de pena para quem agredir autoridades que passariam, em casos mais graves, para de 20 a 40 anos de reclusão e a grande imprensa já começou as críticas. A julgar pelo Uol, que entrevistou alguns juristas e advogados sobre o assunto, a ideia é punitiva demais.

Trata-se da típica e tradicional reação a cada vez que alguém sugere punição rigorosa a crimes que se confundem com liberdade de expressão. O brasileiro parece padecer de uma síndrome, a do homem cordial, como escreveu Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil ou do “brasileiro é muito bonzinho”, como dizia a atriz norte-americana radicada no Brasil, Kate Lyra em A Praça é Nossa.

Foi essa síndrome que nos impediu de condenar os militares pelos crimes cometidos durante a ditadura. O bolsonarismo e todos os seus males cometidos contra o povo do país por duros quatro anos é fruto dessa omissão.

Sabemos que a grande mídia teme o sucesso absoluto do governo Lula, buscando uma alternativa de direita mais moderada, mas também fica claro que se não aparecer um nome (Tarcísio de Freitas parece preferir disputar a reeleição em São Paulo), ela vai de Bolsonaro mesmo ou quem ele apoiar em 2026 e 2030.

É por isso que seu Jair é tão poupado hoje em dia, mesmo sem poder e inelegível. E é por isso que ele não é citado nos noticiários sobre o assassinato de Marielle Franco.

O ex-PM e miliciano Élcio Queiroz decidiu fazer delação premiada admitindo que foi ele quem dirigiu o carro e que foi Ronnie Lessa quem assassinou a vereadora e seu motorista Anderson Gomes.

É certo, porém que esses dois não são os mandantes do crime, mas a Polícia Federal pode estar perto de descobrir o nome ou os nomes. Será que são quem nós pensamos?

Não pretendo que a grande mídia saia por aí responsabilizando levianamente a familícia Bolsonaro, mas não deveria se furtar a relembrar algumas informações “esquecidas” durante os cinco anos que se passaram.

No dia da morte de Marielle e Anderson, Élcio fez uma visita às casas de Ronnie Lessa e de Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra. Carluxo estava em casa. Também havia inúmeras ligações telefônicas da casa de Ronnie para a de seu Jair.

Além disso, o porteiro do condomínio havia dado várias informações à PF, inclusive registros da câmera e horários da visita. Chegou até, em depoimento, a afirmar que a autorização para Élcio entrar foi dada pelo “seu Jair”. Jair Bolsonaro alegou que estava em Brasília naquele momento. Sergio Moro, então ministro de Bolsonaro, deu um cala boca no porteiro ameaçando-o com a Lei de Segurança Nacional e ele acabou sumindo. Curiosamente, a grande mídia, que havia começado a investigar o caso, se desinteressou e não mais falou no assunto.

Quem seria beneficiado diretamente pela morte de Marielle? A vereadora estava em campanha para o senado e vinha bem nas pesquisas, mas com sua morte, Flávio Bolsonaro foi quem se elegeu.

Ao longo dos quatro anos de governo, Bolsonaro, a cada vez que a investigação começava a avançar, trocava o delegado responsável, obstruindo a justiça, mas a grande mídia nunca se importou com isso.

Nossa imprensa, na verdade, considera a página já virada. Para que falar de Marielle? O ministro Flávio Dino, na manhã da segunda-feira (24), deu entrevista coletiva em que revelou a delação premiada de Élcio Queiroz, uma notícia bombástica, mas o Uol só foi noticiar no começo da tarde. Há uma dificuldade enorme em sequer dizer que há vários indícios de ligação da familícia Bolsonaro com o crime cometido.

Há até, na grande imprensa, quem já esteja aventando a possibilidade de que o crime foi cometido somente para agradar Carluxo. Ridículo!

Flávio Dino afirmou que as investigações agora se colocam em outro patamar, o que pode significar que até já haja informações sobre quem é ou são os mandantes e é lógico que a polícia deve estar trabalhando com a hipótese mais provável, qual seja, a de que a familícia está ao menos envolvida, afinal, onde há fumaça há fogo e neste caso, há um grande incêndio. Porém, é preciso antes juntar provas para não incorrer em erro que dê margem a contestações. Quando isso for divulgado, a grande imprensa terá que noticiar o fato, mesmo que a contragosto.


segunda-feira, 24 de julho de 2023

De olho no lance

Por Palas Atena

Imagem: reprodução Internet


No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.


Na semana passada, a PF indeferiu pedido de Carluxo para renovar autorização de porte de arma. Ele agora não pode mais andar com a pistola 9 mm que tem, como miliciano que é.

As razões não ficaram muito claras. Mas hoje a PF desencadeou operação para prender mais um participante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e cumprir mandado de busca e apreensão em mais sete endereços de envolvidos no crime.

Pouco tempo depois de federalizar a investigação no governo Lula, a PF comandada pelo ministério de Flávio Dino já mostra resultados. Fez acordo de delação com Élcio Queiroz, que confessou ter dirigido o carro onde estava Ronnie Lessa, o responsável pelos disparos que mataram Marielle e seu motorista Anderson.

