terça-feira, 27 de outubro de 2015

Simone o quê?

Por Fernando Castilho


A educação dos jovens dos países que adotam o sistema capitalista serve para prepará-los para serem os reprodutores e continuadores desse sistema. Assim, os futuros profissionais de nível superior resolverão, cada um em sua área, os problemas de quem detém o modo de produção ou de quem chegou lá, como dizem.

Engenheiros, médicos e advogados construirão, curarão e processarão e defenderão a quem possa lhes pagar bem, alimentando seu sonho de ascensão social que um dia, enfim, poderá realizado.

A relação custo-benefício que está no bojo da Teoria do Utilitarismo de Jeremy Bentham é que costuma ditar ao jovem, mesmo sem ele ter consciência disso, como será sua vida profissional após a faculdade. Útil ao sistema.

As escolas, notadamente as particulares, que preparam os alunos prioritariamente para passar no vestibular, não se preocupam em dar a importante formação intelectual que lhe possibilite refletir, discutir, argumentar, debater, questionar e discordar. Filosofia e Sociologia são disciplinas secundárias em relação à Matemática ou a Física, estas sim, necessárias à criação de tecnologia e bens de consumo.

Por isso ficamos indignados ao ver casos de estudantes de medicina humilhando e estuprando colegas.

A universidade deve ser encarada como espaço de produção intelectual e dela devem sair, além dos profissionais de praxe, historiadores, filósofos, sociólogos, etc., que pensarão e refletirão sobre a vida do ser humano preparando-o para o futuro, dentro de uma perspectiva histórica.

E também por isso a surpresa do ENEM deste ano.

Jovens que talvez preferissem que o tema para redação fosse algo como ''Como manter a produção de automóveis em tempos de crise'' ou ''O que esperar do próximo modelo de i-phone'', foram pegos de surpresa por um tema sobre o qual talvez não tenham refletido ou sequer discutido em rodas de amigos, nos cursinhos ou em casa: o feminismo e a violência contra a mulher.

Quem foi Simone de Beauvoir, que teve um trecho de um livro de 1949 citado para desenvolver o tema?

Talvez alguém já tenha lido isso no Facebook, já que costuma circular por lá, mas desenvolver esse tema é esforço de raciocínio e reflexão.

Muitos candidatos saíram reclamando, deputados ficaram irados e até a mídia ficou um tanto indignada.

Não deveriam.

A garotada teve um espaço único para pensar sobre um assunto que talvez não tenha merecido sua atenção até então. Alguns talvez tenham ''entrado no jogo'' do ENEM, tentando emitir opiniões contrárias à sua própria misoginia e exaltando os direitos da mulher. Outros talvez já tenham discussão acumulada sobre o tema e outros ainda, talvez tenham se revoltado com o assunto e chutado o balde. Espero que as moças tenham, algumas delas vítimas também de violência, preconceito e humilhação, tido seu dia de redenção.

Os deputados conservadores que sempre revelam seu ódio contra a mulher, preferiram ao invés disso atacar o exame, simploriamente chamando-o de petralha. Pobreza.

E a mídia teve a dura missão de, fazendo malabarismo, tentar criticar a prova sem ofender as mulheres.

O feminismo e a violência contra as mulheres não agrega ao consumo ou aos bens de produção, portanto não faz o jogo do capitalismo e da direita. O que vão fazer com isso? Lucrar?

Porém, embora majoritariamente a esquerda se preocupe com o tema, é certo também que homens de esquerda misóginos se encontram aos montes, portanto, que ninguém reivindique para si esse monopólio que deve fazer parte da evolução da humanidade, quer conservadores queiram ou não.

Outra contribuição que o tema ofereceu à Educação está no fato de que no próximo ano os colégios devem se debruçar sobre outras temáticas menos ''utilitárias'', o que poderá ser fator importante de combate à tendência fascista que tentam todos os dias incutir em nossos jovens.

Espero que o ENEM do próximo ano avance ainda mais e possibilite a reflexão sobre outros temas como homofobia e aborto, por exemplo. Ou até mesmo o fascismo.

Até lá.




segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Aqui é a terra dos democratas!

Por Fernando Castilho



Charge: Latuff


As demonstrações do crescimento do fascismo, não só em São Paulo, mas também em outras praças do Brasil, são de meter medo em qualquer um que preze os valores democráticos conquistados a tão duras penas.

Desde o fim da eleição presidencial de 2014, com a vitória de Dilma Rousseff, basta alguém sair às ruas de camisa vermelha, para ser molestado por revoltados on e offline.

À princípio imaginado como passageiro, parece que o fenômeno não para de crescer, insuflado diariamente pela grande mídia que não cessa de tentar implicar somente petistas, no escândalo de corrupção da Petrobras, ao mesmo tempo que protege os tucanos e demos, igualmente ou mais envolvidos.

Em tempos de crise econômica, mesmo que não tão forte como pretende a mídia, o fascismo sempre é ressuscitado, como na charge de Latuff.

Há chance de volta da ditadura?
O blogueiro pensa que não, uma vez que as Forças Armadas se pronunciam contra o golpe. Além disso, a democracia, ainda que jovem, se constitui em porto seguro para investimentos externos ou internos, desenvolvimento de negócios, instituições fortes, etc.. Não acho que a estrutura que se montou no país nesses anos após a queda do regime deseje a instabilidade política e econômica novamente.

