segunda-feira, 22 de maio de 2023

Só Lula quer o fim da guerra?

Por Fernando Castilho



Washington não vai assistir passivamente um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.


Quando Lula propôs a criação de um clube de nações que se empenhariam em discutir e encontrar soluções para o conflito entre Rússia e Ucrânia, Joe Biden torceu o nariz e Reino Unido e União Europeia ouviram atentamente, mas, como sempre, acabaram indo a reboque do pensamento dos EUA, fazer o quê? Afinal, os americanos mandam no mundo há décadas e ninguém tem a coragem de desafiá-los, até porque eles detêm o maio arsenal de armas do planeta. Por isso, invadem países, provocam guerras híbridas que derrubam governos e desrespeitam sem cerimônia resoluções da ONU desfavoráveis a embargos econômicos como o imposto a Cuba.

Biden nunca vai apoiar qualquer iniciativa de encerramento desse conflito por 2 razões muito simples. A primeira é conhecida de todos: são os americanos que mais lucram com a guerra produzindo e vendendo armamentos pesados.

A segunda razão está na geopolítica americana.

A China, ainda chamada de economia emergente, está empenhada em refazer a rota da seda, desta vez não com esse produto, mas com tecnologia e indústria, principalmente.

O G7, em reunião em Hiroshima, condenou o país de Xi Jinping por estender seus tentáculos pelo mundo como se os EUA nunca tivessem feito isso pela violência. A China o faz com comércio.

A supremacia mundial, econômica e militar dos americanos vem sendo ameaçada pelo País do Centro e as projeções já apontam que nas próximas décadas ela deixará de existir. Teremos um mundo mandarinizado e indexado pelo Yuan em vez do dólar.

Washington não pode assistir passivamente à sua derrocada, por isso, elaborou um plano de ataque.

A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, ampliou significativamente sua presença nos países que estão próximos à Rússia e se empenha ativamente para construir uma base na Ucrânia, sonho que povoa obsessivamente a mente de seu presidente, Volodymyr Zelenski.

Se essa base for construída, mísseis poderão atingir Moscou em apenas 8 minutos, o que inviabiliza qualquer tentativa de defesa.

Claro que a OTAN não fará isso e nem talvez tenha essa intenção. O objetivo é o de manter uma ameaça muito próxima.

Foi por isso, tão somente que Vladimir Putin iniciou a guerra. Não poderia assistir à essa ameaça passivamente, sob pena de ver seu país, na sequência, ser obrigado a ceder a qualquer exigência dos americanos, já que possuiria uma arma apontada para sua cabeça o tempo todo.

Putin, e, principalmente, Xi Jinping, sabem que uma vez curvada a Rússia, o próximo objetivo seria a China.

Diante de um gigantesco poderio, restaria à China ser subjugada, retornando o comando mundial aos EUA, ou resistir através de uma guerra de proporções inimagináveis.

Diante de uma possibilidade de consequências catastróficas que podem incluir a aniquilação total do planeta devido ao uso de armas nucleares, caberia a uma das duas forças ceder para evitar o desfecho final da humanidade.

O mundo ocidental não hesitaria em escolher seu inimigo preferencial, o Oriente e o lado escolhido na batalha seria o dos americanos, pois estes jogam sempre pesado.

Não restaria à China outra alternativa que a rendição e submissão aos interesses ocidentais.

A íntegra do discurso de Lula no G7 de Hiroshima pode ser lida nas entrelinhas como a certeza de que é esse o plano dos americanos e é por isso que ele criticou tão duramente o próprio grupo e a ONU, tão habituada a ceder aos interesses de Washington.

O convite a Lula para ir ao G7 foi uma tentativa de armadilha para que ele, de alguma forma, se posicionasse a favor da Ucrânia, o que comprometeria sua posição pela busca da paz e fortaleceria os interesses de Biden e da OTAN. Mas o ex-líder metalúrgico, habituado a inúmeras tentativas de colocá-lo contra a parede, inverteu o jogo e criticou duramente o próprio G7 e a ONU.

Desta forma, quem saiu fortalecido de Hiroshima foi Lula e o governo brasileiro.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

Vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada

Por Fernando Castilho


É preciso levarmos à sério o perigo que Salles representa para o país.