Alguns fatos relevantes:

- Em 2018, ano de seu assassinato, Marielle fazia parte da Comissão na Câmara que investigava os abusos da intervenção militar no RJ e a relação com as milícias. O responsável pela intervenção, nomeado pelo golpista Michel Temer, foi o general Braga Netto que, na época do assassinato, disse já saber quem tinha mandado matá-la. Tempos depois, não falou mais nisso e ganhou um cargo relevante no desgoverno do genocida.

- Marielle seria candidata ao Senado, forte concorrente à vaga em disputa com Flávio Rachadinha Bolsonaro.

-Em 14 de março de 2018, exatamente no dia da morte de Marielle e Anderson, o hoje delator Élcio fez uma visita ao condomínio vivendas da barra, onde moram o genocida e Ronnie Lessa. Ele foi à casa 58, de propriedade do genocida, então deputado Federal.

- No dia da morte de Marielle, minutos após o assassinato, Carluxo postou, nas redes sociais, foto segurando uma arma e um vaso de flores. Sorrindo, fez um gesto como que oferecendo as flores a alguém.

- Nas quebras de sigilo telefônico dos assassinos, havia uma quantidade absurda de telefonemas entre a casa de Ronnie Lessa e a casa do genocida. Para justificar esses telefonemas, a familícia inventou que o filho 04, Jair Renan, namorava a filha de Ronnie Lessa. Só que, na época, essa menina morava nos EUA.

- Há ainda aquela história do porteiro do vivendas da barra que confirmou a ida de Élcio à casa do genocida no dia do assassinato. Quando a história vazou, o marreco de Maringá, então ministro da justiça, perseguiu o porteiro e deu sumiço nele.

São muitas, muitas as evidências e provas que ligam o assassinato de Marielle e Anderson à familícia. Pode ser que agora a PF descubra o(s) mandante(s). E, como mais uma prova de que o genocida tem tudo a ver com o caso, os nomes de Adélio e Celso Daniel já estão sendo impulsionados no twitter para manobra diversionista sobre as revelações de hoje. Sempre que algum crime da familícia vem à tona, os bozofascistas acionam esses nomes nas redes sociais.

A ver cenas dos próximos capítulos desse crime hediondo contra uma das mais promissoras políticas deste país, que teve sua vida apagada por um bando de miliciano.

 


domingo, 23 de julho de 2023

Se o Universo está repleto de vida, onde está todo mundo?

Por Fernando Castilho


Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.


Em meu livro, Um Humano Num Pálido Ponto Azul, editora Mindrongo, abordo várias questões de ordem filosófica, antropológica, sociológica, mas também científica.

Um dos capítulos se chama HOMO EXTINCTUS e aborda a origem da vida na Terra e o risco de extinção que atualmente estamos correndo. Há também outras questões.

Uma das questões a serem respondidas pela Ciência é se já fomos visitados por alguma outra forma de vida alienígena. Se temos em um dos universos possíveis, um número infinito de planetas que suportam a vida em sua gigantesca variedade, podemos pelo menos não aceitar como verdade absoluta que nunca tenhamos sido ou venhamos a ser visitados.

O paradoxo de Fermi cria uma grande dúvida em nossas mentes: se existem tantas galáxias no Universo e se em cada uma delas existem tantas estrelas e se orbitando cada uma delas pode haver certo número de planetas e se em algum desses planetas existe vida e se em certa porcentagem desses planetas com vida pode haver vida inteligente, por que ainda não recebemos informações desses seres? Fermi teria perguntado certa vez: “onde está todo mundo?”

A resposta pode ter a ver com o tempo e o espaço. As distâncias são tão grandes que somente uma tecnologia muito avançada poderia vencê-las. Nossa civilização tem somente cerca de 6 mil anos, atingiu um certo grau de Ciência e tecnologia apenas nos últimos séculos, que nos permite até enviarmos uma sonda ao distante planeta anão, Plutão, mas por sermos a única conhecida, não temos referências quanto ao tempo que outras possíveis civilizações costumam durar até se extinguirem.

Pode ser que antes de conseguirem realizar o sonho de vencer grandes distâncias, as civilizações se extingam como se tivessem um prazo de validade. Hoje percebemos que inúmeras ameaças já nos rondam aqui na Terra e o risco de extinção só aumenta. Portanto, antes que consigamos um motor de dobra espacial para saltarmos a Alpha Centauri, a estrela mais próxima de nós além do Sol, distante 4 mil anos-luz, deixemos de existir.

Outra possibilidade é que simplesmente outras formas de vida não tenham ainda conseguido evoluir para sociedades organizadas e tecnológicas, como nossos seres microscópicos ou como nossos animais. Pode-se também especular que outras civilizações, diferentemente de nós, simplesmente não tenham interesse em explorar outros mundos.

Além disso, a Hipótese da Floresta Negra também deve ser considerada. Caso você viva perto de uma floresta escura, se decidir se aventurar por ela numa noite sem Lua, temendo que animais selvagens o ataquem, o mais prudente é ficar quieto e não fazer barulho para não chamar a atenção. Vários animais, temendo seus predadores, também fazem isso.