O mais alarmante e triste realmente, é o comportamento psicótico dos impeachloides do chamado tucanistão, a cidade de São Paulo. A intolerância e o ódio que vêm sendo implantados há anos por colunistas raivosos de jornais, revistas, TV e rádio, interferem na capacidade de análise e reflexão, como se fossem uma espécie de programação à que eles não conseguem resistir. Percebam, pelos vídeos, que se comportam quase que como zumbis, olhos estalados, expressão raivosa, berros...

Mas se antes bastava uma camisa vermelha para ser agredido pelos raivosos, agora não.

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega foi agredido verbalmente dentro do Hospital Albert Einstein e durante um jantar num restaurante. Pelo menos as pessoas que o hostilizaram no restaurante foram interpeladas judicialmente e tiveram que lhe pedir desculpas.

O ex-ministro Alexandre Padilha também foi hostilizado em um restaurante em São Paulo.

A própria presidente Dilma foi xingada por dois brasileiros na Universidade de Stanford nos Estados Unidos.

Até o defunto do ex-ministro José Eduardo Dutra não foi poupado em seu velório em Minas Gerais.

No aeroporto de Fortaleza um homem organizou os xingamentos a João Pedro Stedile, líder do MST.

Mas a cereja do bolo foi o barraco na Livraria Cultura.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, acompanhado de seu secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, participava de uma sabatina da rádio CBN, quando um grupo de manifestantes começou a gritar ''SUPLICY, VERGONHA NACIONAL!''.

Gente, o Suplicy, o homem que não mata mosquito!

Por que o Suplicy e não o Cunha?

Suplicy completou em 2014, 23 anos de legislatura sem ter nenhum processo contra si.

Embora reconhecido pela honestidade e pela ética, não se reelegeu ao Senado pois os paulistas preferiram José Serra, este sim, envolvido em alguns processos, inclusive o do trensalão que a mídia não comenta.

O secretário tentou ainda conversar com as pessoas, mas os gritos o impediam. Então, preferiu se retirar.

Durante a manifestação, uma das pessoas mais exaltadas, uma tal de Celene agrediu um rapaz com soco inglês enquanto berrava ''NÃO ME EMPURRA, NÃO!'' O rapaz, meio atônito, tentava argumentar que ele não a empurrara, mas a cada tentativa ouvia mais berros.

Fechou a bagunça com chave de ouro: ''AQUI É A TERRA DOS COXINHA!'' (sic)

Descobriu-se mais tarde que a senhora fora candidata em 2012 à prefeitura de São Lourenço, Minas Gerais, pelo Psol!

Na sua página no Facebook, circulam alegremente em selfies Reinaldo Azevedo, a esposa do juiz Sérgio Moro da Lava Jato, Aécio Neves e outros tucanos.

É no mínimo curioso que a Celene, embora seja proprietária de um hoteleco 1 estrela no Espírito Santo, tenha sido candidata em São Lourenço e viaje o tempo todo pelo Brasil hostilizando petistas. Quem a sustenta?

Outro fato curioso é Haddad e Suplicy terem caído na arapuca da Livraria Cultura.

O fato de passar por sabatina da CBN deve ser encarado como normal e democrático. Mas é estranho que não tenha sido no estúdio e sim num lugar bastante frequentado...

Sérgio Herz, o dono da Livraria Cultura, é tucano de carteirinha e feroz opositor do PT e de Dilma Rousseff.

Parece que tudo não passou de coisa armada para que se criasse o constrangimento.

Suplicy afirma que foi a primeira vez que o hostilizaram pois sempre foi recebido com carinho em todos os lugares. Não é homem de processar quem o agride verbalmente. Mas deveria.

Haddad tem o dever de investigar a armação de que foi vítima e processar os responsáveis. 

Embora no vídeo um homem brade que está exercendo sua liberdade de expressão, há que se respeitar a Constituição que garante que todo cidadão tem o direito de ir e vir e frequentar lugares públicos sem ser molestado.

O Ministério Público tem o dever de investigar esses grupos que vão crescendo sem ser incomodados. Começam sem agredir fisicamente, mas logo passarão a fazê-lo. Aí pode ser tarde.Se vai dar em alguma coisa, não se sabe, mas o simples fato de não deixar barato e dar alguma dor de cabeça aos descabeçados já é alguma coisa.

É preciso agora, a cada hostilidade, que se processe os responsáveis para mostrar que não se tolera o fascismo.

Se o ovo da serpente chocar, ficará incontrolável.

Daí, não haverá mais o que fazer.

Foi o que aconteceu na Alemanha de Hitler, em Portugal de Salazar, na Espanha de Franco...





domingo, 18 de outubro de 2015

O terceiro turno acabou e Dilma venceu

Por Fernando Castilho

Charge: Aroeira
A revelação de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha tem 4 contas na Suíça com dinheiro não declarado caiu como uma bomba nos colos dos tucanos e dos demos.

Não esperavam. Estavam, como lembrou o jornalista Jânio de Freitas, taradinhos pelo golpe. Talvez já quase chegando lá.

Agora, mais do que preocupados por verem seu projeto fazer água, sentem a paúra de quem pode ser descoberto a qualquer momento pelo mesmo motivo.