A frase, dita naquela tenebrosa reunião ministerial conduzida pelo então presidente Jair Bolsonaro em 20 de abril de 2020 não pode jamais ser esquecida. Seu autor, como sabemos, foi o então ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles.

Mais tarde, Salles não conseguiu se sustentar no cargo devido à pressão exercida contra ele devido à tentativa de venda de madeira ilegal para os EUA abortada por aquele país.

Mas ele não morreu politicamente. Ao contrário, um homem que se entregou de corpo e alma para facilitar o garimpo ilegal na Amazônia, facilitar desmatamento e destruir todos os marcos regulatórios ambientais, conseguiu se eleger deputado federal com incríveis 640 mil votos obtidos dos paulistas!

Salles volta à carga agora como relator da CPMI do MST que visa não somente criminalizar o movimento, mas também atacar o MTST e, por conseguinte, tentar abalar Guilherme Boulos, tido como favorito à eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Quem sabe, prendê-lo. O ex-ministro vem com sangue nos olhos para a disputa pelo governo da capital. E é aí que mora o perigo.

Se Ricardo Salles conseguir seu intento, a prefeitura será seu trampolim para a disputa presidencial de 2026, aproveitando o possível vácuo deixado por Jair Bolsonaro que provavelmente será declarado inelegível por 8 anos e possivelmente, preso.

É preciso levarmos à sério o perigo que isso representa para o país.

Hoje, tem-se como quase certo que o nome para a sucessão de Bolsonaro como líder com potenciais chances de representar a extrema-direita no Planalto é o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, afinal, ele comanda o maior orçamento da União e certamente ambiciona chegar lá.

É natural que o governo do presidente Lula veja com especial atenção qualquer possibilidade de ascensão de Tarcísio que até agora tem se comportado quase que um sucessor da maneira tucana de governar com uns toques aqui e ali de bolsonarismo. Digamos que seja um Bolsonaro um tanto mais light, um pouco mais preparado e menos afoito a fazer e falar asneiras.

Outro nome que até chegou a sonhar com o Planalto é o de Sergio Moro que está vendo seu futuro político sendo destruído. Nas próximas semanas ou meses, o TSE poderá cassar seu cargo de senador e a denúncia de Tacla Duran pode mandá-lo para a prisão.

Pode-se falar em Romeu Zema também, mas ainda não se vê uma sinalização clara de que disputará o Planalto com grandes chances de se eleger.

Claro que não se pode desprezar políticos que à princípio podem parecer seres apenas ridículos e inofensivos como Nicolas Ferreira, afinal o que era Bolsonaro antes de vencer as eleições de 2018 se não um falastrão desprezado até por seus pares na Câmara?

É a atenção a esse possíveis postulantes que nos distrai do azarão, Salles.

Salles é um Bolsonaro muito mais perigoso que seu ex-chefe. Embora não seja mérito algum ser mais inteligente que o capitão, Salles é também esperto e costuma vir pra cima com a faca nos dentes em sua fúria destruidora. Esse sim, se não for contido, tem o potencial de surpreender e chegar lá.

Embora não haja à princípio como criminalizar legalmente tanto o MST como o MTST, já que os movimentos se notabilizam por se ater ao cumprimento das leis, o apoio da grande mídia, já praticamente declarado ou implícito à CPMI, servirá para que esta cause não só estrago ao governo federal, mas também alavanque a candidatura de Ricardo Salles.

Por isso, ainda que os movimentos sejam independentes e não atrelados, é fundamental que o governo mobilize todas as suas forças, através dos deputados e senadores da base, para que vença esta batalha, sob pena de vermos mais uma serpente saindo do ovo do fascismo.

 


domingo, 14 de maio de 2023

E o mito, quando será preso?

Por Fernando Castilho



Parece clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza pelas bordas até chegar ao meio.

A cada novo dia novas notícias surgem sobre o andamento das investigações levadas a efeito pela Polícia Federal.

Uma hora é a soltura de Anderson Torres, outra diz respeito ao ex-faz-tudo de Bolsonaro, coronel Mauro Cid ou da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Para quem compartilha essas notícias o cardápio é rico e bastante variado. Já, para quem prefere analisar os fatos e fazer reflexões, a vida tem sido dura justamente porque o tempo todo surgem novos vazamentos das investigações e reviravoltas que conduzem a mudanças nessas análises.

Vamos tentar analisar brevemente o que se depreende das últimas informações.