Caso uma civilização já tenha dominado a tecnologia de enviar mensagens ao espaço, pode ser mais prudente não o fazer, pois se o sinal for captado por outras civilizações a possibilidade de predação existe, afinal, a cobiça por minerais e fontes de energia pode ser muito grande por quem já exauriu seu planeta. Portanto, como afirmou Stephen Hawking, é melhor ficar quieto.

Um dos fatos que ainda intriga os cientistas é o sinal Wow!

O  Wow! foi um forte sinal de rádio recebido em 1977, pelo radiotelescópio Big Ear nos Estados Unidos. O astrônomo Jerry R. Ehman descobriu a anomalia alguns dias depois, quando estava revisando os dados registrados. Ele ficou tão impressionado que circulou a leitura na impressão do computador, "6EQUJ5", e escreveu o comentário "Wow!" no lado.

Toda a sequência de sinais durou a janela completa de 72 segundos durante a qual o Big Ear foi capaz de observá-la, mas nunca mais foi detectado. Muitas hipóteses foram criadas para explicar a origem do sinal, incluindo formas naturais e feitas por humanos, mas nenhuma delas explicou adequadamente o sinal.

Seria o sinal Wow! Originário de uma civilização extraterrestre tentando se comunicar com alguma outra?

Ehman não respondeu ao sinal, mas é possível que seu emissor seja capaz de detectar o recebimento da mensagem aqui na Terra.

Mas qual o risco?

O planeta mais próximo da Terra, além daqueles que compõem nosso Sistema Solar circunda uma estrela chamada Próxima Centauri, distante 4 mil anos-luz de nós. Caso o recebimento do sinal tenha sido detectado, revelando nossa existência e localização, teria que percorrer 4 mil anos para chegar ao planeta. Atenção: é o planeta mais próximo de nós. Qualquer outro dista muitos mais anos-luz.

Passados 4 mil anos do sinal Wow!, isto é, em 5977, os possíveis habitantes de Próxima Centauri, caso ainda existissem, teriam que se deslocar por milhares de anos com suas naves para chegar à Terra e nos sobrepujar.

O receio de Stephen Hawking só se justificaria caso civilizações altamente tecnológicas fossem capazes de viajar por buracos de minhoca para aqui chegar.

Portanto, o que podemos concluir é que certamente não estamos sozinhos no Universo, mas talvez impossibilitados de conversar com nossos vizinhos.

 


sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que a Inteligência Artificial está fazendo com os Beatles e Elis Regina?

Por Fernando Castilho

Trabalho gráfico de Alper Yesiltas utilizando Inteligência Artificial e outros programas

Uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.


Em 1994 os remanescentes dos Beatles, Paul, George e Ringo, se reuniram para gravar algumas músicas que John Lennon havia deixado como demo em um gravador doméstico. Após esse trabalho, decidiram lançar somente duas músicas, Free as a Bird e Real Love, que seriam as últimas do quarteto. Como o som de Lennon estava ruim, tiveram que fazer um esforço para subtrair ruídos, além de fazer arranjos típicos dos Beatles.

Uma das músicas de Lennon, Now and Then, não foi incluída porque foi considerada ruim, principalmente por George. A última fase de John, antes de sua morte, não pode ser considerada das mais criativas.

Naquela época nem se cogitava que a ainda inexistente Inteligência Artificial pudesse promover milagres. Mas Paul McCartney percebeu a possibilidade de gravar essa última música utilizando justamente a IA que, no caso, só serviria para “limpar” a voz de Lennon sem mudar absolutamente nada.

E foi assim que surgiu a “nova” música dos Beatles. A guitarra do falecido George, gravada ainda em 1994, foi incluída, assim como a bateria de Ringo.

O resultado, com os típicos arranjos à la Beatles, é bom, embora, insisto, a música não é lá essas coisas.

Após isso, tem aparecido no YouTube alguns outros “milagres” utilizando a IA.

Ouvi duas músicas de McCartney, Band on the Run e Uncle Albert, na voz de Lennon, com resultados muito ruins. A IA talvez ainda não tenha aprendido como John Lennon se comportaria ao cantar músicas de Paul McCartney.

Há também uma gravação com a voz de Elis Regina cantando Nos Bailes da Vida, de Milton Nascimento. Ela nunca gravou essa música e, caso pudesse ouvi-la, acho que ficaria vermelha de raiva qual uma pimentinha. Pela primeira vez ouvi Elis desafinar e sair do tom.

Pode parecer divertido ouvir essas gravações, mas elas representam alguns perigos.

Primeiro, para quem conhece Beatles e Elis Regina, pode ser realmente interessante, mas para quem não conhece e está apenas começando a tomar conhecimento dos artistas, soa como fraude, já que serão enganados.

Pensando por outro lado, uma IA altamente desenvolvida poderá, num futuro bem próximo, produzir vídeos e áudios em que até peritos tenham dificuldade em atestar sua veracidade.

Provas de crimes poderão ser adulteradas enganando o sistema judiciário.

