sábado, 21 de fevereiro de 2015

Para que serve a Lava Jato?

Por Fernando Castilho

Foto: Athit Perawongmetha/Reuters
A Folha publicou uma matéria diferente sobre a operação Lava Jato. No caderno ''mercado''. Leia aqui

Desta vez, por um daqueles milagres da vida, ou por um descuido de Otávio Frias Filho, o jornal nos contou que, devido à prisão de diretores de empreiteiras que têm contratos com a Petrobras em três estados brasileiros, o prejuízo das obras paralisadas já soma 5 bilhões de reais, e as demissões de empregados nos vários setores já contabiliza 7000 pessoas.

Ponto para a Folha.
Meio ponto na verdade, pois não observamos aquele mesmo tom de revolta que sempre acompanha um vazamento dos depoentes beneficiados pelo instituto da delação premiada, invariavelmente contra a presidenta Dilma, o PT e a própria Petrobras.

Se se estima que o montante desviado durante décadas da Petrobras seja de 10 bi, em três meses, metade disso já se torna prejuízo para a companhia e para o país.

Em 14 de novembro do ano passado, portanto há mais de três meses atrás, os diretores das empreiteiras que executam obras da Petrobras foram presos.

Ponto para o juiz Sérgio Moro.
Meio ponto na verdade, pois há quatro consequências diretas de seu ato.

- Os depoimentos que tem, por força de Lei, que ser tomados em sigilo de justiça, vão sendo, numa operação cirúrgica, dissecados, separados, e só depois de filtrados, liberados ilegalmente para a imprensa que, numa operação concatenada os divulga segundo seus próprios interesses.
Invariavelmente nunca atingem a oposição, que sabemos estar envolvida até o pescoço.
Quem está vazando as informações? O próprio Moro?

- Três meses são um período muito longo, mas é conveniente arrastar o processo para que Dilma, o PT e a Petrobras fiquem de cabeça para baixo com tubos presos às suas artérias para que os vampiros possam lentamente ir sugando-lhes o sangue.
A ameaça de impeachment aparece somente para exercer a devida pressão psicológica que talvez esteja impedindo a presidenta de chutar a porta.

- Como ninguém suporta ficar três meses preso, interrogado todos os dias, tendo que responder sempre às mesmas perguntas, é óbvio que após essa tortura psicológica, os empresários acabarão por falar aquilo que o juiz, a oposição e a mídia querem ouvir, embora tenham que provar depois. Mas a prova talvez não importe. Não importou no julgamento do mensalão. Naquela ocasião, a dita opinião pública, manipulada pela opinião publicada, não cobrou as provas contra Dirceu e companhia, e também não cobrará agora.

- Por fim, o artigo da Folha. Que ninguém duvide da necessidade da punição dos empresários. Porém, o impedimento das empreiteiras em concluir obras importantíssimas para o país, pune o próprio país, na medida em que gera prejuízos bilionários e desemprega milhares de pessoas que nada tem a ver com as ilegalidades cometidas.

E isso tende a crescer muito mais, pois faz parte do plano de enfraquecer a empresa para depois vendê-la a preços módicos, incluindo aí a joia da coroa, o Pré-Sal.

Agora fala-se do escândalo do HSBC.

O jornalista Fernando Rodrigues é o encarregado pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) de divulgar, segundo o seu juízo, quem são as pessoas envolvidas nessa operação de envio de dinheiro para a Suiça, através do banco. São cerca de 8 mil pessoas que enviaram 20 bilhões de reais, mas Rodrigues prefere divulgar os nomes dos envolvidos na Lava Jato, numa atitude que não beneficia o país e o combate à corrupção.

Por esse motivo, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor de ''A Privataria Tucana'', inconformado pelo fato de Rodrigues estar a serviço do UOL, divulgando segundo os interesses do portal, deixou o ICIJ.

Vamos punir as empreiteiras e reduzir drasticamente a corrupção?

Ora, suspendam-nas da participação em próximas licitações, mas deixem-nas concluir os contratos em andamento.

Proíbam o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, que é a causa maior da corrupção.

O juiz Moro não fala disso.

A mídia não quer isso.

A oposição se arrepia ao ouvir falar disso.

Continuemos a ser hipócritas.


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