Por Fernando Castilho
Para Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor dos mundos.
Valdemar
Costa Neto é um caso a ser estudado.
Foi
preso durante o processo do mensalão, sumindo por uns tempos após pagar a pena.
Voltou com toda força durante a campanha para reeleição de Jair Bolsonaro,
talvez animado pelas promessas do capitão de que este seria reconduzido ao
cargo, seja através da vitória na eleição, garantida pelo uso frenético da
máquina estatal, das operações da Polícia Rodoviária Federal que impediria
eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação, do ralo de dinheiro
público em que se transformou o Auxílio Emergencial e as emendas do orçamento
secreto concedidas a correligionários, ou seja através de um golpe com apoio
dos militares, caso não reunisse os votos necessários. Não havia como não dar
certo.
Valdemar
confiou em Bolsonaro, mesmo se humilhando perante o ministro do STF e
presidente do TSE, Alexandre de Moraes, quando este aplicou uma multa milionária
a seu partido por ter usado de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas.
Mesmo
após a derrota nas eleições, Costa Neto não titubeou ao oferecer uma luxuosa
casa para o capitão e sua esposa Michelle em bairro nobre de Brasília, além de
um polpudo salário para o casal, fruto do Fundo Partidário, dinheiro que nós,
brasileiros, pagamos através de nossos impostos.
Para
Valdemar, Bolsonaro continuaria a ser o mito que lideraria a oposição ao
governo Lula e Michelle seria a grande líder ascendente das mulheres. O melhor
dos mundos.
O PL
havia elegido a maior bancada da Câmara e precisaria da liderança de um homem
acima de qualquer suspeita, honesto, patriota.
Assim
foi o sonho de Valdemar.
Mas
as denúncias começaram a surgir de vários lugares. A mentoria da tentativa de
golpe de 8 de janeiro, o caso das joias desviadas e, agora, a falsificação do
cartão de vacina.
Valdemar
ainda tenta afirmar à imprensa que tudo vai ser esclarecido porque seu mito é
um homem correto, mas nem ele crê mais nisso.
A
verdade é que a Polícia Federal começa a comer a pizza pelas bordas. O caso da
falsificação do cartão de vacina não tem nem de longe a mesma gravidade da
sabotagem à vacinação dos brasileiros que resultou em centenas de milhares de
mortes daqueles que seguiram o que seu presidente falava na televisão e nas
redes sociais, mas, como os casos estão interligados, com certeza, haverá, mais
cedo ou mais tarde, responsabilização do ex-mandatário, o que ainda não
aconteceu devido à omissão criminosa do Procurador Geral da República, Augusto
Aras.
A
operação deflagrada hoje, 3 de maio, pode ter sido uma espécie de estratégia
para que a PF pudesse ter acesso ao celular de Bolsonaro, afinal, é nos
aplicativos de mensagens que se escondem as conversas que possam ter resultado
na trama dos atos golpistas de 8 de janeiro. É por ele que saberemos de quem
foi a autoria da minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres. É por
ele, também, que saberemos do real envolvimento dos generais Braga Netto e
Augusto Heleno, além de outras conversas nada republicanas.
A
prisão de Jair Bolsonaro pode estar mais próxima do que pensamos e é por isso
que Valdemar Costa Neto está agora apavorado.
Não
seria adequado ao PL manter alguém indiciado em vários crimes se o partido
pretende continuar a ser o maior do país. Ainda mais um político com direitos
cassados por 8 anos. De que serviria?
À
esta altura, Valdemar, que pode ser um pouco burro, mas também muito esperto,
já deve estar pensando em rever sua escolha para a liderança de oposição contra
o governo.
Como
escrevi logo após a vitória de Lula, o líder da extrema-direita para 2026 não
será Bolsonaro.
Isso
já está se desenhando, não é, Valdemar?
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