Tomemos como exemplo as três pessoas que agrediram com palavras o ministro do STF, Alexandre de Moraes e que desferiram um tapa em seu filho.

Um dos agressores, Alex Zanatta, apresentou à PF um vídeo gravado por ele, mostrando a reação do ministro, mas cortou a parte em que ele foi agredido.

Caso Zanatta tivesse feito uso de uma IA, o vídeo não poderia ser considerado autêntico por um perito e, por isso, jamais poderia ser considerado como prova. De qualquer forma, nesse caso, a prova definitiva virá das câmeras do aeroporto.

Outro exemplo são as gravações da Vaza Jato tornadas a público pelo hacker Walter Delgatti. Se ele tivesse a oportunidade de na época ter usado a IA, essas gravações jamais poderiam ter sido usadas para que o STF considerasse o ex-juiz Sergio Moro suspeito e cancelasse todos os processos contra Lula. Uso esses exemplos para demonstrar o risco que nosso sistema jurídico poderá correr daqui para frente.

A IA é um avanço da tecnologia e não pode ser renegada por quem não é conservador, mas, como em qualquer novidade, é preciso que seja usada para o bem, além de ser necessário que se criem mecanismos para conter abusos.

Como disse Lula, o que é crime na vida real, é crime na vida digital.

Ah, ainda prefiro ouvir Beatles e Elis no original.


Link para Band on the Run com John Lennon: 

https://www.youtube.com/watch?v=Qo6e_DrhxZU

Link para Uncle Albertt com John Lennon:

https://www.youtube.com/watch?v=7QNBDcY85ds

Link para Nos Bailes da Vida com Elis Regina:

https://www.youtube.com/watch?v=8xZJc2AzupQ






Augusto Aras, PGR de de Lula? Esqueçam!

Por Fernando Castilho


Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana?


O mandato de Augusto Aras, o procurador-geral da República e títere de Jair Bolsonaro, termina em setembro e, claro, é hora de várias especulações por parte da grande imprensa e também da alternativa em torno do nome que Lula escolherá para substituí-lo.

Segundo a grande mídia, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa, ambos baianos como Aras, lideram uma corrente que propõe que Lula dê mais 2 anos ao PGR.

O presidente vem afirmando que não é obrigado a escolher um nome dentro de uma lista tríplice de procuradores que o próprio ministério público apresenta, mas isso não garante que ele não o faça.

O fato notório é que Augusto Aras, ao longo de 4 anos à frente da PGR, traindo o que respondeu à sabatina do Senado e traindo o presidente e o relator da CPI da Covid-19, quando prometeu levar adiante o relatório, serviu como escudo a praticamente todos os processos que lhe chegaram às mãos que poderiam incriminar Jair Bolsonaro junto ao STF. Portanto, não há como imaginar que Lula o reconduza.

É difícil pensar nos motivos que moveriam a grande mídia para iniciar uma espécie de lobby para que Lula se defina por Aras, mas parece evidente que há um movimento para isso.

Só está faltando decifrarem a mente de Lula, coisa que os colunistas de plantão parece que ainda não conseguiram.

Mas é simples.

Caso Lula se definisse pela continuidade de Aras, estaria indignando seus leitores em nome de quê? Para quê?

Alguém imagina Aras passando uma borracha em tudo e assumindo desta vez uma postura republicana? Claro que não.

Alguém imagina, indo mais a fundo, Aras blindando Lula, assim como fez com Bolsonaro? Será que Lula quer um PGR que se preste a esse papel? Afinal, Lula será um presidente com inúmeros crimes nas costas que precisará de um procurador-geral que arquive todos os processos contra ele?

Ademais, Lula não sabe que, uma vez reconduzido, Aras continuará trabalhando para Bolsonaro? Que passará toda e qualquer informação sigilosa ao capitão? Que, na primeira oportunidade, apunhalará Lula em caso de uma proposta de impeachment dos bolsonaristas? O presidente é macaco velho em política e não cairia nessa armadilha.

O que se passa na cabeça de Augusto Aras? Por que ele quer tanto continuar a ser PGR?

Porque ele ainda alimenta o sonho de ser ministro do STF, sua grande ambição, ora!

Mas durante o governo Lula? Obviamente, não. Primeiro, porque Lula indicará a partir de setembro um (a) substituto (a) para Rosa Weber que se aposentará. Segundo, porque não haveria motivos para essa indicação, pois ela premiaria um bolsonarista.

Aras trabalha com a hipótese remotíssima da volta de Jair Bolsonaro ao poder, talvez em 2026, caso consiga reverter a inelegibilidade, projeto praticamente impossível, embora não se possa descartar essa hipótese, uma vez que Nunes Marques substituirá Alexandre de Moraes na presidência do TSE. E aí só Deus sabe.

Caso Bolsonaro volte ao poder em 2026, Aras espera que seu chefe retribua os favores indicando-o para a vaga de Luiz Fux que se aposentará em 2028 ou de Cármem Lúcia que deixará a corte em 2029. Ainda haverá a chance de ocupar o lugar de Gilmar Mendes que se aposenta em 2030. É sua derradeira chance e é nela que ele se apega desesperadamente, mesmo que por pouco tempo, já que está com 64 anos.