Não é exagero imaginar isso pois TODOS os golpistas do PSDB, do DEM, do Solidariedade et caterva enfrentam algum tipo de problema na Justiça. Alguns como Aécio Neves, Aluízio Nunes Ferreira e Agripino Maia, foram citados nas delações premiadas da Lava Jato.

Dou uma pausa e vou à uma certa revista da marginal Pinheiros.

A Veja, aquele resquício de revista que hoje mais parece um panfleto do PSDB, publicou uma capa na edição deste domingo, 18, mostrando Dilma e Lula de mãos dadas com Cunha enquanto o tubarão de Spielberg avança sobre eles personificando a operação Lava Jato.

Nada mais grosseiro. Ciente de que seus já poucos leitores estão devidamente doutrinados e tratarão de repercutir como papagaios durante a semana o assunto nos escritórios em que trabalham, a revista tenta desesperadamente a salvação do golpe.

Veja PRECISA que um golpe seja dado e a presidenta derrubada. Devido à queda nas vendas, é obrigada a toda semana a distribuir exemplares gratuitamente para poder segurar artificialmente a tiragem no IVC, Instituto Verificador de Comunicação, cujos números são usados pelos anunciantes para poderem se certificar que seu produto será visto por um grande número de pessoas. Mas até quando?

Os tucanos já garantiram, não só à Editora Abril, mas também à Folha, ao Estadão e à Globo, uma ajuda do BNDES, caso voltem ao poder. É por isso que Dilma e Lula são massacrados todos os dias.

Muita gente não compra a revista, porém vê a capa nas bancas de jornais e nos supermercados. A Veja conta com esses úteis analfabetos políticos.

Porém, para quem ainda consegue ter neurônios para fazer legações sinápticas, a capa da revista não funciona.

É só raciocinar um pouco.

Com Eduardo Cunha na presidência, o impeachment de Dilma pode ser votado a qualquer momento.

Cunha tem verdadeiro ódio e rancor contra Dilma, justamente porque ela republicanamente deixa a Procuradoria Geral da República, o Ministério Público e a Polícia Federal agirem livremente. Não interfere e desta forma, não há como brecar sua saída da presidência da Câmara, nem abafar o processo.

É certo que o STF deu também um chega pra lá em Cunha, determinando que ele não siga nenhum rito regimental visando o impeachment, mas siga somente o que a Constituição preconiza. Mas mesmo assim, ele já deu sinais de que pode desobedecer o Supremo.

Da parte do governo, é fundamental que Cunha saia para que o impedimento não prospere.

Embora a mídia tenha divulgado esta semana que havia um acordo entre o governo, o PT e Cunha, a notícia, que rapidamente foi desmentida, estranhamente sumiu.

Portanto, a capa da revista é um non sense total. Mais nada,

Voltando agora onde parei

A oposição esta semana lembrou seus dias de glória, quando cometeu patacoadas no estrangeiro, no caso, na Venezuela.

Logo após a divulgação das contas secretas de Cunha, o deputado Carlos Sampaio defendeu o presidente da Câmara, o que gerou mal estar entre as hostes golpistas.

Mais tarde outros próceres da oposição resolveram fingir que não mais apoiavam Cunha, mas o fingimento logo se revelou. São alguns dos tais milhões de Cunha daquela faixa.

Assim como a Veja, a oposição PRECISA que Eduardo Cunha apresente o impeachment de Dilma urgentemente e que ele seja aprovado.

Derrubada a presidenta, tratarão de impor novas regras à PGR, ao MP e à PF. Engavete-se tudo, que a Lava Jato prenda alguns empreiteiros por curto período e que o assunto morra por aí. Depois comemoraremos com uísque paraguaio e chocolates suíços.

Se isso não for feito, poderão eles ser denunciados e presos.

O governo da Suíça já afirmou que possui uma lista de 100 políticos brasileiros que tem contas secretas naquele país.

Alguém poderá perguntar: e os políticos do PT?

Não vi até agora nenhuma preocupação da presidenta em poupar ninguém.

Dois foram ultra celeremente condenados, mesmo que, convenhamos, sem as devidas provas, Dirceu (lógico) e Vaccari.

Pode ser que demore, mas se os nomes da oposição surgirem em novas denúncias, desta vez é o STF que vai dar as cartas e não o seletivo juiz Moro.

E o STF já vem demonstrando que não está para palhaçadas.

Portanto, o que se conclui é que Eduardo Cunha virou moeda de troca.

Se ficar, apresenta o impeachment e depois cai, uma vez que perde a utilidade.

Se sair, o impeachment será postergado até que o possível sucessor de Cunha, o deputado Waldir Maranhão do PP do Maranhão resolva aplicá-lo. Como também Maranhão enfrenta problemas na Justiça, há grande incerteza se ele embarca no golpe.

Embora o blogueiro tenha sido pessimista nos últimos textos, chegando mesmo a acreditar que o golpe viria inexoravelmente, após as revelações da Suíça, tudo muda.

Ninguém pode sugerir que a Suíça tenha motivações políticas no Brasil e isso é extremamente importante para que suas provas não sejam desqualificadas.

O terceiro turno acabou, após um ano.




domingo, 11 de outubro de 2015

Depois do golpe paraguaio afogaremos as lágrimas num uísque idem?