O ex-ministro Anderson Torres foi solto e deve estar em casa cumprindo prisão domiciliar. Ao contrário do que seus advogados afirmavam, Torres aparentemente não perdeu 15 quilos e nem pareceu abatido na foto que o mostrou sendo conduzido para casa.

O motivo do relaxamento da prisão deve ser o número de informações já extraídas dele e de outras pessoas que estão sendo investigadas. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, provavelmente já conseguiu montar o quebra-cabeças que conduzirá Torres para seu indiciamento e julgamento. A informação de que havia um plano para sequestrar Moraes e, possivelmente, assassiná-lo não deve ter sido desconsiderada pelo ministro.

Resta saber se Anderson Torres respeitará as regras impostas para sua prisão domiciliar lembrando que ele e principalmente seus aliados na tentativa de golpe de estado precisam desesperadamente trocar informações e combinar seus relatos para que não haja divergências ou contradições. Pode ser que Moraes esteja justamente contando com o desrespeito às regras para justificar a volta de Torres para a prisão preventiva.

Sobre o coronel Mauro Cid já pesa um sem-número de provas de sua atuação, não só na tentativa de golpe, mas também de peculato e lavagem de dinheiro.

Michelle Bolsonaro agora inaugura uma nova fase. Até então, a ex-primeira-dama vinha sendo tratada mais com uma laranja do que criminosa, mas agora já se sabe que ela está envolvida nas falcatruas do uso do cartão corporativo, o que também se traduz como crime de peculato. Não se descarta sua prisão preventiva nesta semana que se inicia.

Agora perguntamos: mas, e o chefe?

Parece clara a estratégia por parte de Alexandre de Moraes de começar a comer a pizza pelas bordas até chegar ao meio.

Moraes está reunindo todas as informações e provas possíveis para que, ao chegar a Jair Bolsonaro não haja contestações e sua prisão seja aceita por aliados e apoiadores como desdobramento natural e necessário de todas as ações até agora empreendidas.

Se Moraes tivesse já no início prendido Bolsonaro poderia haver protestos e até alguma convulsão por parte daqueles que ainda o têm como mito.

Aos poucos, com as revelações que vazam propositalmente da Polícia Federal, já se tem até como natural que em breve Jair seja detido preventivamente, o que pode até ocorrer esta semana.

O que ainda não vazou é uma prova inconteste da materialidade dos crimes cometidos pelo ex-presidente, o que não significa que não exista e que já não esteja nas mãos de Alexandre de Moraes.

Antes disso, porém, é possível que o ministro primeiro queira ouvir Braga Netto e Augusto Heleno, envolvidos até o pescoço na tentativa de golpe e que estão quietinhos fingindo-se de mortos. Esses dois detém muitas informações e seus depoimentos são imprescidíveis.

De qualquer forma, esta semana promete.


terça-feira, 9 de maio de 2023

Charles III, uma coroa feita de sangue

Por Fernando Castilho



Os grandes impérios foram, com o tempo, reduzindo em tamanho devido às revoluções pela libertação levadas à cabo pelos países colonizados, mas um certo ar de deboche persiste quando Charles exibe uma coroa com essas pedras.

Charles, o primogênito de Elizabeth II, enfim, conseguiu se tornar Charles III.

A cerimônia de coroação reuniu milhares de pessoas admiradoras ou não da família real, como costuma acontecer em eventos como esse.

A coroa, o símbolo maior da realeza de Charles, possui, entre outras joias, um enorme diamante chamado de “Pedra da África”.

Essa pedra não só simboliza a realeza, mas também o imperialismo britânico que dominou e explorou boa parte do continente africano. Países como África do Sul, Egito, Sudão, Gana, Nigéria, Somália, Serra Leoa, Tanzânia, Uganda, Quênia, Malawi, Zâmbia, Gâmbia, Lesoto, Maurícia, Suazilândia, Seicheles e Zimbábue foram colonizados pelos antepassados de Charles que não se preocuparam somente em impor sua cultura, mas, principalmente, saquear suas riquezas e colocar esses povos de joelhos. A Pedra da África é uma dessas riquezas saqueadas.

Os grandes impérios foram, com o tempo, reduzindo em tamanho devido às revoluções pela libertação levadas à cabo pelos países colonizados, mas um certo ar de deboche persiste quando Charles exibe uma coroa com essas pedras.