Não nos deixemos enganar. Lula é extremamente experiente e perspicaz.

A grande imprensa pode falar o que quiser e o quanto quiser, mas Lula não reconduzirá Augusto Aras à PGR.

Podem esquecer!

 

 

 



quarta-feira, 19 de julho de 2023

Se houvesse alguns milhares de Mantovanis em 7 de setembro de 2021, o golpe teria sido um sucesso

Por Fernando Castilho

Reprodução: Internet


Desde a madrugada, apoiadores de Jair Bolsonaro tentaram, sem sucesso, se aproximar do STF. Às 4h30, havia um grupo grande de bolsonaristas aglomerado em frente a uma barreira de 50 policiais que os contiveram.


O assunto 7 de setembro de 2021, o dia da primeira tentativa de golpe, ainda não se esgotou e é preciso que não seja esquecido pela justiça brasileira.

Vamos relembrar os terríveis fatos que ocorreram naquele dia para embasar a tese de que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional foram no mínimo pusilânimes ao não agirem em conjunto para conter a grande ameaça ao regime democrático que, por pura sorte, não se concretizou.

A manifestação realizada na manhã da terça-feira (7/9) na Esplanada dos Ministérios reuniu cerca de 105 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal. O ato contou com cidadãos vindos de diversas partes do Brasil. Na ocasião, inicialmente, as principais reivindicações do grupo foram a adoção do voto impresso e a destituição de ministros do STF, o que já era gravíssimo, mas não foi visto como uma tentativa de golpe de estado.

Desde a madrugada, apoiadores de Jair Bolsonaro tentaram, sem sucesso, se aproximar do STF. Às 4h30, havia um grupo grande de bolsonaristas aglomerado em frente a uma barreira de 50 policiais que os contiveram. Vendedores ambulantes, entretanto, permaneceram no local comercializando produtos, como bandeiras, água e camisetas.

Caminhoneiros vindos de todo o país conseguiram entrar na Esplanada dos Ministérios causando forte tensão e criando um clima perigoso de confronto. A própria mídia noticiou em tempo real as pessoas chegando à Esplanada, mas em nenhum momento ligou o fato a uma tentativa golpista.

Pela manhã, o capitão sobrevoou a Esplanada em helicóptero militar, acompanhado de ministros do governo e do deputado federal Eduardo Bolsonaro. O mandatário acenou para os manifestantes que pediam intervenção militar, enquanto a aeronave passava pela Praça dos Três Poderes e pela Esplanada dos Ministérios, fato gravíssimo que, por si só, já demonstrava as intenções golpistas do capitão.

Bolsonaro desfilou ainda pelas ruas em uma caminhonete aberta e depois discursou aos apoiadores em tom de ameaça: “[O Judiciário] pode sofrer aquilo que não queremos”.

“Juramos respeitar a nossa Constituição. O ministro específico do STF perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal. Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica continue paralisando a nossa nação. Não podemos aceitar. Ou esse poder [Judiciário] pode sofrer aquilo que nós não queremos. Sabemos o valor de cada poder da República”, assinalou. Estava claro que o capitão ameaçava Alexandre de Moraes e tentava insuflar seus seguidores para, num crescendo, criar as condições para um golpe.

Grupos então tentaram romper os bloqueios montados para proteger o STF e o Palácio do Itamaraty. Grades de isolamento foram derrubadas, e houve confusão e registro de um ferido no confronto. A Polícia Militar do Distrito Federal precisou usar spray de pimenta para conter os manifestantes. E conseguiu.

Bolsonaro afirmou que iria se reunir com o Conselho da República no dia seguinte. Compete ao conselho pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. O anúncio da convocação, entretanto, surpreendeu autoridades, mas não houve uma reação por parte da mídia e das instituições a essa fala claramente golpista.

Os atos de apoio a Bolsonaro, por intervenção militar e contra o STF foram organizados em diversas cidades Brasil afora e tudo foi mostrado pelas TVs.

Mas a maior parte dos manifestantes se concentrou em São Paulo com caravanas vindas de diversos locais do país. Segundo a estimativa oficial da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, passaram cerca de 125 mil manifestantes pela avenida Paulista naquele domingo.

Foi em São Paulo que Bolsonaro elevou o tom de golpismo, que já estava presente em seu discurso em Brasília. Ele questionou a urna eletrônica e as eleições, citou novamente o voto impresso (que já havia sido rejeitado pelo Congresso) e disse que não poderia "participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)".

"Só saio preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."

Bolsonaro criticou o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, sem citá-lo nominalmente. "Não é uma pessoa no Tribunal Superior Eleitoral que vai dizer que esse processo é seguro, usando a sua caneta para desmonetizar páginas que criticam esse sistema de votação", disse ele, em referência a decisões da Justiça contrárias a bolsonaristas que espalharam notícias falsas sobre as eleições.

"A paciência do nosso povo já se esgotou! Nós acreditamos e queremos a democracia! A alma da democracia é o voto! E não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece segurança", afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro concentrou suas críticas ao STF na figura do ministro Alexandre de Moraes, que havia determinado na segunda-feira (5/9) a prisão de apoiadores do capitão que publicaram ameaças ao tribunal e a seus membros.

"Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil", disse Bolsonaro.

"Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República", completou Bolsonaro, conclamando o presidente do STF, Luiz Fux, a interferir nas decisões de Moraes, algo que seria inconstitucional.

Em São Paulo, o capitão citou Moraes nominalmente e o chamou de "canalha", dizendo:"não posso mais admitir" que ele "continue açoitando o povo brasileiro."

Bolsonaro jogou suas cartas naquele 7 de setembro de 2021. Se houvesse um bom número de Mantovanis dispostos a bater em Barroso e Moraes, o golpe poderia ter se concretizado.

O ex-presidente estava decidido a dar a ordem, mas a não deu porque já devia ter sido informado pelo alto comando do exército que, caso os milhares de Mantovanis presentes em Brasília e nas capitais do país partissem para as depredações a exemplo do que os golpistas fizeram em 8 de janeiro de 2023, seriam contidos e não haveria adesão das forças Armadas.

O que aconteceu em seguida? Aos poucos, muitos seguidores e pessoas que compareceram ao que deveria ser uma festa cívica de comemoração ao Dia da Independência, perceberam o que estaria por vir, sentiram medo, ficaram decepcionados e foram se retirando. À tarde, em Brasília, havia menos da metade do público presente pela manhã. A tentativa de golpe foi frustrada.

No final da tarde veio o grande espetáculo da vergonha.

Bolsonaro, alertado por seus generais mais próximos, Ramos, Braga Netto e Heleno, de que o golpe havia fracassado e que, em retaliação, Alexandre de Moraes poderia mandar prender o 02, Carluxo, decidiu, por intermédio de Michel Temer, escrever uma carta ao ministro, a quem havia pela manhã chamado de canalha, para pedir-lhe desculpas.

Olha, eu poderia ter um ídolo na mais alta conta, mas, caso ele tomasse uma atitude como essa, trataria de execrá-lo na hora. Infelizmente, a patuleia que ainda seguia seu Jair, absorveu resignadamente a vergonha e tudo foi esquecido no dia seguinte. Preferiram achar que tudo fazia parte de uma estratégia de seu mito. Nem o Conselho da República foi reunido, como prometeu Bolsonaro.

Após aquele episódio, resta o “se”.

Se o capitão tivesse conseguido dar o golpe em 7 de setembro de 2021, não teríamos tido eleições em 2022 e Lula estaria preso ou até morto. Luís Barroso e Alexandre de Moraes poderiam estar presos. O STF, fechado com um cabo e um soldado e os parlamentares não bolsonaristas, cassados e presos. Parte dos jornalistas da grande mídia e da mídia alternativa, presos ou exilados. E teríamos, não 4 anos de governo do capitão, mas uma ditadura sem prazo para acabar.

Mas, se as instituições tivessem reagido mais fortemente, talvez Bolsonaro tivesse sido deposto e preso já naquele dia - o que seria o mais correto – e a tentativa de golpe de 8 de janeiro nem ocorresse. O Brasil teria sido poupado de mais um ano de desgoverno. Mas uma reação forte não tivesse sido possível porque faltava, à época, a forte liderança de um presidente eleito democraticamente, como Lula.

Portanto, para encerrar, Bolsonaro não deve ser condenado pelo crime que dizimou milhares de vidas na pandemia, somente. Ele tem que ser preso por tentar o golpe já naquele 21 de setembro de 2021!

Que o STF não fraqueje diante da enxurrada de ações que estão tramitando.

Que a velha característica de nosso povo de colocar uma pá de cal sobre o assunto e virar a página, não seja cogitada desta vez.

E que não se hesite em dar a esse golpista que tanto mal fez ao país, a pena máxima.


terça-feira, 18 de julho de 2023

Bolsonaro parece morto, mas o bolsonarismo sobrevive

Por Fernando Castilho



O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguem um reles bandido?


O ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi alvo de agressões verbais no aeroporto de Roma na sexta-feira, 14. Justo quem?

Os xingamentos partiram inicialmente de uma mulher que o chamou de bandido, comprado e comunista. O filho de Moraes teria levado um tapa de um dos agressores.

Embora, em depoimento à Polícia Federal, os três neguem, é quase certo que o crime foi realmente cometido. As câmeras do aeroporto dirão.

Persiste a necessidade de uma análise sociológica e psicológica profunda dessa extrema-direita que ficou órfã de Jair Bolsonaro. É incompreensível que ousem admoestar justamente o ministro que tem prendido tantos golpistas. Essa insanidade se compara ao ato de implorar a ajuda de Ets e à oração a um pneu.

O capitão morte já deu inúmeras mostras de que não é nenhum mito, mas apenas um praticante de delitos como rachadinhas, roubo de joias, insuflador de golpes e por aí vai. Como ainda seguir um reles bandido?

Bolsonaro é como a Covid que tanto desprezou. Já foi embora, mas as sequelas ainda permanecem e talvez demorarão a passar.