Por Fernando Castilho

Imagem: folhapress
Votei num governo de esquerda e ganhei um quase de direita.

Essa frase está sendo dita por muitos que como eu se viram frustrados após a montagem dos ministérios de Dilma, além dos ajustes fiscais.

Mas votei num governo honesto e ganhei um governo honesto, frase não muito dita por aí.

E democrata que sou, aguardo 2018, afinal, há uma crise econômica no mundo todo e nem a oposição conseguiria resolver. Vejam que o ministro da fazenda é Joaquim Levy, que caberia como uma luva num hipotético governo Aécio Neves.

Mas e quem votou num deputado ou senador, imaginando-o honesto e ganhando um escroque?

Percebam que, por incrível que pareça, esse Congresso da atual legislatura parece um antro de bandidos da pior qualidade, chefiado na Câmara por Eduardo Cunha e no Senado por Renan Calheiros.

Salta aos olhos a injustiça que São Paulo cometeu com Eduardo Suplicy. Tantos anos como senador, com atuação dinâmica e importante, honesto, sem nenhum processo contra si, foi trocado por José Serra, com vários processos na Justiça e vendilhão do pré-sal, nossa maior riqueza, para os americanos. Uma vingancinha contra Haddad que pode virar uma vingança contra todo o povo brasileiro.

Bem, mas as pessoas saíram às ruas contra a corrupção!

Não, não, não. A indignação com a corrupção não foi o motivo, combinemos.

Foi só para acabar com o PT, esse partido meio esquerdista que quer igualar o pobre à classe média. Onde já se viu! Às nossas custas, não!

É icônica a faixa ''somos todos Cunha'' que circulou nas manifestações daquela gente de tez rosada envergando camisetas da seleção brasileira de futebol.

Gente para a qual a mídia dá destaque. Destaque que não vale para os estudantes e professores que saem também às ruas para protestar contra o fechamento de escolas estaduais por parte do governador Geraldo Alckmin. A tez agora é morena, as camisetas não são verde-amarelas, não sai na mídia e a repressão é violenta por parte da polícia militar.

Assistimos assustados e estupefatos a agenda do golpe sendo cumprida à risca.

A mídia, os partidos de oposição, o PMDB, Cunha, o Judiciário e o TCU estão unidos no que poderia ser chamado eufemisticamente de uma ''organização'' destinada a dar o golpe em Dilma Rousseff. Todos tem suas funções bem definidas e sabem exatamente quando executá-las.

A ''organização'' PRECISA derrubar Dilma o quanto antes, afinal, há investigações chegando a seus membros. A senha está vindo da Suíça.

A Operação Zelotes que jamais é citada pela mídia e que investiga um volume de corrupção três vezes maior do que a Lava-Jato, pode incriminar toda a corja.

Portanto, o impeachment e a consequente nomeação de outro presidente, seja Temer ou Cunha, pode acabar com a independência do Procurador Geral da República, do Ministério Público e da Polícia Federal, o que colocaria um fim nas investigações.

Ia tudo muito bem na agenda da ''organização''. A pisada na bola se deu com Cunha. Jamais a ''organização'' poderia supor que a Suíça o desmascarasse.

Ainda tentaram esconder o sol com a peneira, mas aquele país não parou de enviar documentos.

O TCU com seu bando de ministros de mentirinha, quase todos envolvidos em fraudes e denúncias, foi escalado para dar o soco final no estômago que derrubaria a presidenta.

As tais pedaladas fiscais que não passam de medidas destinadas a fazer cumprir prazos e evitar atrasos nos repasses do Bolsa Família, do Minha Casa, Minha Vida e também do Seguro Desemprego, apenas revelaram a preocupação da presidenta com os que mais precisam.

Foram classificadas como ilegais, mesmo não tendo causado prejuízos aos cofres públicos, mesmo não tendo sido embolsado um centavo e mesmo tendo todos os presidentes, desde Getúlio Vargas, lançado mão do instrumento, uns com motivos mais nobres, outros bem menos, como FHC que as usou para socorrer bancos.

E é com isso que os bandidos vão tentar dar o golpe final na próxima terça-feira, 13. O circo está montado.

A ideia é brilhante: Cunha apresentará o pedido de impeachment feito por Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, mesmo que não tenha sido considerado consistente pelos técnicos que os analisaram. Mandará arquivá-lo.

Então a oposição presente entrará com recurso no plenário, baseado no parecer do TCU, imaginando que poderá ter 342 votos dos 513 deputados.

Assim, não caberá a Cunha, desacreditado e morto politicamente, deflagrar o processo.

Simples. Depois disso, ele poderá ser afastado da Câmara. Cumpriu seu papel, será descartado.

Estaria então deflagrado o chamado ''Golpe Paraguaio'', em alusão ao golpe sofrido pelo presidente Fernando Lugo em 2012. Lembro que Lugo não tinha contra si nenhuma acusação de improbidade, mas mesmo assim foi destituído do cargo por, digamos assim, não gostarem dele. O Tribunal Superior Eleitoral daquele país foi quem julgou procedente o impeachment, mesmo tendo sido desrespeitada a Constituição.

Dessa forma o Paraguai é hoje conhecido no mundo inteiro como uma republiqueta das bananas.

Seria esse o futuro do Brasil?

É interessante observar que o primeiro mandato de Dilma teve ampla aprovação por ter sido exitoso.