O fato me fez lembrar de outro império que soçobrou, o japonês.

O Japão, durante a 2ª Grande Guerra, espalhou seus tentáculos por Hong Kong (na época um protetorado britânico) e as outras regiões nas Filipinas. Kuala Lumpur, Singapura, Birmânia e Indonésia.

Quando chegou à China, o bicho pegou porque Estados Unidos e a própria União Soviética trataram de barrar o avanço imperialista.

O Japão planejou avançar sobre território manchu e pleno e rigoroso inverno. O cálculo do estado-maior nipônico previa que, por ser o japonês um ser superior, cada soldado deveria destruir um tanque inimigo com coquetéis molotov.

É aí que entra o depoimento de meu ex-sogro, um imigrante japonês que lutou nessa guerra. Na TV passava uma notícia dando conta da morte do imperador Hirohito. Sempre achei que todo súdito japonês tinha o mandatário como uma divindade na Terra, mas meu ex-sogro avançou em direção à TV xingando Hirohito e quase quebrando o aparelho, tamanha a sua fúria.

A cena me assustou. Esperei o homem se acalmar e perguntei o porquê daquilo.

Daí me contou que ele e seus companheiros saíram para o território manchu com uma mochila de alimentos, a farda e alguns cobertores finos. A neve chegava quase ao joelho.

Os soldados conseguiram avançar até certo ponto quando os víveres acabaram e o que sobrou para comer eram gravetos, pequenos insetos e até cobra.

O frio os congelava e vários deles não aguentaram e sucumbiram.

O Japão foi derrotado, o imperador perdeu sua divindade e meu ex-sogro voltou para casa totalmente arruinado e depressivo. Por isso, o ódio.

Conto essa história individual, mas não podemos esquecer também as atrocidades cometidas pelo exército japonês que, ao chegar numa aldeia ou cidade, o primeiro crime que cometia era o estupro seguido de assassinatos de homens e crianças.

Esse é o imperialismo que também a Grã-Bretanha praticou não só na África, mas também na Ásia e que nunca deveria ser valorizado.

Mas o povo inglês que sabe que foi beneficiado pela exploração feita no passado, ainda comparece em massa para assistir a coroação de um homem que nunca deu duro na vida e que herda o produto da crueldade cometida pelos seus antepassados.


sexta-feira, 5 de maio de 2023

O gato brinca com o rato antes de matá-lo. Por que seu Jair ainda não foi preso?

Por Fernando Castilho



O gato (PF) está brincando com o rato (seu Jair) antes de comê-lo.


Sinceramente, ontem à noite pensei em escrever um post dizendo que tinha certeza de que hoje cedo a PF meteria o pé na porta de seu Jair para prendê-lo, já que há inúmeros indícios de crimes que justificariam sua prisão preventiva.

Outra prisão que está para acontecer e que poderia até ser hoje, é do Carluxo pelo esquema de peculato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Nenhuma dessas operações ocorreu. E agora acho que entendo porquê.

A PF está comendo pelas bordas para que chegue a seu Jair com provas irrefutáveis, necessárias para calar os seguidores raiz e os deputados da extrema-direita.

Há um áudio do major Aílton captado de seu celular, em conversa com o coronel Cid, pregando um golpe e citando Bolsonaro, mas não o responsabilizando. Esse áudio vazou, talvez como parte da estratégia da PF, mas a resposta do coronel Cid não foi divulgada. Permanece em sigilo.

A tática da PF parece ser a do gato que brinca com o rato antes de comê-lo.

Os presos, que não podem se comunicar entre si, já devem estar temendo uma longa estada no xadrez, inclusive o Cid.

Seu Jair, por sua vez, não deve nem estar dormindo. Imagine a tensão de ser surpreendido a qualquer momento pelos policiais em missão para prendê-lo. Ele deve estar sendo cozido.

Cada dia que passa a tensão aumenta e é possível que nas próximas horas ou nos próximos dias um dos detidos abra o bico.

Acho certo que a PF já tenha muito mais informações do que sabemos. O problema é obter uma prova definitiva do envolvimento de se Jair com a tentativa de golpe.

Aposto que seu Jair não será preso tão cedo. A PF vai tentar primeiro chegar a Braga Netto e Augusto Heleno, artífices da tentativa de golpe.

Depois disso, a casa cai, definitivamente.