O ato de molestar verbal ou fisicamente autoridades é prática comum entre os fascistas que não toleram o pensamento diferente. Vejam que a mulher chamou Moraes de comunista, talvez porque tenha cumprido a legislação eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos e por cumprir a Constituição prendendo malfeitores que insistem em cometer crimes.

Esse comportamento sempre existiu no Brasil, porém, começou a ser mais frequente quando o ex-ministro Guido Mantega foi agredido verbalmente no hospital em que sua esposa, paciente com câncer, se encontrava internada.

Dilma Rousseff também sofreu agressões verbais nos EUA por parte de um homem que chegou a ameaçá-la de morte.

Mas a esquerda também cometeu seus erros.

O ex-juiz Sergio Moro também foi xingado por petistas no que se passou a chamar de “esculacho”. O esculacho seria um eufemismo para práticas fascistas?

É claro que quando autoridades que cometem crimes e permanecem impunes não passam despercebidas pelas pessoas que se sentem aviltadas pelos altos impostos que pagam e que lhes são surrupiados. Mas há uma diferença gritante entre Alexandre de Moraes, um magistrado que vem cumprindo as leis e Sergio Moro, um juiz parcial que, movido por vários interesses financeiros e de poder, condenou e prendeu o candidato que teria vencido Bolsonaro com facilidade em 2018.

Vem agora a lembrança da fala do ministro lavajatista do STF, Luís Roberto Barroso no congresso da UNE, em que afirmou que “derrotamos o bolsonarismo”.

Ora, ministro, o bolsonarismo só existe por causa de Lava Jato e de seus protagonistas maiores, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, justamente aqueles que vossa senhoria tanto admirava.

Barroso ajudou a criar o monstro bolsonarismo e agora vem dizer que ajudou a derrotá-lo.


segunda-feira, 17 de julho de 2023

Um olho vagueia num bolso

Por Jarbas Capusso Filho


"Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas tira"


Semana passada, a dublê de primeira-dama, Michelle (significado: aquela que fala em línguas e mata carpas) esteve no trending topics do Twitter. Por que apresentou um programa político para o país, pautas específicas para as áreas de educação, moradia, saúde, economia, etc.? Não. Mesmo porque, por ser uma bolsonarista raiz, não existe a menor possibilidade. Ela foi tão citada porque se valeu, mais uma vez, de pirotecnia, do bizarro e do sensacionalismo que é tão peculiar ao bolsonarismo, o mundo cão, aquela vibe bem notícias populares. 

Esta semana, num evento para mulheres do PL, (mulheres do PL, nunca deveria estar na mesma frase) Michelle Bolsonaro pediu à deputada federal Amália Barros (PL-MT) para tirar a sua prótese ocular no palco, na frente de todos, gerando um constrangimento calculado, impactante e muito desconforto. Afinal, para que tudo isso? Notícia! E não bastasse a deputada tirar a própria prótese ocular, a ex-primeira-dama a coloca no próprio bolso!

"Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que seu trabalho é esse, amiga, mas tira", disse uma Michelle metendo um Jacinto Figueira Junior (o homem do sapato branco) de frente. Não via coisa assim desde o famigerado O Povo na TV.

Sorrindo o seu melhor sorriso amarelo e fazendo uma esforçada cara de azulejo, a exposta deputada balbuciou: "ela sempre faz isso, e eu ainda não aprendi a vir sem prótese". Ou seja, denunciou que o freak show de Michelle já é vaca fria. Lembram das centenas de imagens de um pretenso moribundo, Bolsonaro, no leito de um hospital? A fakeada? Sua última foto exibindo uma pança mal ajambrada, com suas cicatrizes de IML? Percebem que é o mesmo método? Causar. Causar de tal forma que a ausência do debate político, o debate de ideias e projetos, fique esquecido pela patuleia, como nas arenas romanas, excitadas com o sangue e o circo. Porém, um pão e circo piorado. Porque uma coisa que o bolsonarismo não entrega, é justamente o pão.

Michelle é infinitamente mais perigosa e perniciosa que o seu conje, Bolsonaro. Parece que tem mais capacidade sináptica que ele e, ainda, passa por uma evangélica fervorosa. Valdemar, já a vê como candidata. Eu? Eu não duvido de mais nada!


Enganando jornalistas enganados

Por Josué Rodrigues Silva Machado


“A ignorância não duvida porque desconhece que ignora”.


O homem continua tentando responder à pergunta fundamental de Pôncio Pilatos ao bom Jesus: "O que é a verdade?"

Em página inteira, o jornal publicou o seguinte título:

“Enganar jornalistas é fácil, diz cientista.”

E abaixo, no subtítulo:

“Americano publica artigo falso para mostrar que imprensa não avalia robustez estatística antes de divulgar estudos.”

Pois é, “americano publica artigo falso...”, diz o subtítulo da notícia sobre a “descoberta” do doutor em biologia molecular John Bohannon de que é fácil enganar jornalistas.

Claro que Bohannon espera que o jornalista competente submeta a informação técnica recebida a outros especialistas da área. Ou confirme de algum modo se os dados inusitados que recebeu têm fundamento – coisa essencial, principalmente em questões científicas.