Porém, em junho de 2013, a presidenta viu despencar sua popularidade de 57% para 30% e nunca mais a recuperou.

Após isso veio a campanha eleitoral, culminando em sua vitória apertada por 51,64% dos votos.

Já faz um ano que o golpe vem sendo construído dia a dia por aqueles que não se conformam com o resultado das eleições.

Imaginam eles que os 7% de aprovação que Dilma tem hoje lhes dão legitimidade e segurança para prosseguir.

Imaginam que a transição será tranquila.

Sequer passa por suas cabeças que essa pesquisa pode não refletir a verdade.

Explico. A pergunta era: ''aprova o governo Dilma Rousseff?''

Ora, se eu fosse pesquisado também responderia que não. Não está bom mesmo.

Mas se a pergunta fosse: ''apoia um golpe contra Dilma Rousseff?'', o índice não seria o mesmo, podem crer.

E as pessoas vão sair às ruas, não os rosados, mas os morenos, aqueles que viram sua vida melhorar nos últimos 12 anos e não querem um retrocesso. E eles não serão, digamos assim, cordatos.

A convulsão social, seguida da econômica trará grandes problemas ao país.

Não se trata de exercício de futurologia. Os investimentos estrangeiros certamente serão cortados, uma vez que a confiança no país despencará, a inflação subirá, o desemprego aumentará e a população precisará ser reprimida pelo exército.

Enfim, o cenário é apocalíptico.

Se esses bandidos irresponsáveis não enxergarem isso o quanto antes, isso é o que o futuro pode estar nos reservando.

E no futuro próximo, a História haverá de cobrar suas responsabilidades,





segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Roberto Inaba: O país dos sonhos

Por Roberto Inaba


Imagem: Internet
Como seria o país dos sonhos?

Provavelmente teria o PIB chinês, a educação e disciplina japonesa, os políticos suecos e a precisão e produtividade alemã.

Teria também os direitos trabalhistas da França e um sistema público de saúde como da Inglaterra.

A educação só poderia ser padrão da Finlândia.

O trânsito seria tranquilo como na Holanda e o transporte público como na Dinamarca.

O preço da gasolina da Venezuela seria o ideal, já o salário mínimo deveria ser igual ao da Austrália e a segurança como na Islândia.

Esse país dos sonhos ficaria num lugar do planeta com clima ameno o ano inteiro e onde não houvesse terremotos, furacões, vulcões e nem tsunamis.

O país dos sonhos teria ainda grandes extensões de terra boas para lavoura, muitos rios com abundância de água potável e praias lindas como as do Caribe.

Seria muito bom também que o país dos sonhos contasse com o petróleo dos países Árabes, minério de ferro como o Brasil e cobre como o Chile.

Esse pais dos sonhos deveria ter também o avanço tecnológico dos EUA mas com a preocupação ecológica da Suiça.

Infelizmente esse país dos sonhos não existe.

sábado, 3 de outubro de 2015

1954, 1964 e 2015, semelhanças e e diferenças

Por Fernando Castilho


Tanta gente ressaltando as semelhanças do momento político atual com os anos de 1954 e 1964 e muito, mas muito mais gente com deficiência no conhecimento de uma perspectiva histórica que não sabe, não viu e não conhece as semelhanças e as diferenças entre os três períodos, me motivaram a fazer esta tabela, uma espécie de infográfico.

Foram ressaltados os pontos principais, podendo haver outros que não lembrei ou não considerei expressivos.

No caso do governo Dilma, por não ter sido concretizado, ao menos até esta data, o golpe, pode haver um certo exercício de futurologia.


Convido o leitor a analisar o gráfico e fazer uma análise dos dados.

Se houver alguma imprecisão nos dados, por favor, me corrijam.

sábado, 26 de setembro de 2015

Para as Marias que vão com as outras

Por Fernando Castilho


Imagem: Blog do Aluisio Amorim
As pessoas que defendem a defenestração de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, a prisão de Lula e o fim do PT, não o fazem por causa da corrupção, está claro.

Sobre a honestidade da presidenta não paira dúvidas, fato reconhecido até por FHC.

Sobre Lula, a mídia e a oposição tentaram criminalizar o lícito de apresentar empresas para obras no exterior e de receber doações dessas mesmas empreiteiras, mas esbarraram nas corretas prestações de contas do Instituto Lula e também na coincidência de que naquele exato momento Obama levava empresas americanas para Cuba. Além disso, FHC também recebe doações para seu instituto. Então não deu.

Eduardo Cunha até agora é o único político que pode ser preso com provas (esqueçam o tesoureiro do PT, Vaccari que está preso sem nenhuma prova, já que não haveria como saber se as doações para campanhas eram dinheiro de propinas ou não, certo?), mas nem por isso alguém saiu às ruas para protestar contra ele.

Aécio Neves, além do aeroporto construído em terras de seu tio-avô, tem agora contra sí a divulgação feita pela Folha a pedido, possivelmente de José Serra ou de Geraldo Alckmin, de que fez 124 viagens ao Rio de Janeiro em finais de semana com jatinho oficial. E ninguém bateu uma mísera panelinha que fosse. Talvez só Serra ou Alckmin.

Portanto, não é pela corrupção.

E se o motivo não é esse, qual seria?