 


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Anderson Torres tem que delatar seu chefe agora!

Por Fernando Castilho



Anderson Torres tem uma pequena janela de tempo para negociar com a PF uma redução de pena oferecendo em troca a cabeça de seu chefe como o mandante do crime. E a hora tem que ser agora.


O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, está preso já há quase 4 meses. Seus advogados relatam que o quadro geral de saúde física e psíquica é ruim, embora uma avaliação feita demonstre o contrário.

Torres sabe que mesmo que sua prisão preventiva seja relaxada, ao fim do devido processo legal, o que lhe restará será uma pena de 4 a 12 anos acrescida de outras como associação criminosa, por exemplo.

O ex-ministro está tendo uma amostra do que virá pela frente e, se já não consegue suportar 4 meses, o que dirá de muitos anos?

Para ele só há uma alternativa.

Os celulares de Jair Bolsonaro e de seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram apreendidos e neste momento a Polícia Federal está procedendo à leitura e análise de mensagens trocadas pelos dois.

Anderson Torres optou por declarar que esqueceu a senha de seu aparelho, mas isso apenas dificulta a ação da PF e logo mais ela terá acesso às conversas com seu chefe.

Caso haja mensagens reveladoras da urdidura da tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro, Torres, Bolsonaro e Cid serão indiciados e se tornarão réus. E a prisão virá com certeza.

Depois disso não fará muito sentido uma delação premiada do ex-ministro. O timing tem que ser agora.

Torres tem uma pequena janela de tempo para negociar com a PF uma redução de pena oferecendo em troca a cabeça de seu chefe como o mandante do crime. E a hora tem que ser agora.

Não é sensato imaginar que Anderson Torres, pressionado por um suposto estado depressivo que o faz chorar o tempo todo, suporte tudo sozinho sem optar por uma tentativa de redução de pena.

Se não delatar é porque Bolsonaro realmente exerce um poder de influência muito grande, talvez apoiado em gente perigosa.

 


quarta-feira, 3 de maio de 2023

A agora, Valdemar?

Por Fernando Castilho



Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.


Valdemar Costa Neto é um caso a ser estudado.

Foi preso durante o processo do mensalão, sumindo por uns tempos após pagar a pena. Voltou com toda força durante a campanha para reeleição de Jair Bolsonaro, talvez animado pelas promessas do capitão de que este seria reconduzido ao cargo, seja através da vitória na eleição, garantida pelo uso frenético da máquina estatal, das operações da Polícia Rodoviária Federal que impediria eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação, do ralo de dinheiro público em que se transformou o Auxílio Emergencial e as emendas do orçamento secreto concedidas a correligionários, ou seja através de um golpe com apoio dos militares, caso não reunisse os votos necessários. Não havia como não dar certo.

Valdemar confiou em Bolsonaro, mesmo se humilhando perante o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, quando este aplicou uma multa milionária a seu partido por ter usado de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas.

Mesmo após a derrota nas eleições, Costa Neto não titubeou ao oferecer uma luxuosa casa para o capitão e sua esposa Michelle em bairro nobre de Brasília, além de um polpudo salário para o casal, fruto do Fundo Partidário, dinheiro que nós, brasileiros, pagamos através de nossos impostos.

Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.

O PL havia elegido a maior bancada da Câmara e precisaria da liderança de um homem acima de qualquer suspeita, honesto, patriota.

Assim foi o sonho de Valdemar.

Mas as denúncias começaram a surgir de vários lugares. A mentoria da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o caso das joias desviadas e, agora, a falsificação do cartão de vacina.

Valdemar ainda tenta afirmar à imprensa que tudo vai ser esclarecido porque seu mito é um homem correto, mas nem ele crê mais nisso.

A verdade é que a Polícia Federal começa a comer a pizza pelas bordas. O caso da falsificação do cartão de vacina não tem nem de longe a mesma gravidade da sabotagem à vacinação dos brasileiros que resultou em centenas de milhares de mortes daqueles que seguiram o que seu presidente falava na televisão e nas redes sociais, mas, como os casos estão interligados, com certeza, haverá, mais cedo ou mais tarde, responsabilização do ex-mandatário, o que ainda não aconteceu devido à omissão criminosa do Procurador Geral da República, Augusto Aras.

