domingo, 1 de fevereiro de 2015

Alckmin e a arte de nos fazer sentir idiotas

Por Fernando Castilho

O Sistema Cantareira está com 5,1% de seu volume de água, um triste record . A situação é extremamente preocupante para a população do mais importante estado da Federação.

Com a falta de água e com as perspectivas nada animadoras para o futuro, as indústrias começam a cogitar a transferência de suas plantas para outros estados, o comércio e os serviços já acumulam prejuízos sem retorno, e o povo já se prepara para enfrentar 5 dias por semana sem tomar banho.

É certo que a economia do país será duramente afetada. Pela sua importância, por ainda ser a locomotiva do país, São Paulo puxará o PIB nacional para baixo, ao mesmo tempo em que eleverá a inflação. E o governo federal mais uma vez será apontado pela mídia como sendo o único responsável.

Mas e o Governador Geraldo Alckmin? Este não se abala. Não precisa. A grande mídia lhe dá cobertura. Tranquilo.

Os culpados, segundo o Governador, são São Pedro e você, paulista, sim você, que é um desperdiçador contumaz de água, certo?

Embora haja quem não se preocupe com a economia de água, todos sabemos quem são os maiores responsáveis pela gastança. Certamente não é quem recebe salário mínimo. Basta ver que o Ministério Público está investigando o favorecimento da Coca-Cola.

Ao contrário de toda e qualquer notícia veiculada contra o Governo Federal, não economizando comentários negativos e ilações, (Petrobrás, por exemplo) com Alckmin, a imprensa se comporta como mãe de filho mimado, se limitando a dar a informação reproduzindo tudo o que ele fala. Parece boletim de porta-voz do Governo do Estado.

Os comentários dos leitores nos jornais são selecionados de forma a dar o devido apoio ''popular'' ao governador. Entre 5 favoráveis, há em média apenas 1 que o critica (para disfarçar e parecer democráticos).

Alckmin é o último bastião do PSDB. Para a direita e sua mídia, é como uma flor inculta que deve ser cultivada e se tornar bela em 2018.

Ninguém ataca, ninguém faz protestos como os do Movimento Passe Livre, ninguém culpa o governador que em debate eleitoral na relevisão garantiu que ''não va-i fal-tar á-gu-a, não va-i ha-ver ra-ci-o-na-men-to!''
Fonte: Apolo11.com

Então ficamos assim: temos um governante competente, preparado, honesto, preocupado com a população, que foi pego de surpresa pela falta de chuvas e pelo consumo exagerado de água.

E que diz que está tomando as medidas necessárias para resolver o problema. Quais são?

O volume de água do Rio Grande é suficiente para abastecer somente 150 mil dos 17 milhões de habitantes da Grande São Paulo, ou seja, apenas 0,9% da população.
Essa medida é uma paulada na capacidade de discernimento do leitor um pouco mais exigente e menos manipulado. A quem ele quer enganar?

A outra medida refere-se a aplicação de uma multa sobre o consumo exagerado.
Segundo o governador, os cerca de 17 milhões de moradores da Grande São Paulo abastecidos pela Sabesp poderão ser multados caso aumentem o consumo de água. Para Alckmin, a medida complementa o plano de bônus da companhia que dá desconto de 30% para quem economizar ao menos 20%. "Vamos estabelecer o ônus (leia-se punição) para quem gastar mais água", confirmou o governador. A punição vai obedecer à lógica inversa ao bônus: multa de 30% para quem gastar 20% a mais.

Sobre isso, há que se discutir se as medidas não são somente um paliativo. Resolvem de fato?
Claro que não. Não sejamos idiotas.

O que resolve é planejar e investir em novos sistemas para captação de água, que foi no que a Sabesp se comprometeu ao assinar que lhe foi concedida pela Portaria DAEE 1213, de 06 de agosto de 2004. 

Acontece que nos 20 anos de governo do PSDB, dos quais 15 só de Alckmin, a Sabesp não se preocupou com o aumento da população da Grande São Paulo. Preferiu investir nas bolsas de Nova Iorque e São Paulo. Agora não há tempo mais para isso.

Uma pergunta: Será que o povo de São Paulo vai tolerar mais esse passa-moleque do PSDB? Será que vai quietinho e cooperar para que a situação seja resolvida? Assim como foi na época do apagão no Governo FHC, em que todo mundo trocou suas lâmpadas para ajudar o Governo, fazendo sua parte, sentindo-se os culpados porque usavam lâmpadas incandescentes?

Onde estão os manifestantes das jornadas de junho? Por onde andarão os black blocs?
Sairão às ruas somente para protestar contra 50 centavos de aumento de passagem de ônibus em frente à casa do prefeito Haddad?

Quero ver manifestante suadaço após um dia de manifestações querendo tomar banho e não tendo água...
Vai quebrar o chuveiro?









Nenhum comentário:

Postar um comentário