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Renata Gouveia Delduque: 1968 - O ano que não terminou

Por Renata Gouveia Delduque no http://gvive.org.br/

Antes do texto gostaria de fazer algumas considerações.

O Brasil possuía em alguns colégios chamados vocacionais um ensino de qualidade equivalente aos países de primeiro mundo. 

Porque é muito mais fácil destruir que construir, uma vez que a ditadura acabou com esses colégios, enfrentamos hoje a luta diária de tentar melhorar a Educação.

As verbas do governo federal existem e são repassadas aos estados e municípios que são os encarregados de gerenciar sua aplicação até o Ensino Médio.

Como a maioria dos estados e municípios são governados pela direita que representa a continuidade do pensamento dos militares, a Educação continua patinando. Não há perspectivas boas no horizonte.

Porém, a nos dar alguma esperança, há ações importantes no âmbito do governo federal, como PROUNI, FIES, cotas, Pronatec, criação de 18 universidades federais, enquanto FHC não criou nenhuma.

Mas vale muita a pena ler este texto, pois além das questões políticas, há também aquela delícia de conhecer como era um colégio vocacional, através das lembranças de uma aluna, Renata Gouveia Delduque. E com que tenura ela o faz!

Vamos ao texto!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Estaria o Japão se pintando para a guerra?

Por Fernando Castilho

Não costumo enveredar muito pelo caminho da política internacional, uma vez que a nacional já toma um tempo precioso.

Mas neste caso, como as peças no tabuleiro de xadrez tem sido movimentadas com certa previsibilidade, há que analisar e opinar.

É muito delicado entrar neste assunto, até porque o Japão ostenta o título de pacifista há 70 anos.


Primeiro um pouquinho de História para entender a origem de tudo.


Em 1938 o Japão invadiu a China, entrando oficialmente na Segunda Guerra Mundial.

Com uma alta população em relação ao seu pequeno território, aliada à dificuldade na agricultura pela existência de muitas montanhas, o país do sol nascente sentiu que precisava se expandir economicamente. Como?

A solução veio de empresas como a Mitsubishi, que desejava fabricar tanques de guerra, aviões e submarinos, a Mitsui que cresceu durante a Primeira Guerra, fabricando munições e mais tarde, atuando no fornecimento de uniformes e também em capitalizações, a Sumitomo, empresa de capitais e a Yasuda, atuando no ramo de seguros, que vieram a compor um cartel poderosíssimo chamado de Zaibatsu, que viria a ser extinguido após a derrota do Japão, pelo General MacArthur.

O mesmo aconteceu na Alemanha de Hitler quando empresas como Siemens, Mercedes Benz ou Bayer lucraram muito.

Embora o Zaibatsu oficialmente tenha sido extinto, as empresas em questão são hoje gigantes no mundo inteiro.


Indo para os dias atuais

domingo, 13 de setembro de 2015

Os corruptos derrubarão a presidente não corrupta por corrupção

Por Fernando Castilho


Desta vez o bicho pega
Jango foi derrubado não só por políticos corruptos, mas também pela imprensa e principalmente pelo poder de canhões, fuzis e metralhadoras.

Dilma será derrubada ''dentro dos ditames da democracia'' como dizem os ratos daquele porão fétido que se tornou o Congresso Nacional.

Para justificar os atos desses gandulos da Pátria, a democracia teve que ver seus limites tão extrapolados, esticados, distendidos, espíchados, que a ela não mais se reconhece. Olha-se no espelho e se vê uma quenga. Melhor não olhar. Não que este blogueiro tenha preconceito contra as prostitutas, vamos combinar, mas é óbvio que a democracia não pode ser usada como tal.

Uma presidente foi eleita por uma democracia ainda jovem e em plena exuberância.

Essa presidente procurou preservar a virtude da jovem até onde fora possível.

Com o escândalo da Petrobras explodindo em seu colo, foi à televisão e afirmou que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal teriam toda a liberdade de investigar e entregar os criminosos para julgamento. Não vai restar pedra sobre pedra, afirmou.

Se Dilma Rousseff quisesse se segurar no cargo até o fim de seu mandato, teria agido de maneira diferente. Profanaria a sacralidade da democracia determinando que o Procurador Geral da República, tal qual um Geraldo Brindeiro dos tempos efeagalícios, arquivasse qualquer denúncia ou pedido de investigação.

Dilma confiou que as instituições fossem republicanas como ela. Santa ingenuidade.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Uma Chamada ao afeto, ou pela criação de cidades-refúgio

Por Ada Colau Ballano, Prefeita de Barcelona

Antes de ontem 50 pessoas morreram por asfixia no porão de um barco.

Hoje, mais de 70 pessoas dentro de um caminhão.

Hoje acordamos com dois naufrágios: pode ser mais uma centena de mortos.

Temos um mar que está cheio de mortos. Limites que são preenchidos com fios, pregos, lâminas ... e pessoas mortas.

Homens, mulheres e crianças, mortos. E uma parte da Europa chora, grita, quer que sejam salvos, quer que eles não morram, mas ... mas que não venham, que se vão, que vão embora, que não existam e que parem de vê-los na TV, e menos ainda em nossas ruas, com seus cobertores, no metrô, ou nos degraus de nossas casas.