A operação deflagrada hoje, 3 de maio, pode ter sido uma espécie de estratégia para que a PF pudesse ter acesso ao celular de Bolsonaro, afinal, é nos aplicativos de mensagens que se escondem as conversas que possam ter resultado na trama dos atos golpistas de 8 de janeiro. É por ele que saberemos de quem foi a autoria da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres. É por ele, também, que saberemos do real envolvimento dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, além de outras conversas nada republicanas.

A prisão de Jair Bolsonaro pode estar mais próxima do que pensamos e é por isso que Valdemar Costa Neto está agora apavorado.

Não seria adequado ao PL manter alguém indiciado em vários crimes se o partido pretende continuar a ser o maior do país. Ainda mais um político com direitos cassados por 8 anos. De que serviria?

À esta altura, Valdemar, que pode ser um pouco burro, mas também muito esperto, já deve estar pensando em rever sua escolha para a liderança de oposição contra o governo.

Como escrevi logo após a vitória de Lula, o líder da extrema-direita para 2026 não será Bolsonaro.

Isso já está se desenhando, não é, Valdemar?


sexta-feira, 28 de abril de 2023

O agro é pop, o agro é podre

Por Fernando Castilho



Jair já deveria estar sendo indiciado, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.


Após a exitosa e proveitosa viagem de Lula a Portugal em que não faltou desonestidade por parte da grande imprensa ao “noticiar” que o presidente foi vaiado no parlamento português (apenas 12 deputados do partido Chega!), o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu ir para Lisboa se encontrar com os líderes do partido fascista, aliando-se desta forma a um grupelho sem grande expressão que pretende ressuscitar o que havia de pior no salazarismo.

Bolsonaro insiste em se firmar como pária internacional.

O bolsonarismo, após a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a revelação de que seu líder, antes de sair do Brasil em 30 de dezembro do ano passado, só pensava em se apropriar das joias que deveriam ser patrimônio do estado, enquanto seus seguidores permaneciam em frente aos quartéis tomando chuva e defecando em banheiros químicos, recrudesceu. Não se vê mais ninguém nas ruas vestindo camisetas amarelas.

Mas essa situação pode mudar, uma vez iniciada a CPMI que tentará culpar Lula por uma tentativa de golpe nele mesmo. A ver.

Mas enquanto se torna cada vez menor, eis que a feira agrícola de Ribeirão Preto o convida para participar de seu agroshow" durante o feriado de 1º de Maio.

É interessante saber que seus organizadores preferiram receber o ex-presidente e desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Ora, está nas mãos do ministro propor políticas que poderão beneficiar ou prejudicar o agronegócio, portanto, é notavelmente desproporcional preferir a presença de um político que está sob investigação que poderá torná-lo réu por peculato pela apropriação indébita de joias supervaliosas. Além disso, Bolsonaro certamente se tornará inelegível por 8 anos, tornando-se figura irrelevante nos destinos dos produtores agrícolas.

A ideologia falou mais alto que a possibilidade de aumento de lucros.

Jair já deveria estar sendo indiciado, como lembrou o jornalista Josias de Souza do Uol, já que há inúmeros indícios de tentativa de roubo de joias. As investigações seguem lentas pela Polícia Federal.

O que é preciso lembrar, e este escriba comentou isso em artigo de janeiro, é que o extremismo de direita veio para ficar e seguirá seu caminho mesmo sem Bolsonaro. Este, que não tem apreço pelo trabalho e que durante toda sua vida no parlamento e na presidência procurou todas as formas mais vulgares de ganhar dinheiro, como rachadinhas, funcionários fantasmas, apropriação de presentes que podem significar propinas por entrega da refinaria Landulpho Alves à Arábia Saudita, certamente não será o grande líder dessa extrema-direita e acabará sendo preso, primeiro por peculato, depois por tentativa de golpe de estado.

Enquanto isso, o circo montado pela extrema-direita terá seu primeiro espetáculo na próxima semana.

 


quarta-feira, 19 de abril de 2023

O fim do Império

Por Fernando Castilho



Sem perceber, já amávamos as calças Lee, Chuck Berry, milk shake, carros enormes, etc.


No final da década de 50 e início da de 60, eu era apenas um menino tomando conhecimento do mundo ao meu redor.

O mundo tinha saído da 2ª Grande Guerra, a Europa estava em reconstrução e os Estados Unidos haviam emergido como a grande potência que disputava com a União Soviética a hegemonia mundial.