Mas essas questões básicas em jornalismo não importam aqui e, sim, a afirmação do subtítulo de que “americano publica artigo falso”.

Por que artigo falso?

Tolice das grandes!

Claro que o artigo não é falso. Ele existe, e o Bohannon o gerou e publicou. Se o escreveu e publicou, é verdadeiro, coisa óbvia. Falsa foi a premissa do texto-pegadinha: ele baseou o artigo em fundamentos falsos, usou argumentação fictícia para enganar os distraídos jornalistas.

Fez o que fazem os hackers, os mistificadores e muitos políticos. (Aliás, mistificador não fica bem como sinônimo de político? Pelo menos da maioria do nível de Boçalnato, Arthur Lira e muitos outros.)

Outro texto verdadeiro, mas baseado em premissa falsa, foi o publicado já faz tempo em “Veja” com a acusação de que o senador Romário tinha 7,5 milhões de reais não declarados no Banco BSI suíço. A reportagem foi chamada de falsa.

Por que falsa?

Romário foi à Suíça comprovou a falsidade do extrato bancário e passou a exigir uma gorda bufunfa dos responsáveis pela revista como indenização por danos morais.

Foi, portanto – para ser bem óbvio --, um texto verdadeiro, porque alguém o escreveu e publicou, mas baseado em documento falso – coisinha das mais feias.

Onde está a verdade? Que é a verdade?

E daí? Daí que é fácil se enganar com a certeza fácil, porque, como disse o Marquês de Maricá abraçado a Sócrates:

“A ignorância não duvida porque desconhece que ignora”.

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(Para a revista "Língua Portuguesa")


quinta-feira, 13 de julho de 2023

Após a CPMI, Mauro Cid ganhará mais uma medalha?

Por Fernando Castilho

Reprodução: redes sociais


Quando ouvia questões acerca da destruição de sua brilhante carreira no exército, havia um sutil esboço de sorriso em seus lábios. Cinismo?


Na última terça-feira, 11, o tenente-coronel Mauro Cid deveria depor na CPMI dos atos golpistas. Compareceu, mas não respondeu a nenhuma pergunta dos deputados e senadores, munido de um habeas-corpus da ministra do STF, Carmem Lúcia.

A deputada Jandira Feghali, à certa altura, decidiu testar Mauro Cid ao perguntar sua idade. Naturalmente, o habeas-corpus serviria apenas para que ele não respondesse a perguntas que pudessem incriminá-lo, mas esta certamente não o comprometeria em nada. Mesmo assim, ele se recusou a responder.

Ficou claro naquele momento que o militar estava ali apenas para fazer com que todos os parlamentares perdessem seu tempo. Mais, ficou flagrante o desrespeito com Carmem Lúcia, o STF e a própria CPMI.

Cid compareceu à sessão vestindo farda militar e ostentando diversas medalhas no peito, o que simbolizou para todos que o exército estaria reforçando seu apoio e apreço pelo depoente e demonstrando ser ele digno de ser chamado de herói. Afinal, militares conquistam medalhas por atos heroicos, não é mesmo?

Vale lembrar que o deputado Marco Feliciano chegou a chamar Mauro Cid, aquele que está sendo justamente investigado pela Polícia Federal por tramar o golpe de 8 de janeiro, de herói, vejam só.

Outro simbolismo que quem acompanhou com atenção o “depoimento” percebeu foram as expressões faciais utilizadas por Mauro Cid. Quando inquirido por parlamentares acerca das conversas telefônicas golpistas, o militar os encarava firmemente com olhos brilhantes e parecia até que pularia na garganta deles a qualquer momento. Tática militar? No entanto, quando ouvia questões acerca da destruição de sua brilhante carreira no exército, havia um sutil esboço de sorriso em seus lábios. Cinismo?

O pai de Mauro Cid é general com voz forte na caserna. Não ficará conformado em ver seu rebento, que estaria sendo preparado para um dia ser talvez comandante do exército, perder sua farda e suas medalhas.

O quase sorriso do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixa antever que ele não será punido pelo exército, talvez até pelo contrário.

Mauro Cid recebeu em apenas 19 dias, 71 visitas de militares e políticos. Um deles, o coronel Jean Lawand, investigado pela PF. Outros, pombos-correios de Bolsonaro, certamente, levaram a ele orientações dos advogados do ex-presidente.

Ouso, então, dizer que o tenente-coronel na verdade não se encontra preso num quartel do exército, mas sim, está hospedado como em um hotel, com direito a todas as regalias de quem não está sob o escrutínio da caserna.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes limitou as visitas, mas deveria enviar assessores ao quartel para verificar as condições da prisão de Mauro Cid.

Ouso, mais ainda, a dizer que o exército não abandonará o ex-ajudante de ordens e fará gestões junto a justiça para que ele seja inocentado (o que parece impossível) ou que pelo menos cumpra uma pena reduzida em prisão domiciliar.

Mauro Cid, após isso será reintegrado ao exército, receberá mais uma medalha da ala golpista e dará uma banana aos parlamentares que o inquiriram duramente na CPMI.