Alguns, de forma irresponsável promovem o medo ao "outro", ao "ilegal", "àqueles que vêm para vender sem licença", "gastar a nossa saúde", "ficar com nossos recursos", "para ocupar o nosso lugar nas escolas" , "vão pedir", "vão mendigar" "vão delinquir" ...

O amigo da onça voltou?

Por Fernando Castilho


Em 05 de agosto a Folha de São Paulo publicou uma matéria em que o vice-presidente Michel Temer afirmava em reunião com líderes do Senado, da Câmara e ministros do governo, que o país precisava de alguém capaz de ''reunificar a todos'' na crise.

O discurso procurou demonstrar que o governo reconhece que há uma crise política e econômica que poderá se agravar perigosamente caso não haja união e disposição.

A dubiedade ficou por conta do termo ''alguém''. Quem seria?

Após receber um puxão de orelhas da presidenta Dilma Rousseff, Temer passou a negar que o ''alguém'' fosse ele mesmo.

E eis que na Folha online de 7 de agosto a matéria continua publicada, desta vez com um ''ERRAMOS''.



O trecho foi retirado da reportagem? Então havia um trecho em que ele se apresentava como o salvador da Pátria?

sábado, 5 de setembro de 2015

Mauro Santayana: O Pato e a Galinha

Por Mauro Santayana


Embora não o admita - principalmente os países que participaram diretamente dessa sangrenta imbecilidade - a Europa de hoje, nunca antes sitiada por tantos estrangeiros, desde pelo menos os tempos da queda de Roma e das invasões bárbaras, não está colhendo mais do que plantou, ao secundar a política norte-americana de intervenção, no Oriente Médio e no Norte da África.

Não tivesse ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o Iraque, a Líbia, e a Síria; não tivesse equipado, com armas e veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade, a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros, doenças e morte, nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo, a Europa não estaria, agora, às voltas com a maior crise humanitária deste século, só comparável, na história recente, aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram no fim da Segunda Guerra Mundial.

Lépidos e fagueiros, os Estados Unidos, os maiores responsáveis pela situação, sequer cogitam receber - e nisso deveriam estar sendo cobrados pelos europeus - parte das centenas de milhares de refugiados que criaram, com sua desastrada e estúpida doutrina de "guerra ao terror", de substituir, paradoxalmente, governos estáveis por terroristas, inaugurada pelo "pequeno" Bush, depois do controvertido atentado às Torres Gêmeas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Que tragédia é preciso acontecer para que se comece a prender fascistas?

Por Fernando Castilho


Eles começaram, ainda de maneira um tanto tímida, fazendo críticas à presidenta e ao PT nos comentários feitos nos jornalões.

Ainda preferiam se esconder no anonimato (alguns ainda o fazem), sob pseudônimos ao lado do quadradinho sem foto.

Após as chamadas jornadas de junho em 2013, encorajados pela mídia que enxergou nas manifestações sua grande oportunidade de desbancar a popularidade de Dilma Rousseff, que àquela altura era alta, eles começaram a sair aos poucos da toca fétida em que se encontravam.

Durante a Copa do Mundo os recém-saídos vaiaram e xingaram a presidenta em rede mundial, deixando o mundo perplexo não só pela falta de educação mas também pela injustiça que se cometia, afinal ela acabava de viabilizar aquela que seria a copa das copas.

Passaram-se dois anos desde aquele junho, com a imprensa diuturnamente batendo de pau na presidenta, sendo ela Chico e Francisco ao mesmo tempo.

sábado, 29 de agosto de 2015

Uma leitura semiótica do boneco inflável de Lula

Por Fernando Castilho



Todo boneco é um símbolo, vamos combinar. Até a Barbie simboliza o sonho de toda menina em se tornar bela.

Mas talvez não haja abundância maior de signos em nenhum dos acontecimentos recentes da República do que nesse episódio do boneco inflável de Lula.

Lula por si só já é um símbolo, um ícone. Não há como desvincular sua figura da luta contra a pobreza. É seu símbolo maior.

Mas na História recentíssima do Brasil, há quem esteja tentando transformar esse símbolo em algo deplorável, tentando ligar a imagem de Lula ao crime.

As razões para isso?

Bem, quase que parafraseando Carlos Lacerda que declarou na televisão: "Juscelino [Kubitschek] não será candidato, se for candidato não será eleito, se for eleito não tomará posse, se tomar posse não governará", a elite brasileira viu com desdém a eleição de Lula em 2002.

Diziam: ''é presidente mas quem vai governar é sua equipe porque ele é analfabeto.''

Depois que os dois principais nomes de seu governo, Palocci e Dirceu caíram, a direita, tendo que reconhecer que era ele quem realmente governava, começou a dizer: ''este governo vai afundar o país''.

O país não afundou, muito pelo contrário, foram os melhores anos para a economia, a distribuição de renda, a justiça social e a realização de obras importantíssimas.