A televisão e o cinema já começavam a nos mostrar que a única cultura que deveria influenciar nossos jovens era a americana com seu American Way of Life.

Para mim, à época, os Estados Unidos haviam vencido a guerra. Só soube bem mais tarde que na verdade, a União Soviética havia sufocado os nazistas em seu próprio território quando estes tentaram invadi-la no inverno.

Sem perceber, já amávamos as coisas americanas, as calças Lee, Chuck Berry, milk shake, carros enormes, etc.

Veio a guerra do Vietnã e, de repente, já adolescente, como muitos outros, passei a odiar os Estados Unidos. Por pouco tempo.

Chega ao Brasil o McDonalds ganhando o coração, não só dos jovens, mas também, ou principalmente, das crianças.

Os Estados Unidos vencem a guerra fria e se tornam a maior potência mundial.

Uma enxurrada de filmes de ação elege o inimigo da vez, os muçulmanos.

Era preciso destruí-los. Saddam Hussein produzia armas químicas sem parar e era preciso matá-lo.

Os americanos, contra resolução da ONU, invadem o Iraque, caçam e assassinam Hussein. Até hoje não apareceu sequer uma arma química. E o mundo aceitou sem problemas. Depois seria a vez de Osama Bin Laden, que foi assassinado sem que pudesse ser interrogado ou se defender.

Outras invasões em outros países se sucederam, sempre com o pretexto de destruir algum inimigo e restaurar a democracia. Consequência disso é que todos esses países se encontram destruídos, seus povos passam fome, mas a democracia, mesmo que capenga, agora existe. Viva!

Hoje, nos filmes, os terroristas são russos. Amanhã serão chineses. Sempre querem dominar o mundo, mas os Estados Unidos, guardiões da democracia no planeta, os impedem.

Uma nova modalidade de guerra foi criada pelos americanos: a guerra híbrida.

Surgiu a Primavera Árabe destinada a destruir governos e colocar títeres pró-americanos no poder. Seu equivalente no Brasil, as jornadas de junho de 2013, derrubaram a presidenta Dilma através de um golpe com povo nas ruas e incessante bombardeio da nossa grande imprensa. Tudo para botarem a mão em nosso pré-sal.

Lula foi eleito presidente pela 3ª vez e conquista impressionante feito em sua visita à China, trazendo 50 bi na mala e inúmeros acordos comerciais que alavancarão nossa economia nesta década, mas nossa mídia se apavora com a cara de muxoxo que Joe Biden deve ter feito.

Ainda consumimos a cultura norte-americana, através de filmes, seriados, música, moda, comportamento, gastronomia, etc. mas estamos, aos poucos, nos servindo de outras culturas vindas da Ásia, principalmente da Coreia. O k-pop, o k-dorama, os restaurantes coreanos e japoneses, o manga, o anime, e por aí vai.

Precisamos de uma identidade própria, mas somos uma mistura de muitas nações que ajudaram a ser o Brasil que hoje somos.

A China, assim com o Japão e a Coreia, segue uma estética asiática que a maioria dos brasileiros desconhece, exceto aqueles jovens antenados que acampam aguardando por dias um show do grupo coreano, BTS. Eles se identificam por seu vestuário, cabelos e comportamento tipicamente asiáticos.

Conheço muito dessa estética comportamental pelos anos em que vivi no Japão. Ela se repete por quase todos os países do continente.

No meio desse processo de construção de nossa própria identidade, não fará mal nenhum deixar que um pouco da cultura chinesa também desembarque por aqui, afinal, uma cultura milenar que experimenta uma grande transformação poderá ser bem-vinda.

Para quem viveu daqueles anos 50 até hoje, parece estar se esboçando forte e rapidamente, a queda do império americano. Seu poder de influência, apesar do desagrado de nossa grande mídia, diminui cada vez mais a olhos vistos.

Lula dá uma empurradinha também.


domingo, 16 de abril de 2023

A indignidade de Dallagnol contra a dignidade de Stedile

Por Fernando Castilho



Enquanto o agro pop produz para exportação, o MST segura as pontas e produz para o mercado interno alimentando os brasileiros através da agricultura familiar.


O deputado federal Deltan Dallagnol está pedindo a prisão preventiva de João Pedro Stedile, líder do MST, por uma fala em um vídeo que gravou. Dallagnol reclama que Lula tenha incluído Stedile na delegação que foi à China.

