quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Que tragédia é preciso acontecer para que se comece a prender fascistas?

Por Fernando Castilho


Eles começaram, ainda de maneira um tanto tímida, fazendo críticas à presidenta e ao PT nos comentários feitos nos jornalões.

Ainda preferiam se esconder no anonimato (alguns ainda o fazem), sob pseudônimos ao lado do quadradinho sem foto.

Após as chamadas jornadas de junho em 2013, encorajados pela mídia que enxergou nas manifestações sua grande oportunidade de desbancar a popularidade de Dilma Rousseff, que àquela altura era alta, eles começaram a sair aos poucos da toca fétida em que se encontravam.

Durante a Copa do Mundo os recém-saídos vaiaram e xingaram a presidenta em rede mundial, deixando o mundo perplexo não só pela falta de educação mas também pela injustiça que se cometia, afinal ela acabava de viabilizar aquela que seria a copa das copas.

Passaram-se dois anos desde aquele junho, com a imprensa diuturnamente batendo de pau na presidenta, sendo ela Chico e Francisco ao mesmo tempo.
Naturalmente não podia ter dado outra: estava formado o exército movido a ódio que sairia nas manifestações deste ano pedindo o impeachment de Dilma.

Até então alguém poderia tentar uma justificativa, afinal a Operação Lava Jato fazia crer que ela tinha cometido atos ilícitos.

Agora com vários empresários e políticos presos, com investigações sendo conduzidas e com a citação dos nomes de Eduardo Cunha e Aécio Neves pelos delatores, além do refluxo da Globo e da Folha que, temendo a fogueira no país, decidiram não mais instigar o povo, era de se esperar que o ódio pela presidenta também diminuísse.

Ledo engano. Temos visto páginas no Facebook pregando até o assassinato da presidenta. A rede social de Zuckerberg peca por não acatar as denúncias que têm sido feitas no sentido de extinguir esse tipo de página. Eu mesmo já tentei várias vezes e não conseguí. E já se perdeu a conta de quantos insultos e ameaças, blogueiros e militantes da esquerda já sofreram na rede.

O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo também é pecador por ser omisso e não exigir do Facebook a justa conduta de não permitir o ódio na rede.

Um fascista já havia há dois meses conseguido furar o bloqueio da segurança de Dilma nos Estados Unidos e xingá-la, sem que Cardozo tomasse providência.

Agora foi a vez do mais ousado de todos.

Um tal de Matheus Sathler Garcia, que se diz advogado, evangélico e candidato a deputado, derrotado, pelo PSDB, gravou um vídeo onde diz claramente: “Um recado claro à presidanta (grifo meu) Dilma Roussef. (…) Renuncie, fuja do Brasil ou se suicide. Dia 7 de setembro a gente não vai pacificamente pras ruas (grifo meu). Juntamente com as forças armadas populares, vamos te tirar do poder. Assuma o seu papel, tenha humildade para sair do país porque, caso contrário, o sangue vai rolar. E vamos fazer um memorial na Praça dos Três Poderes: um poste de cabeça pra baixo. Nós vamos arrancar sua cabeça e fazer um memorial.” Talvez com esse ato Matheus pretenda conseguir seu passaporte para o céu.

Gravíssimo.

Mais grave ainda é a Polícia Federal não tê-lo prendido, ato contínuo.

Foi preciso que o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pedisse a Cardozo investigação do sujeito e intimação para que se explique a PF.

Mas não para por aí. O fascista ainda teve a coragem, num segundo vídeo, (fortalecida talvez pela certeza de impunidade) de desafiar o deputado, chamando-o de deputadozinho e hipócrita. Além disso, conclama a população para o 7 de setembro.

Será que é mais cão que ladra, raivoso, mas não morde? Ou será um pitbull enlouquecido?

O que será que ele e seu Movimento Mais Valores, Menos Impostos estarão preparando para esse?

Mais do que nunca a PF tem que investigar esse movimento, as pessoas que o compõem e ficar alerta pois não está descartado um atentado.

Também para esse dia o PT está convocando sua militância a se somar ao Grito dos Excluídos em todo o País, vestindo camisa verde-amarela. Alguém imagina o que pode acontecer se os grupos se encontrarem? A esta altura, um mártir fascista cai bem.

O presidente do PSDB, Aécio Neves, talvez temendo que algo grave aconteça e cole na testa dos tucanos o carimbo de ''TERRORISTA'' apressou-se em afirmar que vai expulsar Matheus do partido. Pronto. Livrou-se do carimbo, era o que bastava. Mas, caso nada aconteça, tenham certeza de que nenhuma providência vai ser tomada por ele, até porque um ponta de lança como Matheus lhe é muito útil.

Cardozo e a Polícia Federal têm agora um importantíssima decisão a ser tomada.

Caso prendam o indivíduo, estarão dando um exemplo para outros fascistas que se acorvadarão e reduzirão suas manifestações de ódio.

Caso, republicanamente, respeitem a ''liberdade de expressão'', outros ratos saírão da toca e a qualquer momento uma tragédia poderá acontecer.
















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