Então a conversa mudou: ''Lula é o chefe da quadrilha do mensalão.'' Mesmo tendo sido inocentado pelo delator Roberto Jeferson.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Para ler em 2050

Por Boaventura de Sousa Santos

26 de agosto de 2015

Quando um dia se puder caracterizar a época em que vivemos, o espanto maior será que se viveu tudo sem antes nem depois, substituindo a causalidade pela simultaneidade, a história pela notícia, a memória pelo silêncio, o futuro pelo passado, o problema pela solução. Assim, as atrocidades puderam ser atribuídas às vítimas, os agressores foram condecorados pela sua coragem na luta contra as agressões, os ladrões foram juízes, os grandes decisores políticos puderam ter uma qualidade moral minúscula quando comparada com a enormidade das consequências das suas decisões. Foi uma época de excessos vividos como carências; a velocidade foi sempre menor do que devia ser; a destruição foi sempre justificada pela urgência em construir. O ouro foi o fundamento de tudo, mas estava fundado numa nuvem. Todos foram empreendedores até prova em contrário, mas a prova em contrário foi proibida pelas provas a favor. Houve inadaptados, mas a inadaptação mal se distinguia da adaptação, tantos foram os campos de concentração da heterodoxia dispersos pela cidade, pelos bares, pelas discotecas, pela droga, pelo facebook.

A opinião pública passou a ser igual à privada de quem tinha poder para a publicitar. O insulto tornou-se o meio mais eficaz de um ignorante ser intelectualmente igual a um sábio.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O suicídio que a grande mídia comete todos os dias

Por Fernando Castilho


Os blogueiros progressistas vêm durante anos denunciando, através de seus textos, a parcialidade com que a mídia trata qualquer assunto que envolva o governo, o partido da presidenta Dilma e a oposição.

Este blogueiro não foge à regra. Já publiquei vários textos sobre a maneira sórdida com que os órgãos de imprensa manipulam o indivíduo comum.

Responsável direta por fatos que ocorreram na História nas últimas décadas, como o suicídio de Getúlio Vargas, e o golpe militar que colocou o país nas trevas durante 21 anos, só para citar dois exemplos dos mais graves, a mídia parece não se importar com o destino do país e de seu povo. E não se importa mesmo.

Seus objetivos são inconfessáveis e prioritários em relação a todo o resto.

Fala-se muito que os órgãos de imprensa estão caminhando para um fim próximo devido ao fenômeno internet. É verdade, mas não é a única.

Pesquisa recente apontou que apenas 13,2% da população sempre acredita no que a mídia publica. Quase o dobro disso, 21,2%, nunca confia no que é dito pelos jornais.

domingo, 23 de agosto de 2015

Gilmar Mendes, o Eduardo Cunha do Judiciário

Por Fernando Castilho


Imagem: Neto Sampaio
Muito interessante esse personagem da nossa República. Muito semelhante a um outro, nefasto....

Em 1987 Gilmar Dantas, digo, Mendes concluiu o curso de mestrado em Direito e Estado com a dissertação "Controle de Constitucionalidade: Aspectos Jurídicos e Políticos" (grifo meu), Universidade de Brasília. Pode estar aí a explicação de por quê o ministro faz mais política que direito.

Embora contrarie a Lei da Magistratura, que diz que nenhum ministro do STF pode manter empresa em seu nome, Gilmar Mendes é proprietário, juntamente com dois sócios, do IDP, Instituto Braziliense de Direito Público, uma escola de graduação e pós-graduação. Irregular, fora da lei.

Gilmar foi indicado ao STF pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002, ao apagar as luzes de seu governo.

Na época o jurista Dalmo Dallari criticou muito a indicação do ministro, afirmando, entre outras coisas que ele é figura muito conhecida na comunidade jurídica, não só por ocupar o cargo de advogado-geral da União, de confiança da presidência da República, mas, sobretudo, por suas reiteradas posições contrárias ao Direito, à Constituição, às instituições jurídicas e à ética que deve presidir as relações entre personalidades públicas. Forte, não? Leia mais, aqui

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Quadro comparativo entre as manifestações de 16 e 20 de agosto

Por Fernando Castilho


Duas manifestações, dias diferentes, público diferente.

Uma ocorrida num domingo, dia de descanso, com boa participação, embora bem menor que anteriores. Outra, num dia de semana, uma quinta-feira, mesmo assim com boa participação.

Mas quanta diferença.

Aqui vão somente algumas que consegui captar. Outras pessoas talvez tenham captado algo mais.

Quem sabe, você?


Sem violência. violência pra que? Pluralidade de ideias.
foto: Sérgio Mendes









quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Dirceu está quebrado?

Por Fernando Castilho

Foto: Folha de São Paulo
Deu na Folha:
O juiz federal Sergio Moro mandou bloquear R$ 20 milhões do ex-ministro José Dirceu, mas o Banco Central só encontrou R$ 103.777,40 em duas contas dele, mantidas na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. O valor equivale a 0,5% do montante que o juiz mandara bloquear.

A maior parte dos recursos de Dirceu (cerca de R$ 96 mil) foi encontrada na conta que ele abriu para receber doações para pagar a multa aplicada pelo Supremo no julgamento do mensalão, de R$ 971 mil.

Sem os R$ 96 mil que sobraram da vaquinha, ele ficaria com um saldo de R$ 7.834,74. Antes de ser preso, Dirceu dizia que devolveria o valor além da multa que recebera de seus apoiadores.


Além disso, a Folha lembra que não há histórico de movimentação, então não dá pra saber se as contas foram esvaziadas antes de sua prisão.

Como não dá pra saber? Pelo que me consta, se não há histórico de movimentação, então não há movimentação. Como ele poderia então ter esvaziado a conta?