Por incrível que pareça, quem saiu em defesa de Stedile e do MST foi Reinaldo Azevedo.

Azevedo apresentou o vídeo do Stedile e mostrou que não há nada de ilegal nele, pois afirma que em abril o movimento deverá fazer manifestações em todos os estados pelas ocupações de terras IMPRODUTIVAS, de acordo com a Constituição que prevê o uso social da terra.

Além disso, Azevedo revelou a seus milhões de seguidores de direita que o MST NUNCA ocupa terras produtivas (Oh!) e que ele é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil! (Oh, de novo!)

Revelou ainda que, enquanto o agro pop produz para exportação, o movimento produz para o mercado interno alimentando os brasileiros.

Como bônus, para um público que nunca soube dessa informação através da grande imprensa, Tio Rei falou das escolas do movimento frequentadas por 120 mil alunos com ótimo desempenho escolar. Mais bônus: a média de mortes por Covid dentro do MST foi inferior à média nacional.

Para encerrar, disse sem explicar muito bem, que o MST reduz a tensão no campo. O que seria isso?

Explico: se não existisse o MST com sua grande estrutura e organização, pessoas, de maneira desorganizada estariam invadindo e ocupando fazendas de maneira indiscriminada pelo país afora, o que certamente causaria a tensão e reação por parte dos latifundiários. Teríamos uma verdadeira guerra civil no campo e, é lógico, um grande morticínio de camponeses sem terra.

É Stedile o responsável por organizar os camponeses dando-lhes formação e consciência política e regras a serem seguidas para que as tensões sejam ao máximo evitadas.

Infelizmente temos no congresso bandidos como Dallagnol que não estão satisfeitos com a pacificação que Lula está tentando trazer ao Brasil e desejam a volta das tensões diárias que seu presidente produzia e que quase acabaram com a democracia que ele tanto odeia.


A intentona golpista de 7 de setembro de 2021

Por Fernando Castilho



Bolsonaro, se nascesse guerreiro viking, mijaria nas calças diante de qualquer inimigo.


Não consigo me esquecer daquele 7 de setembro de 2021, um dos dias mais tensos que vivi.

Bolsonaro, abertamente e em plena luz do dia, utilizou as comemorações do Dia da Independência para tentar dar um golpe no país e se perpetuar no poder. Isso, bem antes das eleições de 2022!

Para isso, convocou, pelas redes sociais, caravanas de todo o Brasil e mobilizou centenas de caminhoneiros para ocupar a esplanada dos ministérios.

Os discursos, tanto em Brasília quanto em São Paulo foram fortes e golpistas incitando veladamente a população presente a promover a mesma quebradeira que iria acontecer em 8 de janeiro de 2022. Só faltou a palavra de ordem. E só não enxergou quem não quis.

À certa altura Bolsonaro teria consultado seu ministro da defesa, Fernando Azevedo e Silva, perguntando se as Forças Armadas estavam prontas. Azevedo teria respondido que elas não estavam coesas para isso e que as coisas poderiam dar errado, o que provocaria ao fim da intentona, sua prisão.

Bolsonaro, então tremeu de medo. Ainda mais depois de ter xingado o ministro do STF, Alexandre de Moraes em seus dois discursos. Temia também que Moraes retaliasse começando pela prisão do ponto mais fraco da família, o filho Carlos que, por ser vereador, não possuía foro privilegiado.

Não houve saída a não ser rogar ao ex-presidente Michel Temer, padrinho de Moraes no STF, que redigisse uma carta em seu nome pedindo desculpas.

Bolsonaro, se nascesse guerreiro viking, mijaria nas calças diante de qualquer inimigo.

Escapamos do golpe nesse fatídico dia. Se tivesse dado certo, Lula provavelmente estaria preso agora, o país afundado numa crise sem precedentes, gente armada pelas ruas e uma iminente guerra civil. Adeus, democracia.

Mas por que o capitão morte não foi preso por tentativa de golpe de estado naquele 7 de setembro de 2021?

A resposta está em Augusto Aras, o Procurador Geral da República, que não considerou o ocorrido como uma ameaça, impedindo o STF de iniciar um processo.

Agora que Bolsonaro não possui mais foro privilegiado, não é preciso que se ouça a PGR.

Poderia ser uma bela oportunidade de prender esse golpista.